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domingo, 17 de outubro de 2010

Saldo zero !

O sistema nacional de saúde, melhorou muito, isso não se pode negar. A falta de alguns medicamentos, nas farmácias públicas é uma unha encravada e não é menos verdade que, muitas vezes, os recursos humanos falham ou demonstram uma incompreensível insensibilidade. Mas, errar é humano, não é ?

Ora, a (in)sensibilidade humana, nos nossos hospitais, é o único pão nacional ao qual não se lhe diminuem gramas, nem com intenso calor que é característico destas paragens. As unidades privadas têm também o seu pedaço de (in)sensibilidade que é servido em momentos em que a vida está literalmente por um fio.

Já nem sequer bastam as garantias de empresas de índole reputada ! Pouco importa se a pessoa está à porta da sala de operações ou se está na metade de uma medicação… Pouco importa se faltam uns míseros trocados, tão insignificantes para tamanha chantagem emocional: é saldo zero ou… !

terça-feira, 20 de abril de 2010

Último desejo

Júlia é uma compatriota moçambicana, quis o destino, averso como só ele sabe ser, violada, há tempos idos, por 8 homens, no bairro do Zimpeto. Sim, 8 homens tarados, com mente maquiavélica, perversa e diabólica, que decerto vivem na maior paz e tranquilidade com a sua própria consciência quanto a esse feito.

Quis o destino, sempre ele, que desse acto impiedoso, sem desculpa, sem tamanho, breve, com uma infinidade de adjectivos revoltantes, Júlia contrai-se o vírus do HIV. Apesar de ser do conhecimento de “quem de direito”, de nenhuma forma Júlia foi ressarcida por acto tão barbaro moral, psicológico ou mesmo financeiramente.

Vivendo da boa vontade da irmã, sem energia para qualquer outra luta, Júlia vive o dilema de não ter uma casa onde deixar seus filhos menores pois bate-se com sua própria progenitora por um espaço que em principio crê ser seu. Este cenário é realmente sui generis numa das relações mais sólidas da Humanidade que é entre mãe e filho.

Consciente de que os seus dias nesta terra estão em número finito, devido ao seu debilitado estado de saúde, na última volta da corrida que está a perder, como último desejo, Júlia implora que alguma alma caridosa ou instituição ofereça um tecto para albergar os seus petizes quando ela não mais os poder guardar debaixo do seu olhar...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Estórias em Maputo (9)

Antigamente, as pseudo-bábás vinham lá da terra. Eram jovens vindas de familias humildes, geralmente vizinhas de algum familiar, cheias de respeito e com profunda gratidão pelos patrões por as terem tirado duma casa em que as vezes faltava um pedaço de mandioca para acompanhar o chá sem açucar. No contrato verbal, com os pais dessas moças, ficava sempre patente que as meninas deveriam continuar os estudos já que lá na vila estavam condenadas a um casamento com o pastor de cabritos...

Muitas dessas jovens, chegadas a grande town, emocionadas pelos feitos novelísticos, vistos durante as ausências da patroa, cedo perdiam a humildade e com a ponta dos empinados e virgens seios, partiam para o ataque ao patrão, ao irmão jovem da patroa, ao empregado do vizinho ou ao guarda do prédio. Breve, trazê-las de lá, tornou-se um investimento de risco para o "estatuto de patroa "de muita mulher. Contudo, a necessidade de ter uma bábá nunca deixou de existir, sobretudo com este corre-corre que é a vida na grande town.

Actualmente, as bábás, de lá ou de cá, têm uma vivência dura: trabalham dia e noite, fins de semana, feriados e folgam 48h por mês, distribuidos por dois domingos. Se labutam para uma mamã madame, dessas que não podem perder nenhum evento, nem faltar a um fútil encontro com as amigas, por conta de um puto chorão, das duas uma: ou as bábás ficam em casa com estes, resumindo a preocupação maternal com um "O patrãozinho está a dormir? Já comeu? ", ou são arrastadas ao evento para que toda a familia possa ver como o rebento cresceu.

Nesses eventos, as bábás devem exercer as suas habituais funções que se resumem ao cuidar do menino, folgando no exercício de outras actividades que só desenvolvem quando estão em casa (lavar a roupa, ser moça de recado, etc.). Como é evidente, nesse dia, por ver por perto a mamã madame e o papá todo enfatado e não me sujes, o menino fica muito fiteiro e dá um valente baile a bábá e, para motiva-la ainda mais, ouve um "leva o Junhinho lá para longe!". Salário que é bom? Não pode ser excepção: é aquela base!

Ah, outra coisa! Para não pôr em causa o "estatuto de patroa" as bábás e outras profissionais que labutam no espaço doméstico não podem ser jovens bonitas, elegantes, vaidosas, inteligentes, empreendedoras... sob o risco de nem sequer serem bábás!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Bordéis, um mal necessário?

Recentemente, numa cruzada nocturna pela cidade, após um copioso jantar com amigos, em locais estratégicos e de conhecimento de muitos, como a Julius Nyerere, Mao Tsé Tung, 24 de Julho, etc., várias mulheres expõe-se à moscas como alface, couve e magumbas num dumba-nengue. Como solucionar esta questão?

Diz um ditado, “há males que vem por bem”! Sou das poucas pessoas que concorda com algumas práticas como o aborto indiscriminado e a prostituição: Comigo ou parte ou racha, mas há momentos em que se deve pôr os pés na terra pois também “para grande males, há grandes remédios”.

