terça-feira, 30 de junho de 2009

Pecados da lei

Quem cuida das crianças
é a mulher
Quem lava, passa e arruma
é a mulher
Quem faz as coisas todas
é a mulher
Pois é, pois é
Pois é, pois é
E o homem sem-vergonha é quem bate na mulher
Pois é, pois é
Pois é, pois é
E o homem sem-vergonha é quem bate na mulher*


Esta recordação adaptada (mal me lembro do autor, da letra integral e do titulo da musica, as minhas sinceras desculpas por tal) surge no contexto da aprovação, pela Assembleia da Republica, do Projecto de Lei contra a violência doméstica. Tendo se reconhecido a Mulher como principal vitima, esta lei peca por se ter esquecido que, actualmente, o Homem também é "batido".

* Tera sido o tio Turutão?

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Agiotas

Vida fácil, ninguém tem. Meios para melhorá-la, todos procuramos e muitos há que não olham meios para atingir os seus objectivos mesmo que, a caminho disso, tenham que arrastar e prejudicar outrém.

Há, por exemplo, funcionários bancários que tendo acesso a contas de clientes, estudam a regularidade de movimentação do último e acabam fazendo uso ilicito dos rendimentos/depósitos destes para seu usufruto pessoal, em agiotagem.

Agiota é a pessoa que empresta dinheiro a outra e o faz sem a devida legalidade. Geralmente procurados por pessoas que não têm crédito na praça ou por estarem muito endividadas ou na lista dos devedores, também “servem” pessoas que não fazem parte do grupo antes referido.

Outras classes também praticam a agiotagem, como é o caso de alguns cantarinos da praça que não se coibem sequer de ter a seu soldo ex-cadastrados como “homens da cobrança coerciva”. Engane-se quem pensa(va) que se trata(va) de guarda-costas!

Por trabalharem com pessoas que estão sem alternativas, o agiota costuma cobrar juros mais altos do que os bancos e os modos de prestação do serviço basea-se, muitas vezes, em contrato verbal no qual o tomador do empréstimo é submetido a prazos de pagamento, como nos bancos.

As pessoas recorrem aos “préstimos” dos agiotas para pagar outras dividas, comprar ou arrendar flats, comprar viaturas, fazer negócios entre outros e, sendo que não tem possibilidades de recorrer a uma instituição legal, arriscam-se a “pagar as favas” por incumprimento de prazos e muitas vezes a agressão fisica faz parte.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Incesto ou no cesto?

Em Marracuene, uma vila nas barbas da Cidade de Maputo, pai é denunciado por violar três crianças, uma das quais sua filha. O vil acto, teve o apoio incondicional de uma tia das crianças que exerce o curandeirismo. Sendo a tia uma mulher e por conseguinte um ser que, pela natureza feminina, dever-se-ia preocupar com a segurança da prole, este acto choca bastante.

Ademais, em surdina, e para quem acredita no sobrenatural, ouve-se frequentemente dizer que grandes fortunas são construidas com base na "venda", pelos proprios progenitores, de filhos. Este comentario ganha condão quando numa familia mergulhada em fortunas tem no seu seio um filho com algum problema de saude ou mental. Não sera este mais um caso?

terça-feira, 16 de junho de 2009

Show off na última despedida

Em momentos de recolhimento e de profunda dor, pela perda de um ente querido, a protagonização de episódios, alguns constrangedores e outros caricatos, não param de surpreender aquando de cerimónias fúnebres.

É do conhecimento geral a existência de “padres de ocasião” que à porta do cemitério prestam serviços a familias cujo defunto não vem acompanhado por orientador espiritual por razões diversas. No final das orações, para além do habitual chá do defunto, um cachet é pago pelos serviços e requisitados outros para as missas seguintes.

Quando a morte bate a porta das elites, o chá de defunto é algo gigantesco que só pode ser comparado a alegria dos copos d’água de casamentos: chás-buffet, cadeiras com vestes de gala a condizer com as roupas da ocasião, etc, são alguns dos itens que não podem faltar.

Sabido é que quando tal desgraça nos bate a porta, fatalmente estamos desprevenidos pois, apesar de a morte é a maior certeza da vida, ninguém está preparado para a acolher! Como forma de minimizar as consequências resultantes do luto, muitas familias fazem o xitique da familia visando minimizar o impacto desta fatalidade.

No entanto, apesar de toda carga de emoção e despesa que a morte de um próximo provoca, virou moda, no dia do funeral, ver parentes próximos do finado trajados com camisetes estampadas com a imagem deste com dizeres em memória do récem-falecido como que a festejar o acontecimento.

Nessas situações, como não podia deixar de ser, vozes discordantes se manifestam, ânimos se exaltam, impropérios são lançados e, apesar de todo esse show off, lá vai, com toda a pompa e circunstância, o/a homenageado a sua última morada ...

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Bofetada de amor

Este mês é dedicado a criança, primeiro pelo Dia internacional da Criança, celebrado a 1 de Junho e pelo dia da Criança Africana celebrado a 16 de Junho. Este mês, tal como todos os outros, deve(ria) ser especialmente dedicado a demostração de afecto por todos que nutrem simpatias pelas "flores que nunca murcham".

Infelizmente, ao invés de se celebrar o mês com pompa e circunstância, so se ouvem relatos de pais que presentearam, os seus filhos com sopapos aplicados vilolentamente por razões diversas. A gestão de problemas pais-filhos é questionavel quando se aplica violência contra as crianças.

Ha quem diga que uma palmadinha não faz mal a ninguém, mas quando essas palmadinhas fazem com que as crianças tenham que ir ao hospital para ser tratadas das mazelas causadas e os seus pais a Esquadra para justificar seus actos, a coisa é muito feia.

Um miudo, sob pretexto banal, ficou na rua durante 15 dias porque seus familiares (tio e mãe) acharam que essa era a melhor solução para castigar o pretenso "pequeno gatuno". O bom do miudo é que nesse entretanto continuou a ir para a escola. Pena é que os vizinhos apesar de o alimentarem, deram uma esteira para que ele continuasse a dormir na rua...

Outro pai, com barba de impor respeito a qualquer um, espancou o seu filho porque supostamente "roubou" em uma loja. Outro pai ainda, fazendo uso da brutalidade de sua força fisica, maltratou a sua filha ao ponto de ser engessada porque "roubou" comida...