terça-feira, 28 de julho de 2009

Espectro social

A questão é polémica o quanto baste. As estatísticas são escassas, breve desconhecidas, talvez mesmo inexistentes. A voz da moral, dos bons costumes, do politicamente correcto, do ético, da religião e todos outros princípios que cada um respeita, toma forma. Mas, ainda que tapado, como a peneira faz ao sol, o espectro do aborto(?) está aí: mortal, silencioso e real.

Os pais a "podem matar" se o souberem pois o jovem responsável não está em condições de assumir uma familia, menos ainda pelo golpe da barriga. Se se trata do tio kota, que tem familia e filhos já crescidos, outro filho pode destabilizar a harmonia (?) familiar. Também pode ser que a menina (?) não saiba de quem é o filho, o que se há-de fazer? A menina está grávida!

Há dois roteiros possíveis: o primeiro é procurar aquela enfermeira famosa, lá do bairro, que dá comprimidos, conhecida (?) pela sua discrição (?) e serviço eficiente. Ainda nesse cenário, há também aquele enfermeiro da maclinica (?) que dá injecção e já está! Caso contrário, apela-se aquela vovó que dá pós e pauzinhos que provocam muitas cólicas mas a "barriga" saí. E, em caso de desespero, com coragem e audácia fura-se o útero com uma agulha de tricot.

Noutro cenário, o do hospital, preenche-se um requerimento, o moço ou tio faz uma declaração assumindo que toma conhecimento/responsabilidade e que o aborto pode ter lugar. Paga-se o que se tem a pagar, fazem-se as análises devidas para checar se está tudo bem (?) e vem a certeira (des?)autorização do hospital.

No dia marcado, como quem vai à escola, geralmente acompanhada e encorajada por amigas, que certamente conhecem e passaram pelo sistema, tem lugar o aborto. Dia seguinte, consoante a capacidade de suporte de dor, que leva algumas a confessarem-se a seus progenitores, a menina vai ao hospital fazer a raspagem. Pronto está feito!

Após a consumação do acto, pouco ou nada é feito, excepto alguns apelos para que as meninas façam o planeamento familiar (?) e se acautelem com a possibilidade de se infectar com o HIV. Lamentavelmente, poucas acatam com os conselhos das enfermeiras e pouco depois retomam aos corredores do hospital ou de outros circuitos ilegais (?) para, com a frieza da experiência, resolverem de novo este mesmo assunto.

Relatos de mortes, que tem como causa um aborto mal feito ou outras complicações a ele relacionados, não são frequentemente comentados pois constituem vergonha para a familia e também não é menos verdade que muita moça se torna estéril como consequência disso. A sociedade, por seu turno, grita e estrebucha que o aborto é matar uma pessoa, mas no recanto da familia dessa mesma sociedade ele é cruamente real.

Tal como uma moeda, as duas faces da abordagem do aborto são polémicas, difícies de engolir/vomitar e aceitar/recusar. Mas, SIM ou NÃO ao aborto?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ai de ti!

Tão polémico como tem sido o debate sobre a ponte da Unidade Nacional (?), so se pode falar da Lei contra a violência doméstica. apesar das feridas que levantou, a lei contra a violência foi aprovada pela Assembleia da Republica. Esta foi uma ocasião para ver as mulheres vangloriarem-se de não mais poder sofrer mazelas por parte de seus companheiros. Por seu turno, para os homens, um artiguito para não beliscar a masculinidade destes, face a violencia de suas companheiras foi anexado.

Portanto, aquele que violentar fisicamente a mulher, causando-lhe doença ou lesão que ponha em risco a vida será punido com a pena de dois a oito anos de prisão maior. A lei estabelece ainda que todo aquele que ofender voluntária e psiquicamente, por meio de ameaças, violência verbal, injúria, difamação ou calúnia a mulher com quem tem ou teve relação amorosa duradoura, laços de parentesco ou consanguinidade ou mulher com quem habite no mesmo tecto será condenado na pena de seis meses a um ano de prisão e multa correspondente.

