No último fim de semana, estava num supermercado, bem na fronteira entre a Malhangalene e a Mafalala, quando percebi que uma jovem mulher de trajes humildes e com um bebé às costas estava desnorteada, completamente perdida, saliente-se.
Aproximei-me dela e perguntei-lhe o que se estava a passar e ela, em língua local (ronga), explicou-me que procurava por yogurt. Orientando-me pelas placas que se encontram no supermercado, indiquei a jovem as prateleiras onde ela poderia encontrar yogurt.
Timidamente e talvez encorajada pela minha preocupação para com ela, a jovem pediu-me que lá fosse com ela pois na verdade ela nem sequer sabia o que era um yogurt. Não fiquei muito surpreendida, creio que isso é normal, sobretudo porque a nossa indústria de produtos lácteos não é visível.
Atenciosamente, acompanhei-a à zona pretendida, mas nesse entretanto, a minha curiosidade foi aguçada e a perguntei: “Para que queres o yogurt se nem sequer sabes o que é”? Ela prontamente respondeu que era para o bebé. “Para o bebé”? Perguntei eu ao que ela respondeu positivamente.
Dei uma espreitada ao bebé, que estava adormecido e repliquei: “mas este bebé nem sequer come papa”!? Timidamente explicou-me que tinha sido recomendação de um enfermeiro (?) após a hospitalização numa “maclinica” pois o bebé estava com baixo peso. Céus, quase subi as paredes! O bebé era tão pequeno (3 meses) e estava tão raquítico que tal alimentação só poderia acabar por piorar o seu caso.
Perguntei-lhe se ela não tinha leite de peito suficiente para alimentar o bebé ao que ela respondeu que este era abundante. Prontamente dei-lhe uma lição sobre a importância e a riqueza do leite materno na vida dos nossos pequenos e a jovem Catarina saiu segura do centro comercial com a nota de 50Mt que estava apertada na palma suada da sua mão...
É por muito sabidos que muitas mulheres optam por não alimentar os seus bebés com o leito de peito com o receio de ficar com os seios em “sapatilhas” e verdade seja dita, alguns maridos incentivam e apoiam essa ideia descabida. Esta concepção errada, e que apenas leva em conta o aspecto estético, põe em causa a integridade dos bebés e das próprias mães, algo que muitas desconhecem.
Como forma de alimentar os pequenos, recorre-se ao leite artificial ou em pó que tem as suas vantagens, reconheça-se, mas também muitas desvantagens que podem ser evitadas pelo simples levantar da blusa ou pela extracção e conservação do leite materno.
Nesse entretanto, a “lâmpada das questões” que em mim habita, acendeu-se: o que é feito nas consultas de SMI (saúde materno e infantil)? Será que aquelas palestras, que se davam nos centros de saúde, sobre higiene, cuidados e alimentação adequada do bebé já não têm lugar?
Aproximei-me dela e perguntei-lhe o que se estava a passar e ela, em língua local (ronga), explicou-me que procurava por yogurt. Orientando-me pelas placas que se encontram no supermercado, indiquei a jovem as prateleiras onde ela poderia encontrar yogurt.
Timidamente e talvez encorajada pela minha preocupação para com ela, a jovem pediu-me que lá fosse com ela pois na verdade ela nem sequer sabia o que era um yogurt. Não fiquei muito surpreendida, creio que isso é normal, sobretudo porque a nossa indústria de produtos lácteos não é visível.
Atenciosamente, acompanhei-a à zona pretendida, mas nesse entretanto, a minha curiosidade foi aguçada e a perguntei: “Para que queres o yogurt se nem sequer sabes o que é”? Ela prontamente respondeu que era para o bebé. “Para o bebé”? Perguntei eu ao que ela respondeu positivamente.
Dei uma espreitada ao bebé, que estava adormecido e repliquei: “mas este bebé nem sequer come papa”!? Timidamente explicou-me que tinha sido recomendação de um enfermeiro (?) após a hospitalização numa “maclinica” pois o bebé estava com baixo peso. Céus, quase subi as paredes! O bebé era tão pequeno (3 meses) e estava tão raquítico que tal alimentação só poderia acabar por piorar o seu caso.
