O número de cantarinos (expressão copiada no Nullius in Verba), em particular na capital, cresceu como se de mosquitos do pântano se tratassem após uma copiosa chuva de verão. O sucesso fulgrante dos mesmos e a avidez do público em querer consumir um produto nacional e actual fez com que os primeiros atingissem pedestais de fazer inveja a muitos: grande parte da classe saiu directamente do anonimato para o estrelato.
No entanto, ultimamente o espectro do insucesso apoquenta esta mesma vaga de músicos moçambicanos. Vulgarizada pelo “Puto mais fofo da Africa Austral”, Fred Jossias, a expressão “Bater na rocha”, que significa estar na mó de baixo, que é algo de que todos cantarinos fogem como se de uma seringa de penilicilina se tratasse, resume a nova neura.
Se até bem pouco tempo os pandza-dzukuteiros, alguns rappers e outros que não se afirmam em nenhum style, mas que passeam na mesma carruagem, afirmavam que a prata da casa era suficiente para assegurar um show, hoje as coisas parecem estar a mudar de rumo e a voltar ao que era antes: os estrangeiros é que chamam o people!
Voltando à vaca fria, o trauma da cabeçada ou de carregamento da rocha é uma questão verdadeiramente preocupante. Bate na rocha quem não se faz presente nos programas televisivos, com particular incidência, quem não lança hits, quem não está nos tops que fazem render as operadoras ou quem cujos espectáculos reúnem um número insignificante(?) de espectadores.
Bom ou mau, bater na rocha ou raiar a isso muitas vezes apoquenta músicos e labels que tem carisma e produzem beats de reconhecida qualidade (tanto na batida como no conteúdo construtivo) tudo porque quem os devia apoiar opta por propagar o vazio, o nudismo, consumismo, exibicionismo, snobismo e outros -ismos: editoras, produtores de espectáculos e patrocinadores.
Os cantarinos, esses, ao invés de amadurecerem, com as observações da sociedade e de músicos verdadeiramente esclarecidos, pelo vazio de seus hits, nada mais fazem do que aproveitar os momentos de luz, camera e acção e flashes à mistura, para “mandar para China” quem os contraria, critica ou aconselha a aproveitar o sucesso para fazer pandza sim mas com valores contrários aos que ouvimos/vemos actualmente.
Produzir um albúm de qualidade, nem pensar, o que vale é a quantidade de hits, presenças nos tops, nas Tv’s, nos shows em playback, enfim expôr-se ridicularmente de óculos escuros debaixo do holofotes! O pressing é tal e total que a todo custo não se quer correr o risco de bater na rocha ou então há bifes na área com cenas de pugilato à mistura!
No entanto, ultimamente o espectro do insucesso apoquenta esta mesma vaga de músicos moçambicanos. Vulgarizada pelo “Puto mais fofo da Africa Austral”, Fred Jossias, a expressão “Bater na rocha”, que significa estar na mó de baixo, que é algo de que todos cantarinos fogem como se de uma seringa de penilicilina se tratasse, resume a nova neura.
Se até bem pouco tempo os pandza-dzukuteiros, alguns rappers e outros que não se afirmam em nenhum style, mas que passeam na mesma carruagem, afirmavam que a prata da casa era suficiente para assegurar um show, hoje as coisas parecem estar a mudar de rumo e a voltar ao que era antes: os estrangeiros é que chamam o people!
Voltando à vaca fria, o trauma da cabeçada ou de carregamento da rocha é uma questão verdadeiramente preocupante. Bate na rocha quem não se faz presente nos programas televisivos, com particular incidência, quem não lança hits, quem não está nos tops que fazem render as operadoras ou quem cujos espectáculos reúnem um número insignificante(?) de espectadores.
Bom ou mau, bater na rocha ou raiar a isso muitas vezes apoquenta músicos e labels que tem carisma e produzem beats de reconhecida qualidade (tanto na batida como no conteúdo construtivo) tudo porque quem os devia apoiar opta por propagar o vazio, o nudismo, consumismo, exibicionismo, snobismo e outros -ismos: editoras, produtores de espectáculos e patrocinadores.
