sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Festas felizes!

Queridos amigos e ilustres visitantes,

Aproxima-se a passos largos o final de 2008. Este ano, toca-me profundamente por vários acontecimentos na minha vida pessoal e, em particular, na minha imersão ao mundo Blogger. Convosco, aprendi muita coisa e espero sinceramente também ter contribuido de alguma forma para que algo em vocês mudasse através de mim.

Neste espaço de expressão de ideias, não podia não usá-lo para de desejar a todos vocês um Feliz Natal e muita prosperidade no ano que se avizinha: 2009! Espero que continuemos a trilhar no mesmo caminho e que em 2009 mais pessoas participem e colaborem na blogosfera moçambicana com especial enfoque para a mulher

Paz nos vossos corações
Ximbitane

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

SMS é que manda!

Em 2008, mais do que nunca, as nossas televisões, apostaram em propiciar aos seus telespectadores programas de lazer pela via de concursos. E de tudo, houve um pouco em todos os canais nacionais: música, dança, reality show, humor, poesia, canto coral, foram as fórmulas escolhidas e que encantaram os apreciadores deste tipo de espectáculo ao vivo ou na tranquilidade do sofá de suas casas.

Vimos de novo, por exemplo, a magia do canto coral, fora do seu habitual palco, as igrejas, desfilarem com muito professionalismo e criatividade no Festcoros. O júri deste concurso foi um trio de 2 categorizados músicos da praça e uma professora de música de categoria indiscutivel mas o critério de avaliação predominante foi o SMS.

Veio o Show de Talentos, uma verdadeira salada de diferentes formas de expressão artistica, numa tipica "fórmula 10 em 1", e que nos deu a conhecer a dupla La's que saiu do armário em grande estilo. Este concurso, teve como júri um músico, cujos créditos desconheço, uma professora de dança renomada e um actor de teatro conhecido. Critério de avaliação predominante: SMS.

Veio o Estrela Pop, que nas suas galas ensaiou combinar várias vozes, afinal o seu objectivo era formar um quarteto pop que teria, entre outros, como premiação uma ida à Portugal para gravar um CD e uma tournée garantida por todo o país para divulgar o trabalho. Desconheço o estágio de tal projecto. O júri foi composto por 1 músico e professor de música de créditos indiscutiveis e 1 actriz, apesar da subjectividade de seus comentários, também de renome. O maior júri foi o SMS popular.

O Remexe, apresentado pela cantora Liloca e alvo de alguma polémica, também fez a sua entrée pela via da televisão. O objectivo era premiar o casal que durante o concurso mostrou os seus dotes em vários estilos de danças. O júri, composto por 3 professoras de dança que algumas vezes revezaram com alguns convidados, tinha o papel de criticar e elogiar os aspectos bons e maus da performance dos concorrentes. Mas, no final de contas, venceu a ditadura do voto pela via do SMS!

Agua vai, água vem, entrou na baila da telinha o já bem e muito conhecido Fama Show, aliás o mais antigo de todos os shows de género. O júri, 2 músicos conceituados e 1 professora de dança de calibre, apesar de alguns comentários bem picantes em nada contribuiram para a justeza do veredicto final. O pior candidato foi premiado pela justiça do SMS dito voto popular.

Ainda nas portas, antes do fecho deste ano, ao estilo do Big Brother pelo mundo, um canal privado de televisão fez-nos ver como vive um grupo de pessoas que tem como ambição ganhar única ganhar o maior bolo jamais visto na TV, a Kasa Kool. Apesar de haver nomeações, entre os habitantes da kk, o maestro da banda foi o SMS sendo que para este caso parece que vingou! Este concurso, ao contrário dos outros, foi mais transparente.

Se se fizer uma sondagem, pode-se facilmente concluir que muitos (tel)espectadores ficaram descontentes com os vencedores de tais concursos e que, na opinião de alguns, o júri deveria dar o seu contributo no resultado final (apesar deste também ser muitas vezes contestado). Este sentimento, levou-me a questionar-me sobre alguns aspectos:

1. Sendo que por detras destes concursos há empresas de auditoria a monitorarem os concursos, porque nunca se dá a conhecer a tendência de voto? Qual é o nivel de transparência?
2. Para que serve o juri se nao têm nenhuma implicação na decisão final?
3. Sem ter em conta o numero de votos, que desconhecemos, a representativa amostra que esteve na final do presente no Fama Show e que sempre vaiou a candidata, não é um indicador de injustiça para com os verdadeiros talentos?
4. Porque, ainda no Fama Show, tudo se faz para "provincializar" os vencedores do concurso? O que importa é a rotatividade da unidade nacional ou premiar o justo vencedor?
5. ...

Seja como for, cá entre nós SMS é que manda!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Condimentos para o prazer

Chocolates, perfumes, morangos, óleo de amendoas e outros condimentos, ditos afrodisiacos, regados por um borbulhante espumante ou imitaçao (vale tudo!), por certo terão figurado no menu e/ou complimento duma de suas noites calientes. Certo? Se não, pelo menos no seu imaginário, alimentando por eróticas imagens cinematográficas ou fotográficas o(a) terão posto a sonhar nessa possibilidade.

Se até bem pouco tempo, por inerência das idas e vindas de moçambicanos ao Brasil e recentemente à China, o novo El dorado, tem sido fácil ter acesso a alguns itens que tem o condão de deixar alguns doidivanas e com os sonhos realizados pela diversidade, que o mercado oferece, os itens do prazer estão mais próximos do que se pensa.

Hoje, fantasias sexuais com (ou de) enfermeiras, médicas, secretárias, noivas, estudantes e mesmo prostitutas ou ainda de (ou com) advogados, policias (mas sem a farda cinza!) e bombeiros podem ser realizadas pois casas de especialidade em lingeries já oferecem esses itens na nossa praça para o striptease caseiro, masculino ou feminino, algo sui generis.

Calcinhas, cuecas e tapa-seios comestiveis, chicotes e algemas, dados eróticos com o jogo do beijo ou o do Kamasutra, géis de banho, óleos para massagens, guloseimas afrodisíacas, preservativos com sabor e que retardam a ejaculação e outros produtos/acessórios eróticos, talvez de todo desconhecidos ou nem por isso, já estão ao alcance das nossas inconfessáveis fantasias.

Decerto que a pergunta será: "Onde se não temos sex-shops?". Pois é, realmente não temos sex-shops, aliás a venda deste tipo de produtos por cá é proibido pelo que é feito “por detrás do balcão”. Na senda do negócio, estão, como não podia deixar de ser, nigerianos e as meninas que “empreendem” no Brasil e, claro ultimamente, na China.

Portanto, vulgares boutiques ou lojas de roupas, tem como outra vocaçao vendere condimentos para temperar os momentos à dois. Se as propostas à vista não lhe agradam, não hesite, encomendas via catalógo são aceites e, por favor, apimente os seus momentos de prazer a dois enriquecendo com inovações que só levam a melhor pois é um jogo onde o empate tem sabor a vitória...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Peregrinos de 6a feira

5ª feira, 22h, no passeio da antiga pastelaria Colmeia, corpos deitados no chão, cobertos por capulanas, mukhumes e/ou papelão dormem indiferentes ao burburinho dos carros e transeuntes que por ali passam. Serão os famosos molwenes? Rapidamente encontro a resposta: não, não são não.

São cidadãos moçambicanos que habitam em bairros da periferia e que tudo fazem para estarem no centro da cidade nas primeiras horas do exercício comercial. Quererão eles fazer compras semanalmente? Imperativamente à 6ª feira? A resposta também é redondamente negativa. Trata-se dos peregrinos da 6ª feira, os mendigos.

A Comunidade comercial muçulmana moçambicana tem oferecido todas 6ª-feiras, num acto de fé, esmola ou pão aos pobres. Este é acto é de louvar tendo em conta que muitos moçambicanos há que não conseguem ter na sua mesa um pedaço de pão. No entanto, esse gesto também é de reprovar pela forma como é feito pois fica a parecer que o objectivo único da comunidade é dar e não dar a quem realmente precisa.

Acredito que muitos me cairão em cima pela forma como exponho o assunto, mas é como o vejo: jovens com capacidade para andar rapidamente e com forças nos braços para trabalhar é que recebem o pão das 6ª. Infelizmente, muitos aproveitam-se dessa caridade e “passam a perna” aos que realmente merecem e precisam: idosos desamparados, portadores de deficiência, doentes crónicos, etc.

Preocupa-me sobremaneira a forma como os mendigos, sobretudos os idosos e doentes crónicos são tratadoss, corrijo, NÃO são tratados. Estamos em momento pós-eleições e não vislumbrei, em nenhum partido/candidato, preocupação para com esta camada social: será porque estes não tem cartão de eleitor? Será porque estes parecem não estar conscientes dos seus direitos, deveres e obrigações?

Que experimentem dar um prato de comida por cada refeição do dia, um local seguro e de descanso, espaço de lazer e de actividades criativas e assistência medicamentosa, terão nos peregrinos de 6a feira (mendigos, idosos e doentes crónicos abandonados) eleitores fiéis nos próximos pleitos eleitorais!


quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Vénia para Nyikiwa

Nyikiwa, blogger de Pensamentos de uma preta africana, defendeu hoje, na UEM, a sua tese de licenciatura intitulada O papel das redes de parentesco na integração de migrantes oriundos da Zambézia na cidade de Maputo, em Antropologia.

Acima do facto de ser blogger, que admiro, apesar das inumeras ausências, acima justificadas, Nyikiwa, ou para os mais proximos Vava, partilha comigo laços de irmanidade pelo sangue e pelo coraçao. Assim sendo, nesta etapa tão importante da sua, e na tangente da minha, vida, não poderia me rejubilar sozinha.

Esta vitoria de Nyikiwa, que significa o suplantar de inumeros obstaculos e privaçoes, sem a sua permissão, dedico-a as grandes heroinas que lutaram por ela, as nossas mães, e a titulo postumo ao nosso progenitor sem o qual hoje não seriamos irmãs e as mulheres que somos. Parabéns, caçulinha!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Desabafo de um boi

A semelhança da postagem Face das Maputenses, não resisti a outro mail que caiu na minha inbox pois também espelha a imagem que se tem das mulheres de Maputo, em particular, e de Moçambique no geral, no capitulo das relações intimas. Neste mail, o autor não se coibiu de chamar os bois pelos seus nomes! Os arranjos ao texto e as abreviações nas palavras de caracter ofensivo, são minhas. Ei-lo:


Nota 1

Hoje as meninas das nossas cidades por ano f... em média com 3 a 5 homens diferentes. O 1º porque namora com ela ou é casado com ela, o 2º é o colega de trabalho, o 3º é o que a iludiu com um bom carro, jantares em restaurantes de luxo, garante bons passeios em viagens e locais turrísticos, "garante bons finais de semana" . O 4º garante-lhe arranjar um bom emprego e o 5º pode ser o que a desvirginou, o ex-namorado, um pito que f... bem ou colega de escola que ela deseja apostar para o futuro.

