segunda-feira, 28 de março de 2011

Estórias de Maputo (39)

A opção de incluir no currículo moçambicano a cadeira de Noções de Empreendedorismo, ao contrário da disciplina de Agropecuária, particularmente na Grande Town, está, para jovens avisados o surtir algum efeito. Uma moda muito recente, aprendida das oficinas televisivas doutros exemplos de sucesso, está a fazer furor no seio da moçada e, quem a faz, esfrega as mãos de contente.

O tal negócio é o da criação de colares e de outros acessórios feitos com base em vestuário, de preferência de algodão, aparentemente sem nenhuma serventia. Por conta disso, muitos adultos se têm queixado do desaparecimento de camisetes e não se lhes conhecem o destino... Contudo, isso são outros quinhentos !

Ora, visto que as fontes de matéria caseira tendem a revelar-se insuficientes para tamanha procura, é habitual ver-se as meninas, entre pouco menos ou pouco mais de 15 anos, envoltas em fardos de segunda mão a procura de t-shirts das mais variadas cores para a produção do negócio que está a dar.

No local de aquisição do material, a compra é feita a preços irrisórios (5Mt/unidade) se bem que, desconfiados de que algo está a acontecer, os fornecedores tendem a duplicar o preço da matéria-prima, mesmo daquela que já era dada como perdida. Ora, com ou sem essa tendência, por sua vez os colares são vendidos no ambiente escolar a preço de 100 à 125 Mt ou só a mão-de-obra se de amigas se tratarem.

As manas dos salões de cabeleireiro, que nunca estão distraídas, compram esses produtos e revendem-nos duas ou três vezes mais o preço inicial que não é de todo barato. Evidentemente, por enquanto o negócio é bom ! Mas, para as artesãs dessa arte, fascinada pelos dividendos imediatos que o corte e o retorce dos panos traz, descuram outra obrigação e dever que lhes é fundamental : estudar !

Sem comentários: