sexta-feira, 18 de abril de 2008

Sexo fragilizado

Mulher é sexo fraco ! Quantas vezes já ouvimos esta expressão? Ou até a utilizamos?

Pode até ser, pessoalmente discordo. A mulher não é um sexo fraco e muito menos tem um sexo fraco! Se o tivesse ou se o fosse, não seria ela quem poria no mundo crianças pela via do tal sexo fraco ou então não receberia nele muitos homens, no caso, em referência as prostitutas. Evidentemente a questão não passa pelo sexo entanto que órgão, mas pela percepção da figura da mulher na nossa sociedade.

Estereótipos deste género perseguirão a mulher por longo tempo sobretudo se mentes retrógradas não perceberem que a mulher é um ser igual ao homem em termos de capacidade e competências e isto se pode testemunhar no relato poetizado de Mamana Josina, uma mulher moçambicana.

Grande parte de homens, moçambicanos, porque não a maioria, precisa perceber que a mulher não é tão fraca como pensa. A sua fragilidade reside, em muitos casos, na falta de poder de negociação. Um exemplo concreto disso, é quando um homem regressa das minas da RAS e diante do pedido de sua mulher em fazer o teste do HIV, recusa-se em faze-lo ou em usar o preservativo alegando infindáveis desculpas e motivações que passam pela suspeita de infidelidade por parte da mulher. Diante duma atitude deste tipo, a mulher tem que se sujeitar a tal marido com os riscos evidentes de que tal acto pode causar.

Por outro lado, os ensinamentos adquiridos ao longo da infância e juventude, pela via dos ritos de iniciação e outros meios de transmissão de tradições que ensinam a mulher a submeter-se ao homem sem o questionar, são alguns dos factores que fazem com que a mulher seja considerada sexo fraco.

Este facto, é repisado por Olívia Massango que num trecho do artigo Incógnita social refere que “as pessoas do sexo feminino são orientadas para uma determinada postura social, diferente das do sexo masculino. Assim, sem poder de escolha, são ensinadas a gostar de bonecas, a brincar de cozinhar, de arrumar a casa, etc., tudo num claro propósito de logo cedo aprenderem a ser mulheres. Sim, porque, no meio em que vivemos, ostenta o título de mulher aquela pessoa do sexo feminino que sabe cuidar da casa, da família e, acima de tudo, que reconhece a autoridade do homem no lar, seja ele marido, tio, avô, irmão ou filho”.

Felizmente, sem bem que em número reduzido, a mulher tem pautado ultimamente pela sua auto-formação e formação, e como consequência disso, aprendem a brigar pelo que dignifica e faz bem, tanto para si como para seus filhos e toda a família. Esta afirmação da mulher, muitas vezes, é vista como uma atitude de desrespeito e até de humilhação por alguns homens que não vêem de bons olhos o crescimento da sua própria mulher/esposa. Como resultado, entre os outros factos, lares aparentemente sólidos são desfeitos e as mulheres ficam a mercê de si próprias na incansável luta pela sobrevivência.

4 comentários:

Reflectindo disse...

Interessante tocar neste assunto. Na minha opinião as mulheres próprias devem estar na vanguarda da luta pela igualdade. Hoje não se pode explicar que tenhamos muito deste problema quando já temos muitas mulheres educadas. Partindo dos ritos de iniciacão, quem lá está são só mulheres pelo que quem ensina as raparigas à submissão são as próprias mulheres. Lembremo-nos que a mulher que não se submete ao homem é muitas vezes e em primeiro lugar censurada e humilhada pelas outras mulheres. Independemente se é cunhada, prima ou sogra, directora ou chefe da secretaria, ela é mulher... Temos os casos de discriminacão à mulher, mas a mulher bem colocada nessa área não reage. Isso é o que problema. A mulher tem que acordar. A mulher tem que entender que o homem não cede com facilidade.

OFICINA PONTO E VIRGULA disse...

Sexo fraco=igual a contexto africano.
Sexo fraco=a desleixo das mulheres.
Sexo fraco=igual a preguica

Nota: Repare na India onde a poliginia tem um valor cultural, quem decide, quem faz o que, e a mulher.
Repare, tambem no sistema de "sururato".
Repare tu e outras mulheres com a confusao. homem e homenzarao para carregar sacos e decidir as redias sexuais e relacionais de duas pessoas.
Tudo relaciona-se como a mulher ve e homem ve e consideram a conjuntura das coisas.

Obrigado

Ximbitane disse...

Reflectindo, concordo completamente consigo e lamento que haja mulheres adormecidas. Mas esse sono é provocado pela sociedade, pelo homem e a mulher tem a sua quota parte.

Está certo que a mulher deve aprender que o homem não se verga facilmente, mas também está certo que ela não se deve vergar apenas para que haja um vencedor: o homem! Não vergar significa vitória!

Ximbitane disse...

Pois Ponto e Virgula, tudo resume-se ao despertar da mulher. Mas como vai ela acordar se o homem insiste em mante-la adormecida?

Os factores culturais em muito contribuem nesse sono profundo. Olha o que é aceite lá, poucas vezes é aceite cá. Um homem pode ter muitas mulheres, mas uma mulher não pode ter muitos homens. Porquê?

Porque a uma mulher que se relaciona com muitos homens se dá um nome pejorativo e ao homem que vive situação identica o chamam "machão"?