sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Maputo, afinal é possivel?
quinta-feira, 7 de julho de 2011
SMS chat
A febre dos chats, via sms, que há poucos anos inundou os canais televisivos nacionais e se tornou uma mania, baixou alguns graus Celcius. Menos frequente, mas nem por isso menos intensos, os chats continuam, dia e noite, a ser um meio aparentemente eficaz para, sobretudo, procurar e encontrar o parceiro com o perfil idealizado em termos físicos, psicológicos, astrológicos e económicos, bastando deixar no fim do sms o número de contacto.
Nos moldes actuais, as palavras já não mais são medidas e as intensões não mais se leem nas entrelinhas : "sou bonito, quero dama rabuda" ; "assunto só para maiores de 18" ; "quero conhecer homem dos 30 anos em diante gostoso" ; "procuro moças para caso sem compromisso" ; "procuro mulher para amizade intima" ; "pretendo uma mulher gostosa e sexy" ; "tenho 42 anos, procuro mulher para amizade de relacionamento" ; "procuro mulher casada e quente para caso sério" ; "homens que gostam de muito fogo deixem nr no rodapé".
A idade, não é mais barreira para coisa nenhuma("meninas entre 12 e 14 anos, anotem o nr da felicidade"; "oi tenho 14 anos e procuro dama para coisa séria" ; "gostaria de conhecer garotas de 15 a 18 anos, tenho 35 anos "), levando a questionar o papel dos outrora denominados moderadores face a atitudes manifestamente pedófilas. Entre tantas outras coisas, alguns chatistas tornam-se terapeutas dos problemas alheios ("casada infeliz tai meu nr" ; "casada infeliz eu vou curar-te"), precisos no que querem ("procuro mulher sem filhos capaz de fazer um lar" ; "ignoro bip") e fazem ("sou bom de cama com casa própria").
terça-feira, 24 de maio de 2011
Estorias em Maputo (41)
Está de parabéns a FEMATRO pela grandiosa frota posta a disposição dos maputenses e outros cidadãos que habitam para la da portagem, particularmente aqueles que têm neles o único meio para se deslocarem de seus locais de residência para o trabalho, para gwevar, para a escola ou mesmo hospital e no sentido inverso.
Está de parabéns a FEMATRO por ter empregue mulheres, ainda que apenas como cobradoras. Quiça como motoristas não teriam aquela delicadeza só delas para, pacientemente, esperarem que idosos, doentes e portadores de deficiência, não só entrem na viatura como também se acomodem em seus bancos ?
De toda a forma, está de parabéns a FEMATRO por colocar, pela primeira vez na história do transporte privado urbano, cobradores e motoristas fardados. Obviamente, é também positivo o facto de dar, como contrapartida, pelo pagamento, um bilhete de viagem. Constatar que as quinhentas vão para o bolso devido, faz bem a quem paga!
Está de parabéns a FEMATRO por ter proporcionado viaturas com condições para salvaguardar a integridade fisica de seus utentes. Muito raro cá na praça, sobretudo para viaturas dessa dimensão, estes "chapões" possuem cintos de segurança, mas, "essa gente pah", deve olhar para eles e pensar que uso poderão fazer noutras situações…
Está de parabéns a FEMATRO por manter os hábitos das necessidades dos passageiros : parar nas paragens por estes determinadas e por aceitar no seu interior todos os "xidjumbas" possiveis e imaginarios. Obviamente não é gratuito, mas esse gesto ja de si é de salutar.
O resto? É o resto! O que importa é que está de parabéns a FEMATRO e palmas por isso "clap, clap, clap"...
segunda-feira, 9 de maio de 2011
"Refresco"
O refrigerante, vulgarmente conhecido entre nós como refresco, é uma bebida que serve para refrescar quando a sede aperta… Graúdos e miúdos, sobretudo em tempo de calor intenso, característica do verão nesta pérola do Indico, se deliciam com tão refrescante bebida. Obviamente, a escolha da qualidade e quantidade, do "sedificante", é determinado pela volume da riqueza do bolso de cada um.
Mas, hoje em dia, o refresco já não se toma só em tempo de calor e apenas em locais como esplanadas, bares, barracas, restaurants, take aways, colemans de rua ou no aconchego familiar. Não, não ! O refresco toma-se em toda a extensão do Rovuma ao Maputo e do Indico ao Zumbo em toda a extensão do elo que junta esses pontos cardeais: as estradas nacionais, secundárias e quiça terciárias.
