O lobolo foi/é um hábito tradicional que dignifica a saída de uma filha da sua familia progenitora para outra. Este hábito, praticado ao longo dos anos, no qual apenas bens extraidos da machamba ou do curral eram necessários, hoje é condicionado a existência de elevados valores monetários, razão pela qual é contestado.
O lobolo, festa familiar por excelência, visa(va) essencialmente fazer com que as familias se conheçam e assumam o compromisso de salvaguardar a nova familia que se forma. Uma defendendo que o produto-troca/dinheiro não se perca e a outra prometendo não criar desgostos de modo a que tenha que reembolsar a primeira familia.
Sendo o lobolo uma prática de gratificação, a este também está inserido uma multa que tende ultimamente a ser verdadeiramente exagerada facto que origina, em alguns casos, a separação dos jovens casais ou então desavenças de profundo impacto entre masseves, como o que aconteceu recentemente com a familia Thovela.
Segundo relatos, o jovem dos Thovela viveu em concubinato com uma moça sem a ter lobolado e, sendo que está assim pereceu, a familia progenitora condiciona o seu enterro ao pagamento de uma multa de 7500 Mt, posterior apresentação da familia (pois sem se passar por estes rituais as familias “não se conhecem”) e lobolo simbólico.
Ao jovem que engravida ou passa a viver em concubinato com uma moça sem o consentimento da familia da mesma incorre a uma multa que visa o castigar. Reza a tradição que se o “ladrão” não reunisse condições para pagar a multa, bastava os masseves irem pedir “água” à sua nora que assim a podiam levar com o consentimento de todos. No entanto, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e a tradição já não é o que era!
O lobolo, festa familiar por excelência, visa(va) essencialmente fazer com que as familias se conheçam e assumam o compromisso de salvaguardar a nova familia que se forma. Uma defendendo que o produto-troca/dinheiro não se perca e a outra prometendo não criar desgostos de modo a que tenha que reembolsar a primeira familia.
Sendo o lobolo uma prática de gratificação, a este também está inserido uma multa que tende ultimamente a ser verdadeiramente exagerada facto que origina, em alguns casos, a separação dos jovens casais ou então desavenças de profundo impacto entre masseves, como o que aconteceu recentemente com a familia Thovela.
Segundo relatos, o jovem dos Thovela viveu em concubinato com uma moça sem a ter lobolado e, sendo que está assim pereceu, a familia progenitora condiciona o seu enterro ao pagamento de uma multa de 7500 Mt, posterior apresentação da familia (pois sem se passar por estes rituais as familias “não se conhecem”) e lobolo simbólico.
Ao jovem que engravida ou passa a viver em concubinato com uma moça sem o consentimento da familia da mesma incorre a uma multa que visa o castigar. Reza a tradição que se o “ladrão” não reunisse condições para pagar a multa, bastava os masseves irem pedir “água” à sua nora que assim a podiam levar com o consentimento de todos. No entanto, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e a tradição já não é o que era!
6 comentários:
Não tenho nada contra a tradição, pelo contrário respeito. Quando se trata duma tradição diferente da minha, procuro ver o lado bom, aceitou as diferenças. Mas o que tenho constatado, é excesso de oportunismo por parte da família das moças. As pessoas aproveitam-se bastante nestas situações. Algumas famílias, senão a maioria, que se agarram ao lobolo não têm formação ou ainda não conseguiram ultrapassar problemas estomacais (fome).
Porque é que a família do rapaz não exige algo à família da moça, uma vez que o seu filho demonstra boas intenções? Se é por trabalho que tiveram para criar e educar a moça, acham que a família do moço não teve o mesmo trabalho?
No meu caso, felizmente, os país da minha esposa, apesar de serem de cá de sul, não foram por esse caminho. Olharam para as minhas intenções. E lá foi a festa de noivado e mais tarde do casamento.
Também não tenho nada com a tradição em si, mas que estão há haver excessos lá isso está a acontecer e eu, apesar de ser mulher, sou contra esse tipo de coisas.
