terça-feira, 24 de junho de 2008

Vira-latas

Em Maputo, é habitual ver-se pessoas a virarem e a revirarem latas de lixo. Alguns, a procura de restos de comida (algo quase impossível de encontrar tendo em conta o elevado custo de vida), outros de sacos e garrafas plásticas, de papel e de garrafas de vidro. De uma ou de outra forma, reconheça-se, estes vira-latas contribuem para a reciclagem de tais materiais.

O que irrita no exercício desta actividade, é que se misturam os diferentes tipos de lixo doméstico (de cozinha e casa-de-banho) e se espalham por tudo quanto é canto (sabido que na zona de pedra o lixo é acondicionado em sacos plásticos) e como o Conselho Municipal também joga o seu papel nesta história (não recolhe o lixo convenientemente), é o que se vê (moscas) e se sente (cheiro nauseabundo).

Aliás, já devia ser tempo de se colocarem latas de lixo especificas para cada tipo de lixo, não é? Mas já temos tantos problemas na recolha de lixo nas velhas, amolgadas e deficientes latas, algo que torna penoso o trabalho dos recolectores do lixo... o melhor mesmo é tentar gerir o que já temos.

Há também mamanas que andam de porta em porta à cata de garrafões de vinho de 5l para os trocarem por bacias plásticas, sendo a época festiva a mais rentável para este tipo de negócio. É também habitual ver-se gente a lavar garrafas de água mineral, de todos os tamanhos e feitios, na drenagem que separa a Avenida 24 de Julho da Avenida da OUA. Para que fim? Desconhecido! Talvez sejam essas mesmas garrafas que alimentam o negócio chorudo de venda de água gelada nos mercados, formais e informais.

Aparentemente, qualquer uma dessas formas de fazer dinheiro honestamente é rentável e a natureza agradece. Um exemplo disso é que cada frasco de perfume em vidro vale 2.5 Mt e um saco de garrafas do mesmo material (infelizmente apenas um certo tipo de garrafas) 50Mt.

Ora, numa 6ª feira, lá pelas bandas da Facim com a vista para o mar, facilmente se consegue encher 40 sacos, tal é o consumo de bebidas, o que representa um bom rendimento para quem as cata. Prova disso, é a disputa que ocorre na hora de consumo das 'pequenas' entre os catadores. E, ilustres, há até o risco de lhe arrancarem a 'exportação' da boca só para levarem a garrafa!

Importa referir o destino dado a tal produto? Não é apenas para o beneficio da natureza não, alguma indústria está por detrás desta 'febre dos vira-latas recicladores'. Espero é que não seja alguma indústria virada para a contrafacção...

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Navegando com Ximbitane

Há pouco tempo, Agry White, autor dos blogs Navegador solidário, do delicioso Navegando com os sabores e do ainda desconhecido blog Poesia, endereçou-me um convite que logo a primeira aguçou-me o apetite e despertou-me os sentidos. Pudera, a mente correu logo para a possibilidade de degustar uma das tentadoras iguarias que nos são"servidas" no Navegando com os sabores.
Azar o meu, tratava-se apenas de uma entrevista virtual que foi recentemente publicada e que pode ver aqui com o titulo Conversando com a autora do blog Ximbitane na Lenha. Nessa entrevista, poderá saber um pouco mais de Ximbitane e do que ela pensa sobre o fenomeno da blogsfera.
Ao Agry White, o meu especial obrigado pela oportunidade de, na sua boleia, navegar em mares profundos da blogsfera. Bem hajas, Agry!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

VIP's dos chapas

Desde que no sector público o horário de trabalho é das 7h30 às 15h30 curiosos fenómenos ocorrem na nossa sociedade. A hora de ponta, é difícil de determinar pois as vias são inundadas por um mar de gente e pelo fluxo de carros por longos períodos de tempo. Isto se nos lembrarmos que há quem termine a jornada laboral entre as 17 e 18horas, e que o comércio que vai até as 19, e, em alguns lugares até mais tarde.

