A magia do télélé
Ter um telemóvel, hoje em dia, como o é ter uma viatura, já não é, como diz quem os têm, um luxo mas sim uma necessidade. Se é luxo, o é somente porque temos a snob tendência de adquirir objectos top gama, mesmo que sejam piratas, e até estes, custam caro.
Muitos pais, por iniciativa própria, como forma de controlar os filhos, estar a par dos movimentos destes ou mesmo porque querem apenas satisfazer as vontades dos filhos, põe nas mãos destes verdadeiras máquinas. Tal se pode observar tanto em escolas públicas e privadas, com maior incidência nesta última.
Os filhos, por sua vez, porque têm um colega na posse de um ou alguns amigos do seu circulo de amizades ou porque tem em mente que quem não tem telemóvel está/é ultrapassado, formulam pedidos aos pais para terem um télélé ou então procuram por vias alternativas, como o furto, estar na posse de um.
As consequências deste dispositivo, nas mãos das crianças, tem reflexos evidentes: assaltos frequentes fora e dentro das escolas (havendo alguns casos de extrema ousadia em que os gatunos entram sala à dentro), utilização dos telefones na sala de aula para comunicação entre colegas (pela via do SMS), com particular enfase na época das avaliações e para pesquisa, pois o acesso a net por esta via é fácil.
Mesmo em casa, crianças com telemóvel apresentam alguns aspectos nefastos: enquanto que os pais, nos seus quartos acreditam que os filhos estão a repousar, estes, aproveitando-se das promoções das operadoras, ficam até altas horas da noite acordados a conversar futilidades com amigos ou namorados. Outro efeito faz-se sentir nos bolsos: os miúdos ficam teleledependentes e precisam a todo instante de ter crédito no seu. As formas de o ter, vão da resposta dos próprios pais a atitudes ilicitas para os ter.
Ainda no que concerne aos últimos desenvolvimentos, neste dominio, não vá o Diabo tecê-las mas, por via da net pelo telemóvel, corremos o risco de ver nossas meninas aliciadas (e, nos tempos que correm, nem os rapazes estão isentos!!!) por homens de barba imberbe e rija com promessas de encantamento das quais incorrem ao risco de ser violadas e espancadas por desconhecidos, para não falar em orgias sexuais.
Este alerta vem na sequência da expansão de uma rede de chat (que pode ser executado em público ou em privado), que tem o nome de um avião de guerra, e do qual se pode, por exemplo, trocar fotos que muitas vezes expõe o swilhamalisso e podem vir a circular nas inbox dos nossos endereços electónicos.
No mesmo espaço, para além do linguajar mal escrito, com muitos palavrões à mistura, há espaços que deviam estar ou ser reservados há maiores de certa idade, mas ninguém vela por isso, o mais importante é o lucro. É caso para dizer “preso por ter cão e por não ter”...
7 comentários:
O mundo está a tecnologizar-se e é difícil remar contra essa maré. Se não é o cell são os playstations, jogos de computador, videos das princesas e da barbie (os videos vi aos montes em casa do Mutisse), etc etc.
Em tudo isso, os pais tem que ter uma mão firme e controlar o uso dessas coisas.
Na nossa infância não tivemos muitos desses artefactos, mas mesmo assim a hi tlanga (brincávamos) e não nos importávamos de "pernoitar" a brincar às escondidas ou outras coisas... se não houvesse mão firme dos nossos pais e/ou educadores ficaríamos eternamente até cair de cansaço na brincadeira.
Então, é só aplicar o mesmo princípio num outro contexto em que as crianças já nem se quer vão brincar a rua, e estabelecer níveis e critérios de control...
Actualmente, os adolescentes são controlados pela tecnologia que a cada dia que passa vai tomando conta do raciocinio dos adolescentes tornando-os obcecados por tudo quanto é engenhoca new look. Portanto, eles são capaz de tudo por um objectivo, ate mesmo manipularem os seus proprios pais.
Hoje em dia é quase impensavel, num grupinho de meninas de 12 aos 17 anos, não ter telemovel moderno. Porque consciente ou inconcientemente, elas são obrigadas a actualizarem-se.
Nesta faixa etaria creio que ter telemovel nao se trata de uma necessidade, mas sim dum gadget ou uma maquina que perde o seu valor intrinseco, a sua funcionalidade, passando a ser um mero objecto de diferenciação ou demarcação de barreiras sociais ou status.
Nós, os pais, movidos por amor aos nossos filhos caimos sempre nas exigencias deles.
Nao vejo a necessidade duma miuda de 10 a 17 anos ter um telemovel, melhor é um telefone fixo em casa. Telemovel so aos 18 anos e depois de começar a responder pelos seus actos.
Bjs pra ti, Xim.
Hawena, Matsinhe! Pulicia e ladrao ké? De facto os nossos tempos foram mais saudaveis em termos de brincadeira. O tipo de brincadeiras do nosso tempo, permetia-nos correr, saltar, cantar, dancar, enfim, socializarmo-nos em todos os meios em que nos encontravamos.
Hoje, até para falar com a vizinha de cima, as criancas pegam no telélé e... zas. Reconhecamos, a culpa é nossa e de mais ninguem. Pessoalmente nao estou isenta de culpa, minha princesa de 7 anos tem telemovel, mas com muitos condicionalismos: nao o leva para fora de casa, tem credito minimo, serve para comunicar com a mae e as amiguinhas da escola so aos fins-de-semana sob supervisao e com temporizador. Até hoje, tem dado efeito...
Amor, nao é Nini? Pois, pois, e os pilantrinhas sabem e muito bem como servir-se desse amor! O nosso erro, como pais, é nao supervisionarmos como fazem uso desses instrumentos.
Por exemplo, os pais nao deveriam deixar os filhos menores dormir com os telemoveis pois ficam toda a madrugada na conversa ou nos chats. E que perigo representam esses chats telefonicos, para além do repouso que nao é por isso adequado!
Nini, dar tudo o que os nossos filhos querem e ambicionam pode não significar necessariamente amá-los. Estou até mais inclinado para que não seja amor.
Tenho para comigo que tudo o que dou às minhas princesas tem que transportar uma mensagem. Uma mensagem de que a vida é feita de conquistas e cada conquista comporta um esforço; que cada um tem que fazer o seu para conseguir o que quer. Não estou com isso a incentivar a minha Uly e a Lethícia a pedirem esmola na esquina de casa. Nem um pouco. Tento ensiná-las a dar valor ao 1100 com que se comunicam connosco e as bonecas que têm, que são as possíveis (possibilidade) e são as que precisam (limite). É por isso que dizia noutro comentário que as minhas idas aos supermercados com as minhas filhas são pacíficas. Isto está interiorizado, não com berros mas com conversa.
A cada dia que passa nascem novos heróis (hannam Montana pex), que seria de nós se tivésssemos que aceder a todos os caprichos "por amor"? Seria complicado.
Há que dar, e dar com responsabilidade, lembrando que a criança de hoje é o adulto de amanhã. Que se a criança de hoje se acomodar que papá PODE, o adolescente estará pior, e teremos um adulto inútil como muitos que vemos por ai.
Concordo em género, nº e grau com o Júlio. Quando damos tudo às crianças elas ficam sem perceber que não podem ter tudo que desejam. É preciso limitar as suas vontades para que aprendam a lutar por aquilo que querem e no tempo certo tenham o que corresponde à sua faixa etária e ao estágio da sua vida.
Faço minhas as palavras da Nyikiwa
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