segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Estórias em Maputo (11)

Em Maputo, toda oportunidade dá negócio. Tudo vale para entrar na rota dos negócios, ou não somos empreendedores! O ditado “cabrito come onde está amarrado”, cai que nem uma luva para aqueles que não perdem oportunidades para se dar bem, mesmo que seja ao custo do suor e de lágrimas dos outros, senão mesmo dos impostos que tanto custam pagar.

Maputo é uma cidade em profundas transformações e as “oportunidades” acompanham esse crescendo. Nas obras, não importa a dimensão, se privada ou pública, se de um pacato cidadão ou de um grande empresário, oportunidade é oportunidade, ninguém a perde e, se não existe, criar é uma missão possível, haja oportunidade !

Ora, nas obras de construção, o pessoal « retira » tudo o que é susceptível de criar rendimento. Nessa rota, vale tudo : sacos de cimento, blocos, tubos, ferro, caixilhos, pregos, azuleijos, interruptores, lâmpadas, nada escapa. Por exemplo, diz-se que muito ferro para as obras do estádio serviram de alicerces para construções da zona…

Se se pensa que as « rotas » só ocorrem nas obras de construção, him him, engana-se. Na área dos transportes também há rotas ! Os motoristas dos carros de grande tonelagem, sejam eles de recolha de lixo, de transporte de materiais para obras, de bens de consumo e outros não se fazem rogados : « chupam » o combustível e põem-no na rota.
Adenda:
Um exemplo de como não se perde nenhuma oportunidade, com o decreto que determina que para evitarem o risco de acidente todas as viaturas devem possuir, entre outros, um colete de sinalização, com a aproximação do Dia D, esses coletes que antes custaram 50Mt, variam agora entre 120 e 250Mt, consoante a zona.

2 comentários:

Anónimo disse...

Amiga, voce me assusta com esta discricao de 'negocio' em Maputo.
Me parece que existe corrupcao a mais e uma falta total de respeito pela propriedade alheia.
Maria Helena

Ximbitane disse...

Lamento, Maria Helena. Estorias em Maputo nada mais é do que o relato do que se vive por ca. A minha pretensao nao é assusta-la, mas alertar para as pequenas coisas que se transformam em assustadores actos.