quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Estórias em Maputo (16)

O mercado do second hand, vulgo dumba-nengue, é um local no qual se pode encontrar de tudo um pouco. No âmbito dos elementos que compõe um guarda-fatos e respectivos acessórios (roupas, sapatos, bolsas femininas, cintos, chapéus e até roupa interior) no dumba encontram-se e de marcas renomadas.

Ora, posto que muitos utentes do dumba já se deram conta que lá se pode encontrar produtos genuínos (afinal são produtos de segunda mão, alguns deles em estado quase novo), sobretudo sapatilhas, os vendedores, que não perdem nenhuma oportunidade, aumentaram drásticamente os preços. Os pobres pobres, já nem lá se podem abastecer !

Tendo em conta que esses produtos granjeam elevada estima e consideração, pela originalidade e, claro, por razões financeiras, os «stands» do Jardim dos Madgermanes e do Compone são muito mais procurados que as lojas dos manos niger’s que vendem, em princípio, produtos na box.

Mas, nos últimos tempos, os vendedores do dumba, que de nada tem de parvos, sabendo que os seus produtos conseguem ser mais caros do que os produtos dos niger’s, recentemente optaram por não se abastecer de fardos, que rondam quase os dez mil pacotes, a favor dos produtos piratados vendidos pelos manos niger’s ! Aguentam ?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Acendam a luz, por favor!

A fornecedora de luz nacional tem alegado, muitas vezes, que a qualidade de energia (entenda-se fraca/baixa) em certas zonas da town, tem sido condicionada, devido à ligações clandestinas que, evidentemente, têm enchido os bolsos de muitos clientes desonestos e, se bem que nunca tenha sido oficialmente confirmado, de funcionários que se envolvem nessa choruda negociata.

Na Grande Maputo, local onde os níveis de «clandestinidade» devem, em princípio, ser os mais reduzidos possíveis (para justificar o grau de qualidade da energia fornecida), tem-se assistido à um fenómeno que ganha contornos preocupantes desde a altura das festas do fim-de-ano caracterizados por longos períodos de escuridão, como se dos times dos BA’s se tratasse !

Em bairros como Alto-Maé, Malhangalene e Central, só para ilustrar, tem ocorrido esses momentos, em que «se desliga a luz», quase sempre sem nenhum aviso prévio e sem promessa alguma do período de restabelecimento. As consequências disso, certamente todos conhecem e, duma ou doutra forma, já viveram na pele.

O mais estranho e preocupante, dos últimos «desligamentos», é que quando a energia é reposta, para além da habitual fraca ou forte potência, o que se verifica é que em prédios que aparentemente utilizam a mesma linha, um pode ter energia e o outro não e, o mais caricato de tudo é que o mesmo cenário pode ser constatado em dois vizinhos de um mesmo andar.

Ah, de hoje há uns tempos atrás, as facturas de consumo não eram distribuidas aos clientes, afinal era porque se pretendia apresentar um novo modelito… É um bocado pálido, mas estão de parabéns à mesma, afinal «Com energia contruimos futuro»!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O rugir do leão

Nas nossas televisões, há algum tempo, tem corrido uma saga publicitária, ao estilo « bonecos animados », interessante e cómica, marcadamente moçambicana, protagonizada por um grupo de petizes, no qual se destaca o potente e invencível Pepito, que visa, na verdade, promover os feitos de um arroz de produção ( ?) e marca nacional, geralmente acompanhado por um feijão « que só a minha mãe sabe fazer », com poderes comparáveis às performances do rei da selva.

Com episódios, muitas vezes, relacionados com eventos políticos e sociais, como feriados nacionais (dia da celebração da independência, dia da mulher moçambicana, etc.) e datas especiais (jogos olimpicos, celebração do natal, dia dos namorados, por exemplo), a saga do Pepito e de seus companheiros, entre eles o Mandinho, é afincadamente acompanhada pelos demais petizes. É só olhar para as atitudes e formas de expressar dos mesmos !

Ora sabido quais são os « poderes » do rei da selva, no início da saga, a palavra de ordem pressupunha que ao consumir tal arroz ganhava-se força e energia. Com o andar dos tempos, viu-se o Pepito, a princípio um magricela, a ganhar massa corporea e a despender muita energia, como nos episódios em que jogava uma partida de ténis, ganhava corridas (apesar de todos os obstáculos que lhe eram colocados) ou no concerto pelo Natal, que de tão electrizante, ao estilo hard rock, se esparramou no chão.

Com o andar dos tempos, outros slogans foram construídos. O episódio mais recente, com slogan Estamos mais fortes !, mostra o Pepito e seu companheiro de brincadeiras, o Mandinho, contra dois outros rapazes, num jogo, que a princípio parece « cochet/coché ou morto », mas com bolas, de dimensão menor que as do andebol e maiores que as do ténis, que com toda força e energia, as lançam uns contra os outros até, claro, ao derrube dorido da equipe adversária.
Conhecidas que são as manias das crianças, grupo mais atento a esta saga, de tudo imitar, especial atenção deveria dar-se ao tipo de brincadeiras promovidos e a linguagem usada, senão grrrrrrrrrrrrrrr...