A febre dos chats, via sms, que há poucos anos inundou os canais televisivos nacionais e se tornou uma mania, baixou alguns graus Celcius. Menos frequente, mas nem por isso menos intensos, os chats continuam, dia e noite, a ser um meio aparentemente eficaz para, sobretudo, procurar e encontrar o parceiro com o perfil idealizado em termos físicos, psicológicos, astrológicos e económicos, bastando deixar no fim do sms o número de contacto.
Nos moldes actuais, as palavras já não mais são medidas e as intensões não mais se leem nas entrelinhas : "sou bonito, quero dama rabuda" ; "assunto só para maiores de 18" ; "quero conhecer homem dos 30 anos em diante gostoso" ; "procuro moças para caso sem compromisso" ; "procuro mulher para amizade intima" ; "pretendo uma mulher gostosa e sexy" ; "tenho 42 anos, procuro mulher para amizade de relacionamento" ; "procuro mulher casada e quente para caso sério" ; "homens que gostam de muito fogo deixem nr no rodapé".
A idade, não é mais barreira para coisa nenhuma("meninas entre 12 e 14 anos, anotem o nr da felicidade"; "oi tenho 14 anos e procuro dama para coisa séria" ; "gostaria de conhecer garotas de 15 a 18 anos, tenho 35 anos "), levando a questionar o papel dos outrora denominados moderadores face a atitudes manifestamente pedófilas. Entre tantas outras coisas, alguns chatistas tornam-se terapeutas dos problemas alheios ("casada infeliz tai meu nr" ; "casada infeliz eu vou curar-te"), precisos no que querem ("procuro mulher sem filhos capaz de fazer um lar" ; "ignoro bip") e fazem ("sou bom de cama com casa própria").