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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Estórias em Maputo (35)

Em Maputo, todo e qualquer tipo de evento, seja ele de alegria ou de tristeza, termina ou tem como etapa os comeretes e os beberetes. Com essa oportunidade, única para muitos alimentarem-se do bom e do melhor, em doses que o estomago aguenta, e do que raramente figura no cardápio caseiro, abre-se também uma porta para que muitos tirem disso outros mais proveitos.

Na cozinha, os cozinheiros e pseudo-ajudantes suprimem desde ingredientes crus à própria comida já confeccionada, incluíndo nesse pacote os respectivos recipientes, para a desgraça completa de seus proprietários. Os barmen também não poupam esforços : levam até rolhas extras para compensar no momento da contagem das garrafas consumidas.

Na cauda desta procissão, aparecem aqueles que, sob pretexto de que têm cães, recolhem restos de comida. O mais engraçado é que nas tais dog bag os alimentos são incrivelmente acondicionados faltando apenas etiquetas pois não dá para juntar "carne com mariscos porque o cão é alérgico" ou "carne com osso porque tenho cães que não comem ossos". Vê se pode !

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Estórias em Maputo (28)

Hoje, para a alegria de muitos, os locais que oferecem refeições, sobretudo a hora do almoço, período em que grande parte das pessoas se encontra distante de suas residências, já não se limitam apenas aos restaurantes que, muitas vezes, cobram valores que correspondem ao rancho de muitos moçambicanos.

Assim, em roulottes, barracas de mercados formais e informais, casas de particulares, bares de classe média e em passeios da Grande Town, para além dos serviços à domicilio, é possível encontrar uma refeição quente, morna ou fria com preço à medida das possibilidades dos diferentes bolsos.

Contudo, muitos aproveitam-se dos inúmeros eventos organizados por entidades várias como seminários, workshops, reuniões ou conselhos coordenadores para garantirem o matabicho, almoço e lanche e se "bobear" organizar uma marmita para a familia "lá em casa".

Tal facto é notório pois, nas plenárias, nos debate e nos trabalhos em grupo, grande parte dos participantes se encontra ausente. Mas, tendo estes conhecimento prévio do programa de actividades e, consequentemente, dos períodos das refeições ninguém se atrasa na hora do "tacho".

Se por um lado estão os convidados ao evento, que se ausentam da plenária e se fazem presentes a "hora do rango", a sala de refeições apresenta-se um outro grupo : o dos não-convidados que, para variar, é o primeiro a servir-se, o que obviamente deixa em prejuízo aqueles que efectivamente participam nos eventos.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Hurreh !

Para gaúdio de muitos (trabalhadores e apreciadores), o emblemático Café Continental, fechado por ordem judicial, há tempo considerável, reabriu as portas depois de ter escapado, sublinhe-se, graças ao bom senso de "quem de direito", a uma metamorfose visando transformá-lo em instituição bancária.

Verdade é que a reabertura do Continental ocorre num autêntico braço de ferro às portas do Tribunal, mas, o mais importante, é que se fez justiça aos trabalhadores, que depois de 10 meses finalmente auferiram o salario de Setembro de 2009 e ficou a promessa, do actual proprietário, de ressarcir os outros meses subsequentes.

Também, para os trabalhadores, funcionários da casa de longa data e, portanto, à beira da reforma, manteve-se a garantia de que emprego é o que não lhes faltará cabendo-lhes assim a responsabilidade de trabalhar com profissionalismo, zelo e correcção.

Quanto a nós, clientes e admiradores, ressurge assim uma oportunidade única de voltar a degustar de pastéis de nata polvilhados com canela e outras delícias mais, acompanhados de um longo galão ou de um quentíssimo café. Yuuuupiiiiiiii !