Por tudo e por nada, serve-se um refresco. Esse "toma que te dou", é particularmente servido em bandeja de prata ao tipolicia de trânsito que não perdoa a presença de mais um frango na viatura, mas fecha o olho para um pisca que não pisca... Aliás, muitos dos que conduzem, circulam sempre munidos "com um algum algo" no porta-luvas ou entre os documentos do carro, dependendo da vergonhosa ousadia de cada um !
Mas o refresco não se serve só na estrada ! Galga passeios, entra porta adentro, atravessa pátios e corredores. Nada o détem ! No hospital, no notário, na escola, nos serviços de registo criminal… Onde o individuo sujeita-se a uma morosa e longa espera por uma consulta, pela colheita de análises, por uma assinatura e carimbo, por um certificado, por um parecer… Zás tràs, toma lá um refresco !
terça-feira, 19 de abril de 2011
"Preguntar", não ofende
O slogan Produza, Consuma, Exporte produto moçambicano é sem dúvida uma manifesta vontade de valorizar o que é produzido no país. Tal facto é notório não só nas campanhas publicitárias como também na apresentação dos produtos para comercialização. Ademais, o produto nacional, pelo seu preço, é preferencial cá na terra.
Por exemplo, em pacotes de açucar ou de massas, estão estampadas receitas de cozinha de fácil seguimento e, o mais importante, de custo acessível para a maioria dos bolsos. No entanto, em alguns casos, para não generalizar, o sonhado produto nacional nada mais é do que um produto embalado com o selo nacional. Será isso valorizar o que é nacional?
Por outro lado, as denominações dos referidos produtos obrigam muitas vezes, aos incautos e não só, a tirar ilações que talvez não sejam o que se pretende. Veja-se o caso do arroz “Mama Africa”. Pretendia-se assim o fazer ou o acento til ficou em falta? Escrever e dizer são duas coisas diferentes! Em vocabulário de rua, "mama" tem conotação pejorativa… Quanto mais a todo um continente!
Como se ouve dizer: “dalisença, preguntar não ofende”!
terça-feira, 1 de março de 2011
Estórias em Maputo (39)
Decidamente os guindzas estão por todo o lado e já nem aguardam a oportunidade: fazem-na! Como consequência, grades de ferro preenchem varandas do primeiro ao mais elevado andar de grande parte dos edificios da Grande Town. Barracas, quiosques e até as pequenas bancas, existentes nas ruas, são blindadas com a intenção de complicar a tarefa dos temidos visitantes do alheio. Hoje, prevenção é palavra de ordem mesmo que isso signifique bloquear acessos secundários tão necessários em momentos de aflição como os incêndios.
Contudo, a necessidade de segurança ultrapassa o âmbito domiciliar e/ou empresarial. Estar na rua, é um risco. Quer seja em viatura própria ou em transportes públicos ou privados : guindza pode ser o dissimulado mendigo, que no semáforo, pede esmola ou o moço que, na gentileza da cedência duma cadeira, subtrai a carteira ou qualquer outro objecto que a sua mão sorrateira consegue alcançar. Em momento algum o cidadão se pode distrair pois o inimigo já não se veste de lobo, muito pelo contrário.
Vestidos adequadamente ao meio em que actuam, por exemplo, clássico, para o golpe em ambientes de negócios ou com fardamento, para o ambiente escolar, para além das habilidades de subtração do alheio, os guindzas de hoje têm tacto e destreza na língua. Muitas vezes, as suas vitimas são vitimadas mais pela lábia do que pelo gesto de subtração apesar de que tudo vai dar ao mesmo.
Os guindzas de hoje são tão elegantes quanto gentis : aconselham no acto de compra, ajudam a carregar as compras e acompanham o encantado cliente por tamanha prestatividade a preço duns miseros trocados. Ainda sob efeito do encantamento, na porta da viatura, nas escadas ou à porta de casa, revelam o seu verdadeiro Eu e, lamentavelmente, apenas eles saiem no lucro.
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Estórias em Maputo (38)
O pequeno-almoço é uma refeição que contribui grandemente na definição do que vai ser o dia de quem o toma ou não. Matabicho, como é por cá chamado, é o momento de matar o afaimado bicho que faz roncar estômagos vazios por via do chá com pão, mandioca, batata-doce ou xiquento (sobras do jantar).