Tenho o privilégio de poder estar fatalmente na zona nobre e maldita da Polana Cimento, mais conhecida por Museu, por inerência da proximidade com o Museu de História Natural. Sim, na zona da terminal de chapas, das barracas, da (escola) Josina Machel, da (escola) Comercial, das Torres Vermelhas e da emblemática Ponta Vermelha.

Mas não é sobre alguns dos chef d’oeuvre da zona que me quero referir, mas sim ao terrível e penoso trabalho que é “apanhar” um chapa para casa nas horas de ponta ou nesse suposto periodo após um dia cansativo de labuta.

Não sei de quem foi a ideia, mas a iniciativa é de louvar, as terminais de chapa por zona, foram afastadas das fronteiras escolares, por sinal, vizinhas (Josina Machel e Comercial), se bem que a Comercial ressente-se a duplicar desse facto (todos chapas aglomeraram-se nas suas barbas, autocarros dos TPM incluídos).

Feliz ou infelizmente, alguns dos chapas, sobretudo os da rota da Matola, apostaram em instalar-se na avenida 24 de Julho, quase em frente a um restaurante emblemático e de digna referência. Também não é sobre isso que pretendo falar e sim sobre o longo período de espera que se perde na paragem, por sinal a primeira, por ser terminal.

Calma, também não é sobre isso que quero falar, isso é normal, como se diz vulgarmente. Pretendo é chamar atenção para as anormalidades (?) que ocorrem nas paragens. Não é nada sobre carteiristas, “bolsistas”, “celulistas” e outras queixinhas que costuma ver ou ouvir falar, ou que até sentiu na pele: é sobre as estudantes das escolas acima referidas que pretendo questionar.

Os chapas da rota da Matola, famosos Teniesse, de 15 lugares, dão o seu show na hora de ponta. Enquanto que uns batalham por um lugar na parte de trás do chapa, outros há que com agilidade disputam os 2 lugares da frente. Qual não é o espanto dos ágeis “pugilistas chapais” da parte frontal?

Os lugares da frente estão reservados a VIP’s que são nada mais nem nada menos do que as estudantes das escolas das redondezas! Sei que alguns operadores privados envolveram-se em chorudos negócios que consistem no transporte de crianças de e para as escolas. Iniciativa louvável, se fecharmos os olhos para o preço proibitivo e bofetadas para o Governo, que não condiciona o transporte escolar.

Mas, voltando à vaca fria: qual será o preço do privilégio de que gozam algumas das raparigas estudantes nos chapas? O mesmo que um Zé Ninguém desembolsa (7,5 Mt) pela mesma corrida? Se assim é, porque têm elas direito de não suar na luta pelos chapas? Porque os lugares são reservados para jovens com capacidades para viajarem desconfortavelmente em detrimento de mulheres grávidas, deficientes e idosos? E, porque só com as raparigas?

quarta-feira, 18 de junho de 2008

E contra a correnteza...

Quarenta ONG’s reuniram-se com a pretensão de pressionar o Governo, no geral, e da Justiça, em particular, para que o caso de abuso sexual, que virou caso de violência simples, seja investigado profundamente e devidamente julgado.

É também preocupação deste grupo, que representa a sociedade civil, que as crianças abusadas tenham acompanhamento psicológico, pelos traumas que tais actos lhes terão causados, e que não sejam, de momento, devolvidas as suas famílias carenciadas e sem meios para recuperar o equilíbrio emocional por estas crianças perdido.

Será que esta contra-onda (do Só para contrariar) tem a potência de um tsunami social em defesa destas vitimas da pedofilia? Será que essa corrente tem forças para se repercutir em defesa de outras tantas vitimas desconhecidas ou no corredor da sodomia?

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Só pra contrariar

Já viram como é difícil tratar os bois pelos seus próprios nomes (pedofilia, nua e crua)? Os turcos, presos na cadeia Central, são apenas acusados de maus tratos, assim decidiu o nosso sistema de Justiça quer vai levar a julgamento o caso esta quarta-feira (18 de Junho).