O pior de tudo é que o único que não a f... é o que está disposto a construir uma vida com elas, a amar-lhes para o resto da vida e fazer-lhe feliz e que ela só se recordará dele quando ficar para titia o que será tarde demais.


Nota 2
Prestem bem atenção: O primeiro que é o namorado ou o marido só está com ela porque ela o escolheu por ter condições confortáveis mais não deixa de ser um cornudo e pode vir a ser pai de um filho ou filha da p.... Me pergunto onde vamos com está sociedade em que nas nossas cidades todo o récem-nascido é um filho da p....!


Nota 3
Se não queres ter um filho da p... só tens duas opções:
  • Ou engravidas uma quatorzinha antes que se torne p... , o que pode te levar a cadeia;
  • Ou vais ao distrito e trazes um camponesa a cidade.
Caso contrário, meu irmão, seras pai ou, por outra, já és pai de um ou uma filho/a da p.... Ti paciência (música do angolano Maya Cool), não é o único que deve assumir. Agora repitam o coro:
  • Nós moçambicanos assumimos com tanta dor e vergonha que as damas da cidade de Maputo são p...;
  • Nós moçambicanos assumimos que as damas da cidade de Maputo só estão ao nosso lado por interesse;
  • Nós moçambicanos assumimos que fingimos que não sabemos que as nossas damas são p...;
  • Nós moçambicanos assumimos que somos e seremos pais de filhos da p....

Nota 4
Peço desculpa a toda moça que não é p... disfarçada ou por outra que só f... com apenas 1 homem durante este ano ou estes anos o qual é seu namorado ou marido . Eu sei que existem algumas jovens que estão nas suas relações bem sucedidas ou mal economicamente mais apenas por amor e também há casos de quem está sem namorado porque de facto há falta de homens de qualidade.

Lamento por isso mas encorrajo a toda jovem de bons princípios que vá atrás de quem mereça o seu amor, se acha que ele a ama de verdade, mas eu precisava mandar esta mensagem para quem quer que seja para que assumamos a nossa identidade com esse conselho:

Moças jovens de Maputo, não nos iludam assumam a vossa identidade para que não causem transtornos aos que apostem em vocês. Se es pedreiro assuma que es que te procuram para as suas construções, qualquer profissão deve ser assumida para melhor termos sucesso, por isso moças assumam que são p... para melhor clientela terem! Quem sabe, alcançam muito rápido o que vocês tanto querem sem tirar a reputação da vossa família e dos vossos companheiros e pôr a vida deles em risco pelas DTS's/Sida.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Festas dos putos

Alguém se lembra de como eram as nossas festas infantis antigamente? Aquelas em casa, mesmo, em que os adultos ficavam conversando na sala, enquanto as crianças “se acabavam” a brincar por todos os cantos? Sozinhas ou entre si, sem bábás, sem brincadeiras pré-programadas com pula-pula, palhaços, pintadores de caras, carrocel, etc.?

Quando você, como convidado, chegava à porta, ninguém exigia um convite para depois procurar, na lista, o seu nome e de seguida indicar-lhe uma mesa. Na hora do “Parabéns a você”, não eramos obrigados a “play-backarmos” o jingle que o DJ toca: um coro ruidoso e destoado era entoado pelos convidados!

Lembra-se que o corte do bolo era no fim da tarde? Sim, um pretexto para que as luzes fossem apagadas e que na palidez das velas todos olhares se viravam para esse momento mágico. Você se lembra? Nessa altura, os mais corajosos faziam discursos e desejavam longa vida ao aniversariente e até se entoavam os cânticos habituais lá de casa sem receio de envergonhar os babados pápás que tinham convidado o chefe à festa?

Recorda-se? Os humildes, mas preciosos e apreciados, presentes eram entregues ao próprio aniversariante e não amontuados numa mesa preparada para o efeito e que depois fazem o aniversariente nem sequer saber quem lhos tinha ofertado, se você se esquece de lá pôr um cartão? E depois da festinha, não haviam lembracinhas ou brindes! No máximo, dava-se um pedaço de bolo ao mano mais velho que nos tinha vindo buscar?

Pois é, nada que se assemelhe às mega produções que vemos hoje em dia: tudo mudou! Também, até ocasiões que não devem, na minha modesta opinião, merecer tanto salamaleque são pretexto para eventos do calibre de um casamento (esses também ostentivos demais)! Veja-se que uma simples cerimónia de graduação, da creche, que mais não é do que uma despedida, é razão suficiente para merecer um buffet 5 estrelas!

Nós, pais, é que promovemos esses eventos e, o engraçado, é que os nossos filhos não acham a minima graça. Esta nossa atitude, talvez se possa justificar como sendo uma forma de os compensaremos pelas nossas frequentes faltas e, também, sejamos francos, rasgados elogios e palmadas nas costas, pelo sucesso da party, engordam o nosso ego.

Formúlas mais simples e eficazes podem surtir o mesmo efeito e, neste tempo de crise, até um bolo e uns refrigerantes levados à escola ou a creche, têm maior impacto do que festanças em que muitas vezes os miúdos nem sequer conhecem os convidados. Mas, as nossas festas, animavam ou não? Então que tal resgata-las?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Face das Maputenses

Recebi, recentemente, um curioso email, cujo autor não vem mencionado, que descreve as mulheres dos diferentes bairros de Maputo e Matola. Ei-las:

As damas da Matola:
Tem a mania que são finas, mas acabam sempre com o tipo que também pensa assim. Acham que todo o mundo um dia lhes vai comer na mão. Quando abriram o Mimmo’s e o K-Slixe pensaram que a cidade toda fosse lá para sempre, agora divertem-se nas noites com seus vizinhos, tios e sobrinhos... eh eh eh tudo em família.


Mulheres da Liberdade:
Geralmente finas e até falam bem, mas esquecem-se sempre e mencionam 'barraca' quando querem ir ao Mimmo’s.


Mulheres de Malhampswene:
São de lá???
E as do Grande Maputo?

Mulheres do Benfica:
Bem, existem duas, umas pensam que são finas e ainda andam nos chapas lotados, super apertadinhas... depois de descer do chapa, ainda tem que limpar os sapatos (se tiver). Outras tão pouco se lixando... esboram-se nos chapas e chegam a cidade todas sovaqueiradas.

Mulheres do Chamanculo:
Pensam que são da cidade, gostam de Jeans e camizetes mas a diferença na cor, volume e tipo extensões do cabelo só elas é que não percebem. Cuidado: tem irmãos Ninjas e assaltantes.

Mulheres de Magoanine:
Algumas vêm da cidade e os namorados costumam estar também na cidade. Nunca sabem se vão chegar a casa. Os encontros têm de ser todos a luz do dia... depois fica difícil ir para casa. Têm sempre ideias de vender qualquer coisa: aros e janelas, petróleo, farelo... ih!

Mulheres de Bagamoyo:
Existem? Como é loooonge... da casa a paragem até descalçam os sapatos. Algumas cheiram sempre a diesel e carvão, não sei porquê!

Mulheres da Malanga:
Xiii, aquelas mulatas pensam que têm o mesmo fulgor que as outras cá de cima na town... mas são sujas, sujas, sujas, e andam lá também as pretinhas que tentam se parecer com elas. Mas vendem muito bem carvão e lenha.

Mulheres da Malhangalene:
As r... devem ter perdido a sensibilidade... quem nunca f... uma é por razões desconhecidas, mas as gajas têm uma inclinação pro sexo que é de admirar... fooooogo, como f...eeeeeeem. As mais sofisticadas foram ao Brasil e voltaram 4 anos depois.

Mulheres da Coop:
São amigas das da Malhangalene. São bradas.

Mulheres da Sommerchield:
Só conhecem Maputo da Coop à estátua de Eduardo Mondlane.

Mulheres da Polana Caniço:
Matlanda dzixas (brincam até o amanhecer)... como cheiram!

Mulheres do Bairro Ferroviario:
se chegares a casa e sentires um cheirinho não grite, provavelmente a lixeira habituou-lhe mal, e se ela nunca deixar a tua casa em dia também não te chateies, tá habituada a má urbanização do bairro. Cuidado: tem irmãos Ninjas.

Mulheres do Alto Maé: Pensam que vivem na Polana. A 'colômbia' alí perto é que lhes vai arrefecendo o sonho...

Mulheres da Polana:
Coitadas, nem sabem se ainda lhes pertence, os pais acabaram vendendo a casa e foram parar no Malhampswene.

Mulheres de Xiquelene:
Com tanta confusão, elas já nem sabem diferenciar um espectáculo de uma greve... Têm sempre na manga, alguma ideia de business... petróleo, cigarros, chuingas...

Mulheres de Maxaquene:
Não querem estudar...Sonham aparecer no programa do Sérgio Faife – 'Princesas'. Geralmente conhecem todas as marcas de Televisores, aparelho Hi-fi e DVDs... os manos né??? Vendem muitos randes.

Mulheres de Inhagoia:
Iiiiiiiiiiiihhhhh!!! Idem... e como 'Kenham' (falam mal).

Mulheres de Compone:
Verdadeiras atletas.... passam a vida a correr fugindo da polícia camarária. Cheiram xicalamidade.

Mulheres de Hulene:
Falam mal, vestem mal mas bebem muito bem... geralmente ajudam muito aos fins de semana nas pequenas ruas da Baixa no negócio da noite.

Mulheres de Malhazine:
Tal e qual as de Hulene mas ainda vão a Igreja.

Mulheres de Laulane:
Falam muito mas o areial tá lá... o que vale é que geralmente costuma estudar bem.

Mulheres de T3:
Akutiyela???? (São avarentas) Akukenha??? (falam mal e porcamente) Akuyiva??? (São ladras) Geralmente têm namorados Nigerianos, traficantes, ladrões, emigrantes ou Polícia.

Mulheres de Matendende:
Prefiro não comentar, mas parece que tão sempre com babalaza... minha tia é de lá.

Mulheres de Luis Cabral:
Como gostam de greves??? Confusão e ximoko é com elas...