Contudo, com o agudizar da crise esta refeição parece estar a perder o seu estatuto ou tradição. De refeição primeira, cada vez mais tarda em chegar à mesa do citadino. Em muitas casas, é sinónimo de almoço. Para outros tantos, que a essa hora encontram-se longe de casa mata-se o bicho com um pratão de sopa e metade de um pão, de preferência, subvencionado.
Assim, exércitos de citadinos de vários extractos sociais, chapeiros e cobradores, funcionários vários, estudantes e professores, babalazados e outros, desde as primeiras horas da manhã fazem-se as barracas para ao preço dentre 20 à 35 meticais consumirem uma sopa que se torna a cada dia que passa não o alimento da preferência matinal do Zé Povinho mas o que é possível consumir.
Inicialmente adoptada como a fórmula para "a ressureição dos mortos", entenda-se ressacados, hoje a sopa da rua tem outra dimensão : é o que, a preço baixo, melhor engana o estômago. Como o universo de consumidores de sopa aumenta substancialmente, as "sopeiras", de olho no lucro, quão ladrão que vê oportunidade criada, no lugar da batata usam farinha de milho, maputizando o prato.
Também, como a clientela é tendencialmente carnívora, as sopas são intencionalmente enriquecidas com todo tipo de desperdicio animal e ainda, num perpétuo continuum, as sopas do dia anterior enriquecem novas sopas. Isto tudo, pondo de lado a questão da higiene. De toda forma e pelo número crescente de consumidores, a sopa é uma coisa boa!
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Fazer mais como?
Os hábitos de leitura actuais circunscrevem-se, muitas vezes, em leituras pontuais de artigos e obras com a intenção de produzir algum trabalho denominado de pesquisa. Isso é geralmente notório no seio dos estudantes universitários e, ainda que em número infimo, de alguns estudantes do secundário que são « forçados » a procurar, em outras fontes, que não os livros escolares, matéria para a consolidação de sua aprendizagem.
O exercicio de leitura dum jornal, à excepção do que se pode ter acesso a custo zero, e que ultimamente é mais visto em motocicletas indianas do que sob os olhos de quem não os pode comprar, já não é tão banal. Se a ele não se tem acesso, por exemplo, no local de trabalho, olhos postos em jornal resume-se ao que se pode ver em manchetes disponíveis nas bancas dos ardinas.
Visitar uma livraria e de lá sair com um ou mais livros, mesmo em tempo de feira, é um gesto luxuoso para muita gente que, inevitavelmente, faz a comparação entre o preço deste com o de um saco de arroz. Ademais, se até agora muitos ainda não compraram os livros escolares de que outra postura se pode esperar relativamente a outras literaturas menos obrigatórias?
Poder-se-à pensar na opção de compra de livros em segunda mão, geralmente vendidos na rua. Esses também tem a sua estória, sobretudo no que tange a proveniência. Fruto de revenda por parte de seus legitimos proprietários, de roubo em bibliotecas ou em livrarias, esses livros não são de todo bon marché : são eles também comprados por quem pode.
Recorrer à biblioteca requer o cartão de acesso, outro custo a evitar a todo o custo, sob risco de, no local, constatar-se que as obras requeridas se ainda existem estão incompletas. Outra inquietação é que as bibliotecas estão distantes da residência/escola, o que diminui qualquer vontade hérculea de leitura face a perspectiva de que depois do lazer haverá o desprazer da luta por um espaço no chapa…
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Dito pelo não dito
“Tenho 28 anos, casado mas carente, 2° ano do ensino superior, procuro miúdas nas mesmas condições, sem compromisso. Interessada escreva kero e deixe seu número de telefone.”
"Ola sou a Deyse. Mulheres que procuram criar novas experiências... Contacto 82... "
Para bom entendedor, meia palavra basta!
In rodapé do programa de entretenimento Music Box
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Estórias em Maputo (37)
A chuva que tem caído miudinha ou estrondosamente em Maputo revela as inúmeras fragilidades dos sistemas de drenagem de águas pluviais e não só. Dentro da town, o seu centro, a Baixa, do nada transforma-se num rio com ondas vinteecincosetembral. A fonte desse rio, segundo quem de direito, que muito recentemente investiram em drenos, é de que os plásticos do comércio informal entopem-nos !
