sexta-feira, 31 de outubro de 2008

E se a moda pega?

Recebi, de um amigo, um link que é deveras curioso, pelo menos para a nossa realidade com cunho tradicional e moralista para determinados assuntos. O link refere-se aos itens que as profissionais do sexo devem ter para ser verdadeiras profissionais, na óptica, vinque-se, do Ministério do Trabalho e Emprego.

Veja aqui

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A pub e as nossas crianças

Normalmente, não se pode ver televisão, ir às compras ou mesmo surfar na internet sem ser inundado com publicidade e nós, os adultos, não somos os únicos a estar exposto a anúncios publicitários: as nossas crianças também os vêem e não estão imunes a elas. Por exemplo, a publicidade feita por crianças, manifestando preferência por certo tipo de arroz tem sido um calcanhar de Aquiles na gestão do abastecimento familiar.

Há que reconhecer que as relações da televisão com os telespectadores mais pequenos inserem-se num problema mais vasto relacionados com sessões de violência, belicismo e sexismo que essa mesma programação assume frequentes vezes, designadamente na publicidade, na ficção televisiva, incluindo as novelas, e na informação.

Para além dos pontos acima retratados, há também que ter em atençao o outro lado ruim da publicidade na mente dos petizes: anúncios ligados a hábitos pouco saudáveis nas crianças como é o caso da alimentação compulsiva. Se prestarmos atenção à publicidade dirigida às crianças veremos que grande parte delas incentivam as crianças a comer produtos ricos em açucar e gorduras.

Recentemente dirigir-me a uma escola primária por motivos profissionais. Particular atenção tive no que está afixado nas paredes, onde pude notar que há, entre informações de caracter útil e pedagógico, cartazes e panfletos publicitários. Anúncios de shows, de locais onde promovem fotocópias a preço acessivel, de venda de material e de prestação de outro tipo de serviços pululam um pouco por toda a parte.

A colagem indiscriminada de panfletos publicitários em escola onde se aprende o primeiro BêaBá, deixou-me indignada pois, frequentes são, em todas as reuniões, apelos para que pais e encarregados de educação façam o trabalho do Ministério de Educação e Cultura pagando, e não contribuindo, para a pintura do estabelecimento.Todavia, este não foi o aspecto mais chocante.

Concentrei particular atenção a um panfleto que atiça as crianças a surripiarem moedas das nossas carteiras, com o objectivo de concurrer a um um video game devendo para tal anexar ao cupão invólucros de dois tipos de bolacha! Aliás, esta preocupação recente, faz-me lembrar um outro concurso promovido em escolas primárias nas quais os miúdos deviam levar determinado pacote de sabão em pó. Na altura, na sua infantil inocência, a minha filha mais não fez do que deitar fora todo o conteúdo para ter o invólucro!

Resumindo, a influência dos media nos miúdos é grande, e a gestão dos contudos das publicidades um bico de obra, mas a nossa influência como pais ou encarregados de educação é ainda maior. Utilizemos pois os media e o que eles trazem como um instrumento de aprendizagem e obtenhamos, com isso, ganhos na educação das nossas crianças.

domingo, 26 de outubro de 2008

De novo na rota da pedofilia?

Recentemente dois carros foram apreendidos com menores do sexo masculino provindos do norte com destino a Maputo, sob pretexto de serem escolarizados pelo/para o Islão.

Sendo a zona norte um local islâmico por excelencia porque sera que as criancas tem que ser deslocadas de uma ponta a outra do pais e, pior ainda, nas condições e formas como o processo é feito?

Sendo o nosso pais laico, qual e a importância de termos tantas criancas a serem formadas exclusivamente para essa orientacao religiosa?

Lobolo, multas e mitos

O lobolo foi/é um hábito tradicional que dignifica a saída de uma filha da sua familia progenitora para outra. Este hábito, praticado ao longo dos anos, no qual apenas bens extraidos da machamba ou do curral eram necessários, hoje é condicionado a existência de elevados valores monetários, razão pela qual é contestado.

