sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Desabafo de um boi

A semelhança da postagem Face das Maputenses, não resisti a outro mail que caiu na minha inbox pois também espelha a imagem que se tem das mulheres de Maputo, em particular, e de Moçambique no geral, no capitulo das relações intimas. Neste mail, o autor não se coibiu de chamar os bois pelos seus nomes! Os arranjos ao texto e as abreviações nas palavras de caracter ofensivo, são minhas. Ei-lo:


Nota 1

Hoje as meninas das nossas cidades por ano f... em média com 3 a 5 homens diferentes. O 1º porque namora com ela ou é casado com ela, o 2º é o colega de trabalho, o 3º é o que a iludiu com um bom carro, jantares em restaurantes de luxo, garante bons passeios em viagens e locais turrísticos, "garante bons finais de semana" . O 4º garante-lhe arranjar um bom emprego e o 5º pode ser o que a desvirginou, o ex-namorado, um pito que f... bem ou colega de escola que ela deseja apostar para o futuro.

O pior de tudo é que o único que não a f... é o que está disposto a construir uma vida com elas, a amar-lhes para o resto da vida e fazer-lhe feliz e que ela só se recordará dele quando ficar para titia o que será tarde demais.


Nota 2
Prestem bem atenção: O primeiro que é o namorado ou o marido só está com ela porque ela o escolheu por ter condições confortáveis mais não deixa de ser um cornudo e pode vir a ser pai de um filho ou filha da p.... Me pergunto onde vamos com está sociedade em que nas nossas cidades todo o récem-nascido é um filho da p....!


Nota 3
Se não queres ter um filho da p... só tens duas opções:
  • Ou engravidas uma quatorzinha antes que se torne p... , o que pode te levar a cadeia;
  • Ou vais ao distrito e trazes um camponesa a cidade.
Caso contrário, meu irmão, seras pai ou, por outra, já és pai de um ou uma filho/a da p.... Ti paciência (música do angolano Maya Cool), não é o único que deve assumir. Agora repitam o coro:
  • Nós moçambicanos assumimos com tanta dor e vergonha que as damas da cidade de Maputo são p...;
  • Nós moçambicanos assumimos que as damas da cidade de Maputo só estão ao nosso lado por interesse;
  • Nós moçambicanos assumimos que fingimos que não sabemos que as nossas damas são p...;
  • Nós moçambicanos assumimos que somos e seremos pais de filhos da p....

Nota 4
Peço desculpa a toda moça que não é p... disfarçada ou por outra que só f... com apenas 1 homem durante este ano ou estes anos o qual é seu namorado ou marido . Eu sei que existem algumas jovens que estão nas suas relações bem sucedidas ou mal economicamente mais apenas por amor e também há casos de quem está sem namorado porque de facto há falta de homens de qualidade.

Lamento por isso mas encorrajo a toda jovem de bons princípios que vá atrás de quem mereça o seu amor, se acha que ele a ama de verdade, mas eu precisava mandar esta mensagem para quem quer que seja para que assumamos a nossa identidade com esse conselho:

Moças jovens de Maputo, não nos iludam assumam a vossa identidade para que não causem transtornos aos que apostem em vocês. Se es pedreiro assuma que es que te procuram para as suas construções, qualquer profissão deve ser assumida para melhor termos sucesso, por isso moças assumam que são p... para melhor clientela terem! Quem sabe, alcançam muito rápido o que vocês tanto querem sem tirar a reputação da vossa família e dos vossos companheiros e pôr a vida deles em risco pelas DTS's/Sida.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Festas dos putos

Alguém se lembra de como eram as nossas festas infantis antigamente? Aquelas em casa, mesmo, em que os adultos ficavam conversando na sala, enquanto as crianças “se acabavam” a brincar por todos os cantos? Sozinhas ou entre si, sem bábás, sem brincadeiras pré-programadas com pula-pula, palhaços, pintadores de caras, carrocel, etc.?

Quando você, como convidado, chegava à porta, ninguém exigia um convite para depois procurar, na lista, o seu nome e de seguida indicar-lhe uma mesa. Na hora do “Parabéns a você”, não eramos obrigados a “play-backarmos” o jingle que o DJ toca: um coro ruidoso e destoado era entoado pelos convidados!

