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quinta-feira, 7 de julho de 2011

SMS chat

A febre dos chats, via sms, que há poucos anos inundou os canais televisivos nacionais e se tornou uma mania, baixou alguns graus Celcius. Menos frequente, mas nem por isso menos intensos, os chats continuam, dia e noite, a ser um meio aparentemente eficaz para, sobretudo, procurar e encontrar o parceiro com o perfil idealizado em termos físicos, psicológicos, astrológicos e económicos, bastando deixar no fim do sms o número de contacto.

Nos moldes actuais, as palavras já não mais são medidas e as intensões não mais se leem nas entrelinhas : "sou bonito, quero dama rabuda" ; "assunto só para maiores de 18" ; "quero conhecer homem dos 30 anos em diante gostoso" ; "procuro moças para caso sem compromisso" ; "procuro mulher para amizade intima" ; "pretendo uma mulher gostosa e sexy" ; "tenho 42 anos, procuro mulher para amizade de relacionamento" ; "procuro mulher casada e quente para caso sério" ; "homens que gostam de muito fogo deixem nr no rodapé".

A idade, não é mais barreira para coisa nenhuma("meninas entre 12 e 14 anos, anotem o nr da felicidade"; "oi tenho 14 anos e procuro dama para coisa séria" ; "gostaria de conhecer garotas de 15 a 18 anos, tenho 35 anos "), levando a questionar o papel dos outrora denominados moderadores face a atitudes manifestamente pedófilas. Entre tantas outras coisas, alguns chatistas tornam-se terapeutas dos problemas alheios ("casada infeliz tai meu nr" ; "casada infeliz eu vou curar-te"), precisos no que querem ("procuro mulher sem filhos capaz de fazer um lar" ; "ignoro bip") e fazem ("sou bom de cama com casa própria").

E, na ansia de não economizar no paleio, nesse emaranhado de tentadoras intensões, sobressai uma nova ortografia, que sacrifica o "que" (kro, kero, kente, kem, kaulker, aki), transforma o "s" (9vax, dox, xow, anx, damax, novax, moxax), elimina vogais (dzr, vnho, pod, p, lga) e apresenta tantas outras transformações que teimam em se fazer presentes nos cadernos escolares e corriqueiras sms (miyudas, olah, uke, xocolatado, oy, beybes).

terça-feira, 6 de julho de 2010

Estórias em Maputo (25)

Durante muito tempo, os cânticos da igreja foram entoados com o apoio de livros de cântico. Por força da frequência das repetições, muitos desses cânticos foram decorados. Com o passar do tempo, por força do uso, muitos desses livros foram-se desfazendo e, verdade seja dita, alguns roubados.

Com o evoluir da tecnologia, para cada missa, em função do repertório escolhido, faziam-se fotocópias. A estratégia parece não ter funcionado a contento, para muitas igrejas, posto que exigia número elevado de exemplares, logo valores, para o número de cantantes que nos dias de culto em massa se dirige às igrejas.

Na procura de soluções, algumas igrejas preferiram investir forte e feio e preferiram dotar-se de meios tecnológicos para resolver a questão das letras dos cânticos. Ora, apetrechadas com data show, algumas igrejas não só resolveram o primeiro problema como tornaram a missa num show de talentos gospel com a adoptação do karaoke!

terça-feira, 22 de junho de 2010

Envagelho segundo quem pode

Muito recentemente assistimos, com um misto de espanto e apreensão, ao desenrolar de uma sui generis saga publicitária, que envolvia as redes de telefonia móvel moçambicana nos mass media, em outdoors e outros meios afins que serviam para a divulgação das mesmas.

Quer parecer que, a contenda, teve seu inicio, como sói dizer, com a troca dos criadores das geniosas ideias publicitárias entre as teams azul e amarelo. A verdade é que braço de ferro foi tamanho que, felizmente para todos nós, parece que os contendores entraram em acordo e as coisas voltaram a aparente normalidade.

Entretanto, outros contendores, que usam o nome do Senhor em seus actos, iniciaram um novo campeonato propagandístico que não olha meios para atingir fins. Pois, por possuirem meios de divulgação do seu latim, o que é muita vantagem, constatando a elevação dos debutantes, outrora acérrimos fiéis, adoptaram-se novas estratégias.