O lobolo, festa familiar por excelência, visa(va) essencialmente fazer com que as familias se conheçam e assumam o compromisso de salvaguardar a nova familia que se forma. Uma defendendo que o produto-troca/dinheiro não se perca e a outra prometendo não criar desgostos de modo a que tenha que reembolsar a primeira familia.

Sendo o lobolo uma prática de gratificação, a este também está inserido uma multa que tende ultimamente a ser verdadeiramente exagerada facto que origina, em alguns casos, a separação dos jovens casais ou então desavenças de profundo impacto entre masseves, como o que aconteceu recentemente com a familia Thovela.

Segundo relatos, o jovem dos Thovela viveu em concubinato com uma moça sem a ter lobolado e, sendo que está assim pereceu, a familia progenitora condiciona o seu enterro ao pagamento de uma multa de 7500 Mt, posterior apresentação da familia (pois sem se passar por estes rituais as familias “não se conhecem”) e lobolo simbólico.

Ao jovem que engravida ou passa a viver em concubinato com uma moça sem o consentimento da familia da mesma incorre a uma multa que visa o castigar. Reza a tradição que se o “ladrão” não reunisse condições para pagar a multa, bastava os masseves irem pedir “água” à sua nora que assim a podiam levar com o consentimento de todos. No entanto, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e a tradição já não é o que era!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Rampa da fama ou pilar da desgraça?

Temos testemunhado, ultimamente, a uma curiosa avalanche de concursos de cultura geral, música, dança, humor, sorte, enfim, um vasto leque de ofertas do qual apenas alguns jogadores, os supostos melhores, têm o privilégio de algo ganhar.

Apesar da sua multiplicidade e das multifacetadas formas pelos quais se apresentam, os concursos têm em comum o facto de usarem, directa ou indirectamente, o serviço de Short Message Service, vulgo SMS, e que foi narrado em SMS mania.

Este curioso boom, cultural e intelectual, tem o condão de ter por detrás de si grandes empresas, como é o caso das operadoras nacionais de telefonia móvel, logo, deduz-se que se tratam de operações de marketing. O outro ponto comum deste boom é o uso dos canais de televisão como centros de difusão, isto no que tange ao entretenimento.

Se por um lado os concursos alimentam o intelecto de conhecimentos de cultura geral, por outro divertem. A ideia, essa é boa, pois as pessoas acabam interessando-se por assuntos que habitualmente não lhes instiga a curiosidade, isto em concursos de cultura geral/conhecimento.

Todavia, regra geral, os outros concursos geram frustração: tanto para os jogadores como para os que vêem e de alguma forma contribuem para os jogadores. Tudo isto porque os critérios de jogo não são claros e transparentes. Nunca se conhece a tendência de votos, excepto no famigerado Jogou, ganhou onde se recebia mensagens informando que se estava próximo do grande prémio.

Sicrano ganhou! Por que percentagem de votos? A ditadura do voto, muitas vezes têm posto no pódio quem não merece, em detrimento de verdadeiros dons cujos destinos só a persistência ou a sorte podem manter. E la vamos de novo a outra roleta russa...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Produção independente

Actualmente, muitas mulheres têm conseguido vingar na carreira profissional, sendo por isso bem sucedidas, e não estão apenas preocupadas com a sua aparência, mas preocupam-se sobretudo com o seu bem-estar material e psicológico. As mulheres descobriram que podem ter uma vida de qualidade se apostarem na sua própria escolarização, nos negócios pessoais, enfim, batalhando constantemente pelo que querem sem que para isso tenham de depender de um homem.

Construir uma carreira e conquistar a independência financeira, leva o seu tempo, sobretudo na selva de dificuldades que é a vida das mulheres moçambicanas. No entanto, por melhores e maiores que sejam as condições criadas, por si próprias, chega a hora em que o relógio biológico toca, a necessidade se transforma em urgência e tardiamente se percebam que não tem com quem dividir esse sonho.

Ter um filho, para a mulher, é o apogeu da sua realização pessoal. E para o terem, muitas não olham meios para atingir objectivos. Sendo que se torna difícil encontrar homens disponíveis na praça, em particular para com ele procriar, atitudes radicais são tomadas como o desejo de fazer uma produção independente.