A prostituição constitui um ambiente em que as mulheres têm pouco poder de auto-protecção contra o HIV e a violência fisica, até da própria Policia (damas de sexo). As raparigas forçadas ou vendidas ao trabalho de sexo, mesmo antes da puberdade, geralmente não têm consciência dos riscos relativos ao SIDA e são incapazes de fugir ou encetar acções de protecção.

Mas nem toda a prostituição é forçada! Enquanto que para algumas mulheres é escolha, muitas entram para o trabalho de sexo ocasional ou permanente como alternativa à grande pobreza, trocando o sexo por bens de primeira necessidade para si e para os seus filhos. Outras há que vão por essa via para alimentarem o seu ego materialista.

Nas ruas, onde estas mulheres “se vendem”, por serem “obrigadas”, pelo ramo profissional que seguem, a exporem-se em trajes que ultrajam “a moral e os bons costumes” sofrem o desprezo da sociedade que não as vê com bons olhos e são enxovalhadas e alvo de chacota de algumas pessoas, dentre elas clientes disfarçados.

Por outro lado, muitos perigos estão a espreita: agressões físicas e orgias não consentidas, por parte de clientes sádicos ou que não pretendem pagar a conta, perda de receitas por exigirem o uso do preservativo ou mesmo para escaparem das rusgas policias, que muitas vezes resultam também em abusos sexuais.

Em 2008, as prostitutas nacionais chamaram a sociedade civil para denunciar abusos e para exigir protecção de todos os seus clientes. Um dos pedidos era de que se abrissem bordéis em que o Governo deveria instituir uma regra, a de “só com preservativo”.

Se já existem casas que oferecem quartos para o cidadão que é adepto do amantismo, porque não se pode fazer o mesmo com as mulheres que fazem do uso do sexo uma fonte de rendimentos e nos poupamos da pouca vergonha?

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Pernas da mentira

As autoridades nacionais de saude, no caso o MISAU, insistem e persistem em dizer que tudo(?) esta a ser feito para que a informação sobre o virus H1N1 seja difundida no seio de todos os cidadãos nacionais. Segundo estas, a sua preocupação é com as possiveis portas de entrada, entenda-se fronteiras.

Segundo o wikipedia, em seres humanos, os sintomas de gripe A (H1N1) são semelhantes aos da gripe e síndroma gripal em geral, nomeadamente calafrios, febre, garganta dolorida, dores musculares, dor de cabeça forte, tosse, fraqueza, desconforto geral, e em alguns casos, náusea, vômito e diarreia.

Reportagens efectuadas, sobretudo apos a confirmação de um infectado, aquando dos Jogos da Lusofonia, que tiveram lugar em Lisboa em Julho passado, demonstraram, apesar da tranquilização por parte da Organização do evento, que deveriamos estar mais atentos a este facto.

Um pouco depois, as reportagens efectuadas à porta do Aeroporto Internacional de Mavalane, deitaram por terra as "pernas" do MISAU pois todos os passageiros vindos de Lisboa afirmavam nem sequer ter sido abordados ou informados pelos entidades de saude no local.

Na fronteira de Ressano Garcia, local de intenso movimento de e para a Africa do Sul, local onde ja se apresentaram alguns casos, o mesmo cenario foi mostrado: ninguém foi indagado sobre o seu estado de saude ou informado sobre o virus H1N1.

Dentro da cidade, reportagens posteriores, visando o mesmo objectivo, demonstraram que o MISAU pouco ou nada tem feito para mudar este cenario, deitando por terra, uma vez mais, a tese emitida pelo Director-Adjunto da Saude, Leonardo Chavane, segundo a qual " a informação esta a ser dissiminada a nivel das unidades sanitarias". E como fica o slogan "prevenir é melhor do que remediar?"

terça-feira, 28 de julho de 2009

Espectro social

A questão é polémica o quanto baste. As estatísticas são escassas, breve desconhecidas, talvez mesmo inexistentes. A voz da moral, dos bons costumes, do politicamente correcto, do ético, da religião e todos outros princípios que cada um respeita, toma forma. Mas, ainda que tapado, como a peneira faz ao sol, o espectro do aborto(?) está aí: mortal, silencioso e real.

Os pais a "podem matar" se o souberem pois o jovem responsável não está em condições de assumir uma familia, menos ainda pelo golpe da barriga. Se se trata do tio kota, que tem familia e filhos já crescidos, outro filho pode destabilizar a harmonia (?) familiar. Também pode ser que a menina (?) não saiba de quem é o filho, o que se há-de fazer? A menina está grávida!

Há dois roteiros possíveis: o primeiro é procurar aquela enfermeira famosa, lá do bairro, que dá comprimidos, conhecida (?) pela sua discrição (?) e serviço eficiente. Ainda nesse cenário, há também aquele enfermeiro da maclinica (?) que dá injecção e já está! Caso contrário, apela-se aquela vovó que dá pós e pauzinhos que provocam muitas cólicas mas a "barriga" saí. E, em caso de desespero, com coragem e audácia fura-se o útero com uma agulha de tricot.

Noutro cenário, o do hospital, preenche-se um requerimento, o moço ou tio faz uma declaração assumindo que toma conhecimento/responsabilidade e que o aborto pode ter lugar. Paga-se o que se tem a pagar, fazem-se as análises devidas para checar se está tudo bem (?) e vem a certeira (des?)autorização do hospital.