Mais bairros??? É melhor parar por aqui...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

“Bater na rocha”, a última neura

O número de cantarinos (expressão copiada no Nullius in Verba), em particular na capital, cresceu como se de mosquitos do pântano se tratassem após uma copiosa chuva de verão. O sucesso fulgrante dos mesmos e a avidez do público em querer consumir um produto nacional e actual fez com que os primeiros atingissem pedestais de fazer inveja a muitos: grande parte da classe saiu directamente do anonimato para o estrelato.

No entanto, ultimamente o espectro do insucesso apoquenta esta mesma vaga de músicos moçambicanos. Vulgarizada pelo “Puto mais fofo da Africa Austral”, Fred Jossias, a expressão “Bater na rocha”, que significa estar na mó de baixo, que é algo de que todos cantarinos fogem como se de uma seringa de penilicilina se tratasse, resume a nova neura.

Se até bem pouco tempo os pandza-dzukuteiros, alguns rappers e outros que não se afirmam em nenhum style, mas que passeam na mesma carruagem, afirmavam que a prata da casa era suficiente para assegurar um show, hoje as coisas parecem estar a mudar de rumo e a voltar ao que era antes: os estrangeiros é que chamam o people!

Voltando à vaca fria, o trauma da cabeçada ou de carregamento da rocha é uma questão verdadeiramente preocupante. Bate na rocha quem não se faz presente nos programas televisivos, com particular incidência, quem não lança hits, quem não está nos tops que fazem render as operadoras ou quem cujos espectáculos reúnem um número insignificante(?) de espectadores.

Bom ou mau, bater na rocha ou raiar a isso muitas vezes apoquenta músicos e labels que tem carisma e produzem beats de reconhecida qualidade (tanto na batida como no conteúdo construtivo) tudo porque quem os devia apoiar opta por propagar o vazio, o nudismo, consumismo, exibicionismo, snobismo e outros -ismos: editoras, produtores de espectáculos e patrocinadores.

Os cantarinos, esses, ao invés de amadurecerem, com as observações da sociedade e de músicos verdadeiramente esclarecidos, pelo vazio de seus hits, nada mais fazem do que aproveitar os momentos de luz, camera e acção e flashes à mistura, para “mandar para China” quem os contraria, critica ou aconselha a aproveitar o sucesso para fazer pandza sim mas com valores contrários aos que ouvimos/vemos actualmente.

Produzir um albúm de qualidade, nem pensar, o que vale é a quantidade de hits, presenças nos tops, nas Tv’s, nos shows em playback, enfim expôr-se ridicularmente de óculos escuros debaixo do holofotes! O pressing é tal e total que a todo custo não se quer correr o risco de bater na rocha ou então há bifes na área com cenas de pugilato à mistura!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Reflexão sobre a TV e a nossa cultura*

SR. DIRECTOR!

Agradeço antecipadamente em aceitar a publicação desta carta, no espaço do jornal de que V. Excia é digno dirigente, na tentativa de emitir o que penso da nossa sociedade. A TV é um instrumento bastante útil para aprendizagem, mas cabe à própria sociedade saber utilizá-la. A censura depende de nós ou o que a TV produz vai depender de nós mesmos.

Maputo, Sexta-Feira, 14 de Novembro de 2008:: Notícias

Há o ditado que diz “A casa tem o rosto de quem a habita.” Se quiser ver o gosto de qualquer homem – esposo repare na sua esposa, tudo quanto ela for é o que o marido é ou gosta. A maneira de se trajar – vestir, tratar-se, quanto ao cabelo, andar, estrutura do corpo, a cor, etc.. Os ingleses dizem que: “A choice is not a mistake”, isto traduzido quer dizer “A escolha não é uma falha”.

Sempre o homem aprendeu do outro homem. Mas nem tudo quanto um faz automaticamente influencia o outro. Ele tem a capacidade de escolher o que é do seu interesse, adaptando às suas próprias condições. Nem sempre acolheu tudo quanto é-lhe servido.

Na TVM há uma publicidade que passa durante o noticiário na qual aparecem quatro moços com CHIPS - batatas fritas. A seguir somos dados a ver duas moças semi-nuas que as recebem exibindo o seu corpo nu. E os moços riem-se delas, aparentemente felizes! Ora vejamos o seguinte:

Tem-se dito que a mulher é submissa, tudo por culpa do homem, que ela não tem a voz que teria para expor as suas ideias ou se defender assim que achasse necessário. Sempre se disse que a maior parte das mulheres engrossa a faixa social muito baixa no nosso país devido à falta de escolarização, agravada pela forte influência cultural que em certas zonas do território nacional põem-na como mercadoria. Por estas e outras razões, parece racional o incentivo que se faz à rapariga, que vá prioritariamente à escola, o que já é lema do Governo e Estado moçambicanos. Mas antes disso há que reconhecer que a mulher, particularmente em Moçambique, está bem representada em muitos sectores que nem valeria a pena estar aqui a enumerar.

Hoje existem juristas, temo-las na Assembleia da República, temos ministras, directoras provinciais, administradoras, governadoras, gerentes dos bancos, presidentes de associações e em muitos mais cargos. Todavia, mesmo considerando o facto de serem dignas e exemplares para a nossa sociedade, pecam por deixar que a sua luta não se estenda a combater exemplos que as desprestigiam perante a futura geração. Se deixa isto acontecer, então como é que as outras por vir vão aprender ou saber seleccionar o que é de acordo com a nossas cultura?

Estou a tentar dizer que em Moçambique existe uma camada feminina socialmente bem colocada e educada que já poderia ir quebrando esta onda de desprezo à mulher. Moçambique nos últimos tempos tem sido o exemplo brilhante na África Austral em permitir a classe feminina na liderança. Pode-se falar de Maria de Lurdes Mutola como uma alavanca que despertou o mundo e o continente no desporto. Quer dizer que existe uma oportunidade tal que se as mulheres não se defendem como deve ser é por culpa própria, como no caso em que se deixa explorar pelo homem e a sociedade em geral, quando é utilizada como um instrumento de angariação de fundos.

Aquelas moças nuas a receber “chips” estão sendo admitidas na TV, porque uma empresa multinacional financia ou nos paga e devido ao dinheiro deixamos passar. E a camada feminina, com todas as oportunidades e força acima descritas, nem sequer reage! E em nenhuma vez, salvo fraca memória da minha parte, vimos homens nus nas publicidades! As publicidades dão-nos rendimento, sim senhor, mas não é toda a publicidade, incluindo aquela que nos fere demasiado culturalmente.

É verdade que a Coca-Cola é refrescante, mas não deixo de beber MAHEU, bebida doce feita de milho tradicionalmente. A sura das palmeiras é boa bebida, assim como o canhú que caracteriza, em si, as províncias do Sul de Moçambique.

Mas a mulher moçambicana é abusada pelas multinacionais e não reage. Afinal até quando a ser utilizada como meio de angariação de fundos? Não existirá uma camada social feminina em Moçambique que possa reagir face aos abusos dessas empresas, incluindo aquelas que dissemos que nos representam, ou por terem estudado ou por terem ascendido a cargos e posições relevantes e por isso têm a oportunidade de falarem mais alto…

Só para exemplo, na mesma TV, o homem não tira calças, mas sim, a camiseta e atira-se na piscina e faz a publicidade do Sprite. Porquê não tira as calças e salta nu à piscina para fazer a tal figura publicitária.

Os músicos (alguns) aproveitam-se igualmente da mulher como sexo fraco para poder produzir um espectáculo, que convida o público usando a mulher nua. Sempre houve cultura, mas não a ponto de fazer com que a mulher ficasse nua como hoje em dia. Espero que a TV seja o instrumento educativo da sociedade africana na preservação da sua cultura.

*Rui Chadzinga Fraquichone

Texto extraido daqui

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

14zinhas e o culto ao kota

Recentemente, em pleno chapa, acompanhei uma curta mas interessante conversa de duas quatorzinhas (aparentavam entre 16 e 19 anos). Txunadas e blingadas dos pés a cabeça, as moças falavam do kota que acabava de ligar para uma delas para um programa no principio da tarde, horário de expediente, num dos múltiplos motéis (?) que rapidamente floresceram dentro e na periferia de Maputo.

Kota é um termo provindo do vocabulário dos nossos irmãos "mangolés" e, conforme se diz, designa pessoas maduras ou mulheres confirmadas, entre nós, designam os nossos pais. No entanto, esta designação serve também parao homem, geralmente casado, o tal que gosta de quatorzinhas, com quem as jovens se relacionam para dessa relação adquirir dividendos em troca de favores sexuais.

A questão tem barba rija, mas um número significativo de mulheres, sobretudo as citadinas, tem tido como objectivo único apostar em relações das quais tirarão dividendos imediatos. À caça ao homem, passa pelo conhecimento do número das cifras que figuram na conta bancária da caça, do(s) carro(s) que possui, da casa onde vive, enfim, do status que tem e representa.

Não importa sequer se esse homem é casado! Se a caçadora é a 2ª, 3ª ou énesima mulher na vida do mesmo, o mais importante são os Mts que ele deixa aquando das sorrateiras visitas ou idas aos quartinhos, ou então a choruda mesada, o carro, a casa alugada e, em alguns casos, quando a moça é inteligente ou o homem extremamente atencioso, os estudos que pelo último são custeados. Quo vadis jovem moçambicana?

sábado, 8 de novembro de 2008

Hematonas da vergonha

Hematomas da vergonha são marcas de violência doméstica em esposas de pessoas bem posicionadas nas altas esferas da sociedade ou de altos empresários da praça. Algumas vezes, essas mesmas vitimas têm um estatuto que impõe respeito na sociedade pois são advogadas, juristas ou mulheres com cargos de chefia e prestigio.

Hematomas da vergonha, são aqueles casos de violência domestica que muitas vezes arranham o macabro, tais são os requintes de malvadez, crueldade e humilhação cujos números nunca fazem parte da estatística e nem figuram nos calhamaços encardidos dos arquivos das esquadras da Policia.

Assim são denominados porque são encobertos por camadas e camadas de pó de arroz e essas tretas que realçam a nossa beleza e fazem mal a pele, tudo com o intuito de querer fazer parecer que “tudo está bem” ao invés de se denunciar esses criminosos de punhos brancos, calça com vinco e sapato de verniz.

São sim hematomas da vergonha porque, logo após o acto, infindáveis pedidos de desculpa são feitos. Presentes de valor elevado oferecidos como um “cala-te boca” para que a sociedade não saiba quem realmente é aquela pessoa que perante todos é uma pessoa respeitosa e no aconchego familiar um verdadeiro tirano.