A ausência de um marido ou parceiro deixou de ser impedimento para as mulheres que desejam ter filhos. Muitas optam por se envolver com homens casados apenas com o intuito de com este gerar um filho. Para estas mulheres, basta apenas “a semente e o certificado de origem” pois se o “produtor” recusa reconhecer a descendência pouco importa.

Há outras que não se importam, por exemplo, de envolver-se com um estrangeiro, com ou sem dividendos, com o firme propósito de engravidar e realizar as suas fantasias de mulher-mãe. Algumas engravidam de jovens universitários ou não, que são usados, como se de touros premiados se tratassem, para as cobrirem em troca de valores monetários. O mais importante é ter o seu filho!

Estas atitudes revelam algum egoísmo por parte destas mulheres pois o ideal é a criança nascer e crescer com mãe e pai ao lado. Viver em família, é salutar para a saúde psicológica da criança e acima de tudo há que pensar que apesar de tudo terem conquistado na vida, o filho não é o troféu que lhes falta na prateleira do sucesso.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O moçambicano de hoje

A imagem do homem citadino moçambicano, já não é o que era! MC Roger, Bang, Atanásio Marcos, Edson Macuacua, são alguns exemplos notáveis.

Mais arrojado, destemido na combinação de cores, vaidoso e preocupado com a sua imagem, o novo conceito, do moçambicano de hoje, é o que se plasmou chamar Metrossexual!


quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Alerta: SRO com sabor são perigosos

A solução de rehidratação oral (SRO), vulgo mistura, tem sido, a forma frequente de tratar uma diarreia. Tais soluções eram /são ou podem ser preparadas em casa através da dissolução de uma colher de chá de sal e quatro colheres de chá de açúcar em 1 litro de água. No entanto, porque neste processo é importante que se tenha atenção que as medidas sejam exactas, porque o excesso de sal pode agravar a desidratação, soluções em pó já equilibradas são o ideal.

As nossas crianças, mal habituadas e mimadas, recusam-se a fazer esta terapia, sobretudo se for de longa duração, pois o medicamento tem um sabor que lhes é estranho. As industrias farmacêuticas, que não estão distraídas, encontram logo soluções para os dilemas da tomada de medicamentos: medicamentos com sabor que, no entanto, contêm substâncias perigosas para a nossa saúde, como é reportado no email transcrito abaixo.

Queridas mamãs ,

Há 2 meses atrás, em conversa com amigos, abordávamos a questão da renitência que algumas crianças têm de tomar a mistura quando estão com diarreia, o que dificulta a sua recuperação. Informaram-me que existem no mercado misturas com sabor (laranja, morango, etc.) e que as crianças gostam.


Um mês depois tive a infelicidade de ter a minha filha doente com diarreia. Fui então a farmácia e comprei a mistura de laranja. Comecei a ministrar a mistura. Durante três dias, a criança não registava melhorias. Pelo contrário. Além da diarreia estava também com vómitos e uma fraqueza gritante. Desesperada fui ao médico.


Questionada sobre qual a medicação que estava a dar, disse-lhe que mistura com sabor de laranja. A médica com ar triste, desolado até disse-me que estava a matar a minha criança. Que as misturas com sabor são feitas com químicos que irritam as células sensíveis do estômago e, por isso é que a criança, para além da diarreia, estava com vómitos.


Fiquei escandalizada, revoltada. E pensei : Porquê é que em nome do negócio matam as nossas crianças? Porque é que as associações de defesa do consumidor, o Ministério da Saúde não interditam a venda destes produtos no nosso mercado? Por isso resolvi, sem nenhuma certificação cientifica, mas apenas empiricamente, faço este apelo à todos os destinatários desta mensagem, que, podem até não ter filhos, mas de certeza terão uma criança a quem depositam o vosso carinho: Não dêem mistura de sabores às vossas crianças !

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

(I)morais ou hipócritas?

Somos todos cheios de preconceitos e cobrimos a boca de pudor para falar de certos assuntos, sobretudo no que se refere ao que, de uma ou de outra forma, todos fazemos, muitas vezes por prazer e pouquíssimas outras para aumentar a espécie e manter o nosso clã activo: o sexo. E se for uma mulher a falar, a mandar as favas o tabu, pior fica.