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O rugir do leão

Nas nossas televisões, há algum tempo, tem corrido uma saga publicitária, ao estilo « bonecos animados », interessante e cómica, marcadamente moçambicana, protagonizada por um grupo de petizes, no qual se destaca o potente e invencível Pepito, que visa, na verdade, promover os feitos de um arroz de produção ( ?) e marca nacional, geralmente acompanhado por um feijão « que só a minha mãe sabe fazer », com poderes comparáveis às performances do rei da selva.

Com episódios, muitas vezes, relacionados com eventos políticos e sociais, como feriados nacionais (dia da celebração da independência, dia da mulher moçambicana, etc.) e datas especiais (jogos olimpicos, celebração do natal, dia dos namorados, por exemplo), a saga do Pepito e de seus companheiros, entre eles o Mandinho, é afincadamente acompanhada pelos demais petizes. É só olhar para as atitudes e formas de expressar dos mesmos !

Ora sabido quais são os « poderes » do rei da selva, no início da saga, a palavra de ordem pressupunha que ao consumir tal arroz ganhava-se força e energia. Com o andar dos tempos, viu-se o Pepito, a princípio um magricela, a ganhar massa corporea e a despender muita energia, como nos episódios em que jogava uma partida de ténis, ganhava corridas (apesar de todos os obstáculos que lhe eram colocados) ou no concerto pelo Natal, que de tão electrizante, ao estilo hard rock, se esparramou no chão.

Com o andar dos tempos, outros slogans foram construídos. O episódio mais recente, com slogan Estamos mais fortes !, mostra o Pepito e seu companheiro de brincadeiras, o Mandinho, contra dois outros rapazes, num jogo, que a princípio parece « cochet/coché ou morto », mas com bolas, de dimensão menor que as do andebol e maiores que as do ténis, que com toda força e energia, as lançam uns contra os outros até, claro, ao derrube dorido da equipe adversária.
Conhecidas que são as manias das crianças, grupo mais atento a esta saga, de tudo imitar, especial atenção deveria dar-se ao tipo de brincadeiras promovidos e a linguagem usada, senão grrrrrrrrrrrrrrr...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Comida à kg

O serviço Comida à quilo, que já começa a ter barba na nossa cidade, surge como alternativa a tradicionalizada dose/metade ou inteira porção do prato frango grelhado com porções de batata frita e um “projecto de salada” que figura invariavelmente no menu de todos estabelecimentos que preparam e vende alimentos prontos a comer.

Comida à quilo, é portanto uma possibilidade diferente oferecida por alguns estabelecimentos comerciais da área de restauração e não só (os supermercados também entram no negócio) que oferecem refeições preparadas em que o cliente se serve ou é servido a seu bel prazer, num vasto leque de opções, pagando pelo seu peso.

Geralmente, nos locais onde se serve Comida à quilo, existe uma enorme preocupação com a variação de oferta no menu: vegetais, carnes (brancas e vermelhas) e também se procura aproximar os apetites aos hábitos caseiros moçambicanos com a confecção de pratos tipicos como a matapa, mboa, macofo e xima. Aceita 1Kg?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Festas dos putos

Alguém se lembra de como eram as nossas festas infantis antigamente? Aquelas em casa, mesmo, em que os adultos ficavam conversando na sala, enquanto as crianças “se acabavam” a brincar por todos os cantos? Sozinhas ou entre si, sem bábás, sem brincadeiras pré-programadas com pula-pula, palhaços, pintadores de caras, carrocel, etc.?

Quando você, como convidado, chegava à porta, ninguém exigia um convite para depois procurar, na lista, o seu nome e de seguida indicar-lhe uma mesa. Na hora do “Parabéns a você”, não eramos obrigados a “play-backarmos” o jingle que o DJ toca: um coro ruidoso e destoado era entoado pelos convidados!

Lembra-se que o corte do bolo era no fim da tarde? Sim, um pretexto para que as luzes fossem apagadas e que na palidez das velas todos olhares se viravam para esse momento mágico. Você se lembra? Nessa altura, os mais corajosos faziam discursos e desejavam longa vida ao aniversariente e até se entoavam os cânticos habituais lá de casa sem receio de envergonhar os babados pápás que tinham convidado o chefe à festa?

