segunda-feira, 12 de julho de 2010

Estórias em Maputo (26)

Um dos adágios populares, que melhor caracteriza um número considerável de maputenses, é “cabrito come onde está amarrado”. Não se engane pensando que o adágio é somente estampa dos corruptos ! Não corruptos, que se servem da máxima ao pé da letra, também ganham dividendos com a apropriação desse dito popular.

Aliado a isso, o impacto do slogan que mostra e demonstra que, para se sair da pobreza, que graça muitos compatriotas, o empreendedorismo "é a ferramenta", o enlance com o ditado cabrital é quase perfeito. Esse casamento vinga em repartições públicas que acolhem um número significativo de utentes, como centros de saúde e conservatórias de registo diverso.

Nesses e em outros locais de serviço público, funcionários com tarefas específicas, como por exemplo, de secretária ou de limpeza, trazem de suas casas bens de consumo imediato (bolinhos, pão com manteiga, sumos diluídos, água engarrafada, etc.) e, ao invés de executarem as suas tarefas primeiras, dedicam-se, em primeiro plano à venda desses produtos.

Subtilmente, percebe-se que quem não compra não é proporcionalmente atendido, criando assim um círculo vicioso. Como consequência, todo o trabalho atrasa-se e, no que tange particularmente aos sanitários, estes apresentam-se inadequados para o seu uso e o cheiro exalado é deveras incómodo para todos.

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