Essa estratégia consiste em abocanhar tudo quanto é canal de televisivo e apregoar a mesma palavra. Evidentemente, a antiguidade, a tarimba nessas lides e a riqueza, que permitem mudar qualquer claúsula contractual, são uma mais valia para os tubarões das orações com milagrosos testemunhos. Quanto aos peixinhos de aquário, coitadinhos !

terça-feira, 15 de junho de 2010

Mediatização d'espiritos e etc.

Num misto de sentimentos, assistiu-se, na capital Maputo, a um pipocar de fenómenos estranhos nos espaços escolares públicos. Esses fenómenos caracterizaram-se por manifestações também estranhas (inconsciência, transe e literal perca de sentidos) em adolescentes do sexo feminino. Os casos mais notórios, com quase 8 dezenas de vitimas, ocorreram na escola Quisse Mavota, localizada no Bairro do Zimpeto.

Muitas vozes, sobretudo a de populares e de crentes em rituais animistas, associaram o acto sui generis a espiritos de mortos, enterrados e exumados nesse espaço, e/ou a contestada atribuição do nome a referida escola. Contudo, em outras escolas reportaram-se os mesmos fenómenos e as suas causas, aparentemente, ficaram sem associação as motivações do primeiro caso.

A onda de "desmaios", como foi popularmente denominada, tornou-se manchete de alguns órgãos da comunicação social, sendo os do meio audiovisual os que mais destaque deram ao facto. Nesse entretanto, ficou patente que, na guerra de audiências, muito poucos acautelaram a questão da integridade física das adolescentes acometidas por esses fenómenos, por outras correntes designado histeria colectiva.

Aliás, essa postura tem ocorrido com relativa frequência, em outros casos, em alguns dos quais testemunhos à descoberto podem levar a actos de represália. Na ânsia de «bater» nas audiências, o rosto escondido por técnicas especiais (sombreado), de repente se vê descoberto. A voz, em princípio distorcida, facilmente é reconhecida porque ficam à mostra o timbre da empresa, os acessórios do entrevistado/denunciante, etc. Quem se importa ?

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Bassopa*!

Não importa se é simples ou conhecido médico, jurista, jornalista, actor, futebolista, etc. ou se faz, de passagem, parte da emergente socialite moçambicana : nos últimos tempos, qualquer um, desde que seja relativamente conhecido, por via dos mass media, corre o risco de, ao ser apanhado com a mão no coiso ou com o coiso na mão, ver tal situação reportada em altas paragonas de alguns programas televisivos.

Engana-se quem pensam que vai, de hoje em diante, tal como fazem algumas estrelas hollywodianas de ser alvo de perseguição de conhecidos papparazis, antes fosse ! Hoje, qualquer cidadão portador de um telemóvel com capacidade para fotografar ou filmar é potencial papparazi. Que o digam alguns alvos desses neopapparazis em pleno acto de compra de bens no dumba-nengue ou em baladas nocturnas que agitam Maputo.

Incentivados por um programa televisivo que, sob patrocínio duma operadora de renome nacional e internacional, a julgar pelas premiações de que se orgulha, literalmente afirma que "paga por pôr os outros na lama" sem sequer se preocupar com as consequências dessa exposição de figuras públicas e das que com quem são geralmente apanhados nesse enredo.

Alvo de comentários mordazes, do tipo "se a dama não é dele ou se ele não é namorado dela, o bicho vai pegar lá em casa", ao analisar, pelo grau de comentários em aglomerações matinais (na paragem de e em autocarros ou chapas), a desgraça de outrém parece agradar a muitos que não vêem a hora de serem abonados com imagens similares para também lucrarem algum. Quanto é, ninguém sabe, mas lucro fácil, quem não gosta ? Bassopa, andar fora é maningue arriscado!

*Cuidado !