Um exemplo de hematomas da vergonha foi vivenciado por uma espectacular mulher, de corpo e alma, formada em Direito, e que contraiu matrimónio com um individuo da mesma area. Infelizmente, o homem em questão era sadicamente ciumento que só não a impedia de trabalhar pois estavam no mesmo local de trabalho e servia-se disso para a controlar, como ele mesmo fazia questão de sublinhar.

Os hematomas, nesta mulher, levaram o seu tempo até que humilhada e destroçada mas firmemente decidida, optou por abandonar o lar da dor e consentir um divórcio do qual saiu de mãos a abanar. Quantas outras mulheres calam-se perante a chantagem a que são submetidas após terem sido “hematonadas”? Ou perante o medo de perder todas as beneses duma vida glamourosa com essa espécie de homens?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Notas sexuais

Nossos professores deveriam estar aí para nos ensinar, não para nos tocar onde não queremos. Eu quero desaparecer do mundo se uma pessoa que deveira me proteger me destrói.”

Professores que tem relações sexuais com suas alunas, cuja consequência é a gravidez precoce e doenças de transmissao sexual, não é assunto novo, talvez não muito frequente ou então pouco divulgado. Talvez não seja frequente e completamente desconhecido que professores há que procuram alunos de sexo masculino para satisfazerem a sua libido. Parece estranho, mas é um assunto real em Africa e quiça em Moçambique.

Em todo o lado, se bem que ultimamente tende a diminuir, devido aos pagamentos por cima do quadro, a figura do professor é de muito respeito. Fazer um favor ao professor, é uma honra para quem o faz. No campo, frequentemente as crianças e adolescentes ajudam os seus professores em suas machambas, na construção da cabana e a carregar os livros de e para a escola que muitas vezes são distantes.

Nas cidades, já nada se faz gratuitamente e com o intuito de honrar o professor: a moeda de troca é o dinheiro, os bens materiais e o sexo. Aliás, honrar um professor pelos seus feitos, como pessoa que contribui para a formação do novo homem, só se faz quando este está a beira da última morada, a 7 palmos da terra, como se diz vulgarmente.

O pretexto usado por professores para justificar a sua atitude pode se encontrar, por exemplo, no seguinte: “as meninas vestem-se de forma provocante. Nem um santo aguenta tanta tentaçao”. Para além da exploração sexual de crianças, que tem como consequencia primeira o abandono escolar, há também os castigos corporais que visam “pôr as crianças na linha”.

Mas os professores, não jogam sozinhos este jogo: os estudantes (rapazes e raparigas) não raras vezes vendem-se ou dão algo em troca de notas para a passagem de classe. Muitas moças tornam-se amantes de professores e não raras vezes garantem a aprovação de muitos da sua turma ou circulo de amizades. Os rapazes, se não dispõe de meios financeiros, põe na berlinda as suas namoradas ou irmãs e a caravana passa.

Como em todos os momentos do exercicio de actividades as atitudes das pessoas não estão isentas de conotações ou apelidos, Notas sexualmente transmissíveis é uma expressão utilizada por crianças, em algumas regiões de Africa, para se referirem a frequente exploração sexual pelos seus próprios professores e resume em si o complexo (sub)mundo que são as relações entre professores e alunos.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

E se a moda pega?

Recebi, de um amigo, um link que é deveras curioso, pelo menos para a nossa realidade com cunho tradicional e moralista para determinados assuntos. O link refere-se aos itens que as profissionais do sexo devem ter para ser verdadeiras profissionais, na óptica, vinque-se, do Ministério do Trabalho e Emprego.

Veja aqui

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A pub e as nossas crianças

Normalmente, não se pode ver televisão, ir às compras ou mesmo surfar na internet sem ser inundado com publicidade e nós, os adultos, não somos os únicos a estar exposto a anúncios publicitários: as nossas crianças também os vêem e não estão imunes a elas. Por exemplo, a publicidade feita por crianças, manifestando preferência por certo tipo de arroz tem sido um calcanhar de Aquiles na gestão do abastecimento familiar.

Há que reconhecer que as relações da televisão com os telespectadores mais pequenos inserem-se num problema mais vasto relacionados com sessões de violência, belicismo e sexismo que essa mesma programação assume frequentes vezes, designadamente na publicidade, na ficção televisiva, incluindo as novelas, e na informação.

Para além dos pontos acima retratados, há também que ter em atençao o outro lado ruim da publicidade na mente dos petizes: anúncios ligados a hábitos pouco saudáveis nas crianças como é o caso da alimentação compulsiva. Se prestarmos atenção à publicidade dirigida às crianças veremos que grande parte delas incentivam as crianças a comer produtos ricos em açucar e gorduras.

Recentemente dirigir-me a uma escola primária por motivos profissionais. Particular atenção tive no que está afixado nas paredes, onde pude notar que há, entre informações de caracter útil e pedagógico, cartazes e panfletos publicitários. Anúncios de shows, de locais onde promovem fotocópias a preço acessivel, de venda de material e de prestação de outro tipo de serviços pululam um pouco por toda a parte.

A colagem indiscriminada de panfletos publicitários em escola onde se aprende o primeiro BêaBá, deixou-me indignada pois, frequentes são, em todas as reuniões, apelos para que pais e encarregados de educação façam o trabalho do Ministério de Educação e Cultura pagando, e não contribuindo, para a pintura do estabelecimento.Todavia, este não foi o aspecto mais chocante.

Concentrei particular atenção a um panfleto que atiça as crianças a surripiarem moedas das nossas carteiras, com o objectivo de concurrer a um um video game devendo para tal anexar ao cupão invólucros de dois tipos de bolacha! Aliás, esta preocupação recente, faz-me lembrar um outro concurso promovido em escolas primárias nas quais os miúdos deviam levar determinado pacote de sabão em pó. Na altura, na sua infantil inocência, a minha filha mais não fez do que deitar fora todo o conteúdo para ter o invólucro!

Resumindo, a influência dos media nos miúdos é grande, e a gestão dos contudos das publicidades um bico de obra, mas a nossa influência como pais ou encarregados de educação é ainda maior. Utilizemos pois os media e o que eles trazem como um instrumento de aprendizagem e obtenhamos, com isso, ganhos na educação das nossas crianças.

domingo, 26 de outubro de 2008

De novo na rota da pedofilia?

Recentemente dois carros foram apreendidos com menores do sexo masculino provindos do norte com destino a Maputo, sob pretexto de serem escolarizados pelo/para o Islão.

Sendo a zona norte um local islâmico por excelencia porque sera que as criancas tem que ser deslocadas de uma ponta a outra do pais e, pior ainda, nas condições e formas como o processo é feito?

Sendo o nosso pais laico, qual e a importância de termos tantas criancas a serem formadas exclusivamente para essa orientacao religiosa?

Lobolo, multas e mitos

O lobolo foi/é um hábito tradicional que dignifica a saída de uma filha da sua familia progenitora para outra. Este hábito, praticado ao longo dos anos, no qual apenas bens extraidos da machamba ou do curral eram necessários, hoje é condicionado a existência de elevados valores monetários, razão pela qual é contestado.

O lobolo, festa familiar por excelência, visa(va) essencialmente fazer com que as familias se conheçam e assumam o compromisso de salvaguardar a nova familia que se forma. Uma defendendo que o produto-troca/dinheiro não se perca e a outra prometendo não criar desgostos de modo a que tenha que reembolsar a primeira familia.

Sendo o lobolo uma prática de gratificação, a este também está inserido uma multa que tende ultimamente a ser verdadeiramente exagerada facto que origina, em alguns casos, a separação dos jovens casais ou então desavenças de profundo impacto entre masseves, como o que aconteceu recentemente com a familia Thovela.

Segundo relatos, o jovem dos Thovela viveu em concubinato com uma moça sem a ter lobolado e, sendo que está assim pereceu, a familia progenitora condiciona o seu enterro ao pagamento de uma multa de 7500 Mt, posterior apresentação da familia (pois sem se passar por estes rituais as familias “não se conhecem”) e lobolo simbólico.

Ao jovem que engravida ou passa a viver em concubinato com uma moça sem o consentimento da familia da mesma incorre a uma multa que visa o castigar. Reza a tradição que se o “ladrão” não reunisse condições para pagar a multa, bastava os masseves irem pedir “água” à sua nora que assim a podiam levar com o consentimento de todos. No entanto, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e a tradição já não é o que era!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Rampa da fama ou pilar da desgraça?

Temos testemunhado, ultimamente, a uma curiosa avalanche de concursos de cultura geral, música, dança, humor, sorte, enfim, um vasto leque de ofertas do qual apenas alguns jogadores, os supostos melhores, têm o privilégio de algo ganhar.

Apesar da sua multiplicidade e das multifacetadas formas pelos quais se apresentam, os concursos têm em comum o facto de usarem, directa ou indirectamente, o serviço de Short Message Service, vulgo SMS, e que foi narrado em SMS mania.

Este curioso boom, cultural e intelectual, tem o condão de ter por detrás de si grandes empresas, como é o caso das operadoras nacionais de telefonia móvel, logo, deduz-se que se tratam de operações de marketing. O outro ponto comum deste boom é o uso dos canais de televisão como centros de difusão, isto no que tange ao entretenimento.

Se por um lado os concursos alimentam o intelecto de conhecimentos de cultura geral, por outro divertem. A ideia, essa é boa, pois as pessoas acabam interessando-se por assuntos que habitualmente não lhes instiga a curiosidade, isto em concursos de cultura geral/conhecimento.

Todavia, regra geral, os outros concursos geram frustração: tanto para os jogadores como para os que vêem e de alguma forma contribuem para os jogadores. Tudo isto porque os critérios de jogo não são claros e transparentes. Nunca se conhece a tendência de votos, excepto no famigerado Jogou, ganhou onde se recebia mensagens informando que se estava próximo do grande prémio.

Sicrano ganhou! Por que percentagem de votos? A ditadura do voto, muitas vezes têm posto no pódio quem não merece, em detrimento de verdadeiros dons cujos destinos só a persistência ou a sorte podem manter. E la vamos de novo a outra roleta russa...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Produção independente

Actualmente, muitas mulheres têm conseguido vingar na carreira profissional, sendo por isso bem sucedidas, e não estão apenas preocupadas com a sua aparência, mas preocupam-se sobretudo com o seu bem-estar material e psicológico. As mulheres descobriram que podem ter uma vida de qualidade se apostarem na sua própria escolarização, nos negócios pessoais, enfim, batalhando constantemente pelo que querem sem que para isso tenham de depender de um homem.