Lembra-se que o corte do bolo era no fim da tarde? Sim, um pretexto para que as luzes fossem apagadas e que na palidez das velas todos olhares se viravam para esse momento mágico. Você se lembra? Nessa altura, os mais corajosos faziam discursos e desejavam longa vida ao aniversariente e até se entoavam os cânticos habituais lá de casa sem receio de envergonhar os babados pápás que tinham convidado o chefe à festa?

Recorda-se? Os humildes, mas preciosos e apreciados, presentes eram entregues ao próprio aniversariante e não amontuados numa mesa preparada para o efeito e que depois fazem o aniversariente nem sequer saber quem lhos tinha ofertado, se você se esquece de lá pôr um cartão? E depois da festinha, não haviam lembracinhas ou brindes! No máximo, dava-se um pedaço de bolo ao mano mais velho que nos tinha vindo buscar?

Pois é, nada que se assemelhe às mega produções que vemos hoje em dia: tudo mudou! Também, até ocasiões que não devem, na minha modesta opinião, merecer tanto salamaleque são pretexto para eventos do calibre de um casamento (esses também ostentivos demais)! Veja-se que uma simples cerimónia de graduação, da creche, que mais não é do que uma despedida, é razão suficiente para merecer um buffet 5 estrelas!

Nós, pais, é que promovemos esses eventos e, o engraçado, é que os nossos filhos não acham a minima graça. Esta nossa atitude, talvez se possa justificar como sendo uma forma de os compensaremos pelas nossas frequentes faltas e, também, sejamos francos, rasgados elogios e palmadas nas costas, pelo sucesso da party, engordam o nosso ego.

Formúlas mais simples e eficazes podem surtir o mesmo efeito e, neste tempo de crise, até um bolo e uns refrigerantes levados à escola ou a creche, têm maior impacto do que festanças em que muitas vezes os miúdos nem sequer conhecem os convidados. Mas, as nossas festas, animavam ou não? Então que tal resgata-las?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Face das Maputenses

Recebi, recentemente, um curioso email, cujo autor não vem mencionado, que descreve as mulheres dos diferentes bairros de Maputo e Matola. Ei-las:

As damas da Matola:
Tem a mania que são finas, mas acabam sempre com o tipo que também pensa assim. Acham que todo o mundo um dia lhes vai comer na mão. Quando abriram o Mimmo’s e o K-Slixe pensaram que a cidade toda fosse lá para sempre, agora divertem-se nas noites com seus vizinhos, tios e sobrinhos... eh eh eh tudo em família.


Mulheres da Liberdade:
Geralmente finas e até falam bem, mas esquecem-se sempre e mencionam 'barraca' quando querem ir ao Mimmo’s.


Mulheres de Malhampswene:
São de lá???
E as do Grande Maputo?

Mulheres do Benfica:
Bem, existem duas, umas pensam que são finas e ainda andam nos chapas lotados, super apertadinhas... depois de descer do chapa, ainda tem que limpar os sapatos (se tiver). Outras tão pouco se lixando... esboram-se nos chapas e chegam a cidade todas sovaqueiradas.

Mulheres do Chamanculo:
Pensam que são da cidade, gostam de Jeans e camizetes mas a diferença na cor, volume e tipo extensões do cabelo só elas é que não percebem. Cuidado: tem irmãos Ninjas e assaltantes.

Mulheres de Magoanine:
Algumas vêm da cidade e os namorados costumam estar também na cidade. Nunca sabem se vão chegar a casa. Os encontros têm de ser todos a luz do dia... depois fica difícil ir para casa. Têm sempre ideias de vender qualquer coisa: aros e janelas, petróleo, farelo... ih!

Mulheres de Bagamoyo:
Existem? Como é loooonge... da casa a paragem até descalçam os sapatos. Algumas cheiram sempre a diesel e carvão, não sei porquê!

Mulheres da Malanga:
Xiii, aquelas mulatas pensam que têm o mesmo fulgor que as outras cá de cima na town... mas são sujas, sujas, sujas, e andam lá também as pretinhas que tentam se parecer com elas. Mas vendem muito bem carvão e lenha.