PS : Consta que, em manifestação de repúdio aos comentários depreciativos no referido programa, onde o apresentador reconheceu que também se txuna, apesar de serem compras efectuadas pelo seu puto e pela sua prima, um grupo de artistas da praça, liderados pelo instrospectudo Pedro Muiambo, vão proceder a uma passeata de artistas, no Xipamanine, com o lema «Humildade não é defeito – artista compra no dumba-nengue».

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Media de nojo

Pecuinhas, fofocas e escândalos… A guerra das audiências, ainda que não declarada, já se instalou entre nós. Para além dos habituais repórteres, já existem papparazzis que, munidos de câmeras fotográficas ou de máquinas acopuladas aos telemóveis, que têm o mesmo efeito, circulam nas nites de Maputo para « checar » quem, da ala VIP (por sinal escolhida a dedo, não vão estes processá-los) ou da classe « cantarina » (potenciais vitimas), salta da linha.

Se na impressa escrita é pela via de leads altamente incendiários e imagens em tamanho quase real, que se desperta a curiosidade inata dos homens, os canais de televisão ou melhor as figuras por detrás das câmaras da televisão já se deram conta que flagrar ilustres conhecidos em tremendas saias curtas ou escavar os seus podres é uma forma de garantir maior audiência para os seus canais.

Alguns pseudo-apresentadores, assumidos « reis dos bifs », por outra fofoca, sem dó e nem piedade, com maestria de fazer inveja a muito policia de investigação criminal, escapelizam as suas vitimas até a exaustão não se importando sequer com os que podem ser manchados pelos pingos desse escândalo (cônjuges, filhos, familia e a sensibilidade da sociedade).

Para manter os telespectadores colados à telinha, tem o desplante de aguçar-lhes o voraz apetite com a promessa de um repasto requintado. Insistentes apelos para que preparem «prato, garfo e faca… porque há bifs » são a senha para queimar tempo e pôr o inconsciente telespectador ligado do principio ao fim do programa sob pena de ver a « fome » adiada para o dia seguinte.

Nessa onda, sendo eles também « estrelas » passíveis de pisar o risco, fazem-se esquecidos do tamanho de sua própria cauda e tem o despróposito de desrespeitar a liberdade/sandice dos outros acusando-os de trairem seus parceiros enquanto eles mesmos vivem também do fruto maduro e doce da traição. Que nojo !

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

SMS é que manda!

Em 2008, mais do que nunca, as nossas televisões, apostaram em propiciar aos seus telespectadores programas de lazer pela via de concursos. E de tudo, houve um pouco em todos os canais nacionais: música, dança, reality show, humor, poesia, canto coral, foram as fórmulas escolhidas e que encantaram os apreciadores deste tipo de espectáculo ao vivo ou na tranquilidade do sofá de suas casas.

Vimos de novo, por exemplo, a magia do canto coral, fora do seu habitual palco, as igrejas, desfilarem com muito professionalismo e criatividade no Festcoros. O júri deste concurso foi um trio de 2 categorizados músicos da praça e uma professora de música de categoria indiscutivel mas o critério de avaliação predominante foi o SMS.

Veio o Show de Talentos, uma verdadeira salada de diferentes formas de expressão artistica, numa tipica "fórmula 10 em 1", e que nos deu a conhecer a dupla La's que saiu do armário em grande estilo. Este concurso, teve como júri um músico, cujos créditos desconheço, uma professora de dança renomada e um actor de teatro conhecido. Critério de avaliação predominante: SMS.

Veio o Estrela Pop, que nas suas galas ensaiou combinar várias vozes, afinal o seu objectivo era formar um quarteto pop que teria, entre outros, como premiação uma ida à Portugal para gravar um CD e uma tournée garantida por todo o país para divulgar o trabalho. Desconheço o estágio de tal projecto. O júri foi composto por 1 músico e professor de música de créditos indiscutiveis e 1 actriz, apesar da subjectividade de seus comentários, também de renome. O maior júri foi o SMS popular.

O Remexe, apresentado pela cantora Liloca e alvo de alguma polémica, também fez a sua entrée pela via da televisão. O objectivo era premiar o casal que durante o concurso mostrou os seus dotes em vários estilos de danças. O júri, composto por 3 professoras de dança que algumas vezes revezaram com alguns convidados, tinha o papel de criticar e elogiar os aspectos bons e maus da performance dos concorrentes. Mas, no final de contas, venceu a ditadura do voto pela via do SMS!

