Joana, 82 anos, enfermeira-parteira de profissão, mãe de 4 filhos (3 com formação superior e com cargos de chefia), confinada numa cadeira de rodas por ter as duas pernas amputadas, em menos de dois anos, como consequência de diabetes, vive sob cuidados de uma filha alcoólatra e que se prostitui para suster seus vícios.
Dimene, idade indeterminada, antigo guarda predial da era colonial até um pouco depois das nacionalizações, 12 filhos e 34 netos, proprietário de várias parcelas de terra, usurpadas por seus próprios filhos, na Catembe, abandonado no hospital aquando de uma AVC quase fatal.
Julieta, camponesa, idade indeterminada, encurvada pela idade e pelo reumatismo, vive sozinha numa cubata em acelerada degradação em Chidenguele. Apesar de tudo e dos muitos anos de vida, estima-se mais de 80 anos, vovó Julieta enfia linha na agulha sem hesitação.
Com a chegada da terceira idade, alguns problemas de saúde passam a ser mais frequentes, e outros, incomuns nas fases de vida anteriores, começam a aparecer. A estes problemas acrescentam-se outros como a solidão, o abandono familiar e comunitário, a violência, a pobreza extrema, a viciação de documentos e o roubo de bens ou propriedades, acusações infundadas de feitiçaria.
Como se não bastassem todos os problemas, acima descritos, e outros mais, os idosos estão a enfrentar um chocante episódio: são obrigados a tornarem-se pais substitutos e cuidar dos netos, que são órfãos da SIDA ou então a tornarem-se filhos ou dependentes de seus próprios netos, muitas vezes menores de idade.
Estas estórias são do conhecimento geral e não constituem novidade alguma mas parece que, infelizmente, a sociedade tornou-se imune ou se calhar insensível à condição degradante dos imbondeiros ou bibliotecas vivas da nossa história: os idosos. Ninguém é mais ou menos responsável por esta situação do que essa própria sociedade, muito embora haja quem insista em apontar o dedo ao Governo.
O Governo delineia promissoras politicas que versam sobre a pessoa idosa, ainda que não passem meramente de papéis, e nessas politicas ou planos não se omite a presença e o papel das famílias e da comunidade no seu todo.
Os nossos idosos, ao longo de suas vidas, lutaram para ter e dar uma vida condigna aos seus filhos e esqueceram-se ou não sabiam que deviam poupar para os anos que se avizinhavam pois, na cultura africana, quando adultos os filhos devem cuidar dos pais.
É degradante ver, pelas ruas, cortejos de idosos, antes pujantes, hoje mal vestidos, imundos e evidentemente esfomeados, reduzidos à condição de mendigos, alguns até com uma mísera reforma, sendo que muitos deles são filhos de pessoas com capacidade para deles cuidarem ainda que pela via da contratação de um empregado.
Hoje, os poucos idosos que vivem condignamente ou o são porque durante a juventude e maturidade souberam guardar algum ou porque os valores de familia foram fielmente guardados pelos seus filhos. Muitos outros idosos que têm vivido condignamente, os dias que lhes restam, o têm feito pela via das ONG’s e instituições religiosas.
Certo é que a esperança de vida dos moçambicanos baixou a ponto de nem sequer termos a possibilidade de “arranhar” a 3ª idade. O dia do idoso é uma ocasião única para reflectirmos sobre nossos actos hoje e a sua repercussão depois de amanhã. Que velhice queremos para nós?
Dimene, idade indeterminada, antigo guarda predial da era colonial até um pouco depois das nacionalizações, 12 filhos e 34 netos, proprietário de várias parcelas de terra, usurpadas por seus próprios filhos, na Catembe, abandonado no hospital aquando de uma AVC quase fatal.
Julieta, camponesa, idade indeterminada, encurvada pela idade e pelo reumatismo, vive sozinha numa cubata em acelerada degradação em Chidenguele. Apesar de tudo e dos muitos anos de vida, estima-se mais de 80 anos, vovó Julieta enfia linha na agulha sem hesitação.
