sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Maputo, afinal é possivel?


Maputo está em polvorosa e não é à toa! Representantes de 47 países africanos encontra-se-ão na cidade das acácias para os X Jogos Africanos. Sem margem de dúvida, um evento que figurará merecidamente nos anais da história da cidade, do país, do continente e do mundo ! Afinal é possível ?

Para acolher tão altos dignatários, como sempre fez face à um grande evento, basta puxar pela memória e recordar a mobilização face à Cimeira do Chefes de Estado Africanos, que até mereceu um Centro de Conferências construído de raiz, observa-se que Maputo não só lavou seu rosto como rapou os sovacos. Subtilmente, sem que muitos se dessem conta, sob pretexto de combater a mendicidade, aos comerciantes que ofertavam dinheiro e pão, à sexta-feira, foi proibido fazê-lo. Contudo, a ajuda destes seria canalizada aos locais em que estes necessitados se encontravam evitando assim as romarias de sexta-feira. Afinal é possível ?

Outros que foram literalmente postos a correr, foram os vendedores de rua que montavam seus xidjumbas e barracas nos passeios obrigando os dignos usuários a disputar as faixas de rodagem com os veículos automóveis. Infelizmente, a corrida só atingiu aqueles que se estabeleciam nos corredores por onde passarão as ilustres visitas. Prova disso é o perimetro entre as avenidas Karl Marx, 25 de Setembro, Albert Lithuli e Amed Sekou Touré que só se distingue do campo de jogos, agora transformado em dumba nengue do Xipamanine, pela existência de prédios e de asfalto. Porque o resto, como sói dizer,é o resto. Algumas ruelas e avenidas da cidade, algumas das quais já nem mais eram cruzadas por veiculos, também beneficiaram de reparação. Que bom, afinal é possível!

À saída da cidade, afinal a vila olimpica está no perímetro suburbano da mesma, outras obras dignas de vulto apareceram e não cessam de levar os maputenses a indagar-se sobre as reais capacidades do Municipio de Maputo. O espantado "afinal é possível ?" ouve-se por toda a parte ! A praça da Toyota, como é chamada, viu ser-lhe levantado um passeio e, o mais espantoso, a vala de drenagem com vegetação verdissima, digna de fazer inveja a qualquer idealista da revolução verde, foi retirada ! A Junta também mundou. Afinal é possível ?

Diz-se ainda que ao longo do percurso para o magestoso Zimpeto, passeios que há muito deixaram de se fazer ver, ressurgiram das areias que os cobriam. Engenheirosas obras de limpeza trouxeram-nos de volta. Afinal é possível ? Bem hajam jogos africanos ! Mesmo que não ganhemos medalhas, ficamos felizes por termos ganho uma cidade de cara lavada e de sovaco rapado. Mas, o que queremos mesmo, é tomar um bom banho e limpar todo o tilhavela que não abona em nosso favor porque afinal é possivel. 

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Volto em breve

Obrigações profissionais e académicas obrigam-me a por de lado o meu hobby preferido. Volto já, ando aqui a volta.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

SMS chat

A febre dos chats, via sms, que há poucos anos inundou os canais televisivos nacionais e se tornou uma mania, baixou alguns graus Celcius. Menos frequente, mas nem por isso menos intensos, os chats continuam, dia e noite, a ser um meio aparentemente eficaz para, sobretudo, procurar e encontrar o parceiro com o perfil idealizado em termos físicos, psicológicos, astrológicos e económicos, bastando deixar no fim do sms o número de contacto.

Nos moldes actuais, as palavras já não mais são medidas e as intensões não mais se leem nas entrelinhas : "sou bonito, quero dama rabuda" ; "assunto só para maiores de 18" ; "quero conhecer homem dos 30 anos em diante gostoso" ; "procuro moças para caso sem compromisso" ; "procuro mulher para amizade intima" ; "pretendo uma mulher gostosa e sexy" ; "tenho 42 anos, procuro mulher para amizade de relacionamento" ; "procuro mulher casada e quente para caso sério" ; "homens que gostam de muito fogo deixem nr no rodapé".

