quarta-feira, 27 de outubro de 2010

"'Stá" a bater!

O ano lectivo está prestes a terminar. Pelos corredores das escolas constata-se uma azáfama incomum.

Dum lado, encontram-se os professores numa correria contra o tempo; a regularizar testes dos alunos faltosos, elaborar pautas, aprender a trabalhar a todo custo com Excel, participar em conselhos de notas, afixar… e, do outro lado, como formigas atrás do açúcar, os alunos cobrem as salas dos professores e os cercam no estacionamento, nas paragens de chapa, nas portas das casas de banho, nas cantinas, nas barracas mais próximas. Tudo isso a procura de valores para passar de classe ou admitir ao exame.

Nos corredores, o cheiro de urina das toilettes foi substituído por feromonas das alunas, que circulam semi-nuas, com andares suaves, dançantes, sorrisos pálidos, prontas a negociar o seu néctar com os professores pobres em moralidade e de zipes menos seguros.

Paira no ar a luxúria, o negócio, a cumplicidade, o sexo implícito, que por momentos confunde-se com a zona quente. Nos corredores, ouvem-se ecos de risos de hienas. Nos rostos dos professores predadores, brilham olhos cristalinos, feito comerciantes prestes a consumar um negócio.

Bocas com cheiro de fome foram substituídas por arrotos de satisfação, de esperança. Afinal a profissão de professor tem lá alguns benefícios….Há alegria pelo merecido troféu que enfim vai chegar, para terminar a obra que só se move nos finais de semestre, para comprar um carro de segunda mão, um fato sonhado, colorir a mesa da família ou ser o “paga bem” na barraca da zona.

Paira injustiça nos corações dos alunos menos afortunados de corpo e agrados, pois mesmo tendo se esforçado, vão repetir o ano. Paira esperança nos olhos dos alunos afortunados, dos alunos mais queridos, que anseiam ter no ano que vem professores negociantes como os do presente ano…. E assim se faz o ensino….

Texto da autoria de F. E. Changule, in Facebook

domingo, 17 de outubro de 2010

Saldo zero !

O sistema nacional de saúde, melhorou muito, isso não se pode negar. A falta de alguns medicamentos, nas farmácias públicas é uma unha encravada e não é menos verdade que, muitas vezes, os recursos humanos falham ou demonstram uma incompreensível insensibilidade. Mas, errar é humano, não é ?

Ora, a (in)sensibilidade humana, nos nossos hospitais, é o único pão nacional ao qual não se lhe diminuem gramas, nem com intenso calor que é característico destas paragens. As unidades privadas têm também o seu pedaço de (in)sensibilidade que é servido em momentos em que a vida está literalmente por um fio.

Já nem sequer bastam as garantias de empresas de índole reputada ! Pouco importa se a pessoa está à porta da sala de operações ou se está na metade de uma medicação… Pouco importa se faltam uns míseros trocados, tão insignificantes para tamanha chantagem emocional: é saldo zero ou… !