Como se não bastasse, os pedófilos, lá por detrás das grades, ameaçam os putos por telefone para que não digam nada sobre a violência sexual de que foram alvo durante 2 anos. E ainda, aliciam as famílias ( essas mesmas que não querem receber de volta os miúdos?) para que preparem passaportes para que as crianças sejam levadas para Africa do Sul pelo que para tal oferecem até dinheiro.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Outra versão, a mesma estória

Insólito? Há 500m de uma esquadra, num dos bairros nobres da cidade de Maputo, o Triunfo, sobre pretexto de as educar na fé islâmica, um grupo de homens de origem turca abusou sexualmente de 17 petizes, entre os 10 e 17 anos, provenientes do Niassa, Tete, Zambézia e Maputo, durante aproximadamente 2 anos.

Dois dos carcereiros das crianças foram detidos pela PIC, mas a um, sob alegação de que padecia de malária, foi permitido que este partisse para a RAS em tratamento, isto, sabendo-se que temos um centro de investigação de malária de merecido reconhecimento na Manhiça. Algo que leva a indagar-me se algumas verdinhas não terão sido soltas visto que o pássaro turco, que não é burro, já terá voado para outros galhos.

No palco dos acontecimentos, o vice da Mulher e Acção Social, disse não compreender como tal aconteceu e como ninguém se deu conta (?) na vizinhança. Chamou a responsabilidade o chefe de quarteirão ou secretário de bairro por não ter percebido (?) ou sabido (?) a tempo o que se estava a passar ou quem eram e o que faziam os moradores da referida casa (e ainda bem que ele reconheceu que era leigo no assunto)!

Tranquilamente, o chefe de bairro, respondeu que não tinha autoridade para saber o que se passava dentro da casa das pessoas e que os encontros com os moradores da zona eram apenas para tratar de questões externas. Que autoridade tem um chefezito para questionar o que acontece ou deixa de acontecer dentro da casa de alguém? E ainda por cima actos tão bárbaros, que por certo serão reportados na web visto que os turcos fotografavam e filmavam os petizes? E o assunto volta a tona ! Existe ou não pedofilia em Moçambique?



Fonte: TVM

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Duas faces

Costuma-se dizer, e muito bem, que tudo nesta vida tem duas faces prova disso, são alguns dos depoimentos telefónicos apresentados de seguida:

“Legalizar a vergonha que acontece na rua?” (Mustafa)
“Sou contra a legalização da prostituição!” (Isaac)
“Legalizar é importante. É difícil mas há que organizar esta prática.” (Mário)
“Legalizar, sim. Determinando a idade, os locais para tais práticas e olhando para a questão da segurança social”. (Paulo T.)

Estes são os testemunhos de alguns participantes, todos homens, no debate sobre a legalização da prostituição, promovido pelo programa Espaço Público da STV e que foi enriquecido pela presença da Presidente da Liga Moçambicana de Direitos Humanos, Alice Mabote que salientou que agora não é oportuno legalizar a prostituição pois há necessidade de se fazer um estudo, sobretudo quanto à idade para exercer tal profissão.

No início da semana passada, profissionais (?) de sexo vieram a público expor à sociedade civil, ao Conselho Nacional de Combate ao Sida e ao Governo (Ministério da Justiça e da Mulher e Acção Social) as questões que as apoquentam no seu dia-a-dia laboral.

Denominada como a mais antiga profissão (?) do Mundo, a porta-voz do grupo das trabalhadoras de sexo denunciou que são discriminadas, desprezadas e maltratadas tanto nos centros de saúde como nos órgãos de assistência social, devido ao serviço que prestam.

Estas mulheres denunciaram também a Policia [polícias chulos? ou chulos polícias?] por perseguição, violência, extorsão e abuso sexual sob pretexto de que as mesmas exercem a sua prática em locais públicos [algo que me faz questionar: farão estas mulheres sexo sozinhas na rua ou com clientes? Porque estes não são também “punidos” pela Policia?] e à vista de todos.

Este grupo de mulheres solicitou as entidades presentes que criassem uma legislação especifica para o incremento da sua actividade e num espaço apropriado (bordéis) para a desenvolverem, condições sanitárias que vão do aconselhamento e despistagem ao tratamento de HIV/Sida tendo também reiterado o seu direito à segurança social, afinal nada é eterno.

