Sem salário e sem casa própria, em linhas gerais, é assim que se sobrevive grande parte dos jovens da base da pirâmide moçambicana, sobretudo os das zonas urbanas. Os jovens das zonas rurais, esses ao menos têm a possibilidade de construir a sua própria cabana com os recursos locais, mas quanto ao rendimento financeiro, são iguais aos jovens da cidade: não os têm.
Como em todas as efemérides que ocorrem no mundo, em geral, e em particular em Moçambique, o Dia Mundial da Juventude é um momento de profunda reflexão sobre a situação do jovem com especial enfoque para o moçambicano. É o dia oficial das lamúrias da juventude por diversas razões e, diga-se em abono da verdade, com a devida razão.
Os jovens eleitos para velarem pelos interesses dos jovens, no seu todo, como todo cordeiro com pele de lobo (os políticos), não fogem à regra: quando estão no poleiro olham e giram única e exclusivamente à volta do seu próprio umbigo. Perdem tempo em discussões desnecessárias sobre questões tão evidentes a olho despido enquanto que nós (jovens de pés descalços) esperamos que eles avancem com soluções para a resolução de problemas como a concessão de empréstimos habitacionais.
Estes jovens, iguais a nós apenas na juventude, mas desmesurados nas ambições pessoais, vão ao extremo de dizer que não é responsabilidade do Governo solucionar os problemas habitacionais ou de emprego dos jovens pois está mais do que provado que este não dispõe de meios para o fazer. Deveras? Demitam-se da vossa própria incapacidade e dêem lugar a outros que são humildes e capazes!
Por regra, os jovens são cheios de garra, de iniciativas, de sonhos, de desejos e de ambições. Alguns, mas muito poucos, conseguem atingir os objectivos que traçaram para a sua própria vida: formar-se, ter casa própria, casar-se e afirmar-se profissionalmente, por esta ou por outra ordem, mas a iniciativa e os objectivos são quase sempre os mesmos.
No entanto, é por todos sabido que de boas intenções o inferno está cheio e na ordem do dia politicas e mais politicas, escritas em resmas de papel A4 com letras de tamanho 14, estão rabiscadas e cheias de objectivos, metas e palavras de ordem empreendedorismo, combate a pobreza, auto-afirmação, etc., que nunca passam disso.
Acções práticas e resultados reais, esses são guardados para os banners do próximos manifestos eleitorais. Os jovens, não querem promessas, querem tarefas. Os jovens não querem discursos e nem falinhas mansas, querem trabalho pois sabem que só do trabalho vive o homem. Mas onde anda o tal emprego? Em anúncios de jornal para inglês ver?
Quantas vezes não somos confrontados com provas evidentes de que as vagas já estão preenchidas mesmo antes do apuramento dos candidatos que sujeitaram a sua proposta após concurso público? Como poderá um jovem com a bunda ainda a fumegar dos bancos duros da escola ter a tão requerida experiência profissional? Para que serve então o período probatório?
Porque para ter acesso a um crédito habitação é fundamental que o candidato seja, entre outros itens, casado? Para que tenham como garantia de que o/a viúvo/a pagará a divida em caso da morte de um dos cônjuges? Afinal os Bancos não são representados por pessoas? E, essas pessoas, não conhecem a máxima que “quem casa, quer casa”? Porque não a aplicam então?
E para os que pretendem viver independentes, sejam eles homens ou mulheres, como terão as suas casas próprias se não for por herança? E nós, mulheres, como alcançaremos a independência habitacional que tantas vezes nos faz refém de casamentos infelizes e falidos se não podemos comprar casas com o suor do nosso trabalho individual ou com um empréstimo?
Quem olha por esta juventude cansada de ver uns triunfarem e muitos fracassarem porque as oportunidades não são idênticas para todos? Como não venderemos o país se o país nada tem a nos oferecer? Como viver sem mola e sem tecto?
PS: Desculpe-me pela mà apresentaçao, mas o PC esta naqueles dias, algo que me tem feito postar nada.
8 comentários:
Politicas onde os jovens estejam ausentes, são passadistas, conservadoras e estigmatizantes. Politicas que pretendem amordaçar o futuro, são politicas estéreis, não reprodutivas. Sem jovens não há futuro e sem esperança temos uma sociedade velha, envelhecida, acomodada, céptica porque paralisante e anestésica.
O rejuvenescimento dos tecidos sociais não acontece em corpos doentes e debilitados.
Devolver a esperança à juventude é construir os alicerces a partir dos quais se edificará uma sociedade capaz de perseguir o bem comum, derrubar os muros das desigualdades sociais e extirpar privilégios dirigidos a minorias instaladas num poder decrépito.
Renascer a esperança exige, também dos jovens, empenhamento e luta e uma intervenção reivindicativa que lhes permita vencer constrangimentos e bloqueios. Isto também passa pela criação de associações independentes de jovens
Escolheste um tempo extremamente importante, a verdade é que se um País descura os seus jovens certamente compromete o seu futuro e nós sabemos que este (des)governo não tem uma política coerente para a juventude.
"É o dia oficial das lamúrias da juventude".
Amiga, a frase acima me deixou morto de tanto rir. Na verdade o dia internacional da juventude, não passa disso. Eu fiquei ainda triste com o vice-ministro da Juventude que foi ao café da manhã dizer o que sempre se disse: slogans em cima de slogans e nada de novo e concreto.
Mas para mim o importante perante a situação que vivemos é identificarmos saídas. O que faremos, enquanto jovens moçambicanos? vamos choramingar apenas? Que perpectivas e soluções proprias temos?
Agry, associaçoes existem as catadupas. Independentes entao, nem falo, so que nao resitem ao aliciamento do partido ou entao sao literalmente engolidos e as suas acçoes nao se fazem sentir.
Muiot certo, José! Sem sombras de duvida que é isso. Imagine-se o futuro de uma naçao cujos dirigentes receiam entregar o pais com receio de que estes os vendam para outros clientes, porque vendidos ja estamos.
Saiete, em tudo quanto era canal informativo quando se indagava os jovens so se ouviam lamurias. Fazer o qué? E o unico momento de antena que se tem para desabafar no que vai mal enquanto que os que estao bem vao na corrente contraria so para contrariar o que é evidente!
Mana Ximbi ta' nervosa!! Hehe, just kidding!
E' verdade que nao ha' politicas de nada que tenham utilidade para a integracao do jovem na vida social. Falas bem da habitacao, emprego, etc.
Mas tambem, nao e' menos verdade que nos temos que conquistar o nosso espaco.
Hoje em dia, muito jovem anda nos circulos politicos, mas esta' claro que a sua grande preocupacao sao os seus umbigos e nada mais fazem senao bajular, engraxar, e tudo o mais que termine em "ar"!
Estava um tantinho, Jonathan! Mas ja recuperei a compostura e frieza que me é caracteristica. Bom fds!
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