No dia marcado, como quem vai à escola, geralmente acompanhada e encorajada por amigas, que certamente conhecem e passaram pelo sistema, tem lugar o aborto. Dia seguinte, consoante a capacidade de suporte de dor, que leva algumas a confessarem-se a seus progenitores, a menina vai ao hospital fazer a raspagem. Pronto está feito!

Após a consumação do acto, pouco ou nada é feito, excepto alguns apelos para que as meninas façam o planeamento familiar (?) e se acautelem com a possibilidade de se infectar com o HIV. Lamentavelmente, poucas acatam com os conselhos das enfermeiras e pouco depois retomam aos corredores do hospital ou de outros circuitos ilegais (?) para, com a frieza da experiência, resolverem de novo este mesmo assunto.

Relatos de mortes, que tem como causa um aborto mal feito ou outras complicações a ele relacionados, não são frequentemente comentados pois constituem vergonha para a familia e também não é menos verdade que muita moça se torna estéril como consequência disso. A sociedade, por seu turno, grita e estrebucha que o aborto é matar uma pessoa, mas no recanto da familia dessa mesma sociedade ele é cruamente real.

Tal como uma moeda, as duas faces da abordagem do aborto são polémicas, difícies de engolir/vomitar e aceitar/recusar. Mas, SIM ou NÃO ao aborto?

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Apelo urgente

Recebi por email o apelo que abaixo publico (sic):

Peço a colaboração de leitores e bloguistas para publicitarem amplamente a seguinte notícia que acabei de receber:

"O Instituto do Coração vai fazer cirurgias a coração aberto a 20 crianças de 11-18 de Julho de 2009. Cada criança precisa de 10 unidades de sangue para transfusão para poder ser operada. A equipa que vai operar estas crianças vem de França especialmente para fazer estas operações. A maioria das crianças são de fora de Maputo e não tem parentes cá para doar sangue. Sendo assim, peço-vos encarecidamente para irem ao banco de sangue doar sangue. Quando chegarem ao Banco de Sangue é só dizerem que vêm doar sangue para MISSÃO CIRÚRGICA NO ICOR.

Lembrem-se:

AO DOAREM SANGUE ESTÃO A SALVAR A VIDA DUMA CRIANÇA.
Mario Songane
Instituto do Coração".


PS: Pessoal, quantas vezes não recebemos emails pedindo dinheiro para ajudar crianças em recantos distantes do mundo? Este gesto não custa e nem doi nada, é em prol das nossas crianças e dignifica quem o faz. Avante bloggers!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Acorrentados

A demência e outros males, muitas vezes genéticos, leva a que familias tomem medidas extremas para, segundo elas, salvaguardar a integridade fisica(?) dos doentes. Casos de crianças e adultos que são acorrentados por seus proprios progenitores/familiares so chocam pelas imagens deploraveis que são mostradas nos jornais televisivos mas são uma crua realidade na nossa sociedade.

Algumas vezes, pretendo acautelar-se de maus espiritos que se apossessam dessas pessoas, para além de acorrentados, alguns portadores de deficiência mental ou congénita são enclausurados em locais de dimensões reduzidas, como se de animais se tratassem, onde não raras vezes fazem as necessidades fisiologicas e são alimentados.

Mas de quem é a culpa? Desses pais/familiares que acreditam no sobrenatural ou do Estado que não oferece condições para que pessoas com tais problemas possam ter uma vida aceitavel? Continuarão estas pessoas a ser acorrentadas e os acorrentadores presos temporariamente pelo seu acto "cheio de boas intenções"?

terça-feira, 7 de abril de 2009

Penteado perigoso

Recentemente desloquei-me, com certa urgência, a um salão de cabelereiro para desmanchar tranças e lavar o cabelo. Logo, tratou-se de um local ao qual não sou cliente assidua com a particularidade de ser unissexo, designação engraçada pelo facto de servir homens e mulheres.

Enquanto esperava que chegasse a minha vez, tive especial cuidado em reparar nos homens que lá estavam ou se dirigiam. A chegada, estava um jovem a fazer um corte com figuras geométricas que exigia algum traquejo do barbeiro e o trabalho final foi espectacular!

Logo de seguida, sentou-se na cadeira da barbearia, um petiz dos seus 5 anos acompanhado pela irmã de aproximadamente 8 anos. Pela aparência da cabeleira do miúdo este parecia-me ter “tinha”. Zum e vrum, em poucos instantes o miúdo ficou completamente careca, o que deixou evidente a primeira imprensão.

Mal o barbeiro varrer a sujeira feita pelos clientes anteriores, entrou na berlinda um senhor de raça branca com alguns fios de cabelo branco. Zum, vrum, aos poucos o cabelo do senhor começou a ser aparado ao seu gosto e... trás, o senhor manda um grito!

Curiosos e aflitos, todos viramo-nos para ver e perceber o que se estava a passar: uma borbulha ou mesmo pele, um pouco mais abaixo da orelha tinha sido esfolada e estava a sangrar. Aflito, o senhor apenas quis um penso rápido para estancar o sangue que escorria.

Mulher prevenida vale por..., abri a minha sacola e saquei um penso para o socorrer. Entretanto, antes de pôr o penso, o barbeiro molhou um pedaço de algodão, usado para retirar verniz, embebeu-o em alcool e passou no ferimento do preocupado cliente que não mugiu e nem tugiu.