Perguntei-lhe se ela não tinha leite de peito suficiente para alimentar o bebé ao que ela respondeu que este era abundante. Prontamente dei-lhe uma lição sobre a importância e a riqueza do leite materno na vida dos nossos pequenos e a jovem Catarina saiu segura do centro comercial com a nota de 50Mt que estava apertada na palma suada da sua mão...
É por muito sabidos que muitas mulheres optam por não alimentar os seus bebés com o leito de peito com o receio de ficar com os seios em “sapatilhas” e verdade seja dita, alguns maridos incentivam e apoiam essa ideia descabida. Esta concepção errada, e que apenas leva em conta o aspecto estético, põe em causa a integridade dos bebés e das próprias mães, algo que muitas desconhecem.
Como forma de alimentar os pequenos, recorre-se ao leite artificial ou em pó que tem as suas vantagens, reconheça-se, mas também muitas desvantagens que podem ser evitadas pelo simples levantar da blusa ou pela extracção e conservação do leite materno.
Nesse entretanto, a “lâmpada das questões” que em mim habita, acendeu-se: o que é feito nas consultas de SMI (saúde materno e infantil)? Será que aquelas palestras, que se davam nos centros de saúde, sobre higiene, cuidados e alimentação adequada do bebé já não têm lugar?
23 comentários:
Está mais ou menos generalizada a ideia que a amamentação provoca benefícios à mãe e à criança e que deve ser mantida durante o máximo de tempo possível.
Esta é uma matéria que respeita a todos, homens e mulheres. Imagino que em Moçambique, por razões de vária ordem, haja ainda um longo caminho a percorrer
Vê este link que parece interessante
http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?17
Prima,
Parabéns pelo post.
Chamas aqui a atenção a duas questões, a primeira dos médicos mecânicos, e das maclínica e a segunda das palestras.Não me vou alongar em relação a primeira pois já o fizeste no post anterior, vou comentar apenas das palestras.
O que é feito delas? Eu participei em algumas sessões no Hospital de Mavalane (há cerca de 5 anos), e lá aprendemos de tudo um pouco, cuidados a ter durante a gravidez, e com o recém nascido, a importância do leite materno, bem como alternativas para suplementar a alimentação das crianças. E olha que não se falava nem yogurtes, nem em gerbes, era farinha de arroz, de milho, puré de frutas, sopas(não as pré-feitas) e muito mais.
E mais, as enfermeiras davam até lições de saúde feminina, de modo a evitar que as mães se desleixem, porque estão grávidas.As sessões eram ministradas em changana e com uma linguagem explícita, ali não havia vergonha de falar fosse o que fosse.
Já naquela altura a afluência das futuras mães era fraca.Hoje em conversa com duas colegas minhas-mães de fresco-disseram me que nunca ouviram falar nas tais palestras.Quer dizer elas pararam, não sei se por fraca afluência.
Mas uma coisa é certa estas sessões dotavam a mãe de conhecimentos mínimos evitando assim ser ser enganada pelos mecânicos das maclínica.
Deve-se fazer algo para resgatar esta prática e talvez encontrar uma forma de “obrigar” as futuras mães a participarem delas.
Bjs
PS: Essa dos seios em sapatilha merece um post.É que depois do parto a luta é recuperar a forma, para tal vale tudo até dieta. A pergunta é porque isso acontece?O que faz as mães colocarem a estética em 1º lugar?Qual é o papel dos maridos/companheiros no pós parto?
Essa do yogurt para uma bébé de 3 meses não lembra ao diabo!
São os efeitos nefastos da globalização a entrarem-nos pela porta dos fundos.
Pena este teu post não chegar a muito mais gente. De preferência em ronga.
gostei do que li e vou voltar!!
Receio contrariar essa corrente, Agry. Na verdade a amamantaçao é descurada por estas bandas. So quem realmente nao tem absolutamente nenhumas alternativas financeiras amamenta os filhos, isso, claro como uma questao de sobrevivencia!
Primosa, realmente voce é mae, e das minhas. Por mero acaso, tinha colocado no artigo essa questao de que anteriormente as palestras do SMI versavam sobre os cuidados a ter com os pequenos, etc, etc.
Tive essa magnifica experiencia em 2001 aquando do nascimento da minha primeira filha. Foi realmente fantastico!
Em 2005, aquando do segundo parto, espantei-me que so levasse o miudo ao peso. Ja nao haviam palestras nem o que quer que seja. Era (é) so peso e vacina, quando necessario.
