quarta-feira, 17 de março de 2010

Estórias em Maputo (17)

Desconhecendo sua origem e localização, equipe de escavadores, acessorados por experts na matéria, procuram afincadamente por um tesouro em Maputo. Pois é, só isso pode justificar as inúmeras e profundas escavações que se desenvolvem nos passeios e faixas de rodagem da cidade das acácias amarelecidas em nome sabe-se lá de o quê

Sem aviso prévio ou desvio antecipadamente sinalizado, do nada, surgem longas filas de trânsito que, evidentemente, pelos profundos transtornos, agastam a tudo e todos e até ao mais paciente dos mortais. A pé coxinho, a gatinhar ou arrastados, quando finalmente ultrapassam a boca do problema, é que condutores e passageiros se dão conta que a raíz do problema é uma team de escavadores em serviço.

Essa pesquisa, que não olha a meios para atingir fins, ocorre até as barbas de unidades hospitalares. Imagine-se o sufoco de qualquer ser humano com compaixão por outrém ao ouvir a sirene de uma ambulância e não poder nem mungir nem tungir porque o gargalo do engarrafamento é/está tão apertado que nem se aventa a hipótese de haver uma lei de prioridades nas vias públicas.

Mas não é só ai ! Cidade adentro, as escavações estão na ordem do dia. As equipas são vistas no dia da abertura da obra-prima e depois desaparecem por longo periodo de tempo sem dar qualquer satisfação. Humanos que somos e conhecendo a realidade do país, começa-se a especular sobre as causas dos chefs d’oeuvre a céu aberto e só a falta de meios parece ser a razão.

Ora, na época em que se vive, das chuvas, o que numa hora é um buraquinho em pouco tempo se transforma em crateras de dimensão imensurável e perigosa. Veja-se o espécimen na avenida Guerra Popular! O mesmo ocorre debaixo no muro do hotel, com as pétalas viradas para o sol, perto da ciência e da tecnologia. Como os buracos crescem, sem aviso prévio, em dias de chuva, pobres incautos peões e automobilistas…

Ah, como se não bastasse, de muitas dessas últimas tendências paisagísticas, saiem cabos electricos, que depois são pendurados em arvóres ou pontos altos de muros. Que o Diabo seja surdo e mudo, mas com uma só faísca é… boum, em cima de tudo o que estiver abaixo!

5 comentários:

Gil Cambule disse...

Sim Senhora,
Li e gostei!
Muito original!
Quem dera que os chefes d'obra estivessem realmente à busca de um tesouro perdido! Pelo menos aí teríamos a certeza de que uma vez achado o tal, as escavações cessariam!
hehehehe
um abraço

Shirangano disse...

Primeiro, pensei que se tratava de alguma exploração arqueológica, depois cheguei achar que se andava a procura de pedras preciosas, particularmente o diamente, porventura esquecidas pelos colonos e só, mais tarde, dei-me conta que é apenas uma actividade para montar ou substituir as principais redes de telecomunicações. Um olhar atento aos burracos feitos ao longo dalgumas avenidas, principalmente nos passeios, da cidade de Maputo leva-me a concluir que é mais fácil abri-los do que fechar.

Ximbitane disse...

Hehehe, Cambule, é uma estória tão engraçada, pena que é que é real e perigosa. Volte sempre

Ximbitane disse...

Justamente, Shir! Abre-se sim, e depois? Depois, com a chuva, o entulho rola estrada abaixo e vai entupir as sarjetas, a Baixa alaga-se, e..., e...!

Ximbitane disse...
Este comentário foi removido pelo autor.