Construir uma carreira e conquistar a independência financeira, leva o seu tempo, sobretudo na selva de dificuldades que é a vida das mulheres moçambicanas. No entanto, por melhores e maiores que sejam as condições criadas, por si próprias, chega a hora em que o relógio biológico toca, a necessidade se transforma em urgência e tardiamente se percebam que não tem com quem dividir esse sonho.

Ter um filho, para a mulher, é o apogeu da sua realização pessoal. E para o terem, muitas não olham meios para atingir objectivos. Sendo que se torna difícil encontrar homens disponíveis na praça, em particular para com ele procriar, atitudes radicais são tomadas como o desejo de fazer uma produção independente.

A ausência de um marido ou parceiro deixou de ser impedimento para as mulheres que desejam ter filhos. Muitas optam por se envolver com homens casados apenas com o intuito de com este gerar um filho. Para estas mulheres, basta apenas “a semente e o certificado de origem” pois se o “produtor” recusa reconhecer a descendência pouco importa.

Há outras que não se importam, por exemplo, de envolver-se com um estrangeiro, com ou sem dividendos, com o firme propósito de engravidar e realizar as suas fantasias de mulher-mãe. Algumas engravidam de jovens universitários ou não, que são usados, como se de touros premiados se tratassem, para as cobrirem em troca de valores monetários. O mais importante é ter o seu filho!

Estas atitudes revelam algum egoísmo por parte destas mulheres pois o ideal é a criança nascer e crescer com mãe e pai ao lado. Viver em família, é salutar para a saúde psicológica da criança e acima de tudo há que pensar que apesar de tudo terem conquistado na vida, o filho não é o troféu que lhes falta na prateleira do sucesso.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O moçambicano de hoje

A imagem do homem citadino moçambicano, já não é o que era! MC Roger, Bang, Atanásio Marcos, Edson Macuacua, são alguns exemplos notáveis.

Mais arrojado, destemido na combinação de cores, vaidoso e preocupado com a sua imagem, o novo conceito, do moçambicano de hoje, é o que se plasmou chamar Metrossexual!


quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Alerta: SRO com sabor são perigosos

A solução de rehidratação oral (SRO), vulgo mistura, tem sido, a forma frequente de tratar uma diarreia. Tais soluções eram /são ou podem ser preparadas em casa através da dissolução de uma colher de chá de sal e quatro colheres de chá de açúcar em 1 litro de água. No entanto, porque neste processo é importante que se tenha atenção que as medidas sejam exactas, porque o excesso de sal pode agravar a desidratação, soluções em pó já equilibradas são o ideal.

As nossas crianças, mal habituadas e mimadas, recusam-se a fazer esta terapia, sobretudo se for de longa duração, pois o medicamento tem um sabor que lhes é estranho. As industrias farmacêuticas, que não estão distraídas, encontram logo soluções para os dilemas da tomada de medicamentos: medicamentos com sabor que, no entanto, contêm substâncias perigosas para a nossa saúde, como é reportado no email transcrito abaixo.

Queridas mamãs ,

Há 2 meses atrás, em conversa com amigos, abordávamos a questão da renitência que algumas crianças têm de tomar a mistura quando estão com diarreia, o que dificulta a sua recuperação. Informaram-me que existem no mercado misturas com sabor (laranja, morango, etc.) e que as crianças gostam.


Um mês depois tive a infelicidade de ter a minha filha doente com diarreia. Fui então a farmácia e comprei a mistura de laranja. Comecei a ministrar a mistura. Durante três dias, a criança não registava melhorias. Pelo contrário. Além da diarreia estava também com vómitos e uma fraqueza gritante. Desesperada fui ao médico.


Questionada sobre qual a medicação que estava a dar, disse-lhe que mistura com sabor de laranja. A médica com ar triste, desolado até disse-me que estava a matar a minha criança. Que as misturas com sabor são feitas com químicos que irritam as células sensíveis do estômago e, por isso é que a criança, para além da diarreia, estava com vómitos.


Fiquei escandalizada, revoltada. E pensei : Porquê é que em nome do negócio matam as nossas crianças? Porque é que as associações de defesa do consumidor, o Ministério da Saúde não interditam a venda destes produtos no nosso mercado? Por isso resolvi, sem nenhuma certificação cientifica, mas apenas empiricamente, faço este apelo à todos os destinatários desta mensagem, que, podem até não ter filhos, mas de certeza terão uma criança a quem depositam o vosso carinho: Não dêem mistura de sabores às vossas crianças !

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

(I)morais ou hipócritas?

Somos todos cheios de preconceitos e cobrimos a boca de pudor para falar de certos assuntos, sobretudo no que se refere ao que, de uma ou de outra forma, todos fazemos, muitas vezes por prazer e pouquíssimas outras para aumentar a espécie e manter o nosso clã activo: o sexo. E se for uma mulher a falar, a mandar as favas o tabu, pior fica.

Para muitos de nós, o normal é apenas que se tenha relações com pessoas de sexo oposto ao nosso, mesmo que isso não nos satisfaça. Se aparece alguém com um desvio sexual, como definem os estudiosos, são apelidados de anormais. Se estão dentro da família são doentes, de uma doença indefinida pelo que é preciso exorcizar esse espírito mau que desvia ou acomete o nosso amigo, familiar ou mero desconhecido.

Para outros, se alguém testemunha abertamente uma realidade que viveu é alvo de chacota e de acusação de factos irreais, foi o que aconteceu com o artigo Garotos de programa. Caíram-me à caixa 2 mails terríveis que me obrigam a felicitar os remetentes por não os terem exposto no blog tamanho seria o choque pelo seu conteúdo cabeludo.

Por detrás dessa vossa capa de regrados e morais, decerto vivem pessoas com vida dupla que enganados pela banalização do sexo, estão repletos de amantes. Essas mesmas amantes que mais não fazem do que, em poucos instantes de suspiros e suor, enriquecerem as suas contas bancárias, com os vossos trocados, os seus telemóveis com crédito ou outras futilidades.

Quem recorre às prostitutas? Nunca vi nem ouvi falar de nenhuma mulher da vida que foi bater a porta de alguém para ofertar seus serviços. Esses serviços são procurados! Quem vai aos quartinhos das pensões, casas e hotéis para satisfazer seus instintos primitivos? E, acompanhados por quem? Agora porque jogar pedras contra mim? Que direito tem de me chamar prostituta?

Se são inocentes, como querem fazer parecer, que atirem a segunda pedra aqui e em público, onde tudo começou! E, reafirmo que enganam-se se pensam que a prostituição é apenas feita por mulheres, homens há, e muitos, que sem pudor cobram serviços sexuais, como é o caso em apenso. Aliás, prostituta/o não é só quem vende, também o comprador e eu não sou nem um e nem outro. Tenho dito!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Garotos de programa

A primeira vez que ouvi a expressão garoto de programa, que até foi na vertente feminina para se referir as Damas da rua vulgo prostitutas, foi numa das múltiplas novelas brasileiras de que há algum tempo atrás era admiradora. Actualmente, a expressão invadiu o nosso espaço.

A invasão dos chats na TV, pela via do SMS, abriu espaço para a publicitação da prestação de variados serviços sendo que alguns especialmente direccionados para a mulher e engana-se quem pensa em cursos de culinária ou bordado pois há uma inovação: os garotos de programa.

Os garotos de programa, que florescem como mosquitos depois da chuva, ao contrário das Damas da rua, agem discretamente pois apenas anunciam, na telinha, que prestam esse tipo de serviços e deixam número para contacto, sem qualquer outro detalhe.

Aparentemente, este tipo de serviço tem tido sucesso se levarmos em conta que há muita mulher que procura a todo o custo alcançar o desconhecido, mágico e misterioso orgasmo que nem em casa, para as casadas, ou com o namorado, para as solteiras, o adquirem.

No caso de homens que apreciam outros homens, este é um meio para haver apenas contacto sexual sem que para tal haja necessidade de haver sentimentos a permeio ou de exposição à sociedade por serem figuras ou pessoas com cargos de chefia.

Como ouvir dizer não se escreve, coragem reunida e.. dedilhei um dos números anunciados. Do outro lado da linha, voz máscula e forte responde: _ Alô! O papo começa a rolar. Cumprimentos ultrapassados, e a palpitante curiosidade, de minha parte, em saber mais…

_ E aí, é verdade essa história de garoto de programa?
_ É sim! Não foi por isso que ligou?
_ Poderia ser gozo, não é?
_ Podia sim, mas não é! É assunto sério!
_ OK! E que tipo de serviços presta?
_ Todos relacionados com sexo.
_ Sério?
_ Sim.
_ Tudinho mesmo?
_ Tudo. Está interessada?
_ Humm… na verdade tenho mais curiosidade que vontade… Mas quem sabe?
_ Isso é normal e não é a primeira que acontece. Pode ser em sua casa ou se preferir num hotel. Sou discreto e muito carinhoso, você vai gostar.
_ Você atende homens também?
_ Eu não, mas o meu companheiro de quarto sim. Pretende algo com seu marido ou namorado?
_ Não, nada disso, apenas curiosidade. Me diga, porque você faz programas?
_ Bom sou estudante universitário, bolseiro… A bolsa não chega, a alimentação é uma seca… Fazendo isto posso alimentar-me bem, ter mola para as cópias, roupas e até mando algum para a família lá na província (…)

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Criança saúdavel, criança feliz

« Criança saudavel, criança feliz », é o lema da Campanha Nacional de Vacinação, na sua 2a fase (a 1a fase teve lugar em Março/Abril) que pretende vacinar gratuitamente crianças com menos de 5 anos de idade contra o sarampo. Neste processo, também será administrada a Vitamina A e proceder-se-á a desparasitação dos petizes.

A vacina contra o sarampo está prevista no sistema nacional de vacinas e procede-se no nono mês de vida. Para além desta vacina, no segundo, terceiro e quarto mês, as nossas crianças devem ser vacinadas contra a Pólio ou paralisia infantil, DTP ou triplice bacteriana e Hepatite B e a nascença contra a Pólio.

Urgências ...urgentes !

A questão, não é nova, já aqui foi abordada mas, há necessidade de a exumar pois, recentemente, no programa Consultório Médico, que é de louvar, apresentado pela médica oftalmológica Amélia Buque, na nossa televisão (TVM), o tema voltou a baila.