Tenho muitas coisas contra a OMM, mas nesse aspecto, elas eram boas. infelizmente agora também deram com os pés na coisa e é o que se ve.
Lembro-me que quando ias ao centro de saude, a mae cuja criança tinha uma chucha na boca levava uma bronca, hoje ja nao se ve.
Bom, se o proprio sistema de saude ja deu um chute a coisa o que nao faremos nos? Dar yogurtes e purés de fruta enlatados, logo aqui onde ha tanta fruta e vegetais!!!
Concordo contigo que muito se deve fazer para resgatar esta pratica e os maridos também devem colaborar. Nao é por acaso que logo apos uma gestaçao muitas mulheres voltam a engravidar. Apenas porque nao amamentam, algo que é um anticonceptivo natural. Sabiam, homens? Entao façam a vossa parte!
Obrigada, Jacome! Realmente é uma pena. Tantas vezes me pergunto porque falo certas coisas se nao falo para as pessoas certas.
Mas, olhe, que tal se cada um de nos, que tem acesso a Internet, falasse isso, por exemplo com a empregada domestica, com o guarda, com o jardineiro?
Nao estariamos ja a fazer uma boa acçao? Eu pelo menos ajo assim, se os outros seguirem o exemplo, uma parte do trabalho esta feito!
Nao é so o Sida que se expande, as boas acçoes também! Vamos propagar boas formas de viver?
Ximbitane
Seguramente que não me surpreende o facto de a amamentação estar descurada, por umas e por outras.
Umas, no limiar do novo-riquismo deslumbrante, da internacionalização do consumismo, da era do silicone, rejeitam, por razões óbvias, uma prática agressora da boa estética!
Outras pela deficiência do sistema, por carência de meios, nomeadamente no que respeita à informação e aos cuidados a observar, como referiste e bem.
Finalmente, felicitar-te pela oportunidade e pertinência (penso)
na selecção dos temas e..desculpa lá qualquer coisinha (frase feita muito usada, por aqui)
O processo de gestacao tem mito que se farta! Hoje, em vez de parto natural, corre-se em debandada para as cesarianas! So' um homem maluco e' que pode sacrificar a saude do seu filho por causa da aparencia das suas "mamas"! Mas aqui, me desculpem as organizacoes feministas, a mulher e' a principal responsavel!!
Mitos, educacao e a realidade sao as 'categorias' que se me oferece classificar esta situacao. Mas nao colocaria a mulher como a principal responsavel (culpada) por tudo isto. E' um assunto de sociedade que se deve olhar tanto num paradigma de crencas como no aspecto da 'gestao de processos' que cabem 'as instituicoes abalizadas e o nucleo da familia.
Oh, Agry, voce esta mais do que certo! Sobre essa dos silicones espero ainda um dia abordar a questao. E nao se preocupe, o espaço é de e para todos!
Sem duvida que grande parte do bolo é por culpa das mulheres, Jonathan, mas o homem moderno tem a sua quota parte, reconheçam!
Quanto ao feminismo, se o sou, sou bem moderada, portanto comigo esta a salvo, vamos la ver se as outras nao te caiem em cima...
Muito certo, Dede, mas quem é essa dita sociedade? "A que mal se comanda" (citando a DD)? Onde ela esta e o que esta a fazer?
Primosa,
Não concordo muito com o Jonathan, sinto-me mais confortável com as afirmações do Dedé. É que não amamentar não significa “sacrificar a saúde do bebé”. Que leite materno contém proteínas, protege a criança de doenças etc etc nem todos sabem, ademais existem crianças que nascem, crescem sem nunca ter tomado este líquido, alimentam-se de leites instantâneos e muitas alternativas que andam no mercado. Daí a importância das palestras associadas ao que o Dedé falou [ penso que na sociedade ele inclui família, mais concretamente os mais velhos]. Concordo contigo prima quando dizes que o homem moderno tem a sua quota parte, quantas vezes temos que engolir “veja lá esses peitos estão a desmoronar, ou então hiiiii essa barriga não volta?, parece que ficou um bebé aí dentro”
Bjs
Como previa, esta mesmo a acontecer,hehe!
Bom, eu referi "principal" responsavel, o que pressupoe uma "share" de responsabilidade de seus parceiros! Com tanta catorzinha por ai solta, a boa aparencia feminina (esposas)torna-se um imperativo! Eu diria ate, um exercicio de sobrevivencia, sem maos a medir!!
