sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

14zinha por encomenda

Varios orgãos da Comunicação Social audiovisual noticia(ra)m a detenção de uma jovem, entre 25 e 28 anos de idade, nos corredores da escola Secundaria Francisco Manyanga, em Maputo, como "angariadora de adolescentes para relacionamento com homens mais velhos".

Visando aliciar e levar logo consigo uma "menina de entre 14 e 17 anos, de preferência mulata, para um amigo de seu amigo, um cidadão português de 28 anos (e com as malas aviadas, ainda nesse dia, para destino desconhecido)", a jovem em questão confessou suas pretensões.

Dizem ainda, alguns orgãos, que a detida faz parte da vasta cadeia de aliciadoras de menores, para o circuito da exploração sexual de menores, da não menos famosa e em julgamento na RAS, Aldina dos Santos, a tal do caso Diana, com 65 acusações sobre a cabeça.

Assustadas e preocupadas, direcção da escola, familias e adolescentes abordadas, bem como toda uma sociedade, cada dia se torna dificil perceber até onde vai a perversão humana: mulheres que lucram vendendo outras mulheres e homens que satisfazem os seus instintos lascivos com crianças!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Calçadão... dos bairros

A fama da imitação do calçadão brasileiro, vulgo Miramar, na avenida da Marginal, é por demais conhecida tendo merecido calorosos debates em programas televisivos e em fóruns de discussão. Para além do congestionamento do trânsito naquela zona, as critícas, apesar de duras e constantes, caiem em ouvidos de mercador pois o pessoal só quer “txilar”.

Relatos de ralis que perigam a vida dos mirones, de bebedeiras fenomenais, de volume alto de música, de cenas de discussão e de pancadaria, de desfiles em trajes vergonhosos e de orgias à vista de todos, são os principais aspectos que (des)prestigiam os finais de dia e inicio de manhãs, sobretudo no fim-de-semana.

Também já é habitual ver grupos de pessoas concorrerem com os habituais vendedores de drinks e fast food. Munidos de arcas frigorificas, frigorificos à gás e barris de cerveja... bebidas de todo o tipo são vendidas e/ou consumidas à torto e a direito. Posto que os bancos do carro já não bastam, cadeiras, dobráveis ou plásticas, e mesas são armadas no “calçadão”.

Portanto, o “calçadão” maputense, que é réplica da calçadão brasileiro apenas no nome, tornou-se, ponto de passagem obrigatório dos noctívagos. As idas ao “calçadão” são também uma rampa de aquecimento para as noitadas nas discotecas locais ou então discotecas a céu aberto onde tudo é permitido e ninguém “puxa orelhas a ninguém”.

Diante do espectáculo vergonhoso e deprimente que se assiste na Miramar, muitos preferiram criar o mesmo ambiente nas suas zonas residências, ainda que sem praia à vista. Assim, tal como no “calçadão”, nos bairros, a vizinhança, geralmente kotas, alguns amigos e/ou familiares de outras zonas, associam-se na compra dos “bebes” e do pitéu.

A vizinha do R/C sai com o fogão e a do segundo com o carvão. A do primeiro prepara o petisco à sua maneira. Os kotas descem com as cadeiras, a miudagem brinca à volta e todos txilam à beira de casa. A iniciativa é de louvar pois as pessoas (re)começam a socializar-se. Mas e o exemplo do alcool e do tabaco na seio das crianças?

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Férias dentro de casa

Do nada, a sexta-feira foi "instituida" dia do homem. Dia esse em que os homens se dão a liberdade de sair do trabalho directamente para o txiling sem, sequer, uma passagem por casa, para um banho, mudança de roupa e satisfação a familia. Uns, os desportistas e verdadeiros adeptos da essência do dia do homem, aproveitam e bem para pegarem algumas de gargalo longo pelo pescoço, petiscam e cavaqueiam com amigos.

Outros, rabos de saia por excelência, e que não aguentam manter, fora de casa, o ziper fechado juntam o útil ao agradável: vão ao campeonato das loirinhas, acrescentam a isso o balançar do esqueleto numa discoteca qualquer ou ao som altissimo dos carros e depois partem para momentos de pura perdição com as garinas da banda esquecendo, algumas vezes, da importância da camisinha.

