quinta-feira, 12 de junho de 2008

Outra versão, a mesma estória

Insólito? Há 500m de uma esquadra, num dos bairros nobres da cidade de Maputo, o Triunfo, sobre pretexto de as educar na fé islâmica, um grupo de homens de origem turca abusou sexualmente de 17 petizes, entre os 10 e 17 anos, provenientes do Niassa, Tete, Zambézia e Maputo, durante aproximadamente 2 anos.

Dois dos carcereiros das crianças foram detidos pela PIC, mas a um, sob alegação de que padecia de malária, foi permitido que este partisse para a RAS em tratamento, isto, sabendo-se que temos um centro de investigação de malária de merecido reconhecimento na Manhiça. Algo que leva a indagar-me se algumas verdinhas não terão sido soltas visto que o pássaro turco, que não é burro, já terá voado para outros galhos.

No palco dos acontecimentos, o vice da Mulher e Acção Social, disse não compreender como tal aconteceu e como ninguém se deu conta (?) na vizinhança. Chamou a responsabilidade o chefe de quarteirão ou secretário de bairro por não ter percebido (?) ou sabido (?) a tempo o que se estava a passar ou quem eram e o que faziam os moradores da referida casa (e ainda bem que ele reconheceu que era leigo no assunto)!

Tranquilamente, o chefe de bairro, respondeu que não tinha autoridade para saber o que se passava dentro da casa das pessoas e que os encontros com os moradores da zona eram apenas para tratar de questões externas. Que autoridade tem um chefezito para questionar o que acontece ou deixa de acontecer dentro da casa de alguém? E ainda por cima actos tão bárbaros, que por certo serão reportados na web visto que os turcos fotografavam e filmavam os petizes? E o assunto volta a tona ! Existe ou não pedofilia em Moçambique?



Fonte: TVM

14 comentários:

Nelson disse...

A pergunta do vice me lembrou a do Dr. Amorim Bila..."como 'e possível ter se roubado os 8 milhões de dólares do INSS. A resposta do Secretario me lembrou a do PCA do INSS que não sabia de nadinha porque não tinha autoridade para procurar saber oque se passava na sua "casa". Minha pergunta continua sendo que nessidade existe em ter esses fulanos que nao estao para oque se pensa que devia? Agora se existe ou nao pedofilia em Mocambique, depende da definicao de Pedofilia.

Para mim, usando a definicao que tirei da "Wikiy", existe pedofilia sim.

"A pedofilia (também chamada de paedophilia erotica ou pedosexualidade) é a perversão sexual[1], considerada criminosa e combatida na maioria das sociedades, na qual a atração sexual de um indivíduo adulto está dirigida primariamente para crianças pré-púberes ou não. A palavra pedofilia vem do grego παιδοφιλια < παις (que significa "criança") e φιλια ( 'amizade'; 'afinidade'; 'amor', 'afeição', 'atração'; 'atração ou afinidade patológica por'; 'tendência patológica' - segundo o Dicionário Aurélio)."

Jonathan McCharty disse...

Eu sempre descinfiei desse negocio de "importar" criancas de outras provincias para ensinar sei la o que? E o pais sao seriamente responsaveis. Como e' q alguem deixa o seu filho em maos alheais e nao se preocupa, "por 2 anos" em contactar os miudos e saber como vao as coisas e eventualmente, viajar e ir ver in-loco a situacao?? Sei que alguns iram logo refugiar-se na pobreza para justificar tamanha negligencia. A pergunta que eu faco entao e': qual o peso do amor pelos seus menores?
E essa de fazer escapar o criminoso sob alegacao de malaria, e' mesmo "moz brand" no seu habitual e melhor! Eram criancas de ambos os sexos?

Jonathan McCharty disse...

Eu sempre desconfiei desse negocio de "importar" criancas de outras provincias para ensinar sei la o que? E os seus pais sao seriamente responsaveis. Como e' q alguem deixa o seu filho em maos alheais e nao se preocupa, "por 2 anos" em contacta-lo e saber como vao as coisas e eventualmente, viajar e ir ver in-loco a situacao?? Sei que alguns irao logo refugiar-se na pobreza para justificar tamanha negligencia. A pergunta que eu faco entao e': qual o peso do amor pelos seus menores?
E essa de fazer escapar o criminoso sob alegacao de malaria, e' mesmo "moz brand" no seu habitual e melhor!
Eram criancas de ambos os sexos?