Assunto tabu, pelo menos no nosso país e em alguns círculos, há entretanto prostitutas assumidas e outras que não o são mas que vivem uma vida de luxo e que ninguém questiona, afinal estão no seu direito. Agora que as damas do sexo vieram a público, uma questão se levanta: deve-se ou não legitimar a prostituição? Se sim ou se não, porque razões?

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Petição online

E não é que aconteceu? Logo comigo que sou do contra e do à favor, ao mesmo tempo, do Passe e repasse? Não sei se vai dar certo, mas não custa dar uma força!

Está em curso uma petição online para acabar com os sites de pornografia infantil. A única coisa que se pede é que acendam uma vela virtual. O objectivo é um milhão de velas em 4 meses. As crianças agradecem e o resto do mundo também.

É simples, acenda a sua vela clicando aqui!

Menu especial colestrol

O corre-corre que é o nosso dia-a-dia obriga-nos a que nos alimentemos inadequadamente, fatalmente fora das horas, obrigando o nosso organismo à adaptações que são prejudiciais a nossa própria saúde.

As razões para tais comportamentos alimentares são variadas: ora porque vivemos distantes do nosso posto de trabalho/escola, ora porque simplesmente é prático engolir um hambúrguer (frito em óleo usado “n” vezes durante tempo indeterminado) ou um outro tipo de fast food. Prova disso, são as inúmeras cadeias de fast-food que tendem a crescer como cogumelos e que estão sempre lotadas.

Muitas vezes, porque não temos meios financeiros para comer algo, ficamos muito tempo sem nada engolir, nessa altura, até um copo de agua é duro de engolir tal é a fome. Por vezes, isso acontece porque depois do trabalho temos que desenvolver outras actividades (faculdade, biscates, turbismos, etc.) o que não nos dá espaço ou tempo para ir a casa comer algo quente e com um mínimo de qualidade.

Algumas vezes levamos “xiquento” (sobras aquecidas do jantar do dia anterior), sob pena de estarmos a prejudicar os petizes que lá em casa precisam alimentar-se para ir a escola.

Pouquíssimas vezes justificamos nossos desaires alimentares sob pretexto de que é porque estamos em regime, uma clara concepção errada do que é um regime de emagrecimento ou algo relacionado.

Outras tantas vezes, somos safos por um pedaço de pão, esse mesmo que de a uns tempos a esta parte insiste em ficar cada vez mais longe de nós pelo preço quase proibitivo que nos é vendido.

Numa época em que tanto se fala de economia de mercado, oportunidades para fazer negócio com a alegria momentânea do nosso estômago é o que não faltam. Nos escritórios, com um pouco mais de classe, os serviços de catering, em isótermos ou tigelas plásticas reinam e inexoravelmente molhos condimentados são servidos. Se a empresa é relativamente grande, a direcção disponibiliza um centro social, quase sempre, sob a responsabilidade de um familiar da chefia que apenas olha para os lucros.

Nas esquinas, nas portas das obras en construção, nas terminais de chapa, as mamanas vendem pão com badjia, manteiga rançosa ou “russian” (uma salsicha que é uma bomba "colestrolidica") e ultimamente, talvez por causa do frio, umas canequitas de chá de batuque. Deambulando pelas ruas, em recipientes de cor assustadora ou de higiene duvidosa, jovens rapazes vendem o mesmo produto: pão e seus acompanhantes!

Todo este processo com o perigo da cólera sempre a espreita ou de distúrbios estomacais, tais são as condições precárias de higiene em que a venda se processa. Nas barracas, nas escolas, em tudo quanto é local de concentração de pessoas, campos de jogos em dias de competição, locais de espectáculo, às portas das discotecas (que lista enorme e eu com a mania das listas!!!) há sempre algo à venda e por petiscar na hora.

Resumindo, mal-comer num país rico em frutas (dos quais se podem produzir sumos naturais, batidos e yogurts), tubérculos (mandioca, batata-doce, inhame, etc.) e vegetais que tanto nos fazem falta e que são benéficos para a saúde.

Menu do dia-a-dia? "Especial colestrol"! Prezados, sirvam-se das porções que quiserem!