Se a ameaça tiver sido com uso de instrumentos perigosos, a pena será de um a dois anos de prisão e multa correspondente. No que diz respeito à cópula (relações sexuais) não consentida fixa que quem a mantiver com a cônjuge, namorada, mulher com quem tem uma relação amorosa duradoura, laços de parentesco ou consanguinidade ou mulher com quem habite no mesmo espaço será punido com pena de seis meses a dois anos de prisão e multa correspondente
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Ainda restam duvidas? é caso para dizer: ai de ti, homem! Ai de ti!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Burla nos extraordinarios

Decorrem em todo o pais os exames extraordinarios da 10a e 12a classes. Estes exames tem a pretensao de, entre outros, dar uma oportunidade a aqueles estudantes que reprovaram em alguma seccao ou disciplina de o fazerem. Nessa boleia, tambem se penduram aqueles que procuram, nesses exames, para avancar para a classe sem a frequentar na totalidade.
Para esses exames foram criados centros de exames em escolas determinadas e a supervisao dos mesmos esta a ser assegurada por professores que actualmente se encontram em parcial gozo de ferias. Segundo testemunhos, esses professores perspectivavam receber por cada jornada de supervisao (dois exames diarios) 5ooMt. No entanto, no palco dos acontecimentos tomaram conhecimento que afinal se tratavam de 100 (miseros) meticais!


Mocambicanos (professores vigilantes e candidatos a exame) que de ignorantes pouco tem, aproveitam-se deste acontecimento academico para lucrar algum por fora e "passar" de classe num sistema de burla facilitado pelos sms. A demarche, apesar das conviccoes das chefias de que nenhuma burla eh possivel, eh simples: Apos a distribuicao do exame A aos alunos, uma copia eh entregue ao professor dessa disciplina que se encontra, evidentemente, afastado da sala.
O professor da disciplina A elabora a matriz da correccao do exame (escolha multipla) e envia as chaves por sms aos professores vigilantes. Estes, na sala de exame, copiam a chave e,consoante a "disponibilidade" do candidato, transcrevem-na na folha de rascunho que posteriormente eh entregue ao candidato que nada mais faz do que copiar na folha de exame.
PS: Desculpem-me a falta de acentos

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Apelo urgente

Recebi por email o apelo que abaixo publico (sic):

Peço a colaboração de leitores e bloguistas para publicitarem amplamente a seguinte notícia que acabei de receber:

"O Instituto do Coração vai fazer cirurgias a coração aberto a 20 crianças de 11-18 de Julho de 2009. Cada criança precisa de 10 unidades de sangue para transfusão para poder ser operada. A equipa que vai operar estas crianças vem de França especialmente para fazer estas operações. A maioria das crianças são de fora de Maputo e não tem parentes cá para doar sangue. Sendo assim, peço-vos encarecidamente para irem ao banco de sangue doar sangue. Quando chegarem ao Banco de Sangue é só dizerem que vêm doar sangue para MISSÃO CIRÚRGICA NO ICOR.

Lembrem-se:

AO DOAREM SANGUE ESTÃO A SALVAR A VIDA DUMA CRIANÇA.
Mario Songane
Instituto do Coração".


PS: Pessoal, quantas vezes não recebemos emails pedindo dinheiro para ajudar crianças em recantos distantes do mundo? Este gesto não custa e nem doi nada, é em prol das nossas crianças e dignifica quem o faz. Avante bloggers!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Acorrentados

A demência e outros males, muitas vezes genéticos, leva a que familias tomem medidas extremas para, segundo elas, salvaguardar a integridade fisica(?) dos doentes. Casos de crianças e adultos que são acorrentados por seus proprios progenitores/familiares so chocam pelas imagens deploraveis que são mostradas nos jornais televisivos mas são uma crua realidade na nossa sociedade.

Algumas vezes, pretendo acautelar-se de maus espiritos que se apossessam dessas pessoas, para além de acorrentados, alguns portadores de deficiência mental ou congénita são enclausurados em locais de dimensões reduzidas, como se de animais se tratassem, onde não raras vezes fazem as necessidades fisiologicas e são alimentados.

Mas de quem é a culpa? Desses pais/familiares que acreditam no sobrenatural ou do Estado que não oferece condições para que pessoas com tais problemas possam ter uma vida aceitavel? Continuarão estas pessoas a ser acorrentadas e os acorrentadores presos temporariamente pelo seu acto "cheio de boas intenções"?