Nelson disse...

O doutor "Candy", jogando culpa para o elo mais fraco. Como esses turcos entraram em Moçambique para começar? Quem lhes concedeu o visto, visto para que tipo de actividade? Que tipo de visto era? Que duração tinha? Alguém se preocupou em inspeccionar/confirmar se estavam mesmo fazendo oque o visto dizia?
Essas escolas seja la de quem forem tem algum registo, no DAR( departamento de assuntos religiosos) do MIJUST ou do MEC? Alguém lhes conhece os currículos? Alguma inspecção/supervisão? Tratando-se de lugares onde menores são "aglomerados", a Acção Social sabe como vivem as crianças? Alguém sabe das condições de saúde em que vivem? Passa por la alguém da saúde? E os pais entregam os filhos assim de qualquer maneira como quem procura se livrar deles? Procuram saber como vai a "educação" dos filhos? Alguma forma de contactar os tutores, alguma forma de monitora-los.
A desculpa do secretario é barata demais ou tudo aqui dentro é barato demais. La fora não é assim não.
Em 2004(Set a Dez) tive a oportunidade de ir a Suíça para um treinamento suportado pela organização onde era voluntário. Entre os vários requisitos constava, (i)passagem aerea de ida e volta, (ii) atestado medico,(iii) seguro de saúde...
Uma vez la ainda tive que me registar como estrangeiro.Regularmente procuravam saber como as coisas estavam indo comigo. Duas semanas antes do meu regresso, vieram saber como estava o meu processo de regresso ou se seria necessário uma renovação e em que me podiam ser útil. Não me senti incomodado ou expulso do pais mas percebi que havia uma preocupação elevada em garantir segurança tanto para mim assim como para eles.
Ja aqui não é assim, eu entro como turista e acabo empresário, dono de lojas em menos de um mês. Entro como estudante e ao cabo de 2 semanas estou de docente numa das nossas baratas universidades. Mas espera ai seu Nelson!... se um mecânico pode estar de ginecologista por uns bons anos num hospital "sério" como é o caso do HCB, onde tem chefes com "autoridade para saber quem é quem" como você acha que um turco não pode viver fazendo oque quer sem que ninguém lhe descubra? E mesmo descoberto tem como a Ximbi diz, umas verdinhas para que deixem "vazar" é "tudo bom" mesmo nesse nosso Moçambique. Entretanto " estamos a trabalhar" para esclarecer o caso. Trabalhar para esclarecer um caso claro só pode significar preguiça ou ignorância.
Ups!!!.. olha só oque a emoção faz na gente!!! Escrevi como se este espaço fosse só meu... Desculpa ai minha gente mas as vezes essas coisas mexem com minhas "guts"

Jorge Saiete disse...

Triste e muito triste o que está acontecndo neste país. A TVM consiguiu nos trazer este caso, já imaginaram quantos ainda falta por serem dscobertos? São muitos e muitos mesmo.
Agora, achei totalmente dspresivel a atitude dos vice-ministros de querer se fazer de santinhos e crucificar o pobre secretários do bairro. Acho uma autentica batota, que só aconteceu por uma questão do poder deles em relação ao do pobre secretário e do chefe do quarteirão.

Avid disse...

Mininaaa... a coisa parece mesmo seria? Vi o telejornal ontem e cada vez mais se ve k nao adianta esconder o sol com a peneira.
K existe pedofilia em Mz isso existe SIM!!! Resta-nos agora saber o "gau" em que se encontra...
Uma tristeza!

Enfim, esquecendo as coisas feias, desejo-te um BFDS
Bjs meus

Bayano Valy disse...

cara amiga,
é triste o que está a acontecer. o perigo é de se tentar associar a prática ao islão. as acções de um indivíduo nunca e nem devem ser imputadas a todo um grupo. como diz a diva, há pedofilia em moçambique e temos que combatê-la com todas as armas. não vamos hoje fazer barulho apenas porque foi o Outro que aparece ter a praticado.

Reflectindo disse...

Que pedofilia existe em Mocambique, não é algo para discutir. O que deviamos discutir é do porquê fechamos os olhos para fingirmos que não vemos. Espanto-me bastante quando uma mulher dirigente e por sinal mãe diz que não existe pedofilia em Mocambique. Talvez estejamos com o problema de definicão o que abre brecha para os malfeitores. Há indivíduos que nos seus nunca ousariam em se pousarem em corpos de criancas, mas que chegados em Mocambique ou noutros países é o que fazem. Vejam que já se reporta que até pessoal das Nacões Unidas faz isso.