Ter um dia só de homem, é um direito, e deve também existir um dia só da mulher! Depois de uma cansativa e stressante semana laboral, aliada aos biscatos e tricatos infindáveis para facturar mais algum, uns copos, papo com os brothers, música do carro ou do bar, são uma forma de alivio e descompressão se se pensar que ao fim-de-semana o tempo será inteiramente dedicado a familia.

Mas a coisa tornou-se tão banal que muitas esposas e companheiras, desses homens, já nem sequer se preocupam com isso, até agradecem pois tem um tempinho só para si para a novela, sem o pressing do jantar, da roupa do dia seguinte, etc. Por outro lado, como a ocasião faz o ladrão, verdade seja dita, há mulheres que se aproveitam da ocasião para tirarem também uma lasquinha. Se há igualdade de direitos, também estão no seu direito, não é?

As marujas de primeira viagem, essas, com medo de perder o carapau, esforçam-se em mudar o cenário, tentando participar activamente nos meetings masculinos, mas, acabam duma ou de outra forma levando um KO, de tantas tampas, e entram no circulo vicioso das mulheres conformadas e relaxadas ou das inconformadas e das txiladoras que pagam pela mesma moeda.

Mas, ultimamente, parece que esta prática já não é suficiente para contentar os machões moçambicanos: agora inventaram as viagens dentro de casa. O que será isso? São viagens, geralmente de trabalho ou de negócio, inventadas pelos homens, para se instalarem confortavelmente durante um tempo nas Casas 2 sem para tal terem que dar satisfações a Casa 1.

Ou seja, os homens tiram dias de férias ou até continuam a ir ao trabalho, mas não retornam a casa no final do dia laboral! As artimanhas são tantas que até as costumeiras e poupadas ajudas de custo, que tanto ajudam nos projectos da familia, passam a não ser canalizados por aqueles "exploradores que nos matam de tanto trabalhar sem pagar nada", assim justificam.

Como se não bastasse, ainda retornam a casa com roupa suja como se os "habituais hóteis", de outros tempos, em que se hospedam a trabalho não mais lavassem roupa. Player com estatuto? Tenham dó!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Desafio d’Avid

Avid, companheira d’armas e auto-intitulada maluquinha do Vasikate va Moçambique, propôs um curioso desafio ao qual mergulho agora, um “exercício” aparentemente simples e carregado de humor q.b., como poderão ver ou ao exercitarem-se também.

Para responder as perguntas do desafio, deve-se previamente escolher um cantor/músico (cantarino também serve) e, com base nos títulos da música deste, responder ao questionário.

Escolhi o albúm Declarações d’um apaixonado do músico(?) moçambicano Herminio. No final do questionário, deve-se propôr uma lista de 7 pessoas/blogs que deverão, por sua vez, responder ao desafio e, como diz o Herminio, “a fila anda”...

1. És homem ou mulher? Lau/ Sexy girl
2. Descreve-te. Vai custar
3. O que as pessoas acham de ti? Professora/ Amiga da onça
4. Como descreves o teu último relacionamento? Como pudeste?
5. Descreve o estado actual da tua relação. Porque afinal é assim?
6. Onde querias estar agora? Vai custar (remix)
7. O que pensas a respeito do amor? As voltas que o mundo dá!!!
8. Como é a tua vida? Mil por hora
9. O que pedirias se tivesses só um desejo? Hoje a noite
10. Escreve uma frase sábia. Arrependimento

Os escolhidos para darem seguimento ao desafio são as vasikate:

1. Nyikiwa (makwero, é desta. Ouves música tu?)
2. Yndoh (hêmo, primosa, mostra lá teus gostos musicais no Vskt, hehehehehe)
3. Nini (minina, e está agora? Vamos embora! Shir, dá lá um espaço no teu cantinho!)
4. Nyabe (Hehehehe, em Oslo também há uns beats bem bons, não é? Manda bola! Com tradução pff!)
5. Ivone Soares (Hora de lazer: vamos relaxar com humor? Quem será? Quem será? Zuchero? Eros Ramazotti?)
6. Adérita (Que tal um desafio na categoria Gospel?)
7. Glória de Matos (Oh Zé, põe a Gló a cantar!)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A criança d'hoje (3)

A magia do télélé

Ter um telemóvel, hoje em dia, como o é ter uma viatura, já não é, como diz quem os têm, um luxo mas sim uma necessidade. Se é luxo, o é somente porque temos a snob tendência de adquirir objectos top gama, mesmo que sejam piratas, e até estes, custam caro.