De relance olhei para o tal alcool: nem de longe se sentia aquela fragrância forte, com o agravante de ser colorido! O penteado do cliente foi finalizado, o trabalho pago e o barbeiro pegou no mesmo pedaço de algodão já usado, o embebeu com mais um pouco de alcool e limpou a máquina. Pronto, estava esterlizado para o próximo cliente!

A minha urgência perdeu sentido! Retirei-me do salão alegando indisposição pois já era minha vez. Ah, é verdade, eis Tabela de preços da barbearia do referido salão: corte simples: 20,00Mt; corte especial: 45,00Mt; punk: 30,00Mt e juba: 10,00Mt. Agora, Pare e Pense, vale a pena correr o risco de ser contaminado por um preço tão baixo?

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Alerta: SRO com sabor são perigosos

A solução de rehidratação oral (SRO), vulgo mistura, tem sido, a forma frequente de tratar uma diarreia. Tais soluções eram /são ou podem ser preparadas em casa através da dissolução de uma colher de chá de sal e quatro colheres de chá de açúcar em 1 litro de água. No entanto, porque neste processo é importante que se tenha atenção que as medidas sejam exactas, porque o excesso de sal pode agravar a desidratação, soluções em pó já equilibradas são o ideal.

As nossas crianças, mal habituadas e mimadas, recusam-se a fazer esta terapia, sobretudo se for de longa duração, pois o medicamento tem um sabor que lhes é estranho. As industrias farmacêuticas, que não estão distraídas, encontram logo soluções para os dilemas da tomada de medicamentos: medicamentos com sabor que, no entanto, contêm substâncias perigosas para a nossa saúde, como é reportado no email transcrito abaixo.

Queridas mamãs ,

Há 2 meses atrás, em conversa com amigos, abordávamos a questão da renitência que algumas crianças têm de tomar a mistura quando estão com diarreia, o que dificulta a sua recuperação. Informaram-me que existem no mercado misturas com sabor (laranja, morango, etc.) e que as crianças gostam.


Um mês depois tive a infelicidade de ter a minha filha doente com diarreia. Fui então a farmácia e comprei a mistura de laranja. Comecei a ministrar a mistura. Durante três dias, a criança não registava melhorias. Pelo contrário. Além da diarreia estava também com vómitos e uma fraqueza gritante. Desesperada fui ao médico.


Questionada sobre qual a medicação que estava a dar, disse-lhe que mistura com sabor de laranja. A médica com ar triste, desolado até disse-me que estava a matar a minha criança. Que as misturas com sabor são feitas com químicos que irritam as células sensíveis do estômago e, por isso é que a criança, para além da diarreia, estava com vómitos.


Fiquei escandalizada, revoltada. E pensei : Porquê é que em nome do negócio matam as nossas crianças? Porque é que as associações de defesa do consumidor, o Ministério da Saúde não interditam a venda destes produtos no nosso mercado? Por isso resolvi, sem nenhuma certificação cientifica, mas apenas empiricamente, faço este apelo à todos os destinatários desta mensagem, que, podem até não ter filhos, mas de certeza terão uma criança a quem depositam o vosso carinho: Não dêem mistura de sabores às vossas crianças !

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Criança saúdavel, criança feliz

« Criança saudavel, criança feliz », é o lema da Campanha Nacional de Vacinação, na sua 2a fase (a 1a fase teve lugar em Março/Abril) que pretende vacinar gratuitamente crianças com menos de 5 anos de idade contra o sarampo. Neste processo, também será administrada a Vitamina A e proceder-se-á a desparasitação dos petizes.

A vacina contra o sarampo está prevista no sistema nacional de vacinas e procede-se no nono mês de vida. Para além desta vacina, no segundo, terceiro e quarto mês, as nossas crianças devem ser vacinadas contra a Pólio ou paralisia infantil, DTP ou triplice bacteriana e Hepatite B e a nascença contra a Pólio.

Urgências ...urgentes !

A questão, não é nova, já aqui foi abordada mas, há necessidade de a exumar pois, recentemente, no programa Consultório Médico, que é de louvar, apresentado pela médica oftalmológica Amélia Buque, na nossa televisão (TVM), o tema voltou a baila.

A convidada do programa, a pediatra Valéria Isabel, foi ao mesmo para falar das sintomatologias que podem levar crianças às Urgências de Pediatria. Do que pude reter sobre os ditos sintomas são os mesmos que estão indicadas e anunciadas em Urgência adiada : febres (37.5º C), vómitos e diarreia agudas.

Para além dos indícios acima descritos, a pediatra chamou atenção para outras maleitas que associadas criam um cocktail mortal nas crianças como as convulsões, vulgo doença da lua, pois por detrás destas podem estar escondidas meningites e/ou malária.

Na lição sobre as urgências infantis, Valéria Isabel falou dos sinais que as crianças dão quando não se encontram de boa saúde: desidratação, hipotermia, dificuldade de respirar, cianose, choro de irritabilidade, tremores, calafrios e tosse seca.

Referiu ainda e com particular ênfase para as dificuldades de respiração causadas pela asma grave, que deve ser urgentemente tratada, e da aspiração de corpos estranhos (brinquedos de pequenas dimensões, especial atenção com balões, e alimentos pequenos e soltos como o amendoim, feijão, sementes, etc.).

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Do virtual para o real

Bom, muito já se falou, quer na rua como em outros âmbitos sobre os chats da televisão. Muitos dos canais já aboliram ou pararam momentaneamente de apresentar esta outra forma de ser e de estar das novas tecnologias nas nossas vidas. Outros canais há que se tornaram experts nesta área dos chats na Tv!