Agua vai, água vem, entrou na baila da telinha o já bem e muito conhecido Fama Show, aliás o mais antigo de todos os shows de género. O júri, 2 músicos conceituados e 1 professora de dança de calibre, apesar de alguns comentários bem picantes em nada contribuiram para a justeza do veredicto final. O pior candidato foi premiado pela justiça do SMS dito voto popular.

Ainda nas portas, antes do fecho deste ano, ao estilo do Big Brother pelo mundo, um canal privado de televisão fez-nos ver como vive um grupo de pessoas que tem como ambição ganhar única ganhar o maior bolo jamais visto na TV, a Kasa Kool. Apesar de haver nomeações, entre os habitantes da kk, o maestro da banda foi o SMS sendo que para este caso parece que vingou! Este concurso, ao contrário dos outros, foi mais transparente.

Se se fizer uma sondagem, pode-se facilmente concluir que muitos (tel)espectadores ficaram descontentes com os vencedores de tais concursos e que, na opinião de alguns, o júri deveria dar o seu contributo no resultado final (apesar deste também ser muitas vezes contestado). Este sentimento, levou-me a questionar-me sobre alguns aspectos:

1. Sendo que por detras destes concursos há empresas de auditoria a monitorarem os concursos, porque nunca se dá a conhecer a tendência de voto? Qual é o nivel de transparência?
2. Para que serve o juri se nao têm nenhuma implicação na decisão final?
3. Sem ter em conta o numero de votos, que desconhecemos, a representativa amostra que esteve na final do presente no Fama Show e que sempre vaiou a candidata, não é um indicador de injustiça para com os verdadeiros talentos?
4. Porque, ainda no Fama Show, tudo se faz para "provincializar" os vencedores do concurso? O que importa é a rotatividade da unidade nacional ou premiar o justo vencedor?
5. ...

Seja como for, cá entre nós SMS é que manda!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A pub e as nossas crianças

Normalmente, não se pode ver televisão, ir às compras ou mesmo surfar na internet sem ser inundado com publicidade e nós, os adultos, não somos os únicos a estar exposto a anúncios publicitários: as nossas crianças também os vêem e não estão imunes a elas. Por exemplo, a publicidade feita por crianças, manifestando preferência por certo tipo de arroz tem sido um calcanhar de Aquiles na gestão do abastecimento familiar.

Há que reconhecer que as relações da televisão com os telespectadores mais pequenos inserem-se num problema mais vasto relacionados com sessões de violência, belicismo e sexismo que essa mesma programação assume frequentes vezes, designadamente na publicidade, na ficção televisiva, incluindo as novelas, e na informação.

Para além dos pontos acima retratados, há também que ter em atençao o outro lado ruim da publicidade na mente dos petizes: anúncios ligados a hábitos pouco saudáveis nas crianças como é o caso da alimentação compulsiva. Se prestarmos atenção à publicidade dirigida às crianças veremos que grande parte delas incentivam as crianças a comer produtos ricos em açucar e gorduras.

Recentemente dirigir-me a uma escola primária por motivos profissionais. Particular atenção tive no que está afixado nas paredes, onde pude notar que há, entre informações de caracter útil e pedagógico, cartazes e panfletos publicitários. Anúncios de shows, de locais onde promovem fotocópias a preço acessivel, de venda de material e de prestação de outro tipo de serviços pululam um pouco por toda a parte.

A colagem indiscriminada de panfletos publicitários em escola onde se aprende o primeiro BêaBá, deixou-me indignada pois, frequentes são, em todas as reuniões, apelos para que pais e encarregados de educação façam o trabalho do Ministério de Educação e Cultura pagando, e não contribuindo, para a pintura do estabelecimento.Todavia, este não foi o aspecto mais chocante.