Muitos pais, por iniciativa própria, como forma de controlar os filhos, estar a par dos movimentos destes ou mesmo porque querem apenas satisfazer as vontades dos filhos, põe nas mãos destes verdadeiras máquinas. Tal se pode observar tanto em escolas públicas e privadas, com maior incidência nesta última.

Os filhos, por sua vez, porque têm um colega na posse de um ou alguns amigos do seu circulo de amizades ou porque tem em mente que quem não tem telemóvel está/é ultrapassado, formulam pedidos aos pais para terem um télélé ou então procuram por vias alternativas, como o furto, estar na posse de um.

As consequências deste dispositivo, nas mãos das crianças, tem reflexos evidentes: assaltos frequentes fora e dentro das escolas (havendo alguns casos de extrema ousadia em que os gatunos entram sala à dentro), utilização dos telefones na sala de aula para comunicação entre colegas (pela via do SMS), com particular enfase na época das avaliações e para pesquisa, pois o acesso a net por esta via é fácil.

Mesmo em casa, crianças com telemóvel apresentam alguns aspectos nefastos: enquanto que os pais, nos seus quartos acreditam que os filhos estão a repousar, estes, aproveitando-se das promoções das operadoras, ficam até altas horas da noite acordados a conversar futilidades com amigos ou namorados. Outro efeito faz-se sentir nos bolsos: os miúdos ficam teleledependentes e precisam a todo instante de ter crédito no seu. As formas de o ter, vão da resposta dos próprios pais a atitudes ilicitas para os ter.

Ainda no que concerne aos últimos desenvolvimentos, neste dominio, não vá o Diabo tecê-las mas, por via da net pelo telemóvel, corremos o risco de ver nossas meninas aliciadas (e, nos tempos que correm, nem os rapazes estão isentos!!!) por homens de barba imberbe e rija com promessas de encantamento das quais incorrem ao risco de ser violadas e espancadas por desconhecidos, para não falar em orgias sexuais.

Este alerta vem na sequência da expansão de uma rede de chat (que pode ser executado em público ou em privado), que tem o nome de um avião de guerra, e do qual se pode, por exemplo, trocar fotos que muitas vezes expõe o swilhamalisso e podem vir a circular nas inbox dos nossos endereços electónicos.

No mesmo espaço, para além do linguajar mal escrito, com muitos palavrões à mistura, há espaços que deviam estar ou ser reservados há maiores de certa idade, mas ninguém vela por isso, o mais importante é o lucro. É caso para dizer “preso por ter cão e por não ter”...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Lanche escolar

Nos tempos áureos da minha infância escolar, no tempo das vacas magras, o meu lanche consistia numa toranja ou em uma laranja amarga. Com o passar dos tempos, quando aparentemente tudo se estava a recompor (pelo menos na minha mente infantil), o lanche escolar passou a ser pago pelo Estado: arrufada com leite! E se se era chefe de turma ou seu adjunto, para não falar dos professores (prova evidente de que a corrupção vem de longe) ...

Lembro-me também, com certo saudosismo, que a primeira maçã, a primeira pêra-maça e a primeira fatia de queijo que comi na vida, foram pela mão do Estado. Manhavamos as arrufadas escolares com um queijinho amarelinho made in USA vindo em camiões-cavalo.

Hoje em dia, não só o transporte e a segurança são preocupação dos pais e encarregados de educação: o que os petizes vão “lascar” no intervalo das aulas, muitas vezes a primeira refeição do dia, é outra contínua dor de cabeça. E isto num cenário em que muitas crianças condicionam a sua ida a escola à existência do lanche escolar nas suas pastas, ainda que seja um xiguema de pão seco, e com toda razão, afinal “saco vazio não fica em pé”.

Está certo que alguns programas, que visam incentivar a ida de crianças a escola, proporcionam um lanchito aos miúdos (procurar um Olhar de Esperança). Mas é uma gota na imensidão do oceano que é o ensino no primeiro ciclo em Moçambique.

Na procura de alternativas para incentivar as crianças a irem a escola e para os manter com energias para aprenderem o Abêcêdê, alguns pais organizam-se e mensalmente fazem um rancho só para o lanche escolar: sumos, achocolatados, bolachas, biscoitos, refrigerantes, etc. Breve, as próprias crianças trazem de casa alimentos industrializados.