Veja-se o exemplo abaixo, compilado numa das inúmeras de insónia e reflexão:

[03 :40 :52] 36 anos, alto forte, escuro, procuro moça magra ou normal, séria de 25-28 anos, mínimo 11ª classe não gorda. Ligue ...

[03:41:07] Conheçam-me, Saint-... nr... de mocuba, músico, preciso de fazer amizades com fêmeas manda sms ou liga e vamos cantar

[03:41:13] Ola fofas da Beira chamo-me Rizal, alguém quer chatar comigo?

[03:43:00] Procuro uma miúda para namorar de 20-24 anos. Liguem 8...

[03:44:26] Serena de Mocuba sou uma mulher de 29 anos sulteira mãe de 1 filho, estudante 12ª precuro 1 homem infeliz para caso sério. Nada de bips ai vai o nr 8...

[03:44:49] Sou Wilson, bonito charmoso, 1.75 trabalho, quero fazer amizade com alguém responsável. Ligue ....

[03:46:11] Sou homossexual. 8...

[03:55:00] Olá modera. Gostaria de conhecer moça entre 22-27 anos, seria, atenciosa, universitária. Sou simples, 22 anos, docente N2 (bacharel).

[03:56:33] Jovem de 30 anos, mãe de menina de 3 anos pretendo fazer amizade com jovem homem de 35-45 anos.


[03:59:01] Sou gordo. Tenho 22 anos e procuro mulher mais velha para namorar. Pode ser gorda ou magra.

[04:00:00] Procuro mulher para relacionamento sério. 8... Maputo

[04:00:07] Procuro uma deusa que tenha 15-17 anos. Linda, k ñ seja timida e k ñ se envergonha.

Em pouco mais de 20 minutos rolaram, repetidas vezes no mesmo canal, as mensagens acima. Como se pode depreender, o que mais se procura nos nossos chats são pessoas virtuais para relacionamentos reais e, vinque-se, carnais e momentâneas.

Que o HIV/Sida é uma cruel realidade, já todos estamos cansados de saber. Que o chat é uma entrada escancarada para tragédias, talvez os usuários não o saibam. Inúmeros são os relatos, de outros países, de casos de rapto, escravidão sexual e/ou transmissão intencional de doenças perigosas e em cadeia usando esta e outras vias.

Não é menos verdade que se pode encontrar a cara-metade ou o amor da sua vida bastando para isso preencher os requisitos pretendidos e responder pela via de um sms, sempre ele, claro está! São casos excepcionais e... tudo é possível, mas valerá a pena tanto sacrifício ou exposição a tais riscos?

PS: De referir que omiti algumas mensagens com objectivos comerciais. Os erros, são os que rolam na tela dos nossos receptores televisivos sendo quem em algumas palavras inseri a respectiva acentuação.


segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Gravidez: desejos, aversões e... lucro fácil

O estado de graça, vulgo gravidez, é um momento impar na vida da mulher e do homem com quem ela gerou esse filho, bom, se a gestação for consensual. Uma mulher grávida, requer especial atenção na sua saúde pelo que tudo é feito assegurar uma vinda segura ao bebé. Geralmente uma consulta de controle pré-natal é suficiente, se a futura mamã não requer outros cuidados.

Em casa, muitas vezes do lado da sograria, cuidados tradicionais e característicos da família tem que ser salvaguardados: chás de ervas e raízes, cortes no ventre, etc., cada um age conforme a sua tradição.

No que se refere a alimentação na gravidez, sobretudo no meio rural ou onde os alimentos escasseiam, por diversas razões, defende-se a tese de que se deve dar primazia a mulher no momento da distribuição das porções das refeições pois ela é guardiã de um tesouro da família.

Durante a gravidez, ocorrem várias transformações na mulher (alterações no humor, nos hábitos, enfim, cada mulher com a sua história) e a mais notável e comum em todas é, sem dúvida, o crescer do ventre.

Algumas mulheres, as sortudas, não passam por nenhum inconveniente, excepto o desconforto que o ventre enorme provoca cabendo. Por vezes, o seu parceiro passa pelas mazelas da gravidez (enjoos, desejos estranhos, problemas na pele, mau humor, etc.)e, diga-se, em abono da verdade, que homens com sintomas de mulher grávida são uma alegria para as mulheres.

Outra manifestação típica deste período é a presença dos desejos e das aversões. Quanto as aversões, a sua gestão é muito fácil: se não gosta de certa fragrância de perfume, apenas não se borrifa; se não gosta de determinado alimento, não o come. Quanto aos desejos, ai a porca torce o rabo.

Todos desejos da futura mamã são e/ou devem, segundo as tradições, ser respondidos sob o risco de o bebé nascer com cara de laranja (porque esse desejo não foi satisfeito), ou nariz de banana (outro desejo não satisfeito). Se o pedido for feito a noite e recusado, a criança nascera muito escura (?), por ai em diante. Portanto, desejo enunciado, desejo concedido!

Como grande parte dos desejos da futura mamã são geralmente alimentares, algumas delas, sobretudo as citadinas com algumas posses, estão em maior vantagem pois dispõem de um leque variado, mesmo fora de época, posto que os supermercados e casas de especialidade oferecem esses produtos e os microondas fazem o resto. Infelizmente nem todas as vontades podem ser satisfeitas e de alguma maneira têm que o ser.