Com a chegada da terceira idade, alguns problemas de saúde passam a ser mais frequentes, e outros, incomuns nas fases de vida anteriores, começam a aparecer. A estes problemas acrescentam-se outros como a solidão, o abandono familiar e comunitário, a violência, a pobreza extrema, a viciação de documentos e o roubo de bens ou propriedades, acusações infundadas de feitiçaria.
Como se não bastassem todos os problemas, acima descritos, e outros mais, os idosos estão a enfrentar um chocante episódio: são obrigados a tornarem-se pais substitutos e cuidar dos netos, que são órfãos da SIDA ou então a tornarem-se filhos ou dependentes de seus próprios netos, muitas vezes menores de idade.
Estas estórias são do conhecimento geral e não constituem novidade alguma mas parece que, infelizmente, a sociedade tornou-se imune ou se calhar insensível à condição degradante dos imbondeiros ou bibliotecas vivas da nossa história: os idosos. Ninguém é mais ou menos responsável por esta situação do que essa própria sociedade, muito embora haja quem insista em apontar o dedo ao Governo.
O Governo delineia promissoras politicas que versam sobre a pessoa idosa, ainda que não passem meramente de papéis, e nessas politicas ou planos não se omite a presença e o papel das famílias e da comunidade no seu todo.
Os nossos idosos, ao longo de suas vidas, lutaram para ter e dar uma vida condigna aos seus filhos e esqueceram-se ou não sabiam que deviam poupar para os anos que se avizinhavam pois, na cultura africana, quando adultos os filhos devem cuidar dos pais.
É degradante ver, pelas ruas, cortejos de idosos, antes pujantes, hoje mal vestidos, imundos e evidentemente esfomeados, reduzidos à condição de mendigos, alguns até com uma mísera reforma, sendo que muitos deles são filhos de pessoas com capacidade para deles cuidarem ainda que pela via da contratação de um empregado.
Hoje, os poucos idosos que vivem condignamente ou o são porque durante a juventude e maturidade souberam guardar algum ou porque os valores de familia foram fielmente guardados pelos seus filhos. Muitos outros idosos que têm vivido condignamente, os dias que lhes restam, o têm feito pela via das ONG’s e instituições religiosas.
Certo é que a esperança de vida dos moçambicanos baixou a ponto de nem sequer termos a possibilidade de “arranhar” a 3ª idade. O dia do idoso é uma ocasião única para reflectirmos sobre nossos actos hoje e a sua repercussão depois de amanhã. Que velhice queremos para nós?
3 comentários:
Olá Ximbita!
Estou Orgulhosamente a tomar conta da minha avô Paterna, a pouco comprei uma carrinha de rodas que me custou muito mesmo porque ela tem dificldades de se locomover.
É de facto preocupante a situação do idoso neste País. na Família Chacate amamos Vovô Rosa.
Obrigado Ximbita
Ola, CJ!
Alegra-me muito saber que a Vovô Rosa tem o amparo de todos. Se todos seguissem esse exemplo...
Ola' Ximbi,
Tas de parabens por tocar um assunto que todos, inclusive os media, sistematicamente nao o abordam. Tens razao que ha' muita gente bem posicionada que nao cuida das suas familias. Nao cabe na minha cabeca, que ate' e' bem grande, como e' que um individuo pode viver feliz se aqueles que o geraram andam no limiar da pobreza extrema? Ha' paises e culturas onde essas questoes nao ocorrem porque tudo esta' bem definido. Por exemplo, que o filho mais velho e' que tomara' conta dos pais na velhice e que ele sera' o gestor do patrimonio familiar. E isso vai sendo passado de geracao em geracao. A quantidade de idosos mendigos nas nossas ruas tem sido assustadora ultimamente. Antes de acusarmos o governo, e' nossa funcao tambem assumirmos as nossas responsabilidades como esta' a fazer o Chacate.
Abraco e bom weekend a todos os que vem ouvir historias a volta desta panela ao lume!
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