Para outro grupo de pais, a solução é dar uma moeda para que as crianças comprem algo nas mesas dos vendedores ambulantes que prontamente e pontualmente se instalam na entrada das escolas (uma brecha para a insegurança crescente nestes locais) comum leque variadíssimo de pronto-a-comer para todos os bolsos. Pipocas, chips, bolachas, rebuçados, sumos e no Verão, gelinhos.

Dentro das escolas estão as cantinas, vulgo lanchonetes, que oferecem, como toda indústria alimentar da actualidade que não para de crescer e a cada dia lança novos produtos, lanches calóricos (hamburgueres e hot dogs fritos e refritos infindáveis vezes na mesma chapa gordurenta) e pobres em nutrientes.
Tirar a barriga da miséria, sim. Mas já é mais do que tempo de consciencializar educadores, pais e os próprios alunos sobre a relação entre alimentação saudável e qualidade de vida no futuro. Vamos lanchar como il faut?

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Professores fast food

Nos últimos tempos universidades, escolas superiores técnicas, simples escolas, institutos, centros de formação psico-pedagógica e profissional tem vindo a crescer por forma a responder as necessidades do país, em geral, e a demanda do moçambicano, em particular. Mas será que este crescer de números esta a ser proporcionalmente acompanhado pela démarche qualité?

Após o boom de procura de escolas, derivado das movimentações da população fugindo a guerra civil que graçou o país e depois, aquando da chegada e instalação da paz, quando estas mesmas populações decidiram instalar-se definitivamente nas cidades e nas zonas periféricas a esta, houve necessidade de rever, refazer e reconstruir o sistema de ensino nacional.

Para além da adopção de um novo currículo, o SNE, uma das soluções encontradas para responder a avalanche, foi a introdução de turnos duplos, triplos e quadrúplos para lidar com a falta de salas de aulas e, ao mesmo tempo, com a falta de professores e, mesmo assim nem todos problemas encontraram solução se nos recordarmos do exercito de crianças/adolescentes e jovens que anualmente ficam fora da carteira por falta de vaga.

Outro grande problema, senão o maior, é que as sortudas crianças/adolescentes e jovens, quando finalmente conseguem um espaço na sala de aula, pois isto não garante cadeira nem mesa, muitas vezes são orientados por professores sem formação psico-pedagógica, o que se reflecte nos resultados apresentados “salvando-se” estes, em alguns casos, pela manipulação percentual “sugerida” pelas direcções de escola.

Se até três anos a formação de professores era apenas feita em aceitáveis períodos de tempo (2 e meio, 3 e 5 anos) desde 2007 a mesma processa-se a uma velocidade vertiginosa, como se de um fast food se tratasse, o que não inspira nenhuma confiança se levarmos em conta que se trata de candidatos provindos do ensino básico e secundário: trata-se das inovações 10ª+1 e 12ª+1.

Neste recente modelo de formação de professores prevê-se um projecto ambicioso por parte do Governo/MEC, com a formação anual de 5 000 professores, que visa “assegurar que todas as crianças em idade escolar possam ter acesso ao ensino até 2015”. Este processo será acompanhado pela construção de mais escolas e contratação de pessoal docente e administrativo, evidentemente.

O novo modelo de formação, que ainda não teve avaliação conhecida, já está a fazer-se sentir no sistema pois os graduados da primeira (2007/8), já estão no terreno a leccionar e os da segunda leva, vão agora estreiar. Ao contrário de muitos profissionais da actualidade, este grupo, mesmo antes dos resultados dos exames, logo tem uma guia de colocação. Por outra, mesmo que reprovem na formação, vão à sala de aulas.

Professores com tarimba, mostram-se reticentes quanto a este modelo porque para além da falta de vocação para a àrea, as lacunas pós-formação são evidentes sendo que estes não seguidos e orientados oficialmente por pessoas com experiencia.

Após esta formação expresso, os professores não são “acompanhados” por supervisores ou orientadores no seu start de carreira e, há relatos de professores fast food que passaram pelo Take Away, não foram classificados como competentes, mas já estão a leccionar aos nossos filhos. E assim vamos a caminho do ambicionado ODM (objectivos do milénio)!