Mulheres de coragem hérculea há que, por receio de explusão dos pais, por recusa de paternidade ou conselho dos parceiros, por adultério ou por mero capricho, não hesitam em perfurar seus próprios úteros com agulha de tricot, engolir substâncias tóxicas, tomar cocktails de medicamentos ou aplicar, nos orgãos genitais, mistelas de raízes, folhas e outras substâncias estranhas com a firme intenção de provocar um aborto.
Número considerável, sobretudo de jovens-adolescentes, dirigi-se às unidades hospitalares que, com o firme propósito de evitar óbitos e outras sequelas de práticas incorrectas, consente esta prática mediante motivação convenientemente justificada. No entanto, há moçoilas que, como modus vivendi, vão "binando" senão mesmo "trinando", pelo que, com tal dossier, não mais podem recorrer às unidades sanitárias.
Aconselhadas por pessoas de má fé, habilitadas em domínios básicos de saúde, e que fazem disso uma fonte de rendimento, dirigem-se as farmácias e adquirem, à porta de cavalo, medicamentos que provocam contrações que levam ao aborto. Alguns desses indivíduos, sequer se dignam em requerer exames prévios para diagnosticar alguma maleita que se possa agravar com a provocação do aborto : vale tudo.
Se antes localizavam-se em zonas recôndidas, depois, com o advento das "maclinicas", na periferia da cidade, actualmente, com o gritante aumento de procura, desse tipo de serviços, as "clínicas" estabelecem-se, sob olhar impávido e sereno de seus moradores, em prédios residenciais da Grande Town. Evidentemente, esse tipo de "clinica" serve a um elitizado grupo de patricinhas que, afinal, também "brinca de mamã e papá".