Durante a gravidez, o paladar pode alterar-se e a mulher pode deixar de apreciar alimentos que gostava bastante antes de ficar grávida. Do mesmo modo, durante a gravidez, certas mulheres sentem desejos súbitos por elementos estranhos não alimentares e arriscados para a sua saúde e a do bebé como o gelo, carvão vegetal, areia, pasta de dentes, sabão, giz, cinza ou tinta!

Cá entre nós, o momento do preparo da refeição familiar é uma ocasião para devorar carvão e cinza e, geralmente, fazem-no em segredo (também seria incrível que alguém pactuasse com tamanha barbárie para com a saúde dos dois: mãe e filho), como o fazem para consumir pasta de dentes, sabão e giz!

Quanto ao negócio da areia, em crescendo por cá, merece e passa por um tratamento especial: primeiro tem que ter “certificado” de origem, apesar de não estar isento de falsificações como tudo o resto, das margens do Incomáti e depois deve ser cozida. Sim, cozida, afinal é uma iguaria, e depois é pilada e temperada!

O procedimento é simples: numa chapa torra-se a areia, para tirar as impurezas, segundo alegam vendedoras e consumidoras. Depois pila-se e deita-se caldo em pó (anteriormente servia apenas o sal) e está pronto a consumir sendo acondicionado em pedaços de papel como se faz com o amendoim torrado vendido na rua.

Os preços, por cartuchinho, variam entre 5, 10 e 15Mt, conforme a tampa que se usa para medir as porções (por vezes de desodorizantes, quem sabe até se não de insecticidas?). O negócio é chorudo e o lucro imediato tanto mais que alimenta o vulgo xitique das vendedeiras.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Pare e pense !

De longe umas das publicidades nacionais mais bem concebidas, Pare e pense ! é o slogan da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC) que em parceria com outras instituiçoes/paises promove uma terapia de choque no combate ao HIV/Sida. Na versão televisiva, a publicidade, que é bem simples e muito bem idealizada, não traz nenhuns artifícios e salamaleques como têm sido hábito.

Quanto ao conteúdo, este está ao alcance de todos, tanto dos que fazem parte de redes, dos que dela pretendem fazer parte e dos que, como Diabo, fogem da doença prevenindo-se e evitando relações promíscuas. Puro exagero, na verdade, pela forma como nos é apresentado o conteúdo, qualquer sensibilidade pode ser abrangida.

A história é representada por um diagrama com diferentes personagens, sugerindo diferentes níveis sociais e faixas etárias e narra uma história do dia-a-dia. A história real dos intricados envolvimentos sexuais que viraram mania neste país, sobretudo no meio urbano.

Tudo começa com o senhor Sitoe, casado e director de uma empresa e que está sempre ocupado com várias reuniões (no caso jovens raparigas). Uma das raparigas, envolve-se, por sua vez, com outros tantos homens e assim a teia (vários parceiros) se vai esticando e a rede se instalando (o HIV/Sida).

Mas, eis a transcrição (incompleta e, talvez, infiel pois uma e outra palavra podera ter escapado) da publicidade, que com muito sentido de humor e ironia à mistura, relata a nossa realidade social (onde todos os grupos sociais e idades mais propensos à infecção saltam à vista) e mostra que o sucesso e a progressão na vida provém da explosiva equação = sexo + dinheiro, onde homens maduros e de posses, (...)
envolvem-se com mulheres, as vezes, bem mais novas do que eles.

Os jovens acreditam que são mais homens quando tem a namorada, a pita de sacar cenas, a coroa que banca... Yeah, são uns players!

Diz-se também que as moças, essas, para além do namorado, têm vários ministérios (homens com posses) que ajudam nas diferentes despesas. Enfim, vamos lá ver como isto funciona, afinal!

Este é o director Sitoe, casado com a dona Amélia. Ele é uma pessoa muito ocupada: são reuniões (jovens raparigas) para aqui, reuniões (outras jovens raparigas) pra lá. Para a Kátia e para a Nati, o director Sitoe é um ministério: o das Finanças!

Mas não chega! A vida tá difícil e porque a universidade esta muito cara... a Nati, que namora com o Nuno, precisa de um ministério da Educação: o senhor Namwaka, que é casado. A Kátia tem um
swing com o Jango que também namora a Nina.

O Jango é um player! Faz manutenção a dona Débora, coroa, que é o seu ATM. E que é esposa do senhor Smith, dono dum lodge, que põe pressão na Bia (e não beer) que trabalha no caixa do restaurante e que também solicita os préstimos da Terezinha.

Mas, paremos um pouco! Se todos estes relacionamentos implicam relações sexuais, isso significa que todos têm relações sexuais uns com os outros!

Imaginem se o Jango tiver HIV! Então, pode ter passado pra Nina, pra Kátia e pra Débora. Portanto, todos correm o risco de ser infectados pelo vírus já que fazem parte da mesma rede de relações sexuais.
E você? Pertence a alguma rede? Pare e pense!

terça-feira, 22 de julho de 2008

Mitos da amamentação

No último fim de semana, estava num supermercado, bem na fronteira entre a Malhangalene e a Mafalala, quando percebi que uma jovem mulher de trajes humildes e com um bebé às costas estava desnorteada, completamente perdida, saliente-se.