Você realmente é um tipo de sorte Shirangano! Agora vê se não metes os pés pelas mãos. Ninguém responderá pelos teus actos e consequencias dos mesmos senão tu mesmos e... beijocas a minha sobrinha. Como se chama ela?
O que chamamos de oportunismo, em minha opinião, é a manifestação da evolução e da adaptação dos nossos usos e costumes aos dias que correm.
O lobolo evoluiu com o tempo. O s bens que o integram foram se diferenciando ao longo dos tempos em função do que a sociedade dá valor e aceita em cada momento.
Passamos da fase de Tihaka, das Galinhas etc, para os bois, depois para o Tipondo (dinheiro) e agora para outras coisas incluindo Celulares.
Shiringano,
O lobolo na sua essência é uma troca de "meios de produção". É assim que o vejo; está assim catalogado em alguns livros. Eu Mutisse, pai, receberei bois que produzirão riqueza entre os mutisses, deixando ir a minha filha que (também) produzirá riqueza nos Mabundas que a lobolam (note que uso plural, famílias não um acto singular da Mutisse com o Mabunda) incluindo gerar filhos etc.
Não é por acaso que sem lobolo, por tradição, os filhos não te pertencem...
Eu tive a mesma sorte. Não me exigiram celulares nem 4x4 mas não me livrei da multa de ter feito as minhas meninas antes de lobolar e/ou casar. MAs não foi nada de me tirar a pele, foi cumprido o que eu já esperava no contexto em que estas coisas de lobolo acontecem.
Sei de pessoas que protelaram indefinidamente planos de casamento e tudo por causa destes lobolos milionários de hoje em dia.
Oi mana Ximbitane, a sua sobrinha chama-se Nicolle.
Mano JULIO, posso concordar que se trata de troca de meios de produção. Mas eu presencie um acto bem diferente. Meu tio, engravidou uma moça e consequentemente teve que lobolar. Recebeu multas que nunca tinha ouvido falar. Como se ele tivesse cometido uma atrocidade. As coisas piorar quando se aperceberam que ele não é do sul. Duvido que ele faça isso com as filhas.
O meus avós não estavam informados como as coisas funcionava, estavam habituados lá terra, “o ofendido que me procure” “peço-lhe desculpa e assumo o erro”. Portanto, cada erro que cometiam era multa.
Quanto fomos passar a festa do fim do ano (2007/8) na casa dos meus avós, o meu tio dizia p’ra as irmãs na nossa língua materna: “não tenham receio em mandar essa maTchangane (atenção ao T, é carregado de preconceito), custou-me muito caro.”
Muthisse, falou e disse! Os tempos mudam e com el a dinamica do lobolo.
Pessoalmente, sabendo que é uma familia que está em contruçao, não percebo porque temos que nos aproveitar disso para lucrar algum. Se nunca tive fato completo nao vou esperar que seja a familia Mutisse que mo vai trazer e, nem adianta ela esperar isso do meu varaozinho!
Veja só, amigo, de certo que acompanha, nos nossos canais de televisao o que se passa num lobolo. Bom, é uma publicidade mas nao tarda e já se esta a pedir mobilias em troca das nossas filhas. Vê se pode!
Que tipo de lar estao a construir? So porque trouxeram mukhumes e capulanas, por livre e expontanea vontades deles, la na minha sograria quando me recuso a fazer algo que acho que outra pessoa o pode fazer chantageam-me dizendo que devo devolver as capulanas deles. Imagina um jogo de sala de visita e de jantar 5 anos apos o lobolo! Para onde vamos?
Oh, Shirangano, retratas algo que acabo de ilustrar ao Muthisse. Esses absurdos familiares tem as suas sequelas na pele da moça.
Lobolo e multas sao uma boa pratica, mas devem ser actos simbolicos e nao formas de "lucrar" pela desgraça alheia.
No caso de gravidez, por exemplo, a multa deve ser uma forma de incentivar outros jovens a evitar fazer filhos antes do matrimonio e nao castiga-los por terem-no feito como tem sido pratica ultimamente.
É por estas e outras que muitos jovens "picam" quando as namoradas ficam gravidas ou entao correm para abortos clandestinos, enfim, males causados dentro de casa e que tem repercurssoes por toda a vida!
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