Os cantarinos, esses, ao invés de amadurecerem, com as observações da sociedade e de músicos verdadeiramente esclarecidos, pelo vazio de seus hits, nada mais fazem do que aproveitar os momentos de luz, camera e acção e flashes à mistura, para “mandar para China” quem os contraria, critica ou aconselha a aproveitar o sucesso para fazer pandza sim mas com valores contrários aos que ouvimos/vemos actualmente.
Produzir um albúm de qualidade, nem pensar, o que vale é a quantidade de hits, presenças nos tops, nas Tv’s, nos shows em playback, enfim expôr-se ridicularmente de óculos escuros debaixo do holofotes! O pressing é tal e total que a todo custo não se quer correr o risco de bater na rocha ou então há bifes na área com cenas de pugilato à mistura!
19 comentários:
Talvez começo por acrescentar um “ismo” o famoso “Lambebotismo”.
É triste a situação dos músicos ditos da nova geração ( se é que posso chamar de músicos), não sei onde esses “tipos” vão buscar inspiração, aparecem de repente e desaparecem de repente. Se lançar-lhes uma critica chamam-te de invejoso. Os “tipos” não estão preocupados em amadurecer quer é minutos na TV e oportunidade para impressionar a vizinha ou “engatar” outra ignorante.
Acho que se devia punir os músicos que nos “brindam” todos os verão com músicas estúpidas. Enfim, é a geração de músicos que temos.
cara amiga,
continue assim. o que posso dizer? estás a bater a rocha (hehehe). o teu texto enuncia realidades que não devemos ignorar. de facto existe tanta mediocridade por ai que como dizia o brasileiro "está dominado". repara que ontem cheguei à casa mais cedo do que o normal, e como mudei-me recentemente ainda não meti tv cabo onde vivo, pelo que, consumo a dieta das nacionais. não sei porquê, mas a antena pega melhor a stv. então fui ouvindo os dois + da fama show a falarem (interessante como foi feita a parelha). e depois mudei para a rtp. mas para lá chegar passei pela miramar e foi quando ouvi o fred a falar da "separação" do oliver style e miss zav, como também do comunicado da bang sobre as saidas de vj, db e marlene. eram programas de entretenimento. mas qual não é o meu espanto quando a stv abre o seu jornal com a notícia das saídas da bling, vj e marlene!!!!! se os cantarinos já abrem um jornal, não sei o que será amanhã.
também como é que havia de ser diferente se até fazem spots publicitários para a frelimo?
Inspiraçao, Shir? Ainda nao me tinha dado conta desse facto nos nossos musicos ou melhor, cantarinos. A unica e exclusiva preocupaçao deles é de longe poder estar no topo, dai a neura de fugir a 7 pés das batidas na rocha, hehehehehe
Pois é, Bayano, também fiquei estupefacta! Mas, nas entrelinhas pode-se perceber muito mais dessa entrada em grande nas manchetes do jornal televisivo. Nao concorda?
concordo. ainda hei-de me debruçar sobre isso one day (não falta muito). não entendo muito bem quais são as prioridades da stv, mas começa a parecer-me claro que querem estar na liderança da promoção da baixa cultura (dumb down).
Muito bem Ximbita!
Em tudo a qualidade sempre venceu a mediocridade em relação a garantia. Bayano como sempre, tocou num aspecto extremamente preocupante eu sempre me questionei sobre o que tem haver com nosco a separação de Miss Zav com o oliver style? isto é igual às músicas destes muitas não tem nada a ver com nosco! pelo que não deviam ir ao ar.
ahahahah... saídas da bling, vj e marlene!!! eu acho que os experientes tem muito emprego aqui no sentido de mostrar a STV e O País o que efectivamente é de interesse da sociedade.
Num outro canto (blog do Elísio Macamo), a propósito da euforia pela vitória de Obama e o linchamento de Mugabe do Zimbabwe, dizia que é fácil entrar na euforia e apedrejar Mugabe; o que é difícil é contextualizar, explicar o que propicia tais factos.
O que é que propicia a cogumelarização de cantarinos? O que é que sustenta a arrogância das "novas estrelas" da música moçambicana? Que relevância tem o contexto nacional/internacional nas abordagens destes cantarinos? Que critérios usamos na escolha do que ouvimos e não ouvimos?
Estas e outras perguntas podem, de certa forma, explicar o boommm de cantarinos que assistimos nos nossos dias.
