Os hábitos de leitura actuais circunscrevem-se, muitas vezes, em leituras pontuais de artigos e obras com a intenção de produzir algum trabalho denominado de pesquisa. Isso é geralmente notório no seio dos estudantes universitários e, ainda que em número infimo, de alguns estudantes do secundário que são « forçados » a procurar, em outras fontes, que não os livros escolares, matéria para a consolidação de sua aprendizagem.
O exercicio de leitura dum jornal, à excepção do que se pode ter acesso a custo zero, e que ultimamente é mais visto em motocicletas indianas do que sob os olhos de quem não os pode comprar, já não é tão banal. Se a ele não se tem acesso, por exemplo, no local de trabalho, olhos postos em jornal resume-se ao que se pode ver em manchetes disponíveis nas bancas dos ardinas.
Visitar uma livraria e de lá sair com um ou mais livros, mesmo em tempo de feira, é um gesto luxuoso para muita gente que, inevitavelmente, faz a comparação entre o preço deste com o de um saco de arroz. Ademais, se até agora muitos ainda não compraram os livros escolares de que outra postura se pode esperar relativamente a outras literaturas menos obrigatórias?
Poder-se-à pensar na opção de compra de livros em segunda mão, geralmente vendidos na rua. Esses também tem a sua estória, sobretudo no que tange a proveniência. Fruto de revenda por parte de seus legitimos proprietários, de roubo em bibliotecas ou em livrarias, esses livros não são de todo bon marché : são eles também comprados por quem pode.
Recorrer à biblioteca requer o cartão de acesso, outro custo a evitar a todo o custo, sob risco de, no local, constatar-se que as obras requeridas se ainda existem estão incompletas. Outra inquietação é que as bibliotecas estão distantes da residência/escola, o que diminui qualquer vontade hérculea de leitura face a perspectiva de que depois do lazer haverá o desprazer da luta por um espaço no chapa…
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