A idade, não é mais barreira para coisa nenhuma("meninas entre 12 e 14 anos, anotem o nr da felicidade"; "oi tenho 14 anos e procuro dama para coisa séria" ; "gostaria de conhecer garotas de 15 a 18 anos, tenho 35 anos "), levando a questionar o papel dos outrora denominados moderadores face a atitudes manifestamente pedófilas. Entre tantas outras coisas, alguns chatistas tornam-se terapeutas dos problemas alheios ("casada infeliz tai meu nr" ; "casada infeliz eu vou curar-te"), precisos no que querem ("procuro mulher sem filhos capaz de fazer um lar" ; "ignoro bip") e fazem ("sou bom de cama com casa própria").

E, na ansia de não economizar no paleio, nesse emaranhado de tentadoras intensões, sobressai uma nova ortografia, que sacrifica o "que" (kro, kero, kente, kem, kaulker, aki), transforma o "s" (9vax, dox, xow, anx, damax, novax, moxax), elimina vogais (dzr, vnho, pod, p, lga) e apresenta tantas outras transformações que teimam em se fazer presentes nos cadernos escolares e corriqueiras sms (miyudas, olah, uke, xocolatado, oy, beybes).

terça-feira, 24 de maio de 2011

Estorias em Maputo (41)

Está de parabéns a FEMATRO pela grandiosa frota posta a disposição dos maputenses e outros cidadãos que habitam para la da portagem, particularmente aqueles que têm neles o único meio para se deslocarem de seus locais de residência para o trabalho, para gwevar, para a escola ou mesmo hospital e no sentido inverso.


Está de parabéns a FEMATRO por ter empregue mulheres, ainda que apenas como cobradoras. Quiça como motoristas não teriam aquela delicadeza só delas para, pacientemente, esperarem que idosos, doentes e portadores de deficiência, não só entrem na viatura como também se acomodem em seus bancos ?


De toda a forma, está de parabéns a FEMATRO por colocar, pela primeira vez na história do transporte privado urbano, cobradores e motoristas fardados. Obviamente, é também positivo o facto de dar, como contrapartida, pelo pagamento, um bilhete de viagem. Constatar que as quinhentas vão para o bolso devido, faz bem a quem paga!


Está de parabéns a FEMATRO por ter proporcionado viaturas com condições para salvaguardar a integridade fisica de seus utentes. Muito raro cá na praça, sobretudo para viaturas dessa dimensão, estes "chapões" possuem cintos de segurança, mas, "essa gente pah", deve olhar para eles e pensar que uso poderão fazer noutras situações…


Está de parabéns a FEMATRO por manter os hábitos das necessidades dos passageiros : parar nas paragens por estes determinadas e por aceitar no seu interior todos os "xidjumbas" possiveis e imaginarios. Obviamente não é gratuito, mas esse gesto ja de si é de salutar.


O resto? É o resto! O que importa é que está de parabéns a FEMATRO e palmas por isso "clap, clap, clap"...

segunda-feira, 9 de maio de 2011

"Refresco"

O refrigerante, vulgarmente conhecido entre nós como refresco, é uma bebida que serve para refrescar quando a sede aperta… Graúdos e miúdos, sobretudo em tempo de calor intenso, característica do verão nesta pérola do Indico, se deliciam com tão refrescante bebida. Obviamente, a escolha da qualidade e quantidade, do "sedificante", é determinado pela volume da riqueza do bolso de cada um.

Mas, hoje em dia, o refresco já não se toma só em tempo de calor e apenas em locais como esplanadas, bares, barracas, restaurants, take aways, colemans de rua ou no aconchego familiar. Não, não ! O refresco toma-se em toda a extensão do Rovuma ao Maputo e do Indico ao Zumbo em toda a extensão do elo que junta esses pontos cardeais: as estradas nacionais, secundárias e quiça terciárias.