Mulheres da Malhangalene:
As r... devem ter perdido a sensibilidade... quem nunca f... uma é por razões desconhecidas, mas as gajas têm uma inclinação pro sexo que é de admirar... fooooogo, como f...eeeeeeem. As mais sofisticadas foram ao Brasil e voltaram 4 anos depois.

Mulheres da Coop:
São amigas das da Malhangalene. São bradas.

Mulheres da Sommerchield:
Só conhecem Maputo da Coop à estátua de Eduardo Mondlane.

Mulheres da Polana Caniço:
Matlanda dzixas (brincam até o amanhecer)... como cheiram!

Mulheres do Bairro Ferroviario:
se chegares a casa e sentires um cheirinho não grite, provavelmente a lixeira habituou-lhe mal, e se ela nunca deixar a tua casa em dia também não te chateies, tá habituada a má urbanização do bairro. Cuidado: tem irmãos Ninjas.

Mulheres do Alto Maé: Pensam que vivem na Polana. A 'colômbia' alí perto é que lhes vai arrefecendo o sonho...

Mulheres da Polana:
Coitadas, nem sabem se ainda lhes pertence, os pais acabaram vendendo a casa e foram parar no Malhampswene.

Mulheres de Xiquelene:
Com tanta confusão, elas já nem sabem diferenciar um espectáculo de uma greve... Têm sempre na manga, alguma ideia de business... petróleo, cigarros, chuingas...

Mulheres de Maxaquene:
Não querem estudar...Sonham aparecer no programa do Sérgio Faife – 'Princesas'. Geralmente conhecem todas as marcas de Televisores, aparelho Hi-fi e DVDs... os manos né??? Vendem muitos randes.

Mulheres de Inhagoia:
Iiiiiiiiiiiihhhhh!!! Idem... e como 'Kenham' (falam mal).

Mulheres de Compone:
Verdadeiras atletas.... passam a vida a correr fugindo da polícia camarária. Cheiram xicalamidade.

Mulheres de Hulene:
Falam mal, vestem mal mas bebem muito bem... geralmente ajudam muito aos fins de semana nas pequenas ruas da Baixa no negócio da noite.

Mulheres de Malhazine:
Tal e qual as de Hulene mas ainda vão a Igreja.

Mulheres de Laulane:
Falam muito mas o areial tá lá... o que vale é que geralmente costuma estudar bem.

Mulheres de T3:
Akutiyela???? (São avarentas) Akukenha??? (falam mal e porcamente) Akuyiva??? (São ladras) Geralmente têm namorados Nigerianos, traficantes, ladrões, emigrantes ou Polícia.

Mulheres de Matendende:
Prefiro não comentar, mas parece que tão sempre com babalaza... minha tia é de lá.

Mulheres de Luis Cabral:
Como gostam de greves??? Confusão e ximoko é com elas...

Mais bairros??? É melhor parar por aqui...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

“Bater na rocha”, a última neura

O número de cantarinos (expressão copiada no Nullius in Verba), em particular na capital, cresceu como se de mosquitos do pântano se tratassem após uma copiosa chuva de verão. O sucesso fulgrante dos mesmos e a avidez do público em querer consumir um produto nacional e actual fez com que os primeiros atingissem pedestais de fazer inveja a muitos: grande parte da classe saiu directamente do anonimato para o estrelato.

No entanto, ultimamente o espectro do insucesso apoquenta esta mesma vaga de músicos moçambicanos. Vulgarizada pelo “Puto mais fofo da Africa Austral”, Fred Jossias, a expressão “Bater na rocha”, que significa estar na mó de baixo, que é algo de que todos cantarinos fogem como se de uma seringa de penilicilina se tratasse, resume a nova neura.

Se até bem pouco tempo os pandza-dzukuteiros, alguns rappers e outros que não se afirmam em nenhum style, mas que passeam na mesma carruagem, afirmavam que a prata da casa era suficiente para assegurar um show, hoje as coisas parecem estar a mudar de rumo e a voltar ao que era antes: os estrangeiros é que chamam o people!

Voltando à vaca fria, o trauma da cabeçada ou de carregamento da rocha é uma questão verdadeiramente preocupante. Bate na rocha quem não se faz presente nos programas televisivos, com particular incidência, quem não lança hits, quem não está nos tops que fazem render as operadoras ou quem cujos espectáculos reúnem um número insignificante(?) de espectadores.