Mas, mais importante do que tudo, é a nossa atitude. A bem ou a mal somos nós que financiamos esses cantarinos na sua busca contínua de novos hits (quase ao rítmo de um por semana). Somos nós que apimentamos a sua arrogância por consumir o que produzem apesar das críticas que, reiteradamente, fazemos da sua atitude e das suas abordagens.
JSM
PS: Só para elucidar o meu ponto de vista: nas festas que promovemos, dançamos + pandza e Dzukuta do que passada e Kwassa que dançávamos há anos; não dançamos músicas que falam de CHEIAS, SIDA ou POBREZA, dançamos Xitilo Xa Bobi e Cia.
chacate, o problema é que parece que não se quer ver os que trabalham de verdade onde pertencem; veja o exemplo de comiche e simanfo (deviz). é o mesmo nalguns locais. o que interessa é o lucro. pior, a nossa sociedade consome mediocridade e não há como sair de lá. já viste como te criticam quando criticas xitilo xa boby ou o conteúdo das pandzas? o que noto é que o povo está sendo moldado de tal sorte que daqui há uma geração teremos incultos sociais (homens a bater em mulheres, e a coisificar a mulher como se fosse o fim do mundo, entre outros).
júlio, são boas as questões que levantas. de facto o "que é que propicia a cogumelarização de cantarinos? O que é que sustenta a arrogância das "novas estrelas" da música moçambicana? Que relevância tem o contexto nacional/internacional nas abordagens destes cantarinos? Que critérios usamos na escolha do que ouvimos e não ouvimos?" não tenho respostas, mas essa é uma realidade. talvez uma forma de olharmos para esse fenómeno de "cogumelarização" (teu termo) de astros é olharmos para a nossa sociedade: o que ela entende de cultura? o que ela entende de bom gosto? o que ela entende de qualidade? o que ela entende de valores societais? que tensões sociais existem no seu seio? se as pessoas estão cientes do que fazem? enfim, há uma série de questões sobre as quais nos devemos atentar.
Ximbitane, excelenete essa sua abordagem, pois, para esta gente, interessa e sempre minutos na televisao e nao lhes interessa o amadurecimento(Shirangano), pois, este, muitas vezes, significa o afastamento com o que consideravamos mais, (o bom musico, odeia se expor)e atreva/se a convencer um bobista a naoa aparecer...
a cultura 'e que faz um povo e um pais, sem cultura esta apto a consumir tudo, e isso, interessa as operadoras, as multinacionais, que aqui vem, porque interessadas somente com o lucro. e estes amigo Muthisse, sao os que sustentam, os cantantes, porque seu isco de mercado...a mim entristece me quando estes, tomam de assalto, algumas realizacoes de cunho publico,e que mechem com o orgulho de uma nacao, como a questao que se coloca, hoje de homenagear Lurdes Mutola, so com bobistas....onde vamos nos?e porque vamos?sera que vamos?porque temos a mania de dar dois passos a frente e seis a retaguarda?
e bate na rocha, o Jose Mucavele, porque nao aparece e de oculos escuros na televisao, raios pa.
CJ, falaste e disseste! O que tenho eu a ver com as querelas da Miss Zav e do Oliver? bom, vai ver que é uma tentativa de se fazer o que se faz noutras paradas.
Nao tarda muito e os paparazis estarao a ganhar mola a custa dos cantarinos; Escreva o que digo!
Muthisse, lamentavelmente para as tuas questoes do segundo paragrafo, temos que dar a mao a palmatoria: a culpa é nossa! Nos os consumidores que avidos, rebolamos e cantamos e tardiamente questionamos, como agora estamos a fazer e amanha, de novo estaremos a dançar...
Bayano, tens toda a razao: nos proximos tempos teremos esse tipo de atitudes (violencia contra a mulher e coisificaçao) e nem sequer nos daremos conta que sao os efeitos do que se vive actualmente, em todos os sentidos.
E, vamos la tentar responder as questoes do Muthisse que afinal sao de todos nos!
Faço das tuas minhas palavras! Ja ha tao pouco espaço para os "cantores", justamente porque as multinacionais os enterraram vicos e hoje, numa ocasiao unica como é a celebraçao dos feitos da Lurdinha, iremos nos contentar com cantarinos.
