quarta-feira, 7 de maio de 2008

Politicofeminização

A mulher desempenha, na sociedade moçambicana, um papel inquestionável: é educadora de crianças, é produtora do sustento familiar, em suma, uma guerreira incansável em todas as frentes de combate à pobreza absoluta na qual morre sobrevivente, com raras excepções.

Esta certo que em sociedades ditas democráticas todo o mundo deve ter sangue infectado por algum Partido (que seja filiado ou pela via da simpatia) pois só desta forma poderá exercer o seu direito à escolha pela via do voto, mas politicalizar a questão da mulher virou moda no nosso país tal como todos os pequenos problemas que existem. Um exemplo concreto de politicolização, no lugar de problematização, para se achar a solução, pode-se ver aqui em Debates e Devaneios.

Este sentimento vem pela forma exagerada como é caracterizada a mulher moçambicana na nota introdutória da Politica do Género publicada no site do Ministério da Mulher e Acção Social, liderado por Virgilia Matabele, ao qual se pode ter acesso no proprio site.

Onde são incluídas as mulheres que não participaram da luta de libertação nacional? E nos, as mulheres nascidas pos-independencia? E as que por muitas razões não estão filiadas à ala feminina do Partido no poder? Não são mulheres moçambicanas?

19 comentários:

Jorge Saiete disse...

Questões interessantes. Na verdade a politização extrema da mulher acaba dificultando a união da mulher na defesa de assuntos que interessam a todas. a mulher unida poderia vencer muitos combates mas porque esta anda alienada a política ela autofragiliza-se. Aceito que a mulher se filie a partidos políticos mas não concordo que assuntos vitais e de interesse de toda elas, sejam abordados separadamente. imaginemos no eco que a voz da mulher teria se juntasse sinergias e agisse como um único corpo? e agora, o 7 de abril é dia da mulher moçambicana mesmo? toda mulher? é isso?

Reflectindo disse...

Bom, politizacão penso que é o problema. Seja como for tudo passa por uma política. O grande problema acho ser partidarizacão.

Ximbitane disse...

Jorge Saiete, concordo com o que diz. A classe feminina acaba sendo egoista consigo mesma apenas porque umas não conseguem despir a "capulana" partidaria e resolverem questoes da mulher.

Inumeras vezes tentei fazer parte de circulos de mulheres, mas só deu certo na Igreja, pois aquela máxima "a união faz a força" é dificil de concretizar se não houverem aspectos politicos comuns.

Sobre a questão da celebração do dia 7 de Abril, convido-o a ver um dos artigos que postei a esse proposito "Órfãs da OMM".

Pessoalmente, por nao "tocar batuque e nem comer maçaroca", nao sinto o tal dia como meu, mas sou mulher e moçambicana!

Ximbitane disse...

Pois Reflectindo, talvez o titulo devesse ser esse mesmo, partidirização. Para mim dá no mesmo pois levam todas as sardinhas para a mesma brasa!

Ivone Soares disse...

Olá Ximbitane, achei interessante esta postagem. Bj

Jonathan McCharty disse...

Prezado Ximbitane!

Adicionei-a aos meus "elos" no meu blogue (ainda no seu primeiro gatinhar). Espero que não esteja a incorrer em matérias do fórum de "invasão de propriedade privada/intelectual"!

Abraço

Ximbitane disse...

Obrigada Ivone, ha muito que passou o tempo de arregaçarmos as mangas e fazermos algo por nos mesmas sem olharmos para as bandeiras partidarias que umas têm e outras nao, tudo pela causa da Mulher moçambicana.

Ximbitane disse...

Ola Jonathan, nao incorre a nenhuma pena por visitar o meu cantinho, que alias também é seu.

Visite sempre, comente e contribue e olhe... sou mulher!

Jonathan McCharty disse...

Ola' Ximbitane!
Soube que eras mulher num comentario antigo (nao me lembro onde) em que corrigiste alguem! E' a historia do copy&paste pressa! Se verificares o paragrafo seguinte, veras que a questao de genero esta' bem salvaguardada! Sorry pelo mistake!
Tenha uma optima semana!

P.S-Ja' agora, Ximbitane tem algum significado especial? (Desculpa a minha ignorancia)

AGRY disse...

Não me seduz muito a ideia de discutir as chamadas questões das mulheres.
Passo a explicar.
O homem, na generalidade, carece de moral para discutir questões de GÉNERO
Recebeu, desde a infância, uma educação machista
Continua a viver numa sociedade dominada por homens
É paternalista q.b.
A lista é longa, muito longa, vou ficar por aqui.
Deixo-lhe um link que poderá consultar. Se achar interessante, guarde-o. De contrário, devolva-o ao remetente, por exemplo.
http://www.ubmulheres.org.br/

Ximbitane disse...

Ola Jonathan!

Ximbitane é diminuitivo de "mbita", que é uma panela de barro grande. Logo, ximbitane é uma panela pequena ou panelinha.

Ximbitane disse...

Agry, aceito a sua justificação. No entanto, se não houvesse a longa lista que você apresentou e da qual ainda faltam muitos itens, nao haveria necessidade de discutir particularmente as questões da mulher.

Por favor, nao se distancie dessas questões!

Jonathan McCharty disse...

Thanks Ximbitane, pela explanação!
Tenha um bom dia!

AGRY disse...

O meu comentário pode (ou podia) ser interpretado como uma provocação. Como diz a cantiga “ O que é preciso é animar a malta” !
Fiquei com a ideia de que cheguei tarde. Por isso achei bem aparecer como uma espécie de arruaceiro disponível para agitar as hostes.
Mais a sério
O tema é muito interessante, rico e sério e seria uma pena que não surgissem mais visitantes ( sobretudo no feminino, insisto).
O caminho faz-se caminhando, ainda que descalço. Até que os pés doam, se necessário. É importante não perder de vista que o caminho é feito doutros caminhos nem sempre lineares
Julgo que se deve prosseguir a caminhada ao invés de se aguardar, passiva e comodamente, que sejam os homens a oferecer as auto- estradas que permitirão soltar as amarras de preconceitos seculares
Continue com boas postagens

Ximbitane disse...

Oh, Agry! Confesso que entrei em parafuso, quase que chegava a conclusao de que nao devia mais postar o que quer que fosse.

Mas depois disse para mim mesma, "caramba, o meu grito é o grito dos surdos e mudos cuja linguagem gestual poucos entendem", assim sendo, so me resta gesticular!

Obrigada pela força

PS: Ainda nao tive vagar para espreitar naquele link que me enviou, mas fa-lo-ei, disso tenha a certeza!

Jonathan McCharty disse...

Ximbitane,
Esta questao da "exclusao" e' geral e nao se restringe apenas ao genero femenino! Se tu nao es do "partido" entao es "contra o partido"! Se questionas algum procedimento, entao es da oposicao e nao estas comprometido(a) com o "interesse nacional"!
Portanto, nao te preocupes em continuar "mente-capto", pq no fundo "ta' tudo bem"!

Ximbitane disse...

Jonathan, estas muito certo, mas não creio que desistir seja a solução. De quantas mais coisas teremos que abdicar? Teremos que esperar que venha um Governo que não olhe para as suas cores partidárias? A vida é só esta!

Jonathan McCharty disse...

Estimada Ximbitane!
O meu ultimo paragrafo tem uma "carga expressiva" de ironia e parece que tu percebeste exactamente o contrario do que ia na minha mente! E' dos que se sentem acomodados com essa situacao, e nao vem razoes para mudar esse estado de coisas que estou a falar....

Ximbitane disse...

Humm... fiquei com a sensação de que... hummm! Ok, Jonathan!