Recorda-se? Os humildes, mas preciosos e apreciados, presentes eram entregues ao próprio aniversariante e não amontuados numa mesa preparada para o efeito e que depois fazem o aniversariente nem sequer saber quem lhos tinha ofertado, se você se esquece de lá pôr um cartão? E depois da festinha, não haviam lembracinhas ou brindes! No máximo, dava-se um pedaço de bolo ao mano mais velho que nos tinha vindo buscar?

Pois é, nada que se assemelhe às mega produções que vemos hoje em dia: tudo mudou! Também, até ocasiões que não devem, na minha modesta opinião, merecer tanto salamaleque são pretexto para eventos do calibre de um casamento (esses também ostentivos demais)! Veja-se que uma simples cerimónia de graduação, da creche, que mais não é do que uma despedida, é razão suficiente para merecer um buffet 5 estrelas!

Nós, pais, é que promovemos esses eventos e, o engraçado, é que os nossos filhos não acham a minima graça. Esta nossa atitude, talvez se possa justificar como sendo uma forma de os compensaremos pelas nossas frequentes faltas e, também, sejamos francos, rasgados elogios e palmadas nas costas, pelo sucesso da party, engordam o nosso ego.

Formúlas mais simples e eficazes podem surtir o mesmo efeito e, neste tempo de crise, até um bolo e uns refrigerantes levados à escola ou a creche, têm maior impacto do que festanças em que muitas vezes os miúdos nem sequer conhecem os convidados. Mas, as nossas festas, animavam ou não? Então que tal resgata-las?

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Leite imaculadamente assassino

4 bebés mortos, 53.000 intoxicados, dos quais 13.000 hospitalizados, 104 em estado grave e outros 40.000, bebés e crianças com menos de dois anos, sob vigilância medica, devido a problemas renais, é o balanço actual dos efeitos devastadores do leite adulterado e assassino na China.

Na Europa todos produtos lácteos, provenientes da China, que contenham mais de 15% de leite em pó, como biscoitos, doces e chocolates, estão na berlinda e o alerta se estende a Singapura, Taiwan, Hong-Kong e Japão. Incluídos no alerta estão os produtos derivados do leite, nomeadamente, soro de leite, leite em pó, leite condensado, leitelho, natas, manteiga, iogurtes, sorvetes, caseína de leite e caseinatos de leite.

O vírus assassino, mergulhado no imaculado branco do leite, é a melamina, um composto químico com alto teor de nitrogénio que perturba o funcionamento do sistema urinário. No caso, a melamina estava a ser usada para falsear o teor de proteína dos produtos ou melhor dar consistência ao leite aguado e faze-lo parecer rico em proteínas, ao invés de ser usada na produção de plásticos.

Países asiáticos e nações africanas alvos de importantes exportações chinesas também já tiraram a equipe de campo nesse campeonato leiteiro suspendendo a importações do leite chines e de todos os lacticínios desta origem: Bangladesh, Birmânia, Brunei, Burundi, Gabão, Japão e Tanzânia por terem recebido lotes de leite chinês.

Entre nós, as nossas autoridades alfandegárias referem que leite provindo da China nem sequer faz parte dos nossos fornecedores leiteiros. Mas ,nunca é demais estar atento se termos em conta as acusaçoes que pesam sobre a China devido a seus produtos de má qualidade (alimentares ou farmacêuticos) , tóxicos e seus brinquedos pintados com tinta de alto teor de chumbo, entre outras irregularidades.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Gravidez: desejos, aversões e... lucro fácil

O estado de graça, vulgo gravidez, é um momento impar na vida da mulher e do homem com quem ela gerou esse filho, bom, se a gestação for consensual. Uma mulher grávida, requer especial atenção na sua saúde pelo que tudo é feito assegurar uma vinda segura ao bebé. Geralmente uma consulta de controle pré-natal é suficiente, se a futura mamã não requer outros cuidados.