Sendo ela um icone em Moçambique, deveria ser reverenciada por outros com a mesma grandeza, ainda que nao tenham pisado palcos mundiais. Longe de mim remeter os cantarinos ao canto do palco, mas ainda acho que um pouco de humildade e boa educaçao faria destes verdadeiros cantores...
E quando chega o verao...
Sabem? Eu tenho receio de que em tudo estejamos a perder referências; que estejamos a perder o norte. A preocupação pelo imediato faz nos esquecer o amanhã. Mas será que temos condições de pensar o amanhã ou somos obrigados a pensar no dia de hoje e deixar para amanhã o dia de amanhã?
Hehehe; tenho medo que a referência musical do meu sobrinho seja MC Roger, Ziqo ou Danny OG; que da minha filha seja Miss Zav e Cia. Hoje perante o chefe do Estado serão esses que desfilarão na homenagem à Mutola.
Temos como inverter o cenário de mediocridade assim se até o MEC o insentiva? Não, não temos! Esta mediocridade projectada pelo Estado para mim demonstra que estamos a enterrar as nossas referências. Estamos a matar Mucavel, Hortêncio Langa, Litsuri, Cabaços e companhia. Não nos interessam.
É provável que a Mcel seja a patrocinadora deste evento. Só assim se justifica que sejam os bobistas a cantarem em playback na homenagem à Lurdes e nos proibam de ouvir a educativa balada "as minhas filhas" que incentivaria milhares de crianças que sonham em ser LURDES's a trabalharem muito para chegarem onde elas querem.
Enfim o cantarismo se reproduz assim. Se reproduz nas festas em que iremos e dançaremos xitilo xa bobi, e nos discos piratas que compramos em cada esquina.
Se reproduzirá se, orgulhosamente moçambicanos, com os nossos filhos de lado, sentarmos para ver a Lisa Nua a dançar na gala à Lurdes Mutola sem mudarmos de canal. É ai que as minhas filhas meterão de vez na cabeça que aqueles são os melhores cantores do país. É que de outros canais, perante o PR só se vêm cantar os que elevam a cultura desses países.
Estou ZANGADO. Desculpem se fugi do tema. Mas somos nós com os nossos impostos e tudo que promovemos a mediocridade.
Lamentavelmente é isso que vai, alias, acontece com os nossos filhos. O meu pequeno "ama" o MC, Ziqo e companhia.
Quando oiço as Baladas de Mucavel, eles sao os primeiros a dizer "hii, mae, pareces velha a ouvir isso", e so tem 7 e 4 anos!
Também, pobrezinhos, as unicas musicas de criança que ouvem sao da brasileira Eliana, da Xuxa e duns outros miudos. De ca...
Julio nao fugiste do tema nao, na verdade, a Ximbitane, queria provocar isto...ºe que ºe dificil, pode-se ate ensinar as criancas a gostar do que ºe bom, mas onde convivem e passam a maior parte de tempo...verdade ºe que nao podemos desistir deste exercicio(ensinar o certo), nao podemos cruzar as maos,nao podemos ficar apaticos perante o cenario que se desenha...entendo que o Governo de dia preocupa-se e quando coliga com bobistas copm voto e somente, mas, se soubesse o mesmo, onde reside a verdade, estaria a par do que faz, desenvolvendo activadades que estimulem o verdadeiro musico a trabalhar~, mas nada, mataram as casas de cultura, onde so se vende alcool(estas foram idealizadas por Luis Bernardo Honwana), nos bairros, ja nao ha realizacoes culturais, a CNCD danca, so para elites,
nao vou mais falar, senao dirao que sou um nhonguado, frustrado, invejoso, hei?
Amosse, é provável que sejamos todos nyoguosos. Mas calar e assistir o melhor a descer pelo esgoto abaixo tb é demais.
Realmente é isso, Amosse. O Muthisse, apesar de zangado, não fugiu não. Espelhou a realida e você tem tambem toda a razão em estar revoltado com a matança à nossa cultura nacional por parte de quem a deveria defender com unhas e dentes.
Se uns nao o fazem, realmente nao devemos ficar apaticos e deixar a caravana passar. Temos que ladrar! Acredito que ensinando aos pequenos o que é certo e errado, estaremos a construir homens que saberao fazer as melhores opçoes.
Concordo contigo, Muthisse! Há sapos que ficam entalados na goela e que não descem nem empurrados com agua!
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