Concentrei particular atenção a um panfleto que atiça as crianças a surripiarem moedas das nossas carteiras, com o objectivo de concurrer a um um video game devendo para tal anexar ao cupão invólucros de dois tipos de bolacha! Aliás, esta preocupação recente, faz-me lembrar um outro concurso promovido em escolas primárias nas quais os miúdos deviam levar determinado pacote de sabão em pó. Na altura, na sua infantil inocência, a minha filha mais não fez do que deitar fora todo o conteúdo para ter o invólucro!

Resumindo, a influência dos media nos miúdos é grande, e a gestão dos contudos das publicidades um bico de obra, mas a nossa influência como pais ou encarregados de educação é ainda maior. Utilizemos pois os media e o que eles trazem como um instrumento de aprendizagem e obtenhamos, com isso, ganhos na educação das nossas crianças.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Rampa da fama ou pilar da desgraça?

Temos testemunhado, ultimamente, a uma curiosa avalanche de concursos de cultura geral, música, dança, humor, sorte, enfim, um vasto leque de ofertas do qual apenas alguns jogadores, os supostos melhores, têm o privilégio de algo ganhar.

Apesar da sua multiplicidade e das multifacetadas formas pelos quais se apresentam, os concursos têm em comum o facto de usarem, directa ou indirectamente, o serviço de Short Message Service, vulgo SMS, e que foi narrado em SMS mania.

Este curioso boom, cultural e intelectual, tem o condão de ter por detrás de si grandes empresas, como é o caso das operadoras nacionais de telefonia móvel, logo, deduz-se que se tratam de operações de marketing. O outro ponto comum deste boom é o uso dos canais de televisão como centros de difusão, isto no que tange ao entretenimento.

Se por um lado os concursos alimentam o intelecto de conhecimentos de cultura geral, por outro divertem. A ideia, essa é boa, pois as pessoas acabam interessando-se por assuntos que habitualmente não lhes instiga a curiosidade, isto em concursos de cultura geral/conhecimento.

Todavia, regra geral, os outros concursos geram frustração: tanto para os jogadores como para os que vêem e de alguma forma contribuem para os jogadores. Tudo isto porque os critérios de jogo não são claros e transparentes. Nunca se conhece a tendência de votos, excepto no famigerado Jogou, ganhou onde se recebia mensagens informando que se estava próximo do grande prémio.

Sicrano ganhou! Por que percentagem de votos? A ditadura do voto, muitas vezes têm posto no pódio quem não merece, em detrimento de verdadeiros dons cujos destinos só a persistência ou a sorte podem manter. E la vamos de novo a outra roleta russa...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Garotos de programa

A primeira vez que ouvi a expressão garoto de programa, que até foi na vertente feminina para se referir as Damas da rua vulgo prostitutas, foi numa das múltiplas novelas brasileiras de que há algum tempo atrás era admiradora. Actualmente, a expressão invadiu o nosso espaço.

A invasão dos chats na TV, pela via do SMS, abriu espaço para a publicitação da prestação de variados serviços sendo que alguns especialmente direccionados para a mulher e engana-se quem pensa em cursos de culinária ou bordado pois há uma inovação: os garotos de programa.

Os garotos de programa, que florescem como mosquitos depois da chuva, ao contrário das Damas da rua, agem discretamente pois apenas anunciam, na telinha, que prestam esse tipo de serviços e deixam número para contacto, sem qualquer outro detalhe.

Aparentemente, este tipo de serviço tem tido sucesso se levarmos em conta que há muita mulher que procura a todo o custo alcançar o desconhecido, mágico e misterioso orgasmo que nem em casa, para as casadas, ou com o namorado, para as solteiras, o adquirem.

No caso de homens que apreciam outros homens, este é um meio para haver apenas contacto sexual sem que para tal haja necessidade de haver sentimentos a permeio ou de exposição à sociedade por serem figuras ou pessoas com cargos de chefia.