Mais para cima, a meio da cidade, a água escorre solta, arrastando detritos vários no seu percurso em direcção às zonas mais baixas. Visto que, grande parte dos esgotos estão obsoletos, e na hora do dilúvio as coisas agravam-se, as suas águas negras misturam-se com as cristalinas encobrindo os habituais buracos, na via e no pavimento, que se alargam e os novos, que surgem sem nenhuma surpresa para os citadinos.
Nessa corrida desenfreada, para lado nenhum, as águas da chuva não encontram espaço no verde e denso matagal em que se transformaram as valas de drenagem. Se os cabritos aí fossem amarrados… !!! O dilúvio em Maputo não poupa mesmo nada: nem mesmo o récem inaugurado modern aeroporto internacional de Mavalane escapou a uma inundação! Talvez não palharam convenientemente e à moda chinesa…
Na periferia, a porca já nem tem rabo! É um "salve-se quem puder" pois lugares há em que o dilúvio aí desemboca e se instala : dentro ou fora das residências. Diante de nenhuma atitude máscula, de quem de direito, novas crateras tipo Julius Nyerere engalanam a nova face da Grande Town, com todos os riscos que isso acarreta. Bom, Maputo quando chuva ?!
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Estórias em Maputo (36)
Há coisas para as quais o comum e pacato maputense não pode fugir no seu dia-a-dia. Dentre esses aspectos, está o uso, sobretudo nas manhãs e ao fim do dia, do transporte semi-colectivo de passageiros, vulgo chapa. Chapa 100, um antigo referente do valor a pagar pela viagem, de cuja simbologia ficaram apenas as expostas e cortantes chapas da carroçaria e o seu desventrado e perfurante interior.
Num chapa, para além do habitual encurtamento de rotas, que todos usuários vivem no bolso e na pele, ocorrem outros fenómenos stressantes : pugilato para aceder ao mesmo, velocidade vertiginosa, malabarismo na via, som com décibeis dignos de fazer inveja a muita discoteca, cobradores mal encarados, indisciplinados e arrogantes e, claro, a presença constante de guindzas que sorrateiros espreitam toda e qualquer oportunidade.
Oportunidade essa que se oferece quando o cobrador, sem modos absolutamente nenhuns, em alto e bom som, ordena e impele rudemente os passageiros a ocuparem todos os espaços, em completo desrespeito a postura do esqueleto humano. Claro, o passageiro safado aproveita-se desse arranca-acelera-vira-revira-trava para roçar e apalpar a curvatura feminina indo ao extremo, com visível prazer, de encoxar e assim realizar os seus mais profanos devaneios.
Ainda nessa vertiginosa viagem, com destino previamente traçado, mas que pode ser subitamente alterado, por um tipoliça esfomeado, por uma paragem em sentido contrário repleta de potenciais clientes, por uma avaria ou pela incerteza que é a vida, um misto de adrenalina e medo transparece no semblante dos viajantes que, ao contrário da team que só pensa em chegar em primeiro ainda acreditam que « encher não é acomodar » e « correr não é chegar ». Chapa ntsém!
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Em nome da b'leza
A vaidade feminina já não mais tem limites! Vale tudo e mais alguma coisa. O mais importante é estar-se e sentir-se: mais linda, mais sexy, mais gostosa, mais ... A lista não acaba e cada mulher com a sua merecida razão! Os atributos, bonificados pela natureza e que sempre nos caracterizaram, não mais se apresentam como realmente são tanto na cidade como nos seus arredores pois o padrão de beleza transfigurou-se.
Já não se é nem se está 100% natural! Está-se é a caminho dos 100% artificial! Tudo, em nome da beleza. Essa que nos é mostrada pelas musas de inspiração, artistas e figurantes desnundas em video clips, trazida pelas manas da South, do Brasil, da China ou da India ou ainda vendida pelos estrangeiros com raízes firmadas cá na terra e que ditam a moda das damas.
Não mais nos apresentamos com tranças “tipo” xikwenheta ou s’três. O cabelo deve estar frisado ou com apliques de mexas, tissagens e extensões. As unhas, segundo dita a regra do momento, devem ser acrilicas ou de gel e sempre com a manicure em dia. Afinal, nail art é o que está a dar, vender e a lucrar... Parece que basta? Entra no pacote roupa e acessório que devem combinar na cor, formato e material.