A convidada do programa, a pediatra Valéria Isabel, foi ao mesmo para falar das sintomatologias que podem levar crianças às Urgências de Pediatria. Do que pude reter sobre os ditos sintomas são os mesmos que estão indicadas e anunciadas em Urgência adiada : febres (37.5º C), vómitos e diarreia agudas.

Para além dos indícios acima descritos, a pediatra chamou atenção para outras maleitas que associadas criam um cocktail mortal nas crianças como as convulsões, vulgo doença da lua, pois por detrás destas podem estar escondidas meningites e/ou malária.

Na lição sobre as urgências infantis, Valéria Isabel falou dos sinais que as crianças dão quando não se encontram de boa saúde: desidratação, hipotermia, dificuldade de respirar, cianose, choro de irritabilidade, tremores, calafrios e tosse seca.

Referiu ainda e com particular ênfase para as dificuldades de respiração causadas pela asma grave, que deve ser urgentemente tratada, e da aspiração de corpos estranhos (brinquedos de pequenas dimensões, especial atenção com balões, e alimentos pequenos e soltos como o amendoim, feijão, sementes, etc.).

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Leite imaculadamente assassino

4 bebés mortos, 53.000 intoxicados, dos quais 13.000 hospitalizados, 104 em estado grave e outros 40.000, bebés e crianças com menos de dois anos, sob vigilância medica, devido a problemas renais, é o balanço actual dos efeitos devastadores do leite adulterado e assassino na China.

Na Europa todos produtos lácteos, provenientes da China, que contenham mais de 15% de leite em pó, como biscoitos, doces e chocolates, estão na berlinda e o alerta se estende a Singapura, Taiwan, Hong-Kong e Japão. Incluídos no alerta estão os produtos derivados do leite, nomeadamente, soro de leite, leite em pó, leite condensado, leitelho, natas, manteiga, iogurtes, sorvetes, caseína de leite e caseinatos de leite.

O vírus assassino, mergulhado no imaculado branco do leite, é a melamina, um composto químico com alto teor de nitrogénio que perturba o funcionamento do sistema urinário. No caso, a melamina estava a ser usada para falsear o teor de proteína dos produtos ou melhor dar consistência ao leite aguado e faze-lo parecer rico em proteínas, ao invés de ser usada na produção de plásticos.

Países asiáticos e nações africanas alvos de importantes exportações chinesas também já tiraram a equipe de campo nesse campeonato leiteiro suspendendo a importações do leite chines e de todos os lacticínios desta origem: Bangladesh, Birmânia, Brunei, Burundi, Gabão, Japão e Tanzânia por terem recebido lotes de leite chinês.

Entre nós, as nossas autoridades alfandegárias referem que leite provindo da China nem sequer faz parte dos nossos fornecedores leiteiros. Mas ,nunca é demais estar atento se termos em conta as acusaçoes que pesam sobre a China devido a seus produtos de má qualidade (alimentares ou farmacêuticos) , tóxicos e seus brinquedos pintados com tinta de alto teor de chumbo, entre outras irregularidades.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Infortunios dos embondeiros da historia

Joana, 82 anos, enfermeira-parteira de profissão, mãe de 4 filhos (3 com formação superior e com cargos de chefia), confinada numa cadeira de rodas por ter as duas pernas amputadas, em menos de dois anos, como consequência de diabetes, vive sob cuidados de uma filha alcoólatra e que se prostitui para suster seus vícios.

Dimene, idade indeterminada, antigo guarda predial da era colonial até um pouco depois das nacionalizações, 12 filhos e 34 netos, proprietário de várias parcelas de terra, usurpadas por seus próprios filhos, na Catembe, abandonado no hospital aquando de uma AVC quase fatal.

Julieta, camponesa, idade indeterminada, encurvada pela idade e pelo reumatismo, vive sozinha numa cubata em acelerada degradação em Chidenguele. Apesar de tudo e dos muitos anos de vida, estima-se mais de 80 anos, vovó Julieta enfia linha na agulha sem hesitação.

Com a chegada da terceira idade, alguns problemas de saúde passam a ser mais frequentes, e outros, incomuns nas fases de vida anteriores, começam a aparecer. A estes problemas acrescentam-se outros como a solidão, o abandono familiar e comunitário, a violência, a pobreza extrema, a viciação de documentos e o roubo de bens ou propriedades, acusações infundadas de feitiçaria.

Como se não bastassem todos os problemas, acima descritos, e outros mais, os idosos estão a enfrentar um chocante episódio: são obrigados a tornarem-se pais substitutos e cuidar dos netos, que são órfãos da SIDA ou então a tornarem-se filhos ou dependentes de seus próprios netos, muitas vezes menores de idade.

Estas estórias são do conhecimento geral e não constituem novidade alguma mas parece que, infelizmente, a sociedade tornou-se imune ou se calhar insensível à condição degradante dos imbondeiros ou bibliotecas vivas da nossa história: os idosos. Ninguém é mais ou menos responsável por esta situação do que essa própria sociedade, muito embora haja quem insista em apontar o dedo ao Governo.

O Governo delineia promissoras politicas que versam sobre a pessoa idosa, ainda que não passem meramente de papéis, e nessas politicas ou planos não se omite a presença e o papel das famílias e da comunidade no seu todo.

Os nossos idosos, ao longo de suas vidas, lutaram para ter e dar uma vida condigna aos seus filhos e esqueceram-se ou não sabiam que deviam poupar para os anos que se avizinhavam pois, na cultura africana, quando adultos os filhos devem cuidar dos pais.

É degradante ver, pelas ruas, cortejos de idosos, antes pujantes, hoje mal vestidos, imundos e evidentemente esfomeados, reduzidos à condição de mendigos, alguns até com uma mísera reforma, sendo que muitos deles são filhos de pessoas com capacidade para deles cuidarem ainda que pela via da contratação de um empregado.

Hoje, os poucos idosos que vivem condignamente ou o são porque durante a juventude e maturidade souberam guardar algum ou porque os valores de familia foram fielmente guardados pelos seus filhos. Muitos outros idosos que têm vivido condignamente, os dias que lhes restam, o têm feito pela via das ONG’s e instituições religiosas.

Certo é que a esperança de vida dos moçambicanos baixou a ponto de nem sequer termos a possibilidade de “arranhar” a 3ª idade. O dia do idoso é uma ocasião única para reflectirmos sobre nossos actos hoje e a sua repercussão depois de amanhã. Que velhice queremos para nós?

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Banco 1 e os arranjos familiares

Os filhos são a riqueza dos pais, portanto quanto maior for o número, melhor”! Quem não conhece este ditado ou dele nunca ouviu falar como justificação para proles enormes? Bom, cada um é livre de pensar como quer e de fazer o que para si acha elementar.

É paradoxal a forma como os progenitores encaram a vinda dos filhos de sexo determinado. Para uns, uma filha é sinónimo de problemas, a curto prazo, infelizmente desconheço as reais motivações, mas se vivêssemos em sociedades em que os casamentos dependem de dotes, a história poderia ter o seu sentido.

Para outros, ter uma filha é sinónimo de riqueza de seus progenitores pois são elas quem lhes garantem uma velhice tranquila e isso nem sempre ou poucas vezes é pela via da profissão que exercem e dos rendimentos que dela advém, mas sim pelo casamento.

É de conhecimento geral que muitos casamentos são delineados no seio da família e as motivações para isso também são diversificadas. Ora porque não se quer uma filha “encalhada”, ora porque o homem em vista “manda mola”, o Banco 1 (já que também existem Casas), e logo é um potencial genro a não perder sendo que esta prática não é só característica das cidades. Assim sendo, aquele sentimento profundo que povoa os nossos sonhos e que esperamos que dure eternamente, o amor, vai para o ralo.

No campo, não se foge a regra, as motivações para o casamento, principalmente prematuros (entre raparigas e homens adultos) são as mesmas: aliviar-se do peso que a rapariga representa e/ou manter a ideia machista e preconceituosa de que a mulher não precisa formar-se pois para as suas funções de dona-de-casa e mãe não precisa de nenhum canudo.

Outro aspecto que ressalta destes casamentos “arranjados” pela família, ao contrário dos antigos em que os pais prometiam seus filhos ainda crianças à outra família, tem o condão de ser poligâmicos. Ou seja, logo à partida a família da moça aceita/obriga a que esta se case com um homem que já tem outra(s) Casa(s), transformando-a oficialmente numa Casa 2. O mais importante, é o volume dos Mt’s com os quais o homem “bate a mesa” no final de cada mês!

Nesses casamentos poligâmicos, onde o homem, ou Banco 1, “bate a mesa” comme il faut, não há razões de queixa, no entanto, não há bela sem senão. No campo, algumas mulheres para evitarem a convivência com outras esposas, continuam a viver na casa dos seus progenitores mas gerando filhos. Como consequência deste aumento do agregado familiar, aumenta também a despesa e se o marido não colabora há rixas.

Na cidade, talvez porque mais avisadas e experimentadas, as famílias até incentivam que as filhas procurem outro “Banco”, o 2, desde que este comparticipe nas despesas da casa e outros. Aliás, estes genros são tão essenciais na dinâmica familiar que em cerimónias da família nada se faz sem a chegada deste, indo-se, por vezes, ao extremo de não enterrar alguém a tempo e hora porque o Banco pagador está ausente!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Biscatos, tricatos ou Xitique?

Que nenhum salário é suficiente, toda gente sabe e brande aos altos berros sempre que tem oportunidade. Que, para facturarmos mais algum, temos que nos matar em fatigantes e condenáveis turbismos de vária ordem que vão de biscatos a tricatos, também todos sabem.

É também de conhecimento geral que nem em todas as áreas de trabalho é possível facturar mais algum pois as margens de manobra são inexistentes (por exemplo, no trabalho doméstico, de guarda, de prestação de alguns serviços comerciais ou bancário) e que no final rendem quase nada senão muito cansaço e stress.

Curiosamente, ultimamente, pessoas de poucas posses têm conseguido construir habitações próprias com material convencional. Neste grupo, vinca-se a presença de mulheres (solteiras, divorciadas e viúvas) que, para além de assegurarem o estudo de seus filhos, têm lutado por ter uma habitação condigna e humildemente mobilada.

Sabe-se, e muito bem, que, apesar de se dizer que “a terra é propriedade do Estado”, ter um terreninho hoje em dia custa os olhos da cara do pacato cidadão moçambicano. Logo, pode-se concluir que os moçambicanos vivem de milagres ou, então, fazem milagres. Mas onde arranjarão as moçambicanas dinheiro para tais empreitadas?