Para muitos de nós, o normal é apenas que se tenha relações com pessoas de sexo oposto ao nosso, mesmo que isso não nos satisfaça. Se aparece alguém com um desvio sexual, como definem os estudiosos, são apelidados de anormais. Se estão dentro da família são doentes, de uma doença indefinida pelo que é preciso exorcizar esse espírito mau que desvia ou acomete o nosso amigo, familiar ou mero desconhecido.

Para outros, se alguém testemunha abertamente uma realidade que viveu é alvo de chacota e de acusação de factos irreais, foi o que aconteceu com o artigo Garotos de programa. Caíram-me à caixa 2 mails terríveis que me obrigam a felicitar os remetentes por não os terem exposto no blog tamanho seria o choque pelo seu conteúdo cabeludo.

Por detrás dessa vossa capa de regrados e morais, decerto vivem pessoas com vida dupla que enganados pela banalização do sexo, estão repletos de amantes. Essas mesmas amantes que mais não fazem do que, em poucos instantes de suspiros e suor, enriquecerem as suas contas bancárias, com os vossos trocados, os seus telemóveis com crédito ou outras futilidades.

Quem recorre às prostitutas? Nunca vi nem ouvi falar de nenhuma mulher da vida que foi bater a porta de alguém para ofertar seus serviços. Esses serviços são procurados! Quem vai aos quartinhos das pensões, casas e hotéis para satisfazer seus instintos primitivos? E, acompanhados por quem? Agora porque jogar pedras contra mim? Que direito tem de me chamar prostituta?

Se são inocentes, como querem fazer parecer, que atirem a segunda pedra aqui e em público, onde tudo começou! E, reafirmo que enganam-se se pensam que a prostituição é apenas feita por mulheres, homens há, e muitos, que sem pudor cobram serviços sexuais, como é o caso em apenso. Aliás, prostituta/o não é só quem vende, também o comprador e eu não sou nem um e nem outro. Tenho dito!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Garotos de programa

A primeira vez que ouvi a expressão garoto de programa, que até foi na vertente feminina para se referir as Damas da rua vulgo prostitutas, foi numa das múltiplas novelas brasileiras de que há algum tempo atrás era admiradora. Actualmente, a expressão invadiu o nosso espaço.

A invasão dos chats na TV, pela via do SMS, abriu espaço para a publicitação da prestação de variados serviços sendo que alguns especialmente direccionados para a mulher e engana-se quem pensa em cursos de culinária ou bordado pois há uma inovação: os garotos de programa.

Os garotos de programa, que florescem como mosquitos depois da chuva, ao contrário das Damas da rua, agem discretamente pois apenas anunciam, na telinha, que prestam esse tipo de serviços e deixam número para contacto, sem qualquer outro detalhe.

Aparentemente, este tipo de serviço tem tido sucesso se levarmos em conta que há muita mulher que procura a todo o custo alcançar o desconhecido, mágico e misterioso orgasmo que nem em casa, para as casadas, ou com o namorado, para as solteiras, o adquirem.

No caso de homens que apreciam outros homens, este é um meio para haver apenas contacto sexual sem que para tal haja necessidade de haver sentimentos a permeio ou de exposição à sociedade por serem figuras ou pessoas com cargos de chefia.

Como ouvir dizer não se escreve, coragem reunida e.. dedilhei um dos números anunciados. Do outro lado da linha, voz máscula e forte responde: _ Alô! O papo começa a rolar. Cumprimentos ultrapassados, e a palpitante curiosidade, de minha parte, em saber mais…