Em casa, muitas vezes do lado da sograria, cuidados tradicionais e característicos da família tem que ser salvaguardados: chás de ervas e raízes, cortes no ventre, etc., cada um age conforme a sua tradição.

No que se refere a alimentação na gravidez, sobretudo no meio rural ou onde os alimentos escasseiam, por diversas razões, defende-se a tese de que se deve dar primazia a mulher no momento da distribuição das porções das refeições pois ela é guardiã de um tesouro da família.

Durante a gravidez, ocorrem várias transformações na mulher (alterações no humor, nos hábitos, enfim, cada mulher com a sua história) e a mais notável e comum em todas é, sem dúvida, o crescer do ventre.

Algumas mulheres, as sortudas, não passam por nenhum inconveniente, excepto o desconforto que o ventre enorme provoca cabendo. Por vezes, o seu parceiro passa pelas mazelas da gravidez (enjoos, desejos estranhos, problemas na pele, mau humor, etc.)e, diga-se, em abono da verdade, que homens com sintomas de mulher grávida são uma alegria para as mulheres.

Outra manifestação típica deste período é a presença dos desejos e das aversões. Quanto as aversões, a sua gestão é muito fácil: se não gosta de certa fragrância de perfume, apenas não se borrifa; se não gosta de determinado alimento, não o come. Quanto aos desejos, ai a porca torce o rabo.

Todos desejos da futura mamã são e/ou devem, segundo as tradições, ser respondidos sob o risco de o bebé nascer com cara de laranja (porque esse desejo não foi satisfeito), ou nariz de banana (outro desejo não satisfeito). Se o pedido for feito a noite e recusado, a criança nascera muito escura (?), por ai em diante. Portanto, desejo enunciado, desejo concedido!

Como grande parte dos desejos da futura mamã são geralmente alimentares, algumas delas, sobretudo as citadinas com algumas posses, estão em maior vantagem pois dispõem de um leque variado, mesmo fora de época, posto que os supermercados e casas de especialidade oferecem esses produtos e os microondas fazem o resto. Infelizmente nem todas as vontades podem ser satisfeitas e de alguma maneira têm que o ser.

Durante a gravidez, o paladar pode alterar-se e a mulher pode deixar de apreciar alimentos que gostava bastante antes de ficar grávida. Do mesmo modo, durante a gravidez, certas mulheres sentem desejos súbitos por elementos estranhos não alimentares e arriscados para a sua saúde e a do bebé como o gelo, carvão vegetal, areia, pasta de dentes, sabão, giz, cinza ou tinta!

Cá entre nós, o momento do preparo da refeição familiar é uma ocasião para devorar carvão e cinza e, geralmente, fazem-no em segredo (também seria incrível que alguém pactuasse com tamanha barbárie para com a saúde dos dois: mãe e filho), como o fazem para consumir pasta de dentes, sabão e giz!

Quanto ao negócio da areia, em crescendo por cá, merece e passa por um tratamento especial: primeiro tem que ter “certificado” de origem, apesar de não estar isento de falsificações como tudo o resto, das margens do Incomáti e depois deve ser cozida. Sim, cozida, afinal é uma iguaria, e depois é pilada e temperada!

O procedimento é simples: numa chapa torra-se a areia, para tirar as impurezas, segundo alegam vendedoras e consumidoras. Depois pila-se e deita-se caldo em pó (anteriormente servia apenas o sal) e está pronto a consumir sendo acondicionado em pedaços de papel como se faz com o amendoim torrado vendido na rua.

Os preços, por cartuchinho, variam entre 5, 10 e 15Mt, conforme a tampa que se usa para medir as porções (por vezes de desodorizantes, quem sabe até se não de insecticidas?). O negócio é chorudo e o lucro imediato tanto mais que alimenta o vulgo xitique das vendedeiras.