Como ouvir dizer não se escreve, coragem reunida e.. dedilhei um dos números anunciados. Do outro lado da linha, voz máscula e forte responde: _ Alô! O papo começa a rolar. Cumprimentos ultrapassados, e a palpitante curiosidade, de minha parte, em saber mais…

_ E aí, é verdade essa história de garoto de programa?
_ É sim! Não foi por isso que ligou?
_ Poderia ser gozo, não é?
_ Podia sim, mas não é! É assunto sério!
_ OK! E que tipo de serviços presta?
_ Todos relacionados com sexo.
_ Sério?
_ Sim.
_ Tudinho mesmo?
_ Tudo. Está interessada?
_ Humm… na verdade tenho mais curiosidade que vontade… Mas quem sabe?
_ Isso é normal e não é a primeira que acontece. Pode ser em sua casa ou se preferir num hotel. Sou discreto e muito carinhoso, você vai gostar.
_ Você atende homens também?
_ Eu não, mas o meu companheiro de quarto sim. Pretende algo com seu marido ou namorado?
_ Não, nada disso, apenas curiosidade. Me diga, porque você faz programas?
_ Bom sou estudante universitário, bolseiro… A bolsa não chega, a alimentação é uma seca… Fazendo isto posso alimentar-me bem, ter mola para as cópias, roupas e até mando algum para a família lá na província (…)

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Do virtual para o real

Bom, muito já se falou, quer na rua como em outros âmbitos sobre os chats da televisão. Muitos dos canais já aboliram ou pararam momentaneamente de apresentar esta outra forma de ser e de estar das novas tecnologias nas nossas vidas. Outros canais há que se tornaram experts nesta área dos chats na Tv!

Veja-se o exemplo abaixo, compilado numa das inúmeras de insónia e reflexão:

[03 :40 :52] 36 anos, alto forte, escuro, procuro moça magra ou normal, séria de 25-28 anos, mínimo 11ª classe não gorda. Ligue ...

[03:41:07] Conheçam-me, Saint-... nr... de mocuba, músico, preciso de fazer amizades com fêmeas manda sms ou liga e vamos cantar

[03:41:13] Ola fofas da Beira chamo-me Rizal, alguém quer chatar comigo?

[03:43:00] Procuro uma miúda para namorar de 20-24 anos. Liguem 8...

[03:44:26] Serena de Mocuba sou uma mulher de 29 anos sulteira mãe de 1 filho, estudante 12ª precuro 1 homem infeliz para caso sério. Nada de bips ai vai o nr 8...

[03:44:49] Sou Wilson, bonito charmoso, 1.75 trabalho, quero fazer amizade com alguém responsável. Ligue ....

[03:46:11] Sou homossexual. 8...

[03:55:00] Olá modera. Gostaria de conhecer moça entre 22-27 anos, seria, atenciosa, universitária. Sou simples, 22 anos, docente N2 (bacharel).

[03:56:33] Jovem de 30 anos, mãe de menina de 3 anos pretendo fazer amizade com jovem homem de 35-45 anos.


[03:59:01] Sou gordo. Tenho 22 anos e procuro mulher mais velha para namorar. Pode ser gorda ou magra.

[04:00:00] Procuro mulher para relacionamento sério. 8... Maputo

[04:00:07] Procuro uma deusa que tenha 15-17 anos. Linda, k ñ seja timida e k ñ se envergonha.

Em pouco mais de 20 minutos rolaram, repetidas vezes no mesmo canal, as mensagens acima. Como se pode depreender, o que mais se procura nos nossos chats são pessoas virtuais para relacionamentos reais e, vinque-se, carnais e momentâneas.

Que o HIV/Sida é uma cruel realidade, já todos estamos cansados de saber. Que o chat é uma entrada escancarada para tragédias, talvez os usuários não o saibam. Inúmeros são os relatos, de outros países, de casos de rapto, escravidão sexual e/ou transmissão intencional de doenças perigosas e em cadeia usando esta e outras vias.

Não é menos verdade que se pode encontrar a cara-metade ou o amor da sua vida bastando para isso preencher os requisitos pretendidos e responder pela via de um sms, sempre ele, claro está! São casos excepcionais e... tudo é possível, mas valerá a pena tanto sacrifício ou exposição a tais riscos?

PS: De referir que omiti algumas mensagens com objectivos comerciais. Os erros, são os que rolam na tela dos nossos receptores televisivos sendo quem em algumas palavras inseri a respectiva acentuação.