_ E aí, é verdade essa história de garoto de programa?
_ É sim! Não foi por isso que ligou?
_ Poderia ser gozo, não é?
_ Podia sim, mas não é! É assunto sério!
_ OK! E que tipo de serviços presta?
_ Todos relacionados com sexo.
_ Sério?
_ Sim.
_ Tudinho mesmo?
_ Tudo. Está interessada?
_ Humm… na verdade tenho mais curiosidade que vontade… Mas quem sabe?
_ Isso é normal e não é a primeira que acontece. Pode ser em sua casa ou se preferir num hotel. Sou discreto e muito carinhoso, você vai gostar.
_ Você atende homens também?
_ Eu não, mas o meu companheiro de quarto sim. Pretende algo com seu marido ou namorado?
_ Não, nada disso, apenas curiosidade. Me diga, porque você faz programas?
_ Bom sou estudante universitário, bolseiro… A bolsa não chega, a alimentação é uma seca… Fazendo isto posso alimentar-me bem, ter mola para as cópias, roupas e até mando algum para a família lá na província (…)

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Criança saúdavel, criança feliz

« Criança saudavel, criança feliz », é o lema da Campanha Nacional de Vacinação, na sua 2a fase (a 1a fase teve lugar em Março/Abril) que pretende vacinar gratuitamente crianças com menos de 5 anos de idade contra o sarampo. Neste processo, também será administrada a Vitamina A e proceder-se-á a desparasitação dos petizes.

A vacina contra o sarampo está prevista no sistema nacional de vacinas e procede-se no nono mês de vida. Para além desta vacina, no segundo, terceiro e quarto mês, as nossas crianças devem ser vacinadas contra a Pólio ou paralisia infantil, DTP ou triplice bacteriana e Hepatite B e a nascença contra a Pólio.

Urgências ...urgentes !

A questão, não é nova, já aqui foi abordada mas, há necessidade de a exumar pois, recentemente, no programa Consultório Médico, que é de louvar, apresentado pela médica oftalmológica Amélia Buque, na nossa televisão (TVM), o tema voltou a baila.

A convidada do programa, a pediatra Valéria Isabel, foi ao mesmo para falar das sintomatologias que podem levar crianças às Urgências de Pediatria. Do que pude reter sobre os ditos sintomas são os mesmos que estão indicadas e anunciadas em Urgência adiada : febres (37.5º C), vómitos e diarreia agudas.

Para além dos indícios acima descritos, a pediatra chamou atenção para outras maleitas que associadas criam um cocktail mortal nas crianças como as convulsões, vulgo doença da lua, pois por detrás destas podem estar escondidas meningites e/ou malária.

Na lição sobre as urgências infantis, Valéria Isabel falou dos sinais que as crianças dão quando não se encontram de boa saúde: desidratação, hipotermia, dificuldade de respirar, cianose, choro de irritabilidade, tremores, calafrios e tosse seca.

Referiu ainda e com particular ênfase para as dificuldades de respiração causadas pela asma grave, que deve ser urgentemente tratada, e da aspiração de corpos estranhos (brinquedos de pequenas dimensões, especial atenção com balões, e alimentos pequenos e soltos como o amendoim, feijão, sementes, etc.).

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Leite imaculadamente assassino

4 bebés mortos, 53.000 intoxicados, dos quais 13.000 hospitalizados, 104 em estado grave e outros 40.000, bebés e crianças com menos de dois anos, sob vigilância medica, devido a problemas renais, é o balanço actual dos efeitos devastadores do leite adulterado e assassino na China.

Na Europa todos produtos lácteos, provenientes da China, que contenham mais de 15% de leite em pó, como biscoitos, doces e chocolates, estão na berlinda e o alerta se estende a Singapura, Taiwan, Hong-Kong e Japão. Incluídos no alerta estão os produtos derivados do leite, nomeadamente, soro de leite, leite em pó, leite condensado, leitelho, natas, manteiga, iogurtes, sorvetes, caseína de leite e caseinatos de leite.

O vírus assassino, mergulhado no imaculado branco do leite, é a melamina, um composto químico com alto teor de nitrogénio que perturba o funcionamento do sistema urinário. No caso, a melamina estava a ser usada para falsear o teor de proteína dos produtos ou melhor dar consistência ao leite aguado e faze-lo parecer rico em proteínas, ao invés de ser usada na produção de plásticos.