O xitique tem sido a solução de muitos dos problemas pessoais como é o caso da construção de uma habitação, ainda que modesta, sobretudo do lado das mulheres. Professoras, dumba-nengueiras, mukheristas, empregadas domésticas, secretárias, empresárias, funcionárias bancárias, várias outras pessoas e de escalões sociais distintos, têm encontrado no xitique a forma de conseguir melhorar a qualidade de sua vida.

O xitique é um sistema de entreajuda e funciona de forma simples: um grupo de pessoas organiza-se, determina os valores, os períodos de cobrança ( de 1 a 5 de cada mês) e a forma de pagamento (semanal, quinzenal ou mensal). Se por exemplo existe um grupo de quatro pessoas (A, B, C e D) e se decidem pelo pagamento de 500Mt mensais então no 1º mês A acrescentará aos seus 500Mt mais 1500Mt. No mês seguinte, e outros subsequentes, recebem B, C e D.

xitiques com objectivos indeterminados, ou seja, a aplicação do bolo não é direccionado para um fim preciso, cada um é livre de fazer o que melhor lhe apraz com o dinheiro e há também xitiques com finalidades claras e inalteráveis, conforme o projecto que o criou:
  • de poupança (para crianças valor que vai para a poupança ou compra de algo em beneficio das crianças);
  • de bens: loiça ou de panelas, de capulanas ou de roupas de cama, de electrodomésticos (ferro de engomar, micro-ondas, geleira, etc.);
  • de casamento ou de família, que visam ajudar no momento de alegria e de tristeza;
  • de txiling: amigos quotizam valores para que no final de cada mês possam viajar ou organizar festanças entre eles;
  • e, recentemente, de cimento que reagrupa outros tipos de material de construção.

O xitique está tão enraizado no nosso seio quanto o número de contas bancárias existentes, pelo menos no lado feminino. E, uma coisa é certa, tendo em conta que, o Fundo de Fomento para Habitação só satisfaz a alguns e poucos, o xitique é uma garantia de que Moçambique está a crescer.

No entanto, o xitique não é apenas prerrogativa dos habitantes da cidade de cimento. No campo, também se realiza este processo no qual o instrumento de entreajuda é braçal. Por exemplo, camponesas amigas se juntam e vão umas as machambas das outras ajudar na desbravação do mato ou no lançamento da semente.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Segredos familiares

A noção de família, de acordo com a lei da Família (nº 10/2004 de 25 de Agosto), artigo 1 diz que: “ A família é a célula base da sociedade, factor de socialização da pessoa humana.” O artigo seguinte, refere que “ a família constitui o espaço privilegiado no qual se cria, desenvolve e consolida a personalidade de seus membros e onde devem ser cultivados o dialogo e a entre ajuda”.

No seio das nossas famílias, há aqueles segredos que só uns e em grupo restrito da família tem conhecimento. Exemplos disso, para os que acreditam, são as idas aos curandeiros por inúmeras razões: a existência de algum primo ladrão, de uma irmã débil mental, em suma, os frutos pobres são bem escondidos.

Muitas vezes, quando se fala de casos de abuso sexual, constata-se que o violador é quase sempre alguém próximo da vítima, prova disso são os casos-padrão reportados em Inocência roubada ou Violador.

De há uns tempos a esta parte, amiúde são reportados casos de incesto que indignam toda uma sociedade, extravasando as nossas fronteiras de compreensão de actos hediondos pois na nossa cultura, a figura do pai é das mais respeitadas. Abalados ficamos com o acto incestuoso, abafado pela própria família, no qual pai engravidou a filha e desse acto resultou um rebento do sexo feminino.

Não satisfeito com o primeiro acto, já de si tenebroso, o mesmo individuo violou a rapariga resultante do primeiro acto incestuoso, ou seja, a sua filha-neta. A família, essa, como da primeira vez, continuou impávida e serena, afinal essa fruta podre é mais um segredo de família. Revoltada com o que lhe tinha acontecido, a filha-neta manifestou publicamente este acto impuro que em nada dignifica o verdadeiro sentido de família, logo de família moçambicana.

Acima da frustrante tentativa de reconstituição da arvore genealógica deste caso, está a vergonhosa atitude da família na pessoa da esposa do fulano (mãe e avó, das vitimas) e demais familiares que mais uma vez abafaram o caso em detrimento da salvaguarda da honra e bem-estar destas raparigas, logo, dos Deveres da família que visam:

a) Assegurar a unidade e estabilidade próprias;
b) Assistir os pais no cumprimento dos seus deveres de educar e orientar os filhos;
c) Assegurar que não ocorrem situações de discriminação, exploração, negligência, exercício abusivo de autoridade ou violência no seu seio;
d) Velar que age respeitados os direitos e os legítimos interesses de todos e de cada um dos seus membros.

Agora, os media reportam o caso de um pai de 60 anos que abusava sexualmente de duas filhas suas de 12 e 14 anos, em Inhambane. Teremos perdido a noção do papel da família? Por onde andam os valores que sempre regularam as famílias? Porquê desta inversão de papéis ou ainda que justificações existem para a troca de papéis nas nossas famílias?

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Assédio sexual: mal real ou ignorado?

Para muitos homens, e algumas mulheres, até hoje, mulher que trabalha e é bem sucedida no seu trabalho é sinonimo de envolvimento com os chefes. Felizmente, nos dias que correm, algumas mulheres têm sabido impor-se em meios de trabalho hostis em que se pensa que a mulher só pode lá estar para ser servente, recepcionista ou secretária. No entanto não tem sido assim com todas.

Falar de violência doméstica contra a mulher e a rapariga, na nossa sociedade, é já de si um assunto tabu. Denunciar alguém por assédio sexual, é uma missão espinhosa e praticamente impossível. As razões para tais atitudes covardes têm muitas explicações e no caso particular, do assédio sexual, decerto que a hierarquia do abusador e a chantagem em muito devem contar.

Quando uma mulher assediada, no seu local de trabalho, desabafa com alguém sobre a questão, o ouvinte associa o desabafo a vontade desta em querer ascender profissionalmente ou financeiramente negligenciando as qualidades, talento e competências da mulher como ser humano e profissional. A tendência do confidente é interpretar o desabafo como uma forma usada pela assediada para dar legitimidade a sua subida de posto ou ao mal estar no trabalho.

Nos locais de trabalho, a própria lei do trabalho não é difundida nem pelo empregador e muito menos pelos abutres dos sindicatos que nada fazem em prol da classe pela qual supostamente velam. Esperar acções de inspectores ou denunciar infractores é o mesmo que oferecer a outra face: a bofetada cai na cara da assediada.

As organizações femininas, essas fazem ouvidos de mercador, ou ignoram completamente, como se de um filme de ficção se tratasse, fazendo parecer que a nossa sociedade não se compadece de tais abusos. Aliás muitas das ONG’s femininas reúnem-se apenas para sessões de chá e de desfile dos últimos gritos da moda adquiridos aquando de viagens pelo mundo sob pretexto de que “vamos lá colher experiências para implementar por cá”.

Posto que o desconhecimento da lei de forma alguma ajuda e, se porventura, as mulheres se queixam à Liga, seguramente a única que se bate pelos direitos dos cidadãos, ao ritmo dos tribunais, no que tange a mulher, antes vale ficar calada e consentir ou simplesmente abandonar esse posto de trabalho sem as devidas indemnizações, das quais muitas vezes nem se têm conhecimento.

Se denunciar um marido violento é de si complicado, o que se pode fazer com um chefe que chantageia e humilha em troca de um mísero salário? Ou de um hipotético posto que tem como objectivo único garantir total serventia ou escravidão sexual por parte dessa mulher honesta e trabalhadora?

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Do virtual para o real

Bom, muito já se falou, quer na rua como em outros âmbitos sobre os chats da televisão. Muitos dos canais já aboliram ou pararam momentaneamente de apresentar esta outra forma de ser e de estar das novas tecnologias nas nossas vidas. Outros canais há que se tornaram experts nesta área dos chats na Tv!

Veja-se o exemplo abaixo, compilado numa das inúmeras de insónia e reflexão:

[03 :40 :52] 36 anos, alto forte, escuro, procuro moça magra ou normal, séria de 25-28 anos, mínimo 11ª classe não gorda. Ligue ...

[03:41:07] Conheçam-me, Saint-... nr... de mocuba, músico, preciso de fazer amizades com fêmeas manda sms ou liga e vamos cantar

[03:41:13] Ola fofas da Beira chamo-me Rizal, alguém quer chatar comigo?

[03:43:00] Procuro uma miúda para namorar de 20-24 anos. Liguem 8...

[03:44:26] Serena de Mocuba sou uma mulher de 29 anos sulteira mãe de 1 filho, estudante 12ª precuro 1 homem infeliz para caso sério. Nada de bips ai vai o nr 8...

[03:44:49] Sou Wilson, bonito charmoso, 1.75 trabalho, quero fazer amizade com alguém responsável. Ligue ....

[03:46:11] Sou homossexual. 8...

[03:55:00] Olá modera. Gostaria de conhecer moça entre 22-27 anos, seria, atenciosa, universitária. Sou simples, 22 anos, docente N2 (bacharel).

[03:56:33] Jovem de 30 anos, mãe de menina de 3 anos pretendo fazer amizade com jovem homem de 35-45 anos.


[03:59:01] Sou gordo. Tenho 22 anos e procuro mulher mais velha para namorar. Pode ser gorda ou magra.

[04:00:00] Procuro mulher para relacionamento sério. 8... Maputo

[04:00:07] Procuro uma deusa que tenha 15-17 anos. Linda, k ñ seja timida e k ñ se envergonha.

Em pouco mais de 20 minutos rolaram, repetidas vezes no mesmo canal, as mensagens acima. Como se pode depreender, o que mais se procura nos nossos chats são pessoas virtuais para relacionamentos reais e, vinque-se, carnais e momentâneas.

Que o HIV/Sida é uma cruel realidade, já todos estamos cansados de saber. Que o chat é uma entrada escancarada para tragédias, talvez os usuários não o saibam. Inúmeros são os relatos, de outros países, de casos de rapto, escravidão sexual e/ou transmissão intencional de doenças perigosas e em cadeia usando esta e outras vias.

Não é menos verdade que se pode encontrar a cara-metade ou o amor da sua vida bastando para isso preencher os requisitos pretendidos e responder pela via de um sms, sempre ele, claro está! São casos excepcionais e... tudo é possível, mas valerá a pena tanto sacrifício ou exposição a tais riscos?