Acho que é chegado a altura de exigirmos a definicão da idade mínima para actos sexual.

Quanto à questão de responsabilidade, acho que um secretário de um bairro é pequeno demais, daí o último comentário do Nelson ser bem claro. Há anos, fui director dum centro internato, mas o secretário do bairro onde o centro se localizava não tinha nenhum controle sobre nós. Há responsáveis que devem responder sobre este caso e esses são os que aprovaram o projecto.
Quanto aos pais concordo com o vosso ponto de vista, mas lembremo-nos que muitos por desconfiarem actos deste tipo mandam os seus filhos a desistir da escola o que não é bom para o país muito em particular para as mulheres.

Ximbitane disse...

Nelson

Pois é, Nelson, isto é claramente um circulo vicioso onde todos mandam e ninguém tem culpa. Mas sejamos coerentes, o secretário de bairro não tem absolutamente poder nenhum numa zona como aquela que foi palco dos acontecimentos em debate.

Agradeço a definição de pedofilia, mas não é nesse contexto que a questão surge. As autoridades é que insistem em não chamar os bois pelos seus nomes, cá por mim, existe sim e das mais cruéis pois a custo de um canudo e de um prato de comida quente as nossas crianças são sodomizadas.

E, Nelson, quando voltas a carga, completamente revoltado e com as emoções a flor da pele, estás no teu direito, aliás neste espaço não há limites, ok?

Ximbitane disse...

Jonathan McCharty

É verdade, Jonathan, o mundo está cheio de bem-intencionados, mas como sempre, existe o reverso da moeda e os inocentes é que pagam.

Concordo também contigo quanto a responsabilização dos pais, infelizmente o custo de vida é que faz com que os pais entreguem seus filhos a pessoas que prometem, prometem e apenas saciam seus desejos e vontades maliciosas.

Penso que a confiança cega dos pais se deve justamente às motivações que são apresentadas para que as crianças sejam afastadas de suas famílias (escola, comida, etc). Também não existe essa cultura nas famílias moçambicanas: a confiança cega! Exemplos disso viam-se há uns tempos atrás em que rapazes e raparigas eram levados de suas famílias para servirem de bábás de outras crianças nas cidades. O simples facto de se ser vizinho, no local de origem, era razão suficiente para se estar tranquilo. Dessas crianças, quantas foram abusadas sexualmente e de outras formas?

Essa responsabilização deve ser também imputada ao Estado pois devia criar condições mínimas para que tais situações não ocorram e isso não passa necessariamente pela escolarização gratuita. Veja-se os exemplos de outros países que subsidiam famílias carenciadas.

Ximbitane disse...

Jorge Saiete

Realmente, Saiete, quantos mais casos continuam desconhecidos do público? É por essas e outras que exijo que os bois sejam chamados pelo seu nome e que não venham com falinhas mansas: há pedofilia em Moçambique, sim senhor!

Ximbitane disse...

Diva

Mas é sério, mina! Tu ainda quer saber qual é o grau? Viste e ouviste o depoimento daquele petiz que... Bolas, pah! Até as palavras não saiem, estou revoltada!

Ximbitane disse...

Bayano Valy

Bayano, longe de mim essa ideia de associar um acto tão assombroso com a religião ou um grupo de pessoas pois isso pode acontecer com qualquer religião como capa. Mas verdade seja dita, o pretexto usado pelos turcos para terem espaço para tal foi esse pois as crianças iam as aulas normais. E quanto a combate-la, assino embaixo, vamos em frente? Então já é tempo de acendermos uma vela para as nossas crianças

Ximbitane disse...

Reflectindo

Isso é verdade, Reflectindo, porque fechar os olhos para uma realidade tão evidente? É justamente por isso que pergunto se existe ou não pedofilia em Moçambique pois parece que apenas nós, pacatos cidadãos, reconhecemos essa realidade.

Já no outro artigo relacionado ao tema Pedofilia, indaguei a posição de Maria Supinho, a responsável pela área de combate a esses males no Ministério do Interior. Como um dirigente ignora algo que é evidente e latente? A mim isso causa náuseas.

Também já ouvi falar de actos perpetrados por órgãos como as Nações Unidas, alias estranho o silêncio da UNICEF neste caso.