Países asiáticos e nações africanas alvos de importantes exportações chinesas também já tiraram a equipe de campo nesse campeonato leiteiro suspendendo a importações do leite chines e de todos os lacticínios desta origem: Bangladesh, Birmânia, Brunei, Burundi, Gabão, Japão e Tanzânia por terem recebido lotes de leite chinês.

Entre nós, as nossas autoridades alfandegárias referem que leite provindo da China nem sequer faz parte dos nossos fornecedores leiteiros. Mas ,nunca é demais estar atento se termos em conta as acusaçoes que pesam sobre a China devido a seus produtos de má qualidade (alimentares ou farmacêuticos) , tóxicos e seus brinquedos pintados com tinta de alto teor de chumbo, entre outras irregularidades.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Infortunios dos embondeiros da historia

Joana, 82 anos, enfermeira-parteira de profissão, mãe de 4 filhos (3 com formação superior e com cargos de chefia), confinada numa cadeira de rodas por ter as duas pernas amputadas, em menos de dois anos, como consequência de diabetes, vive sob cuidados de uma filha alcoólatra e que se prostitui para suster seus vícios.

Dimene, idade indeterminada, antigo guarda predial da era colonial até um pouco depois das nacionalizações, 12 filhos e 34 netos, proprietário de várias parcelas de terra, usurpadas por seus próprios filhos, na Catembe, abandonado no hospital aquando de uma AVC quase fatal.

Julieta, camponesa, idade indeterminada, encurvada pela idade e pelo reumatismo, vive sozinha numa cubata em acelerada degradação em Chidenguele. Apesar de tudo e dos muitos anos de vida, estima-se mais de 80 anos, vovó Julieta enfia linha na agulha sem hesitação.

Com a chegada da terceira idade, alguns problemas de saúde passam a ser mais frequentes, e outros, incomuns nas fases de vida anteriores, começam a aparecer. A estes problemas acrescentam-se outros como a solidão, o abandono familiar e comunitário, a violência, a pobreza extrema, a viciação de documentos e o roubo de bens ou propriedades, acusações infundadas de feitiçaria.

Como se não bastassem todos os problemas, acima descritos, e outros mais, os idosos estão a enfrentar um chocante episódio: são obrigados a tornarem-se pais substitutos e cuidar dos netos, que são órfãos da SIDA ou então a tornarem-se filhos ou dependentes de seus próprios netos, muitas vezes menores de idade.

Estas estórias são do conhecimento geral e não constituem novidade alguma mas parece que, infelizmente, a sociedade tornou-se imune ou se calhar insensível à condição degradante dos imbondeiros ou bibliotecas vivas da nossa história: os idosos. Ninguém é mais ou menos responsável por esta situação do que essa própria sociedade, muito embora haja quem insista em apontar o dedo ao Governo.

O Governo delineia promissoras politicas que versam sobre a pessoa idosa, ainda que não passem meramente de papéis, e nessas politicas ou planos não se omite a presença e o papel das famílias e da comunidade no seu todo.

Os nossos idosos, ao longo de suas vidas, lutaram para ter e dar uma vida condigna aos seus filhos e esqueceram-se ou não sabiam que deviam poupar para os anos que se avizinhavam pois, na cultura africana, quando adultos os filhos devem cuidar dos pais.

É degradante ver, pelas ruas, cortejos de idosos, antes pujantes, hoje mal vestidos, imundos e evidentemente esfomeados, reduzidos à condição de mendigos, alguns até com uma mísera reforma, sendo que muitos deles são filhos de pessoas com capacidade para deles cuidarem ainda que pela via da contratação de um empregado.

Hoje, os poucos idosos que vivem condignamente ou o são porque durante a juventude e maturidade souberam guardar algum ou porque os valores de familia foram fielmente guardados pelos seus filhos. Muitos outros idosos que têm vivido condignamente, os dias que lhes restam, o têm feito pela via das ONG’s e instituições religiosas.

Certo é que a esperança de vida dos moçambicanos baixou a ponto de nem sequer termos a possibilidade de “arranhar” a 3ª idade. O dia do idoso é uma ocasião única para reflectirmos sobre nossos actos hoje e a sua repercussão depois de amanhã. Que velhice queremos para nós?