Aproximei-me dela e perguntei-lhe o que se estava a passar e ela, em língua local (ronga), explicou-me que procurava por yogurt. Orientando-me pelas placas que se encontram no supermercado, indiquei a jovem as prateleiras onde ela poderia encontrar yogurt.

Timidamente e talvez encorajada pela minha preocupação para com ela, a jovem pediu-me que lá fosse com ela pois na verdade ela nem sequer sabia o que era um yogurt. Não fiquei muito surpreendida, creio que isso é normal, sobretudo porque a nossa indústria de produtos lácteos não é visível.

Atenciosamente, acompanhei-a à zona pretendida, mas nesse entretanto, a minha curiosidade foi aguçada e a perguntei: “Para que queres o yogurt se nem sequer sabes o que é”? Ela prontamente respondeu que era para o bebé. “Para o bebé”? Perguntei eu ao que ela respondeu positivamente.

Dei uma espreitada ao bebé, que estava adormecido e repliquei: “mas este bebé nem sequer come papa”!? Timidamente explicou-me que tinha sido recomendação de um enfermeiro (?) após a hospitalização numa “maclinica” pois o bebé estava com baixo peso. Céus, quase subi as paredes! O bebé era tão pequeno (3 meses) e estava tão raquítico que tal alimentação só poderia acabar por piorar o seu caso.

Perguntei-lhe se ela não tinha leite de peito suficiente para alimentar o bebé ao que ela respondeu que este era abundante. Prontamente dei-lhe uma lição sobre a importância e a riqueza do leite materno na vida dos nossos pequenos e a jovem Catarina saiu segura do centro comercial com a nota de 50Mt que estava apertada na palma suada da sua mão...


É por muito sabidos que muitas mulheres optam por não alimentar os seus bebés com o leito de peito com o receio de ficar com os seios em “sapatilhas” e verdade seja dita, alguns maridos incentivam e apoiam essa ideia descabida. Esta concepção errada, e que apenas leva em conta o aspecto estético, põe em causa a integridade dos bebés e das próprias mães, algo que muitas desconhecem.

Como forma de alimentar os pequenos, recorre-se ao leite artificial ou em pó que tem as suas vantagens, reconheça-se, mas também muitas desvantagens que podem ser evitadas pelo simples levantar da blusa ou pela extracção e conservação do leite materno.

Nesse entretanto, a “lâmpada das questões” que em mim habita, acendeu-se: o que é feito nas consultas de SMI (saúde materno e infantil)? Será que aquelas palestras, que se davam nos centros de saúde, sobre higiene, cuidados e alimentação adequada do bebé já não têm lugar?

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Maclinica

Tempo de espera? Tipo de atendimento? Terapia satisfatória? Desfecho esperado? Alguns destes e outros motivos podem justificar porque ir a clínica, é muito mais salutar do que ir ao centro de saúde ou outra unidade hospitalar, bom, isto pelo menos na cidade de Maputo e na sua periferia. Será isso sintomático da desgraça hospitalar pública?

Nas clínicas, é possível ter acesso a um variado leque de médicos especialistas, atendimento personalizado, um laboratório que não condiciona o horário de recepção de amostras e de entrega dos resultados, equipamentos e materiais aos chutos e pontapés [pelo menos é o que parece se bem que para cada paracetamol se paga o preço duma embalagem] e ainda oferecem Planos de Saúde que podem ser assegurados pelo local de trabalho [quanta sorte!] ou por si próprio. Mas, essas clínicas, não são acessíveis A profundidade dos bolsos de todos!

O pessoal da periferia, também se vê na obrigação de recorrer às clínicas privadas [ou a lugares com essa etiqueta] sobretudo no período nocturno ou na hora do Diabo, momento em que, estranhamente, as doenças mais atacam [os cientistas por certo têm uma explicação para o fenómeno].

As maclínica da periferia, ao contrário das que bem conhecemos [mesmo que seja do lado de fora] resumem-se em quartos minúsculos ou garagens, se bem que ultimamente estão em franca expansão [parecem até os móteis que proliferam nessas bandas], tal é a procura [já até há internamento!].

O prefixo ma-, em línguas do grupo Bantu, indica o plural de substâncias ou coisas incontáveis (Ngunga, 2004: 109), logo, maclínica designada clínicas em Ronga.

Compostos por uma mesa de atendimento, duas ou três cadeiras, um armário onde se guardam os medicamentos e uma cama para observação, as maclínica são asseguradas por enfermeiros, que desempenham o papel de médicos, nos períodos de folga ou de descanso, e por serventes, que fazem o papel de enfermeiros [no caso, será a esposa do enfermeiro a servente?].

Na maior parte das vezes, nenhuma análise laboratorial é efectuada, bastando o testemunho do doente e/ou do seu acompanhante para se fazer o diagnóstico da doença, para a qual é sempre fornecida uma terapia. Engane-se quem pensa que logo a primeira é passada uma receita: os medicamentos são vendidos mesmo ali, e não em farmácias, como nas clínicas licenciadas [não é esse, para além dos mercados informais, o real mercado dos medicamentos roubados?].

No caso da não existência da terapia adequada, nas maclínica, recomenda-se que se volte no dia seguinte [o tempo suficiente para se “procurar” nos armazéns e ou em farmácias do hospital, não é? Basta uma chamada a alguém da rede e...] ou é passada uma receita, mas com o carimbo duma unidade sanitária de referência e assinada por alguém com poderes para tal.