PS: De referir que omiti algumas mensagens com objectivos comerciais. Os erros, são os que rolam na tela dos nossos receptores televisivos sendo quem em algumas palavras inseri a respectiva acentuação.


terça-feira, 9 de setembro de 2008

Manas

Mana é a forma respeitosa e carinhosa com a qual nos dirigimos às nossas irmãs, primas e cunhadas mais velhas ou outras mulheres pelas quais temos profundo respeito e que, portanto, gozam desse estatuto, ainda que não tenham relações familiares connosco pois, nos nossos hábitos e costumes, não se chamam os mais velhos pelo próprio nome.

Entretanto, ultimamente, este termo carinhoso e de muito respeito tem ganho outra conotação: Manas têm sido a forma como o pessoal do mundo gay, lésbico, bissexual, transexual e travesti, vulgo GBLT, mocambicano se têm chamado entre si. E, que a mão a palmatória seja dada, este grupo está a fazer furor no mundinho dos “normais” heterossexuais tanto pelo estorvo como pela admiração por tamanho desvio ou ousadia.

Recentemente, num programa de entretenimento, aquando do rescaldo do agitado fim de semana dos VIP’s da praça (entre eles cantarinos, DJ’s, apresentadores e outros) que enchem os ecrãs da TV e são alvos de mexericos que se circunscrevem em baladas ou ditos sociais (festas, discotecas, espectáculos, desfiles de moda, churrascos etc.) fomos brindados por uma celebração sui generis e que, segundo o apresentador do programa, as da filmagens não foram pacificas: uns estavam a favor e outros, evidentemente, contra.

A festa em questão, que era a celebração de um aniversário, tinha uma particularidade interessante, e não por ser um baile de mascarás ou qualquer outra festa temática. Entre os convivas estavam visivelmente marcadas as opções sexuais de alguns: por um lado uns aparentemente heterossexuais, logo os aceites pela sociedade, e por outro as “manas”, a pretensa escória da sociedade.

Uma dos convivas, que deu a cara, surpreendeu tanto pelo que disse como pelo aspecto visual de fazer inveja a muitas mulheres pelo txuning de alto a baixo (extensões capilares, piercing no umbigo, unhas de gel, calça txuna baby e sapato de salto altíssimo!). Entre os telespectadores, talvez pela questão colocada pelo apresentador, antes da reportagem, pairou a dúvida: enquanto que uns apostavam que o conviva era uma mulher, outros tantos duvidavam que tamanha beldade feminino escondesse um homem.

Quando a pessoa se apresentou usando cognome de mulher, Sheila, as dúvidas dissiparam-se: tratava-se mesmo de uma mulher. No entanto, as palavras do conviva deixaram meio mundo de boca aberta: “Sou uma mana!” Mana? O caldo entornou-se quando a “Sheila” afirmou categoricamente que muitos homens a procuravam, chegando ao extremo de metaforizar “todos os homens do Rovuma ao Maputo me conhecem”! O choque foi total: o que significará isso?

Na postagem Do armário para os palcos está patente que a exposição pública de Labiba e Lasanta não era pacífica e nem reunia consensos pois havia (e há) claramente muita gente contra e pouquíssimos a favor devido as opções sexuais contrárias a norma assumidas e divulgadas pela dupla. Longe de ser profetisa, pois está presente no artigo em referência, um dos impactos da ousadia da dupla seria na vida pública ou privada de todos GLBT moçambicanos pois a saída do armário já não seria (ou é) por uma fresta mas pela porta grande.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Ausente

Ilustres, por estes dias, estarei distante do mundo blogger por razoes profissionais.
Fiquem todos bem e até breve

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Gravidez: desejos, aversões e... lucro fácil

O estado de graça, vulgo gravidez, é um momento impar na vida da mulher e do homem com quem ela gerou esse filho, bom, se a gestação for consensual. Uma mulher grávida, requer especial atenção na sua saúde pelo que tudo é feito assegurar uma vinda segura ao bebé. Geralmente uma consulta de controle pré-natal é suficiente, se a futura mamã não requer outros cuidados.

Em casa, muitas vezes do lado da sograria, cuidados tradicionais e característicos da família tem que ser salvaguardados: chás de ervas e raízes, cortes no ventre, etc., cada um age conforme a sua tradição.

No que se refere a alimentação na gravidez, sobretudo no meio rural ou onde os alimentos escasseiam, por diversas razões, defende-se a tese de que se deve dar primazia a mulher no momento da distribuição das porções das refeições pois ela é guardiã de um tesouro da família.

Durante a gravidez, ocorrem várias transformações na mulher (alterações no humor, nos hábitos, enfim, cada mulher com a sua história) e a mais notável e comum em todas é, sem dúvida, o crescer do ventre.

Algumas mulheres, as sortudas, não passam por nenhum inconveniente, excepto o desconforto que o ventre enorme provoca cabendo. Por vezes, o seu parceiro passa pelas mazelas da gravidez (enjoos, desejos estranhos, problemas na pele, mau humor, etc.)e, diga-se, em abono da verdade, que homens com sintomas de mulher grávida são uma alegria para as mulheres.

Outra manifestação típica deste período é a presença dos desejos e das aversões. Quanto as aversões, a sua gestão é muito fácil: se não gosta de certa fragrância de perfume, apenas não se borrifa; se não gosta de determinado alimento, não o come. Quanto aos desejos, ai a porca torce o rabo.

Todos desejos da futura mamã são e/ou devem, segundo as tradições, ser respondidos sob o risco de o bebé nascer com cara de laranja (porque esse desejo não foi satisfeito), ou nariz de banana (outro desejo não satisfeito). Se o pedido for feito a noite e recusado, a criança nascera muito escura (?), por ai em diante. Portanto, desejo enunciado, desejo concedido!

Como grande parte dos desejos da futura mamã são geralmente alimentares, algumas delas, sobretudo as citadinas com algumas posses, estão em maior vantagem pois dispõem de um leque variado, mesmo fora de época, posto que os supermercados e casas de especialidade oferecem esses produtos e os microondas fazem o resto. Infelizmente nem todas as vontades podem ser satisfeitas e de alguma maneira têm que o ser.

Durante a gravidez, o paladar pode alterar-se e a mulher pode deixar de apreciar alimentos que gostava bastante antes de ficar grávida. Do mesmo modo, durante a gravidez, certas mulheres sentem desejos súbitos por elementos estranhos não alimentares e arriscados para a sua saúde e a do bebé como o gelo, carvão vegetal, areia, pasta de dentes, sabão, giz, cinza ou tinta!

Cá entre nós, o momento do preparo da refeição familiar é uma ocasião para devorar carvão e cinza e, geralmente, fazem-no em segredo (também seria incrível que alguém pactuasse com tamanha barbárie para com a saúde dos dois: mãe e filho), como o fazem para consumir pasta de dentes, sabão e giz!

Quanto ao negócio da areia, em crescendo por cá, merece e passa por um tratamento especial: primeiro tem que ter “certificado” de origem, apesar de não estar isento de falsificações como tudo o resto, das margens do Incomáti e depois deve ser cozida. Sim, cozida, afinal é uma iguaria, e depois é pilada e temperada!

O procedimento é simples: numa chapa torra-se a areia, para tirar as impurezas, segundo alegam vendedoras e consumidoras. Depois pila-se e deita-se caldo em pó (anteriormente servia apenas o sal) e está pronto a consumir sendo acondicionado em pedaços de papel como se faz com o amendoim torrado vendido na rua.

Os preços, por cartuchinho, variam entre 5, 10 e 15Mt, conforme a tampa que se usa para medir as porções (por vezes de desodorizantes, quem sabe até se não de insecticidas?). O negócio é chorudo e o lucro imediato tanto mais que alimenta o vulgo xitique das vendedeiras.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Fazer a diferença

É de pequeno que se torce o pepino”! É, talvez, seguindo esta mítica frase que os pais ensinam, desde cedo, os seus filhos a serem humildes e a saberem partilhar o pouco com os outros e, geralmente, mesmo nas mais humildes casas, sempre reina a máxima “onde come um, comem dois”.

Antigamente, quando entrar numa loja de roupa era um exercício impossível diariamente, os nossos parcos bens (roupas, sapatos, brinquedos, livros, etc.) passavam do mais velho ao mais novo ou para um primo ou vizinho com muito menos posses ainda. É verdade que o coração se condoía com os cuidados dados as nossas preciosidades, mas, a hábito familiar e os momentos de crise assim obrigavam!

Com esse espírito fomos crescendo, a saber dar aos outros sobretudo aos que nada têm. Quando mais velhos, alguns passaram a fazer parte de associações ou grupos em que se solicitava, por exemplo, a doação de sangue. Gestos simples, mas heróicos aos olhos dos que nada têm!

Hoje, nos semáforos, nos passeios ou nas esplanadas dos restaurantes, algumas vezes até na soleira das nossas portas, somos confrontados por mendigos ou pseudo mendigos e muitas vezes, ainda que a contra gosto, soltamos algumas moedas, um pedaço de pão, uma caneca de açúcar, como que a calar a nossa consciência enriquecida pelas lições familiares.


A Rede Miramar, estreitamente ligada à IURD, lançou uma campanha que visa a recolha de bens não perecíveis e que serão doados a instituições escolhidas, aquando da celebração, a 31 de Agosto, do Dia de Fazer a Diferença. Está efeméride, que já é tradicionalmente difundida pela rede-mãe, a Rede Record, e que tem como órgão gestor o Instituto Ressoar, é também benvinda por cá sendo que a ABC (Associação Beneficente Cristã) deve velar para que tudo seja devidamente encaminhado.

Dias atrás, como forma de angariar tais bens, teve lugar um concerto, em Maputo, em que cantores da praça deram o ar da sua graça em indisfarçável play back do qual por vezes a própria voz destoava. O público, esse fez-se presente, quer pelo baixo custo do bilhete, que correspondia a um quilo de alimento, quer pela oportunidade de poder ver in loco as estrelas da actualidade e não só.

A iniciativa é uma fresta para que nós, bloggers e visitantes, façamos algo realmente visível pelos que nada têm. A essa ideia já tinha sido avançada aquando da celebração do 1 e do 16 de Junho. A corrida contra o tempo, nessa altura, foi o maior vilão, mas nunca é tarde: vamos fazer a diferença proporcionando alimentos e brinquedos às crianças do Infantário Primeiro de Maio?