Por tudo e por nada, serve-se um refresco. Esse "toma que te dou", é particularmente servido em bandeja de prata ao tipolicia de trânsito que não perdoa a presença de mais um frango na viatura, mas fecha o olho para um pisca que não pisca... Aliás, muitos dos que conduzem, circulam sempre munidos "com um algum algo" no porta-luvas ou entre os documentos do carro, dependendo da vergonhosa ousadia de cada um !

Mas o refresco não se serve só na estrada ! Galga passeios, entra porta adentro, atravessa pátios e corredores. Nada o détem ! No hospital, no notário, na escola, nos serviços de registo criminal… Onde o individuo sujeita-se a uma morosa e longa espera por uma consulta, pela colheita de análises, por uma assinatura e carimbo, por um certificado, por um parecer… Zás tràs, toma lá um refresco !

O mais engraçado é que o refresco "refresca" tanto para facilitar serviços como para "agradecer" ! Mas, o obrigado, até pouco tempo sinónimo de boa educação, não enche a barriga de ninguém. Um refresco, voluntário "é mais melhor". Mas se assim não é, o tomador não mede palavras para manifestar a sua sede : "Não vai nem um refresco ?"

terça-feira, 19 de abril de 2011

"Preguntar", não ofende

O slogan Produza, Consuma, Exporte produto moçambicano é sem dúvida uma manifesta vontade de valorizar o que é produzido no país. Tal facto é notório não só nas campanhas publicitárias como também na apresentação dos produtos para comercialização. Ademais, o produto nacional, pelo seu preço, é preferencial cá na terra.

Por exemplo, em pacotes de açucar ou de massas, estão estampadas receitas de cozinha de fácil seguimento e, o mais importante, de custo acessível para a maioria dos bolsos. No entanto, em alguns casos, para não generalizar, o sonhado produto nacional nada mais é do que um produto embalado com o selo nacional. Será isso valorizar o que é nacional?

Por outro lado, as denominações dos referidos produtos obrigam muitas vezes, aos incautos e não só, a tirar ilações que talvez não sejam o que se pretende. Veja-se o caso do arroz “Mama Africa”. Pretendia-se assim o fazer ou o acento til ficou em falta? Escrever e dizer são duas coisas diferentes! Em vocabulário de rua, "mama" tem conotação pejorativa… Quanto mais a todo um continente!

Como se ouve dizer: “dalisença, preguntar não ofende”!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Estórias em Maputo (40)

Que não reste mais nenhum espaço para dúvida : o transporte na Grande Town é um dos casos mais bicudos de que se tem memória ! Já não se distingue hora de ponta de hora morta ! Em muitas paragens e a todo o momento, meter o pé num meio de transporte, público ou privado, é um episódio para uma longa metragem cujos capítulos finais ainda não figuram no roteiro de quem de direito !



Como se não bastasse, é absurdamente notório o grau de degradação das viaturas que transportam a grande maioria de cidadãos de suas casas para os postos de trabalho e vice-versa. Ninguém se importa ou manifesta qualquer interesse até que a tragédia, que sempre anda a espreita, ocorra. Aquele ditado que diz "prevenir é remediar" foi substituído por "deixa andar" e a fila assim anda.



Ainda por cima, numa tentativa desesperada de agarrar a primeira tábua que passa(va), optou-se por admitir que os que não têm licença para transporte de passageiros passassem a fazê-lo em períodos pré-determinados. Penso rápido na ferida, se se levar em conta que alguns dos piratas já circulavam na praça, contudo, neste caso também não foram acautelados os critérios de segurança.



Verdade é que alguns desses "piratas" dispõe de viaturas em muito bom estado, tão bom, que até mete dó vê-las a circular só "em certas horas". Mas, por outro lado, há viaturas também em bom estado criadas para o transporte de carga e que hoje transportam pessoas lembrando tempos já idos. Porém, ao contrário de suas ancestrais, as carrinhas de hoje não dispõe de lona nem de ferragem alguma que permita que os transportados se segurem a algo na viatura que não os demais passageiros, companheiros de viagem.