Bom ou mau, bater na rocha ou raiar a isso muitas vezes apoquenta músicos e labels que tem carisma e produzem beats de reconhecida qualidade (tanto na batida como no conteúdo construtivo) tudo porque quem os devia apoiar opta por propagar o vazio, o nudismo, consumismo, exibicionismo, snobismo e outros -ismos: editoras, produtores de espectáculos e patrocinadores.

Os cantarinos, esses, ao invés de amadurecerem, com as observações da sociedade e de músicos verdadeiramente esclarecidos, pelo vazio de seus hits, nada mais fazem do que aproveitar os momentos de luz, camera e acção e flashes à mistura, para “mandar para China” quem os contraria, critica ou aconselha a aproveitar o sucesso para fazer pandza sim mas com valores contrários aos que ouvimos/vemos actualmente.

Produzir um albúm de qualidade, nem pensar, o que vale é a quantidade de hits, presenças nos tops, nas Tv’s, nos shows em playback, enfim expôr-se ridicularmente de óculos escuros debaixo do holofotes! O pressing é tal e total que a todo custo não se quer correr o risco de bater na rocha ou então há bifes na área com cenas de pugilato à mistura!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Reflexão sobre a TV e a nossa cultura*

SR. DIRECTOR!

Agradeço antecipadamente em aceitar a publicação desta carta, no espaço do jornal de que V. Excia é digno dirigente, na tentativa de emitir o que penso da nossa sociedade. A TV é um instrumento bastante útil para aprendizagem, mas cabe à própria sociedade saber utilizá-la. A censura depende de nós ou o que a TV produz vai depender de nós mesmos.

Maputo, Sexta-Feira, 14 de Novembro de 2008:: Notícias

Há o ditado que diz “A casa tem o rosto de quem a habita.” Se quiser ver o gosto de qualquer homem – esposo repare na sua esposa, tudo quanto ela for é o que o marido é ou gosta. A maneira de se trajar – vestir, tratar-se, quanto ao cabelo, andar, estrutura do corpo, a cor, etc.. Os ingleses dizem que: “A choice is not a mistake”, isto traduzido quer dizer “A escolha não é uma falha”.

Sempre o homem aprendeu do outro homem. Mas nem tudo quanto um faz automaticamente influencia o outro. Ele tem a capacidade de escolher o que é do seu interesse, adaptando às suas próprias condições. Nem sempre acolheu tudo quanto é-lhe servido.

Na TVM há uma publicidade que passa durante o noticiário na qual aparecem quatro moços com CHIPS - batatas fritas. A seguir somos dados a ver duas moças semi-nuas que as recebem exibindo o seu corpo nu. E os moços riem-se delas, aparentemente felizes! Ora vejamos o seguinte:

Tem-se dito que a mulher é submissa, tudo por culpa do homem, que ela não tem a voz que teria para expor as suas ideias ou se defender assim que achasse necessário. Sempre se disse que a maior parte das mulheres engrossa a faixa social muito baixa no nosso país devido à falta de escolarização, agravada pela forte influência cultural que em certas zonas do território nacional põem-na como mercadoria. Por estas e outras razões, parece racional o incentivo que se faz à rapariga, que vá prioritariamente à escola, o que já é lema do Governo e Estado moçambicanos. Mas antes disso há que reconhecer que a mulher, particularmente em Moçambique, está bem representada em muitos sectores que nem valeria a pena estar aqui a enumerar.

Hoje existem juristas, temo-las na Assembleia da República, temos ministras, directoras provinciais, administradoras, governadoras, gerentes dos bancos, presidentes de associações e em muitos mais cargos. Todavia, mesmo considerando o facto de serem dignas e exemplares para a nossa sociedade, pecam por deixar que a sua luta não se estenda a combater exemplos que as desprestigiam perante a futura geração. Se deixa isto acontecer, então como é que as outras por vir vão aprender ou saber seleccionar o que é de acordo com a nossas cultura?