E, não é tudo! Enquanto que umas tentam a todo o custo diminuir o peso, com chás adelgaçantes e dietas milagrosas, as curvas femininas de mulheres com posses são turbinadas com silicone e bisturi, no estrangeiro. Outras tantas mulheres preenchem suas “insuficiências” com soutiens almofadados e com a récem saída da fábrica calcinha-bumbum! Pois é, beleza é sacrificio no bolso, na mente e no corpo!
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Estórias em Maputo (35)
Em Maputo, todo e qualquer tipo de evento, seja ele de alegria ou de tristeza, termina ou tem como etapa os comeretes e os beberetes. Com essa oportunidade, única para muitos alimentarem-se do bom e do melhor, em doses que o estomago aguenta, e do que raramente figura no cardápio caseiro, abre-se também uma porta para que muitos tirem disso outros mais proveitos.
Na cozinha, os cozinheiros e pseudo-ajudantes suprimem desde ingredientes crus à própria comida já confeccionada, incluíndo nesse pacote os respectivos recipientes, para a desgraça completa de seus proprietários. Os barmen também não poupam esforços : levam até rolhas extras para compensar no momento da contagem das garrafas consumidas.
Na cauda desta procissão, aparecem aqueles que, sob pretexto de que têm cães, recolhem restos de comida. O mais engraçado é que nas tais dog bag os alimentos são incrivelmente acondicionados faltando apenas etiquetas pois não dá para juntar "carne com mariscos porque o cão é alérgico" ou "carne com osso porque tenho cães que não comem ossos". Vê se pode !
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Moçambicano é assim...*
1. Ao invés de ajudar, saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas.
2. Estaciona nos passeios, pouco se importando se o faz por cima duma fossa rebentada.
3. Suborna ou tenta subornar quando é apanhado cometendo qualquer infracção, até quando o policia pede para acender um cigarro...
4. Troca voto por futilidades: camisete ou capulana.
5. Fala ao celular enquanto conduz lentamente.
6. Pára em filas duplas ou triplas em frente às escolas dando um grande exemplo aos petizes.
7. Conduz após consumir bebidas alcoolicas em excesso e quando é apanhado com a boca na botija puxa dos canudos e exibe o seu grau honorífico.
8. Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas.
9. Espalha fogões à carvão assando ou fritando qualquer coisa nos passeios.
10. Arranja atestados médicos sem estar doente, só para faltar ao trabalho.
11. Faz ligação clandestina de luz, de água e de tvcabo e ainda se gaba de ser o tal.
12. Regista imóveis no cartório num valor abaixo do comprado, muitas vezes irrisórios, só para pagar menos impostos.
13. Quando viaja a serviço pela empresa, se o almoço custou 100 pede recibo de 2000.
14. Comercializa objectos doados aquando de alguma tragédia, as tais de xicalamidade.
15. Estaciona em lugares destinados para deficientes alegando que deficientes não possuem viaturas.
16. Adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se fosse novo.
17. Compra produtos pirata com a plena consciência de que o são e espalha aos quatro ventos que só veste roupa de griffe.
18. Leva do local onde trabalha, pequenos objectos como clips, envelopes, canetas, lápis.... como se isso não fosse roubo.
19. Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolve, afinal apanhar não é roubar.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
"'Stá" a bater!
O ano lectivo está prestes a terminar. Pelos corredores das escolas constata-se uma azáfama incomum.
Dum lado, encontram-se os professores numa correria contra o tempo; a regularizar testes dos alunos faltosos, elaborar pautas, aprender a trabalhar a todo custo com Excel, participar em conselhos de notas, afixar… e, do outro lado, como formigas atrás do açúcar, os alunos cobrem as salas dos professores e os cercam no estacionamento, nas paragens de chapa, nas portas das casas de banho, nas cantinas, nas barracas mais próximas. Tudo isso a procura de valores para passar de classe ou admitir ao exame.
Nos corredores, o cheiro de urina das toilettes foi substituído por feromonas das alunas, que circulam semi-nuas, com andares suaves, dançantes, sorrisos pálidos, prontas a negociar o seu néctar com os professores pobres em moralidade e de zipes menos seguros.
Paira no ar a luxúria, o negócio, a cumplicidade, o sexo implícito, que por momentos confunde-se com a zona quente. Nos corredores, ouvem-se ecos de risos de hienas. Nos rostos dos professores predadores, brilham olhos cristalinos, feito comerciantes prestes a consumar um negócio.