Outro atractivo das maclínica, é a tabela de preços que a todos satisfaz, sendo que para adultos e crianças o valor é diferenciado. Nas maclínica, como noutras unidades sanitárias tudo se trata desde malária, diarreia, infecções, etc. e se fazem abortos (havendo até maclínica ginecológicas exclusivas para tal) e de lá muitos saem satisfeitos, se olharmos para o movimento desusado do vai e vem.

Como se pode depreender, o sucesso das maclinica é tal que raramente alguma é denunciada. Acredito que se o ginecologista mecânico (o Nelson Bata) não tivesse sido muito ambicioso, no sentido de se inserir no seio da classe médica, na periferia ele teria uma clientela fiel.

Que o enfermeiro em muito têm contribuído para a minimização dos problemas de saúde no país, isso é sabido, pois é esta classe que tem segurado as seringas, nas zonas rurais, devido a falta de médicos. Mas, ... há sempre um mas!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Populacao versus Planeamento Familiar

"Com mais de seis biliões de pessoas, a população do mundo aumenta anualmente em 75 milhões, sendo que metade tem menos de 25 anos de idade. Jovens entre 15 e 24 anos somam um bilião, o que significa dizer que existem 17 jovens em cada grupo de 100.
Mas o número de pessoas com mais de 60 anos, por sua vez, chega a 646 milhões, numa proporção de uma em cada dez. Esse número ainda é acrescido todo ano em mais de 11 milhões, o que caracteriza um envelhecimento da população mundial.
Conforme estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) para o ano de 2050, a percentagem de jovens com menos de 15 anos de idade deve diminuir de 30 para 20%, enquanto a quantidade de idosos deve crescer 22%.
Nos países pobres, 96 milhões de mulheres jovens são analfabetas, 14 milhões de raparigas dos 15 aos 19 anos tornam-se mães anualmente e diariamente seis mil jovens são infectados pelo HIV."*
O dia Mundial da Populacao, no nosso país, é celebrado sob o lema é "Planeamento Familiar é um direito: Vamos torná-lo real" numa altura em que sao despoletados casos, no país e além fronteiras, pelo nao acesso a todos deste direito humano básico.
A nível mundial, a celebracao deste dia tem como mote varios objectivos onde se pode destacar a procurar soluções para o problema que representa o crescimento "desordenado" da populacao.
Esta mais do que claro que a solução não se encontra apenas no controlo da natalidade, pela via do planeamento familiar, mas passa também pela melhoria de vida das pessoas, particularmente das mulheres. Também contribui para a resolução deste problema a melhoria das condições de saúde, educação, habitação e oportunidades de emprego, algo que esta aquém de muitos de nós.
* Dados da AngolaPress

terça-feira, 8 de julho de 2008

Urgência adiada

Ter acesso aos cuidados básicos de saúde, a qualquer momento, é uma necessidade que deve ser respondida pelo Governo, mas ir a uma unidade sanitária e ser atendido por um médico, que seja de clínica geral, é um verdadeiro luxo!

No Hospital Central, sem a famosa guia de transferência, até é possível ser-se atendido sem stress, basta pagar a tal taxa moderadora. Lá dentro, muita coisa mudou, parabenize-se: é limpo, o cheiro é neutro e até os lavabos dispõe de papel higiénico, sabão para as mãos e, o mais importante, água.

Mas nas Urgências de Pediatria, que também tem um aspecto impecável, a porca torce o rabo: só mesmo com a guia de transferência duma outra unidade sanitária e mesmo com febres altas, vómitos e diarreia (algo que no papel colado na vitrine da recepção é indicado como prioritário) há o risco de o mandarem dar uma curva.

O procedimento é simples: uma vez no guichet da recepção [não sei porque dão esse nome, devia ser guichet de reenvio] tem de se deslocar, sob indicação aos berros da recepcionista que está lá num canto da recepção [que possui, a olho nu, 2m quadrados] à um corredor logo a esquerda. Nos bancos desse corredor, aguarda-se que uma enfermeira venha saber o que o leva a procurar tais serviços.
Se você diz que a criança está com vómitos, ela deve fazer uma demonstração (?) comprovativa in loco disso, entenda-se, vomitar diante da enfermeira.


Se você diz que a criança está com febres altas, o termómetro que à criança é colocado, deve logo indicar 40ºC! Isto sabendo-se que quando uma criança está com febres tudo se deve fazer para baixar a temperatura, sob o risco de provocar convulsões, como deixá-la mais fresca ou mesmo enfiando um supositório para tal goela acima.

E se a alegação é de que a criança está com diarreia, no momento, deve apresentar a papa fecal!!! Portanto, ai de si se a criança não o faz in pressentia ou se antecipadamente mudou a fralda! E agora com as descartáveis...

O veredicto é ir ao hospital geral ou procurar o posto de saúde no dia seguinte e, nesse entretanto, a criança desidrata-se e stressa-se, agravando o seu estado, e a você, que paga imperativamente os impostos, também. Se bobear, como dizem os brasileiros, depois da sua ida a outra unidade sanitária, na escala inferior às Urgências de Pediatria, corre o risco de lá ser insultado por negligencia maternal/paternal e “chimbam-lhe” com uma guia de transferência que lhe garante outro lote de palavras insultuosas nas Urgências de Pediatria.

Se você cai nas graças da enfermeira, em serviço na triagem, volta a recepção, passa pelos trâmites habituais, põe o petiz a pesar, é (re) medida a temperatura e vai à fila esperar pela sua vez de ser atendido. Uf!!!