Estou a tentar dizer que em Moçambique existe uma camada feminina socialmente bem colocada e educada que já poderia ir quebrando esta onda de desprezo à mulher. Moçambique nos últimos tempos tem sido o exemplo brilhante na África Austral em permitir a classe feminina na liderança. Pode-se falar de Maria de Lurdes Mutola como uma alavanca que despertou o mundo e o continente no desporto. Quer dizer que existe uma oportunidade tal que se as mulheres não se defendem como deve ser é por culpa própria, como no caso em que se deixa explorar pelo homem e a sociedade em geral, quando é utilizada como um instrumento de angariação de fundos.

Aquelas moças nuas a receber “chips” estão sendo admitidas na TV, porque uma empresa multinacional financia ou nos paga e devido ao dinheiro deixamos passar. E a camada feminina, com todas as oportunidades e força acima descritas, nem sequer reage! E em nenhuma vez, salvo fraca memória da minha parte, vimos homens nus nas publicidades! As publicidades dão-nos rendimento, sim senhor, mas não é toda a publicidade, incluindo aquela que nos fere demasiado culturalmente.

É verdade que a Coca-Cola é refrescante, mas não deixo de beber MAHEU, bebida doce feita de milho tradicionalmente. A sura das palmeiras é boa bebida, assim como o canhú que caracteriza, em si, as províncias do Sul de Moçambique.

Mas a mulher moçambicana é abusada pelas multinacionais e não reage. Afinal até quando a ser utilizada como meio de angariação de fundos? Não existirá uma camada social feminina em Moçambique que possa reagir face aos abusos dessas empresas, incluindo aquelas que dissemos que nos representam, ou por terem estudado ou por terem ascendido a cargos e posições relevantes e por isso têm a oportunidade de falarem mais alto…

Só para exemplo, na mesma TV, o homem não tira calças, mas sim, a camiseta e atira-se na piscina e faz a publicidade do Sprite. Porquê não tira as calças e salta nu à piscina para fazer a tal figura publicitária.

Os músicos (alguns) aproveitam-se igualmente da mulher como sexo fraco para poder produzir um espectáculo, que convida o público usando a mulher nua. Sempre houve cultura, mas não a ponto de fazer com que a mulher ficasse nua como hoje em dia. Espero que a TV seja o instrumento educativo da sociedade africana na preservação da sua cultura.

*Rui Chadzinga Fraquichone

Texto extraido daqui

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

14zinhas e o culto ao kota

Recentemente, em pleno chapa, acompanhei uma curta mas interessante conversa de duas quatorzinhas (aparentavam entre 16 e 19 anos). Txunadas e blingadas dos pés a cabeça, as moças falavam do kota que acabava de ligar para uma delas para um programa no principio da tarde, horário de expediente, num dos múltiplos motéis (?) que rapidamente floresceram dentro e na periferia de Maputo.

Kota é um termo provindo do vocabulário dos nossos irmãos "mangolés" e, conforme se diz, designa pessoas maduras ou mulheres confirmadas, entre nós, designam os nossos pais. No entanto, esta designação serve também parao homem, geralmente casado, o tal que gosta de quatorzinhas, com quem as jovens se relacionam para dessa relação adquirir dividendos em troca de favores sexuais.

A questão tem barba rija, mas um número significativo de mulheres, sobretudo as citadinas, tem tido como objectivo único apostar em relações das quais tirarão dividendos imediatos. À caça ao homem, passa pelo conhecimento do número das cifras que figuram na conta bancária da caça, do(s) carro(s) que possui, da casa onde vive, enfim, do status que tem e representa.

Não importa sequer se esse homem é casado! Se a caçadora é a 2ª, 3ª ou énesima mulher na vida do mesmo, o mais importante são os Mts que ele deixa aquando das sorrateiras visitas ou idas aos quartinhos, ou então a choruda mesada, o carro, a casa alugada e, em alguns casos, quando a moça é inteligente ou o homem extremamente atencioso, os estudos que pelo último são custeados. Quo vadis jovem moçambicana?

sábado, 8 de novembro de 2008

Hematonas da vergonha

Hematomas da vergonha são marcas de violência doméstica em esposas de pessoas bem posicionadas nas altas esferas da sociedade ou de altos empresários da praça. Algumas vezes, essas mesmas vitimas têm um estatuto que impõe respeito na sociedade pois são advogadas, juristas ou mulheres com cargos de chefia e prestigio.

