O pequeno-almoço é uma refeição que contribui grandemente na definição do que vai ser o dia de quem o toma ou não. Matabicho, como é por cá chamado, é o momento de matar o afaimado bicho que faz roncar estômagos vazios por via do chá com pão, mandioca, batata-doce ou xiquento (sobras do jantar).
Contudo, com o agudizar da crise esta refeição parece estar a perder o seu estatuto ou tradição. De refeição primeira, cada vez mais tarda em chegar à mesa do citadino. Em muitas casas, é sinónimo de almoço. Para outros tantos, que a essa hora encontram-se longe de casa mata-se o bicho com um pratão de sopa e metade de um pão, de preferência, subvencionado.
Assim, exércitos de citadinos de vários extractos sociais, chapeiros e cobradores, funcionários vários, estudantes e professores, babalazados e outros, desde as primeiras horas da manhã fazem-se as barracas para ao preço dentre 20 à 35 meticais consumirem uma sopa que se torna a cada dia que passa não o alimento da preferência matinal do Zé Povinho mas o que é possível consumir.
Inicialmente adoptada como a fórmula para "a ressureição dos mortos", entenda-se ressacados, hoje a sopa da rua tem outra dimensão : é o que, a preço baixo, melhor engana o estômago. Como o universo de consumidores de sopa aumenta substancialmente, as "sopeiras", de olho no lucro, quão ladrão que vê oportunidade criada, no lugar da batata usam farinha de milho, maputizando o prato.
Também, como a clientela é tendencialmente carnívora, as sopas são intencionalmente enriquecidas com todo tipo de desperdicio animal e ainda, num perpétuo continuum, as sopas do dia anterior enriquecem novas sopas. Isto tudo, pondo de lado a questão da higiene. De toda forma e pelo número crescente de consumidores, a sopa é uma coisa boa!