Bocas com cheiro de fome foram substituídas por arrotos de satisfação, de esperança. Afinal a profissão de professor tem lá alguns benefícios….Há alegria pelo merecido troféu que enfim vai chegar, para terminar a obra que só se move nos finais de semestre, para comprar um carro de segunda mão, um fato sonhado, colorir a mesa da família ou ser o “paga bem” na barraca da zona.
Paira injustiça nos corações dos alunos menos afortunados de corpo e agrados, pois mesmo tendo se esforçado, vão repetir o ano. Paira esperança nos olhos dos alunos afortunados, dos alunos mais queridos, que anseiam ter no ano que vem professores negociantes como os do presente ano…. E assim se faz o ensino….
Texto da autoria de F. E. Changule, in Facebook
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Alerta vermelho
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Estórias em Maputo (33)
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Estórias em Maputo (32): Manifs et al.
É de conhecimento geral o momento de tensão que a Grande Town e seus arredores vivem nas últimas horas. Caracterizada por cenas de puro vandalismo da coisa pública e privada, barricadas nas vias públicas de maior circulação, destruição de bens alheios, corre-corre em fuga às balas de borracha disparadas por AK47, que resultaram em inúmeros feridos e mortos, Maputo literalmente parou.
No comércio formal as portas mantiveram-se fechadas e a ausência das bancas, do comércio informal, incaracterizaram ainda mais o fuzué habitual que é Maputo. Como consequência, há falta do básico pão, um dos motes da pseudo greve, e, naturalmente, de todos outros produtos de primeira necessidade.
As imagens trazidas pelos media e retratadas nas redes sociais e blogs, mostram o quão caótica é a situação em todas as dimensões. Muitos, como que a aproveitar o momento, para rechear a sua despensa até a crise passar, são vistos na posse de sacos de arroz, caixas de frango ou carapau, e outros bens de consumo. Engane-se quem assim pensa !
Há "manifestantes" que não perdem oportunidade e alargam os cordões da bolsa. Aproveitando-se da confusão, pilham bebidas e de produtos alimentares dos contentores-loja, que florescem nesses locais e revendem-nos a metade do preço ou muito menos, seguramente, ao preço no qual gostariam de ser eles mesmo a comprar. Afinal não é essa a razão da confusão ?
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Bagatela por um talento
O programa Moçambique em Concerto, com novos atractivos, como a presença de uma banda, que mata definitivamente o playback, apresenta um novo quadro designado Parada de sucesso Talento não tem idade. Iniciativa de louvar, pois talentos há que não encontram espaço para se mostrar, a intenção macula-se pelo valor dos prémios, que se oferece aos seus candidatos, cuja soma não chega a modéstia quantia de 1000Mt.
Numa altura do campeonato, em que o metical está desvalorizado, as somas atribuídas pelo corpo de jurados, de créditos firmados reconheça-se, é de certa forma ofensivo. Decerto que para os participantes, de todas as idades e talentos, também eles diversificados, o que vale mesmo é a participação. Mas a nódoa está ali e destoa qualquer boa intenção.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Estórias em Maputo (30)
A principio pequenos, insignificantes, quase que invisíveis, com o desenvolvimento da Grande Town, que ao mesmo ritmo se degrada, um contigente de seres nojentos, por todos ignorados, metamorfosea-se e, tal como muitos maputenses, multiplica-se e vive tranquilamente sem cumprir nenhuma postura camarária.
Senhores absolutos do subsolo de Maputo, os ratos ou melhor as ratazanas, alimentados pelo descaso dos legítimos habitantes desta terra, são talvez, nestes tempos de apertar mais um pouco o cinto, os únicos "citadinos" que, sem reclamar, engordam a olhos vistos.
Fossas cépticas rebentadas ou entupidas, dejectos a rolar pela cidade abaixo, lixo por tudo quanto é lado, tanto no interior como no exterior dos edificios e habitações que engalam Maputo, negligência dos citadinos e de "quem de direito", as condições para que esta população reine e impere, estão completamente garantidas.
Eleitos como cobaias, em centros de pesquisa, pela similaridade,em muitos aspectos com o ser humano, a convivência com estes seres asquerosos é prejudicial para a saúde humana pois estes são portadores de doenças transmissíveis ao Homem como, seja o Diabo surdo e mudo, a peste bubônica.