Hematomas da vergonha, são aqueles casos de violência domestica que muitas vezes arranham o macabro, tais são os requintes de malvadez, crueldade e humilhação cujos números nunca fazem parte da estatística e nem figuram nos calhamaços encardidos dos arquivos das esquadras da Policia.

Assim são denominados porque são encobertos por camadas e camadas de pó de arroz e essas tretas que realçam a nossa beleza e fazem mal a pele, tudo com o intuito de querer fazer parecer que “tudo está bem” ao invés de se denunciar esses criminosos de punhos brancos, calça com vinco e sapato de verniz.

São sim hematomas da vergonha porque, logo após o acto, infindáveis pedidos de desculpa são feitos. Presentes de valor elevado oferecidos como um “cala-te boca” para que a sociedade não saiba quem realmente é aquela pessoa que perante todos é uma pessoa respeitosa e no aconchego familiar um verdadeiro tirano.

Um exemplo de hematomas da vergonha foi vivenciado por uma espectacular mulher, de corpo e alma, formada em Direito, e que contraiu matrimónio com um individuo da mesma area. Infelizmente, o homem em questão era sadicamente ciumento que só não a impedia de trabalhar pois estavam no mesmo local de trabalho e servia-se disso para a controlar, como ele mesmo fazia questão de sublinhar.

Os hematomas, nesta mulher, levaram o seu tempo até que humilhada e destroçada mas firmemente decidida, optou por abandonar o lar da dor e consentir um divórcio do qual saiu de mãos a abanar. Quantas outras mulheres calam-se perante a chantagem a que são submetidas após terem sido “hematonadas”? Ou perante o medo de perder todas as beneses duma vida glamourosa com essa espécie de homens?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Notas sexuais

Nossos professores deveriam estar aí para nos ensinar, não para nos tocar onde não queremos. Eu quero desaparecer do mundo se uma pessoa que deveira me proteger me destrói.”

Professores que tem relações sexuais com suas alunas, cuja consequência é a gravidez precoce e doenças de transmissao sexual, não é assunto novo, talvez não muito frequente ou então pouco divulgado. Talvez não seja frequente e completamente desconhecido que professores há que procuram alunos de sexo masculino para satisfazerem a sua libido. Parece estranho, mas é um assunto real em Africa e quiça em Moçambique.

Em todo o lado, se bem que ultimamente tende a diminuir, devido aos pagamentos por cima do quadro, a figura do professor é de muito respeito. Fazer um favor ao professor, é uma honra para quem o faz. No campo, frequentemente as crianças e adolescentes ajudam os seus professores em suas machambas, na construção da cabana e a carregar os livros de e para a escola que muitas vezes são distantes.

Nas cidades, já nada se faz gratuitamente e com o intuito de honrar o professor: a moeda de troca é o dinheiro, os bens materiais e o sexo. Aliás, honrar um professor pelos seus feitos, como pessoa que contribui para a formação do novo homem, só se faz quando este está a beira da última morada, a 7 palmos da terra, como se diz vulgarmente.

O pretexto usado por professores para justificar a sua atitude pode se encontrar, por exemplo, no seguinte: “as meninas vestem-se de forma provocante. Nem um santo aguenta tanta tentaçao”. Para além da exploração sexual de crianças, que tem como consequencia primeira o abandono escolar, há também os castigos corporais que visam “pôr as crianças na linha”.

Mas os professores, não jogam sozinhos este jogo: os estudantes (rapazes e raparigas) não raras vezes vendem-se ou dão algo em troca de notas para a passagem de classe. Muitas moças tornam-se amantes de professores e não raras vezes garantem a aprovação de muitos da sua turma ou circulo de amizades. Os rapazes, se não dispõe de meios financeiros, põe na berlinda as suas namoradas ou irmãs e a caravana passa.

Como em todos os momentos do exercicio de actividades as atitudes das pessoas não estão isentas de conotações ou apelidos, Notas sexualmente transmissíveis é uma expressão utilizada por crianças, em algumas regiões de Africa, para se referirem a frequente exploração sexual pelos seus próprios professores e resume em si o complexo (sub)mundo que são as relações entre professores e alunos.