segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Hodi, 2010!

Caros amigos e visitantes,

A passos largos aproxima-se o dia da celebração do Natal e do Fim do Ano. Para mim, 2009 foi de profundos, ousados e inesperados desafios. Todavia, alegro-me por, apesar de chegar ao fim do ano cansada e sem energias para mover palha, manter o sorriso aberto pois venci algumas batalhas e a guerra continua.

Lamento não ter tido, por razões profissionais e pessoais, tempo para me dedicar a algo muito especial entanto que blogger: abraçar uma causa social. Aliás, no seio de alguns de nós, ficou a promessa de regressarmos à Pediatria do Hospital Geral da Machava, por ocasião do Natal. No que me diz respeito, mea culpa.

Rogo para que 2009 tenha sido tão produtivo profissionalmente quanto sentimentalmente quanto foram os calorosos os debates havidos nos blogs, de modo, geral e pela via de emails, em âmbito mais restrito.
Aceitem com carinho os meus votos de Boas Festas e sucessos em 2010!

Ximbitane

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Estórias em Maputo (12)

Que no Mercado informal se vende de tudo um pouco a preços acessíveis a todos bolsos, isso é do conhecimento geral. Nesse capítulo, o Mercado do Estrela Vermelha, por exemplo, pode-se considerar Hiper Mercado Informal. Ali vende-se realmente de tudo : produtos na boxi (novos), geralmente madin China, produtos second hand e os produtos quentes (provenientes do furto). E diz-se por aí que até a morte é lá vendida!

Entre tantas possibilidades oferecidas pelos mercados informais, em locais específicos, como o existente diante do Mercado Janete, na Vladimir Lénine, estão os serviços de venda de peixe e de outros mariscos, de frango (vivo ou congelado) e de seus derivados e também de carne de carcaça variada, incluindo as de caça. Hummm, é essa estória que vamos mandjar !

Os vendedores informais já deram provas bastante de serem conhecedores do negócio que exercem : se, por exemplo, vendem frango congelado e seus derivados (moelas, patinhas, pescoços, coxas, assas) estão munidos de "colemanes" (de Coleman’s) onde conservam os produtos. Para o caso dos produtos do mar, a venda é efectuada no final da tarde, período em que faz menos calor, o mesmo acontecendo com a carne.

Curiosamente, é no mercado informal que se verifica à venda de carnes ditas de caça e/ou de carnes habitualmente ausentes dos mostruários dos talhos que não em épocas festivas. É o caso do coelho, do carneiro, da gazela e outros. Disso se pode deduzir, entre outros, que os informais efectuam ou promovem a caça furtiva, o que leva a questionar a actividade dos inspectores da veterinária para não falar dos faltosos da vigilância sanitária…

Ora, como consequência da falta de vigilância sanitária, muito gato por lebre se tem vendido nesses locais. Especial cuidado se chama para os amantes da carne de cabrito e de caça de pequeno porte pois, hábitos conhecidos como pertença de alguns povos asiáticos têm sido levados à panela dos moçambicanos. Tudo isso porque no mundo dos negócio, até a carne de cão dá lucro !

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Estórias em Maputo (11)

Em Maputo, toda oportunidade dá negócio. Tudo vale para entrar na rota dos negócios, ou não somos empreendedores! O ditado “cabrito come onde está amarrado”, cai que nem uma luva para aqueles que não perdem oportunidades para se dar bem, mesmo que seja ao custo do suor e de lágrimas dos outros, senão mesmo dos impostos que tanto custam pagar.

Maputo é uma cidade em profundas transformações e as “oportunidades” acompanham esse crescendo. Nas obras, não importa a dimensão, se privada ou pública, se de um pacato cidadão ou de um grande empresário, oportunidade é oportunidade, ninguém a perde e, se não existe, criar é uma missão possível, haja oportunidade !

Ora, nas obras de construção, o pessoal « retira » tudo o que é susceptível de criar rendimento. Nessa rota, vale tudo : sacos de cimento, blocos, tubos, ferro, caixilhos, pregos, azuleijos, interruptores, lâmpadas, nada escapa. Por exemplo, diz-se que muito ferro para as obras do estádio serviram de alicerces para construções da zona…

Se se pensa que as « rotas » só ocorrem nas obras de construção, him him, engana-se. Na área dos transportes também há rotas ! Os motoristas dos carros de grande tonelagem, sejam eles de recolha de lixo, de transporte de materiais para obras, de bens de consumo e outros não se fazem rogados : « chupam » o combustível e põem-no na rota.
Adenda:
Um exemplo de como não se perde nenhuma oportunidade, com o decreto que determina que para evitarem o risco de acidente todas as viaturas devem possuir, entre outros, um colete de sinalização, com a aproximação do Dia D, esses coletes que antes custaram 50Mt, variam agora entre 120 e 250Mt, consoante a zona.