Estas no teu direito em nao concordar, primosa e eu, se for realmente a ideia que ele passa. Mas receio também que haja um mal entendido entre vocês.
Vendo bem as coisas, o Jonathan critica os homens que se preocupam com a aparencia das mulheres em detrimento da alimentaçao do seu filho. Creio é que ele apenas se expressou mal. Corrijam-me se estiver enganada!
Ai, Jonathan, se todos pensassemos assim... Panela velha, faz a melhor comida, sacou?
Primosa,
A ku bula hi ku yakana (não liguem a grafia).Acho que eu e o Jonathan estamos quites, “we can share the responsability”, e sabe o que acho prima? Ele fez de propósito mesmo para atiçar –nos hehe.
Achei graça no “ exercício de sobrevivência sem mãos a medir”....
PS: essa das catorzinhas merece um post
Bjs
Wene pah, wane nhika ntirho (Das-me o que fazer)! Concordo com o que dizes, primosa, pois no post seguinte ele (o Jonathan) redimiu-se.
Alias acredito que o Jonathan é dos que prefere ver o filho alimentado como manda a lei (da natureza) em vez de evitar o normal percurso da propria natureza (o descair dos seios de mulheres que amamentam).
No entanto, subentende-se também, e nisso ele tem muita razao, que o desleixo da mulher(nao va o Diabo tece-las) é uma porta de saida para os "predadores de catorzinhas", que hoje estao com tudo (como estavamos nos ontem, antes de amamentarmos)e que amanha voltarao a estaca zero.
Resumindo, é um circulo vicioso do qual so se safa quem realmente entende a natureza da fisionomia humana. E é por estas, e outras, que homens de baba rija ainda cheiram a leite: so passam a vida a fazer filhos com varias mulheres!
Bom Ximbi e sua Primosa!
Em vossa opiniao, se uma mulher e' pressionada pelo seu parceiro para que, independentemente da amamentacao da crianca, mantenha os "seios" em dia, qual sera' a sua atitude?
-Sacrifica a crianca para nao perder o seu "amor" ou, como uma verdadeira leoa que nao quer stresses com a sua cria, faz frente ao seu parceiro e o chama a razao??
Porque parece que nesse processo de "proteccao do seu proprio umbigo", procura-se imputar culpas a sua contra-parte!
E tens razao quando dizes que "acredito que o Jonathan é dos que prefere ver o filho alimentado como manda a lei". Em minha casa, a amamentacao tem que ir pelo menos ate um ano!!
Prima,
Este debate tá ter cauda....
As perguntas do Jonathan são a maior saia justa... Ó Jonathan nós já estavamos quites lembra? A responsabilidade é repartida!É que se a mãe carrega culpa porque “sacrifica”(acho muito pesado este termo) a criança por medo de perder o “amor”, que dizer do pai que pressiona a mãe a fezê-lo por um par de peitos em pé?
Bjs
Bom, Jonathan, creio que conheces a minha opiniao sobre este assunto, apenas queres confirmar ou alongar a conversa, nao é?
Se abordo a questao é porque sou apologista dessa teoria, nao é assim? Se nao, ja sabes: sou pela amamentacao pelas razoes que cito num dos links do artigo!
Felizmente para mim, o meu amor sao as pessoas que gerei do meu proprio ventre e amamentei do meu proprio seio. Faco-me entender? E esse amor é incondicional, o amor de mae.
Agora se o meu parceiro procura em mim a perfeicao, pobre dele! Tenho os seios descaidos e tudo mais a despencar mas tenho uma mente e atitudes que nenhuma catorzinha tem.
Se o problema dos homens é o involucro (catorzinhas de seio empinado e mamilo rijo), azar o deles. Pois a vida é um circulo: hoje ela esta nova e amanha vai ficar como eu estou agora e com a mente sa!
A natureza criou um ciclo de vida para tudo: nascer, crescer, envelhecer e morrer, entre outras etapas, e o descair dos seios esta entre essas etapas e é por isso que o Homem inventou o soutien!
Era so' um bocado de lenha na fogueira....Tambem com o frio que se faz sentir!!!
Bom fim de semana pra vcs maes babadas!!
Logo vi, essa atitude é atipica do Jonathan que conheço!
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